ESPAÇO PARA A ESPERANÇA

Se após o jogo de Copenhaga todos nos queixámos da falta de sorte e de eficácia, hoje, pelo contrário, a Selecção Nacional arrancou os imprescindíveis três pontos, com empenho, com determinação, mas sem qualquer brilho.
Marcando cedo, Portugal pouco mais fez para sedimentar a sua vitória. Os jogadores lutaram, mostraram vontade de vencer, disputaram a bola com zelo, mas muito pouco futebol saiu dos seus pés. O tempo foi correndo, a Hungria estranhamente não reagia, e a equipa de Queiroz terá julgado que tinha o jogo na mão.
Na fase inicial da segunda parte o rumo do jogo não mudou muito. Só que o resultado tangencial ia, pouco a pouco, enervando o conjunto luso, enquanto, por outro lado, mantinha nos magiares a esperança de através de um lance fortuito poderem alterar o desfecho final. Fiando-se nas fragilidades adversárias, Portugal pôs-se a jeito de uma enorme decepção pois um golo húngaro deitava por terra todas as últimas esperanças de qualificação.
Os minutos finais foram de aflição, com os jogadores portugueses acantonados nas imediações da sua área e a Hungria a conquistar bolas no meio-campo, tentando incessantemente desenvolver lances de ataque como nunca havia feito durante os 80 minutos anteriores. No final salvam-se os três pontos e salva-se a esperança no milagre da qualificação. Se um auto-golo maltês aos 80 minutos do jogo de La Valleta não tivesse dado mais três misericordiosos pontos à Suécia, este teria sido um dia em cheio para as aspirações lusas.
Na verdade, Portugal está hoje ligeiramente mais perto da África do Sul do que estava ontem. Para além de ter ganho o último jogo que lhe restava fora de casa, viu a Dinamarca empatar na Albânia (obrigando-se agora a vencer a Suécia para segurar o primeiro lugar e o apuramento directo), e viu a conjugação de resultados dos restantes grupos garantir a presença no play-off do segundo classificado deste grupo 1, um dado que até esta jornada não era seguro - das nove poules, só disputam o play-off os oito melhores segundos, sendo que a Noruega, no grupo 9, já terminou a sua participação em 2º lugar com menos pontos do que aqueles que Portugal fará caso vença os dois jogos que lhe faltam.

Uma vez que na última jornada todos os três candidatos jogarão em casa contra os adversários teoricamente mais fracos, tudo poderá então ficar decidido já no dia 10 de Outubro (penúltima ronda), quando Portugal receber a Hungria na Luz (lá estarei!) e a Dinamarca receber a Suécia. Há que ganhar, e esperar que os dinamarqueses vençam os seus vizinhos e rivais, para praticamente garantir o play-off. Em caso de empate entre nórdicos, tudo poderá então depender da diferença de golos, prevendo-se nesse caso uma última jornada absolutamente dramática, com Portugal a tentar golear Malta, e a Suécia a tentar o mesmo perante a Albânia. No caso de vitória sueca, a selecção nacional terá, mais que provavelmente, de assistir ao Mundial pela televisão.
Haja esperança. Haja fé.

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