UMA VITÓRIA NORMAL

Embora a ideia não fosse desagradável, ninguém de bom senso pensaria que o Benfica fosse capaz, ao longo da época, de esmagar e golear todos os adversários que fosse encontrando pela frente.
O futebol não é um mundo de fantasia, nem um jogo de computador. É um desporto onde figuram onze atletas de cada lado, todos bem preparados e com ambição de fazer o melhor que podem e sabem.
O Bate Borisov é campeão da Bielorrussia (que não é propriamente o Liechtenstein ou o Luxemburgo), e segue novamente na liderança do seu campeonato, com muitos pontos de avanço. Não é naturalmente uma super-equipa, mas também não é um rebuçado para saborear e engolir de uma penada. É um conjunto forte fisicamente, bem organizado no plano táctico, e com experiência internacional suficiente para não tremer com o impacto de um terceiro anel bem composto.
Foi isso precisamente que demonstrou ao longo da meia-hora inicial, em que o Benfica, com algumas alterações importantes na equipa, não se soube adaptar na perfeição a um tipo de adversário, e a um figurino de jogo, diferentes daqueles que tem genericamente encontrado na Liga Portuguesa.
Os bielorrussos mostravam-se rápidos sobre a bola, subidos no terreno, e capazes de, através de diagonais bem desenhadas, se aproximar com perigo da área encarnada. Criaram inclusivamente uma grande oportunidade para marcar, que constituiu simultaneamente a oportunidade para o estreante Júlio César brilhar, algo que voltaria a repetir mais tarde, já no decorrer da segunda parte.
Não se pode dizer que o Bate tivesse dominado qualquer fase do jogo. O Benfica foi sempre mais forte e afirmativo, esteve sempre mais próximo de marcar do que o adversário. Simplesmente, sem Saviola e Aimar, não entrou em campo de modo tão sufocante como tem feito nos últimos jogos, e encontrou pela frente uma equipa que lhe soube tornar as coisas um pouco mais difíceis do que aquilo a que se tem habituado.
Os minutos finais da primeira parte revelaram um Benfica mais próximo das qualidades e virtudes exibidas recentemente. Foi nessa altura que marcou os dois golos do jogo e, quer pouco antes, quer pouco depois, podia ter marcado outros tantos, e seguido para as cabines já com o esboço de uma nova goleada debaixo do braço.
Na segunda parte os encarnados, seguindo a mesma tónica de jogo, voltaram a entrar muito fortes. Passavam apenas dez minutos de recomeço, e os 35 mil espectadores presentes na Luz já haviam visto gorar-se mais quatro ocasiões de golo junto da baliza de Veremko. Foi esse também o período em que o Bate Borisov mais se descompôs, e nessa altura o terceiro golo parecia apenas uma questão de minutos.
A bola não entrou, e a pouco e pouco o Benfica foi perdendo gás – ou poupando esforços -, entrando numa fase de alguma displicência, durante a qual o adversário foi novamente crescendo e ameaçando reduzir distâncias (algo que poderia complicar os últimos minutos do jogo). Mas também não o conseguiu fazer, e a partida caminhou tranquilamente para o fim, por entre cada vez mais ténues ameaças bielorrussas, e contra-ataques não concretizados pelo conjunto de Jorge Jesus.
Era fundamental para o Benfica entrar no grupo a ganhar, até porque este seria, teoricamente, o jogo mais fácil dos seis que terá de disputar nesta fase. Era também importante integrar novos jogadores, e também isso foi conseguido – Felipe Menezes mostrou boas qualidades, e Júlio César, como já se disse, brilhou na baliza. Esta foi portanto uma bela noite europeia para o Benfica, pese embora a goleada que muitos adeptos esperariam não se ter verificado. Maus hábitos…
Já ficou dito que os dois estreantes estiveram muito bem. Mas Nuno Gomes marcando um golo e fazendo o passe para outro, terá de ser considerado o homem da noite. Diga-se que também Ramires e Maxi Pereira (impressionante a sua energia, depois de tanto tempo ausente!) estiveram em excelente plano, e que Fábio Coentrão voltou a entrar muito bem no jogo.
O árbitro, embora grande, não se deixou ver, e os novos juízes de baliza foram meros espectadores do jogo, deixando no ar algumas dúvidas acerca da sua verdadeira utilidade.
Segue-se Atenas. Uma nova vitória deixará o Benfica muito bem lançado para o apuramento.

15 comentários:

Jotas disse...

Sem Aimar, necessariamente o futebol encarnado tem de ser outro e na ausência de alguma criatividade e fluídez de jogo, surgiu o empenho e as constantes trocas posicionais dos seus jogadores, com Ramires em grande plano.
Destaco ainda o regresso do nosso capitão Nuno Gomes, um belo golo e um passe magistral para o segundo, a mostrarem que Nuno está vivo e de saúde e sempre com uma grande disponibilidade em dar o seu contributo à equipa. Um capitão é assim.
Filipe Menezes, ainda em fase de adaptação ao futebol do Benfica e europeu, fez um jogo em crescendo, com pormenores muito interessantes, a mostrar, que melhor integrado, temos um jovem de muita qualidade e de futuro garantido com êxito no Benfica.

angelodias disse...

Conheces outra equipa da Bielorrusia? Pois, bem me pareceu.

Peter disse...

De acordo com tudo excepto num pormenor o Coentrão na finalização tem que melhorar porque quer sempre fazer golos bonitos e perde a objectividade por causa disso. Mais vale 1 golo obtido de forma simples mas eficaz do que tentar constantemente bonitos e não marcar.

LF disse...

Conheço o Dinamo de Minsk, e lembro-me de eliminar o Sporting nos anos 80.
O Dniepre julgo que também é, e jogou com o Benfica nuns quartos-de-final da Taça dos Campeões.

Jogadores bielorrussos: Hleb, jogava no Barcelona na época passada, Kutuzov joga em Itália.

Peter disse...

E o zeko do wolfsburgo que faz uma dupla brutal com o grafite.O hleb tá emprestado ao estugarda.O kutuzov tá em itália e no empate do inter da 1ªjornada marcou pela equipa contrária que eu não me lembro o nome.

Anónimo disse...

LF...
O Dniepr é da Ucrania, acho eu.

Saudaçoes benfiquistas
ac

Vitória do Benfica disse...

Sim ontem não foi um mau jogo, não sei se repararam que o Júlio Cesar teve todo o jogo a fazer exercicios de aquecimento, talvez isso seja a razão porque fez duas boas defesas.

Acho o Di Maria um pouco individualista e que belo jogo fez David Luis

António disse...

Não me consta que na Bielorrússia se comprem campeonatos no supermercado.
Aqui pelo burgo já não se pode dizer o mesmo, de há 20 anos para cá.

Anónimo disse...

ó Peter , não é Zeko --' é Dzeko e ele é bósnio.

Brytto disse...

O Ramires não é deste campeonato, que jogador!

Silva Barqueiro disse...

O Dnipro(e nao Dniepr) é da Ucrania sim... E o George Weah era da Liberia, o que não faz disso um pais com historia futebolistica...(isto foi so um exemplo, temos tambem Kaladzhe, da Georgia)... Voces para fundamentar os vossos argumentos vão buscar coisas sem qualquer nexo...

Quanto ao benfica, ainda falta ser testado por um bom ataque... Cá estaremos para ver...

LF disse...

Ramires é um fora-de-série.
É indiscutivelmente o melhor médio do campeonato português, e creio que talvez seja mesmo o melhor jogador a jogar em Portugal.

Infelizmente, acho difícil que fique no Benfica mais do que uma época.

Também o Javi Garcia foi uma excelente contratação. Melhor que Katsouranis, Melhor que Petit.

Só falta mesmo um grande lateral-esquerdo, para se poder falar em super-equipa.
Desde o Porto de Mourinho que não se jogava tão bem em Portugal.

Recordo aos mais cépticos que o Benfica já jogou com o Milan, com o Ajax e com o Shakhtar Donetsk, e deu sempre espectáculo.
É verdade que era pré-época, mas é um indicador.

Anónimo disse...

Lei 12

O jogo perigoso não implica necessariamente contacto físico entre os jogadores. No caso de contacto físico, a acção passa a ser punida com um pontapé-livre directo ou com um pontapé de grande penalidade. No caso de contacto físico, o árbitro deve analisar a possibilidade de ter ou não havido um comportamento antidesportivo.

Divulgue esta Lei no seu blog por favor, para esclarecer alguns aziados deste jogo com o Leiria

condor disse...

Claro que ninguem espera que o glorigozo esmagalhe os adversários todas as semanas!
Pelo que vi hoje não tarda muito a que seja esmagalhado,a não ser que algum defesa adversário cometa uma "imprudencia" para salvar a onça!
Afinal a tão propalada pressão alta do messias não é melhor que a pressão alta do leiria,a diferença está nas "imprudencias"!Enfim,só não vê quem´infelizmente é cego ou pior ainda quem lamentávelmente não quer ver!

Anónimo disse...

Ramires o melhor jogador a jogar em Portugal?!

Ahahahahahahaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahahahahhahahahahahahahahahhahahahahaahahhahahahahh.

Porque é que os benfiquistas tem sempre isto? têm que ser e ter o maior e o melhor!? o homem ainda agora chegou, e já é o melhor. Quando ele marcar 100 golos eu venho aqui concordar com esta barbaridade.

P.S - Concordo que é bom jogador.