E AO TERCEIRO GOLO...RESSUSCITOU !

Não está na Biblia, nem consta que em nenhuma outra escritura ou decreto, que o Benfica tenha de chegar, por direito divino ou outro, à final da Taça Uefa deste ano. Para lá chegar, se quiser e puder, terá que se superiorizar aos seus adversários, que à medida que a prova vai avançando vão sendo cada vez mais poderosos e vão estando cada vez mais motivados.
Talvez não tenha sido este o pensamento dos jogadores encarnados que ontem entraram no Olímpico de Montjuic, ou se foi, disfarçaram bem, tal a displicência, a falta de agressividade, e de garra. com que enfrentaram o adversário, como se o seu proclamado favoritismo, meramente teórico e francamente discutível, fosse suficiente para assinar a presença nas meias-finais.
É claro que esta lamentável atitude competitiva encontra raízes na falta de recursos que o plantel benfiquista apresenta, sobretudo desde Janeiro, e que faz com que os poucos jogadores de classe disponíveis para cada jogo sejam obrigados a um substancial desgaste, que se vai fazendo sentir nesta fase decisiva da temporada com uma assustadora crueldade. A falta de Luisão e Katsouranis, como a de outros se fosse esse o caso, não encontra alternativas que impeçam a equipa de vacilar. A escassez de opções não permite por outro lado uma gestão do plantel mais ponderada, que passaria naturalmente por dar descanso, à vez, a algumas das principais figuras da equipa.
Deste modo, são os próprios jogadores que no campo, em momentos onde todas as forças seriam necessárias, acabam por reduzir ritmos, poupando energias para assim segurar as pontas de uma equipa à beira do esgotamento total.
O contraste com o ritmo competitivo do Espanyol – equipa comodamente instalada na poderosa Liga Espanhola – chegou a ser chocante durante quase toda a primeira parte. À extrema disponibilidade dos catalães, respondia o Benfica com uma lentidão e uma, quase, descontracção, que o tornava tremendamente vulnerável. Foi com toda a naturalidade que o Espanyol chegou, mesmo sem realizar uma exibição de encher o olho, a uma semi-goleada de 3-0. Lembrei-me de Vigo...
A defesa esteve francamente mal, em particular Anderson (que se passa com ele?) e Nélson, este com a agravante de ter marcado na própria baliza o segundo, e ter perdido a bola que originou o terceiro golo. Também David Luíz, no primeiro, e Quim, no segundo, não saem inocentes do naufrágio da primeira hora de jogo.
Do meio campo para a frente, João Coimbra e Derlei foram opções francamente infelizes. Se o jovem médio ainda não justificou em nenhuma ocasião a esperança que nele parece ser depositada, o luso-brasileiro, vindo de uma exibição positiva frente ao F.C.Porto, surpreendeu pela negativa, realizando uma das mais penosas exibições que me lembro de ter assistido em toda a sua carreira.
A Miccoli parece fazer bem uma cura de banco de tempos a tempos, enquanto Rui Costa, com 35 anos e vindo de uma grave lesão, não tem manifestamente condição física para jogar o tempo todo. Assim sendo, a Fernando Santos pouco se pode apontar, pois o que não é natural é ter de utilizar dois pouco mais que juniores nuns quartos-de-final da Taça Uefa, e fazer uma temporada (ou metade dela) com apenas 12 ou 13 jogadores com condições para serem titulares de uma equipa com tão grandes ambições.
Com felicidade, mas também com talento – de Rui Costa, de Miccoli e de Simão, sobretudo – o Benfica acabou por conseguir em apenas dois minutos minimizar os danos, e sair de Barcelona com um resultado, negativo é certo, mas digamos que aceitável, e teoricamente recuperável. A reacção do Benfica a partir do terceiro golo catalão foi apreciável, e por pouco não chegou para lograr o empate a três, que daria um impulso muito mais positivo face à eliminatória. Foi pena não ter sido possível, tal como acontecera frente ao F.C.Porto, jogar os 90 minutos da mesma forma.
O árbitro holandês também nada ajudou, com duas grandes penalidades (uma claríssima outra mais duvidosa) por assinalar a favor do Benfica, uma expulsão perdoada a Zabaleta, e uma dualidade de critérios gritante. Destes temos nós cá muitos na Liga Portuguesa. Confrangedor !
Já aquando dos jogos da selecção tinha falado nisto, mas ficou uma vez mais patente a má fama que os jogadores portugueses (muitas vezes injustamente) têm adquirido junto das instâncias da arbitragem nos últimos anos. Esta situação agudizou-se muito desde o último mundial, quer pelo jogo com a Holanda (onde o grande culpado foi o árbitro russo), quer pela vergonhosa e tabloidiana campanha contra Cristiano Ronaldo movida pelos ingleses. Ontem, o árbitro da...Holanda, teria claramente me mente o que se passou em Junho, não assinalando, de todo, as faltas sobre os jogadores do Benfica. Desde Junho, exactamente, que não me lembrava de uma arbitragem tão má no futebol internacional
Agora temos a segunda mão quase sem tempo para respirar. Na próxima quinta feira o Benfica terá a espinhosa missão de ter de vencer uma equipa que tem fama (e até agora o proveito) de actuar melhor fora do que em casa. O “Inferno da Luz” não mete golos, e os espanhóis não parecem equipa para tremeliques. Por tudo isto, a vantagem e o favoritismo passaram a estar do lado de lá da fronteira. Mas a esperança continua de pé.
Viva o Benfica !
Viva Portugal !

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