PONTO FINAL

Ultrapassaram-se todos os limites, todas as linhas vermelhas, todos os benefícios da dúvida. É hora de dizer basta.
Schmidt confessa candidamente que não sabe como resolver os problemas da equipa. Pois eu também não sei. A diferença é que ninguém me paga 6 milhões para isso. Pelo contrário, eu é que estou farto de pagar, e não ver nada deste Benfica, cuja qualidade de jogo parece piorar semana após semana.
Talvez ainda haja tempo para, com um novo treinador, fazer alguma coisa deste lote de jogadores - também ele cada vez mais descaracterizado. Esta pausa será mesmo a última oportunidade para evitar comprometer desde já a temporada. Assim não se vai passar disto - que, é bom recordar, já vem de há muito tempo, já vem do final da época 2022-23.
Defendi este treinador até aos meus limites. Desconfiei do plantel, da sorte, dos pontas de lança. Tenho agora de dar o braço a torcer perante quem queria demitir Schmidt a meio da temporada passada. 
Agora, ou Rui Costa toma uma posição de coragem, assumindo que também ele errou (nomeadamemte com a extemporânea renovação do contrato do alemão), ou deixará margem para que cada vez mais gente o coloque na fotografia de um fracasso anunciado.
Há que demitir Schmidt. E já.

O ONZE POSSÍVEL

Entre lesões, jogadores na porta da saída e contratações não confirmadas, este parece-me o onze possível para Moreira de Cónegos. Já sei que não vai ser este, e que o Barreiro vai jogar. Não sei é porquê. A dupla Florentino-Barreiro (tratando-se de dois bons jogadores, mas nunca em dupla) tem sido uma das imagens de marca do cinzentismo benfiquista deste início de época. Também já sei também que o Otamendi tem de ser titular - é capitão e tal...Talvez, deste onze, não entrem em campo António e Leonardo. Mas o onze que proponho é o meu, e não aquele que acho que Schmidt vai escolher.
 

SEM HESITAR

Para uma parte significativa dos adeptos do Benfica, o dinheiro não interessa nada. Um pouco como para os nossos filhos, quando pedem este mundo e o outro, não lhes importando quem paga a conta.
Ora o presidente do Benfica tem de pensar de outra forma. O dinheiro não devia ser quase tudo, mas é. Devia haver paz no mundo, mas não há. As coisas são o que são, e não o que gostaríamos que fossem.
No futebol moderno a competitividade define-se, em larga medida, pelo orçamento: veja-se o City. E se o Benfica está hoje numa situação financeira privilegiada face aos rivais, tal deve-se às fabulosas vendas que tem realizado - sendo que, a meu ver, têm sido os pecados cometidos nas compras a impedir a tradução do orçamento em maior competitividade, mas isso é outra história. Ou, mantendo a conversa nos números, outros quinhentos.
Serve este preâmbulo para falar das eventuais transferências de Tomás Araújo e Marcos Leonardo, dois jovens talentosos, em que o Benfica aposta(va). Eu preferia que ficassem. Mas, à excepção da dignidade, tudo tem um preço. E recusar 40 milhões de euros por um suplente, ou um recém titular, parece-me absurdo.
Marcos Leonardo custou 18M. Tomás Araújo custou 0M. Se cada um deles for vendido por 40M, o Benfica realizará 62M de mais-valias. E isso, grosso modo, dá para, como diria Vasco Santana na "Canção de Lisboa", contratar quatro macacos a quinze macacos cada um - ou seja, quatro bons titulares para a equipa.
O brasileiro tem estado no banco. Araújo só agora se está a afirmar, mas, para o eixo da defesa há António, Morato, o capitão Otamendi, e ainda dois promissores jovens de equipa B (Gustavo e Bajrami).
40+40 e nem hesitava. Mas isso sou eu, que desconfio ser impossível pagar salários com amendoins. Os que, sabiamente, acham que é, vão colocar tarjas a dizer aos dirigentes para vender as suas mães.
A concretizarem-se as vendas, o plantel podia então ficar assim:

PS: De acordo com as últimas notícias, talvez Kabouré em vez de El Ouahdi. Quanto a guarda-redes, escolhia qualquer um menos Ricardo Velho.

ATÉ SEMPRE, MISTER!


Infelizmente, era uma notícia já anunciada. 
De Eriksson fica a memória de um grande treinador e de uma pessoa extremamente agradável e educada. A seu tempo, revolucionou o futebol português, constituindo na minha opinião, juntamente com Otto Glória e Bela Guttmann, o trio de maiores treinadores da história do Benfica.
Em 2+3 temporadas, conquistou três campeonatos e levou o clube a duas finais europeias (Taça UEFA em 1983 contra o Anderlecht e Taça dos Campeões em 1990 com o Milan). Com ele no banco, viveram-se momentos verdadeiramente épicos como as vitórias em Roma (1983) e em Londres com o Arsenal (1991), a mão de Vata (1990) ou o bis de César Brito nas Antas (1991).
Foi também, naturalmente, e na sua primeira passagem, uma grande figura da minha infância. E pessoalmente guardo um momento muito especial, quando, em 1983, me deu um autógrafo junto à entrada do antigo estádio.
Fica o consolo de o clube o ter homenageado ainda em vida, quando a doença já fazia antever o pior.
Até sempre, Mister!

SINAIS DE ALERTA

O quadro acima expressa os resultados dos dérbis lisboetas, em competições oficiais, já realizados na presente temporada. E não pode deixar de preocupar, até porque dois deles significaram competições perdidas, neste caso Supertaças (uma, a de Andebol, de forma humilhante).
Fora do âmbito do futebol sénior masculino, o Benfica até tem sido genericamente ganhador - mesmo na última época. Este pode ser um sinal muito negativo do que ai vem.
A equipa de Andebol, que não é campeã desde os tempos de Donner (2008), sofreu um importante revés no decurso da temporada anterior - que é do domínio público e determinou o despedimento do Team-manager, bem como a consequente saída de vários jogadores importantes. Estará ainda a procura de um projecto que lhe devolva a competitividade, face a um Sporting fortíssimo. 
Mas no Futebol Feminino, em que o Benfica ganhou tudo, as saídas de Ana Seiça, Kika Nazareth e Jéssica Silva (sendo que apenas uma delas era inevitável), sem substitutas à altura, podem ter comprometido o futuro imediato, e deixar escapar uma hegemonia que custou a consolidar..
Será interessante seguir também o que vai acontecer no Basquetebol, que é Tri-Campeão, mas, como no Futebol Feminino, vê sair alguns dos melhores, um deles para o FC Porto, outro para o Sporting.
Tudo isto faz lembrar aquele ciclista que vai à frente, a dada altura decide mostrar que consegue andar sem mãos, depois sem um pé, depois sem os dois, até que cai.
Enfim, entendo que os valores investidos nas várias modalidades (e o Benfica está em todas, nos homens e nas mulheres) podem ter chegado a níveis difíceis de sustentar, e tenham de ser revistos. Desinvestir precisamente nas equipas campeãs parece-me um critério dúbio, sobretudo quando do lado de lá não se vê nada disso.
Em todo o caso defendo que o Benfica esteja sempre em todas as frentes, com os meios possíveis para ser competitivo. Mas num clube com esta dimensão e esta história, jamais alguém poderá pensar que se está a ganhar demais. Temo que nos casos do Futebol Feminino e do Basquetebol, essa ideia esteja subjacente (ainda que de forma inconsciente) a algumas decisões tomadas.

MAIS DO MESMO

Ao fim de três jornadas, a sensação que fica é que se Gyokeres se mantiver no Sporting e Schmidt no Benfica, o campeonato terá fatalmente o mesmo destino do anterior.
Quanto a Gyokeres, resta-nos esperar que algum tubarão abra os olhos até dia 2. Já Schmidt, esse sim, é um problema nosso.
Alguém lembrará que, até há poucas semanas atrás, aqui defendia a continuidade do alemão. É verdade: depois de uma época boa e de uma época má, sendo que a última foi muito condicionada por alguns desequilíbrios de plantel, queria ver se, com um ponta de lança, o Benfica resolvia os seus problemas. Nestes três jogos percebi que não.
Os problemas do Benfica - e isso está a tornar-se óbvio a cada partida que passsa - são colectivos. A equipa não mostra o chamado fio de jogo, ou, por outras palavras, uma identidade que lhe permita entrar em campo de forma assertiva, confiante e autoritária, e mudar o rumo de situações que lhe sejam desfavoráveis. Os jogadores são, na globalidade, bons. Mostram-se disponíveis para lutar e para correr. Mas por vezes não sabem como nem por onde o fazer. E ao passo que todos os treinadores adversários conseguem identificar e manietar os pontos mais fortes do Benfica, Schmidt dá a sensação de ser surpreendido semana a semana por equipas que parece desconhecer. 
Desta vez deu para ganhar. A jogar assim vai haver muitos sustos e muitos dissabores - como em Famalicão, cuja lição não foi aprendida. 
Um dos pontos fortes do alemão tem sido a condição física da equipa. Até isso as reiteradas lesões musculares colocam agora em causa. 
Que me dera estivesse enganado, mas este Benfica, com este treinador, é um desastre à espera de acontecer. Até pode, com muita sorte, correr bem. Mas se, com um calendário favorável, que em condições normais ajudaria a cimentar a confiança da equipa, se vê apenas isto, tem tudo para correr mal. Não me admirava que Moreira de Cónegos fosse o princípio do fim. 

QUEM É O PRÓXIMO?

Ao que parece, João Mário estará de saída. Aquele que foi um dos elementos chave do último título conquistado pelo Benfica, que marcou mais de vinte golos jogando a médio, que se impôs em campo e no balneário com um profissionalismo exemplar, deixou de se sentir acarinhado pelos próprios adeptos - ou pelo grupo de auto intitulados adeptos, que o assobiam logo que toca na bola.
Quem será a próxima vítima dos "assobiadores"?
Sugiro que sigam a numeração das camisolas, ou das posições em campo: que tal assobiar Trubin até que se vá embora? E depois Bah? Otamendi já está na grelha. Depois pode ser António e por aí fora, até não termos jogadores, nem equipa, nem clube.
Nos outros países assobiam-se os adversários. Cá, e neste Benfica (que, dada a sua dimensão, é um bom espelho da complexa sociedade em que vivemos), damos tiros no pé consecutivamente, num processo de autodestruição que não sei onde irá acabar.
Amo o Benfica como sempre amei desde que me conheço. Mas cada vez sinto menos comunhão com uma parte dos seus auto intitulados adeptos, que acredito seja minoritária, mas cuja capacidade de fazer ruído e estragos é notável.

NERES

Sem ver os treinos, sem estar no balneário, não poderei ter uma opinião definitiva sobre a venda de Neres. Sobram três factos: é vendido por quase o dobro do que custou, é um excelente jogador, que pode vir a fazer falta, e mesmo com 30 milhões é difícil comprar alguém que dê as mesmas garantias.

O melhor Benfica de Schmidt foi sempre com Neres (e, já agora, com Enzo, e com Grimaldo, e com Rafa, e com Ramos...). Percebe-se que a renovação de Di Maria lhe retire espaço (e D Maria, não duvidemos, é melhor, ainda é melhor). Não se sabe, eu não sei, qual a atitude do jogador internamente perante a eventualidade de começar grande parte das partidas no banco.

A minha regra é: vender os jogadores cujo valor de mercado é superior ao peso desportivo (e no futebol português, acima de 50 milhões, isso é verdade para todos), e manter aqueles que, pela idade, pela discrição, ou por qualquer outro motivo, não valem tanto lá fora como cá dentro. Rafa era um bom exemplo, como o foi Luisão ao longo de grande parte da carreira. Temo que Neres encaixe neste lote.

E OS OUTROS?

A pergunta é honesta: será de mim, que só vejo as notícias relacionadas com o Benfica? Ou é a comunicação social que só fala do Benfica e ignora o que se passa nos outros quintais?
É verdade que saíram João Neves, Rafa e Neres. Mas... e nos outros?
O quadro acima, mesmo sem Jorges Sanchezs ou Wendelles das Silvas, mostra saídas importantes nos dois rivais. No caso do Sporting duas entradas ainda à espera de avaliação. No caso do FC Porto, com 500 milhões de dívida, nicles.
É importante salientar que ambos ficaram sem os seus capitães e principais referências da defesa, ambos perderam pontas-de-lança e, no caso do FC Porto, os melhores goleadores das últimas temporadas.
Até dia 2 de Setembro é vindima. Diogo Costa, Galeno, Francisco Conceição, Gonçalo Inácio, Morita, Edwards e Gyokeres, são nomes que o mercado pode chamar. E pelos milhões certos, ninguém dirá que não.
Uma coisa já é certa: a Liga Portuguesa ficará (ainda) mais pobre.

O ONZE PARA O MOMENTO

Para um jogo na Luz com o Estrela da Amadora, como com o Casa Pia ou com qualquer dos outros emblemas que povoam a primeira liga e, à excepção de Porto, Sporting e, por vezes, Braga, colocam o autocarro diante da baliza, queimam tempo e jogam com a irritação das bancadas, parece-me que o antídoto passa por uma máquina com tracção à frente. O problema nesses jogos (os Clássicos e a Champions levantam outras questões) resume-se a conseguir entrar no pouco espaço que existe (ou saber criá-lo) e a fazer o adversário saltar da toca, como dizia Jorge Jesus. Mesmo que se sofra um golo ou até dois, se se marcarem três ou quatro a vitória não fugirá. 
Dado aquilo que tem sido observado, creio que esta seria uma proposta razoável para 80% dos jogos do campeonato português. E tacticamente até nem difere muito dos saudosos tempos em que coabitavam no onze Aimar, Saviola, Cardozo e... Di Maria - que neste caso poderia vir a ocupar o lugar de Gouveia, quando recuperado. Barreiro seria alternativa a Florentino. Kokçu a alternativa a Prestianni. João Mário a alternativa a Aursnes. 
Haverá coragem e perspicácia de Roger Schmidt para a aplicar?

ERA PRECISO MEXER TANTO?

Vlachodimos / Leite

Gilberto

Grimaldo / Ristic

Enzo / Neves / Chiquinho 

Neres / D.Gonçalves / J. Mário? 

Rafa  / Guedes

Ramos / Musa / Araújo 

Campeões 2022-23

JOÃO MÁRIO, PERDOA-LHES

Sem qualquer sentido. 
É verdade que veio do Sporting, que não é um jogador rápido, e tem algumas oscilações de rendimento. Mas João Mário é um bom jogador, e acima de tudo um excelente profissional.
Assobiar no fim de um jogo, ou no momento em que sai de campp, enfim, acontece a muitos.. Quando simplesmente toca na bola, é apenas estúpido.
Se em 60 mil pessoas, 59500 estão em silêncio e 500 assobiam, embora estatisticamente valha o que valha, o coro faz-se ouvir e fere o profissional. Se alguém acha que assim um jogador rende mais, esse alguém é que está a mais no estádio, ou pelo menos na bancada dos benfiquistas. 

SEM CONVENCER

Tivesse sido todo o jogo igual aos últimos 20 minutos, e havia motivo para os benfiquistas ficarem mais animados. Como houve 70 minutos antes de Pavlidis cabecear para o 1-0 demasiado parecidos com a horrível jornada de Famalicão, há que manter algum cepticismo.
Nem tudo está bem quando acaba bem. Se acabasse o campeonato e o Benfica, mesmo ao pé coxinho, conseguisse milagrosamente ser campeão, eu não me importava. Quando faltam 32 jornadas, não é uma vitória como esta, muito mais difícil do que os números finais fazem crer, que me vai fazer dormir descansado.
Sublinho, a terminar, a entrada de Tiago Gouveia, que terá feito o melhor jogo pelo Benfica, e Prestianni que não devia ter saído. 

PREOCUPADO

Muito preocupado.
A minha regra diz que:
1) uma grande equipa pode perder um jogo decisivo contra outra grande equipa;
2) uma grande equipa pode perder um jogo não decisivo contra uma equipa menor;
3) uma grande equipa jamais pode perder um jogo decisivo contra uma equipa menor.
Obviamente o jogo de Famalicão não decidia o campeonato. Mas decidia, ou pode decidir, ou vai decidir, o clima geral no clube - que já vem com enormes cicatrizes da época passada.
Não sei se Roger Schmidt percebeu isso. Não sei o que Roger Schmidt percebe ou quer perceber.
Que este jogo não foi bem preparado, nem bem abordado, parece-me claro. Que havia em seguida dois jogos em casa, e entrar com três vitórias era extremamente importante para sanar a desconfiança de muitos adeptos,  parece-me coisa que nem terá passado pela cabeça do técnico germânico.
Como dizia Mark Twain, uma piada alemã não é para rir. 

NEGRO, COMO O EQUIPAMENTO

Após um jogo como este, torna-se muito difícil, até para os mais benevolentes como eu, acreditar num novo Benfica para a temporada 2024-25.
Não há perdão possível. A equipa teve tempo mais do que suficiente para preparar esta partida, não jogou pré eliminatórias nem supertaças e, ao arrepio de tudo o que era expectável, apresentou-se em Famalicão... de chinelos.
A primeira parte foi medonha. Nem um remate, torto que fosse. Um zero total, na defesa, no meio-campo e no ataque. Do pior que me lembro de há várias épocas para cá. Incompreensível. Inacreditável. Indesculpável. 
Na segunda pouca coisa mudou. Apenas Di Maria trouxe alguma vivacidade ao jogo, mas tarde demais para vergar um adversário organizado e sagaz, que mereceu amplamente a vitória. 
Não percebi as substituições, coisa que já não é de agora. João Mário manteve-se em campo noventa minutos, com um cartão amarelo que vinha da primeira parte, e com rendimento abaixo de zero - gosto dele, mas a verdade tem de ser dita. Kokcu entrou para... nada (e este já nem devia estar no plantel). Depois, deixei de entender fosse o que fosse, do Benfica e da forma como pretendia virar o resultado - partindo do princípio que o queria mesmo fazer
Sem eficácia, sem velocidade, sem intensidade, sem solidez, sem critério não é possível ganhar jogos. E Roger Schmidt, com esta fantasmagórica prestação da sua equipa, com esta derrota demasiado inconveniente, dá motivos de sobra para aqueles que o querem ver longe da Luz. Os jogadores que tem à disposição justificam muitíssimo mais do que esta miserável amostra - com consequências que não consigo prever. 
Desta vez, nem de Fábio Veríssimo o Benfica se pode queixar. Apenas de si próprio, e da forma ligeira como preparou este jogo, e o princípio de um campeonato que não podia, nem pode, perder.
Manda a serenidade que agora não escreva muito mais sobre esta triste partida. Não sou de ferro, e a vontade é de esmagar o teclado com insultos. Não é disso que o Benfica precisa neste momento. Mas começo a ter de concordar com quem acha que talvez precise de um novo treinador. Só espero mais dois ou três jogos para ter a certeza.
PS: É o que menos importa, mas também não entendo porque joga o Benfica com o equipamento alternativo (feio, como quase sempre) perante um adversário vestido de branco e/ou azul. Se acham que isto contribui para reforçar a identidade do clube junto dos adeptos, estão enganados. Um clube é uma história, um emblema e uma cor. Quando se começam a retirar elementos desta equação, corre-se o risco, desnecessário, de deixar lá ficar pouco. 

ONZE PARA FAMALICÃO


 

TRISTE

Normalmente só escrevo sobre futebol. Mas interesso-me por quase todas as modalidades, e acompanho o andamento de todos os campeonatos em que participa o Benfica.
Viktoriya Borshchenko era a melhor jogadora da equipa de andebol feminino, e a melhor que vi jogar com a camisola do Benfica - que, diga-se, é Tri-Campeão nacional.
A notícia da sua doença, e consequente abandono da prática desportiva, entristece-me profundamente.
Desejo uma boa e rápida recuperação, e aplaudo a ajuda que o Benfica lhe está a dar - esperando que continue a dar-lhe tudo e enquanto ela precisar.


O PONTO DA SITUAÇÃO

Nos próximos 25 dias ainda há trabalho a fazer, nomeadamente:
- Assegurar quem lute com Trubin pela titularidade na baliza. Os dois jovens parecem-me demasiado verdes para essa missão, devendo ficar apenas um deles (neste caso, Samu) como terceiro guarda-redes;
- Tenho dúvidas sobre a adaptação de Tiago Gouveia a lateral. Seria excelente para o Benfica e para ele, até como oportunidade de carreira. Não tenho opinião fechada sobre o assunto, e caso tal não seja viável, há que colmatar as costas de Bah, pois Spencer é talentoso mas demasiado jovem para assumir essa responsabilidade;
- Fosse eu a mandar e tentaria vender Kokçu e Arthur Cabral ao melhor preço. São para mim, dois rostos do fracasso da época passada. E talvez tenham mercado, um na Turquia, outro no Brasil, ou ambos no Médio Oriente. Aceitaria, 20 pelo turco e 12 pelo brasileiro, limitando as perdas. Um dos avançados tem de sair, e se a Cabral se juntar Tengstedt, contratando-se em sentido inverso um Musa qualquer, seria fantástico;
- André Gomes, Diogo Spencer, Gustavo Marques, João Rêgo e Martim Neto, não terão muito espaço no plantel. Para alguns deles, voltar à Equipa B seria regredir. O limite de empréstimos dificulta este tipo de casos. Mas pelo menos Spencer, Gustavo e Rêgo parecem ser de segurar, seja qual for a forma de o fazer;
- No Benfica haverá sempre lugar para um génio como João Félix. Se for possível, sem cometer loucuras, venha ele.

ATÉ UM DIA DESTES, MIÚDO!

Ao segundo ou terceiro jogo de João Neves na equipa principal do Benfica, percebi que não iria ficar em Portugal por muito tempo. A capacidade técnica, mas sobretudo a agilidade física e a personalidade com que assumira o meio-campo da equipa num momento delicado, indicavam estar ali um craque.
Conquistou o título com o Benfica, foi a dois quartos-de-final da UEFA (um deles na Champions), estreou-se na Selecção Nacional e esteve no Euro 2024. Uns dirão que o momento certo era daqui a um ano, outros que podia ter sido antes do Euro (em que não foi titular). Mas o momento certo é aquele que o mercado determina. E por vezes o comboio não passa duas vezes.
O Benfica não pode obrigar nenhum clube a pagar mais, ou a comprar o jogador noutro momento. E a verdade é que precisa do dinheiro, não podendo obtê-lo com jogadores que ninguém quer.
João Neves era o mais valioso do plantel, e como tal aquele que compensava vender - como, a seu tempo, Renato Sanches, depois João Félix, Darwin e Gonçalo Ramos.
É triste que o Benfica tenha de vender, ano após ano, o seu maior craque. A culpa é de uma liga portuguesa que não gera receitas capazes de assegurar a estabilidade financeira por outras vias. 
Por mim, prefiro vender o melhor por muito dinheiro, para não ter de vender vários outros ao desbarato (Bah, Aursnes, Neres, António etc), nem quebrar a espinha dorsal da equipa. Faz-se o dinheiro que se tem de fazer, e reinveste-se - espero que este ano bem melhor que no ano passado. 
A João Neves, toda a sorte do mundo. E que um dia, já com a sua vida conquistada, possa voltar a casa.

UMA PEDRINHA DE GELO

Talvez houvesse já alguma euforia em demasia. O Benfica é assim: para o bem e para o mal, com crises exageradíssimas, e optimismos precipitados.
Do jogo com o Fulham poderá dizer-se que o resultado foi pior do que a exibição. E foi mentiroso, pois houve um penálti do tamanho da costa algarvia sobre o Bah, que podia ter ditado um desfecho mais simpático.
Ainda assim foi um bom teste, que também serviu para expor o que está por ajustar. É bom lembrar que só agora estão a regressar os mundialistas, ainda haverá Otamendi e Di Maria, Renato Sanches, bem como, mais tarde, Rollheiser e Schjelderup - que até pareciam ter entrado bem na pré época.
Deixo uma palavra final para Prestianni, que mais uma vez aproveitou muito bem a oportunidade. Está ali uma pérola. Espero que não se estrague. E se Otamendi e Di Maria não servirem para mais nada, estou certo que terão um papel importante no desenvolvimento deste miúdo.
Agora venham os jogos a doer.