COM A MÃO DE SOUSA

Um penálti claro por assinalar, num momento em que o Benfica procurava o 2-2 e com algum tempo ainda para jogar, marcou indelevelmente o desfecho do jogo da Choupana. O empate nessa altura (4 minutos depois do golo de Reyes), tendo em conta o andamento do jogo, teria reaberto o resultado, e seria um tónico para o Benfica procurar chegar à vitória nos minutos finais.
Mas o erro grave e incompreensível de Jorge Sousa não pode servir para esconder os vários erros que a equipa encarnada cometeu. O primeiro dos quais foi uma entrada em jogo demasiado dormente, algo que fez lembrar alguns dos piores períodos da equipa de Quique no campeonato. Não é possível vencer jogos esperando que os golos caiam do céu, coisa que o Benfica parece fazer. Depois, já no segundo tempo, foi a linha defensiva a oferecer o golo a Nené. Mas também o sector ofensivo falhou em toda a linha, com Nuno Gomes a realizar eventualmente a pior exibição da temporada, e Cardozo a desencontrar-se com a produtividade que havia evidenciado nos últimos jogos.
Não creio que as substituições efectuadas pelo técnico encarnado tenham sido a razão da derrota. Com a saída de Katsouranis o espanhol pretendeu lançar em campo o sistema que havia dado bons sinais nas jornadas anteriores, com a entrada de Yebda procurou explorar o jogo aéreo e as bolas paradas, e ao substituir Nuno Gomes, não mais fez do que retirar um jogador que pouco ou nada havia conseguido ao longo de todo o jogo. Nada correu bem, faltou acerto na finalização, faltou acerto ao árbitro, faltou, também, um pouco de felicidade.
Em termos individuais ressalvaria a prestação de Reyes e do inocente Quim. Todos os outros estiveram num plano negativo, inclusivamente David Luíz, que tanto faz uma extraordinária jogada, como arrasa os nervos aos adeptos mais sensíveis com uma displicência difícil de admitir ao nível que o Benfica pretende ter.
Como há várias jornadas havia escrito, tanto a questão do título como a do segundo lugar estavam já praticamente fechadas. É evidente que o empate do Sporting em Coimbra, caso o Benfica vencesse, abriria uma porta de esperança. Mas faltava ganhar este jogo na Choupana, ganhar em Braga, não vacilar em casa, e esperar por um deslize do Sporting. Muitas condições, demasiadas condições. Fácil teria sido vencer a Académica e o V.Guimarães em casa...
Quanto ao terceiro lugar, caso o Benfica vença o Trofense na Luz e o Nacional não ganhe no Dragão (resultados mais do que prováveis), tudo ficará provavelmente já resolvido. Ao Benfica cabe pois fazer o que tem feito nas últimas semanas: preparar atempadamente a próxima época de modo a ter o plantel fechado no dia da apresentação, coisa que há vários anos não se verifica na Luz, com as consequências que se têm visto.