A ESCURIDÃO VESTIU DE AMARELO

Os adeptos do Benfica que não festejaram a Taça da Liga devido à fraca exibição da equipa e ao erro de arbitragem, estarão hoje provavelmente satisfeitos com o que se passou na Luz. Os encarnados realizaram uma exibição agradável, criaram muitas ocasiões de golo (uma bola ao poste, uma à barra, várias grandes defesas de Peskovic), e só não ganharam porque um desconhecido árbitro algarvio anulou um golo limpo a Aimar, e não viu um penálti claro sobre David Luíz, já depois de, na primeira parte, ter sido assinalado um inacreditável fora-de-jogo ao dez argentino, com este a seguir isolado para a baliza.
Há quem me acuse de ser resultadista. Eventualmente até serei, caso isso signifique satisfazer-me com vitórias, sejam elas brilhantes ou não. Mas esses, em coerência, não podem hoje atirar uma pedrinha que seja acima da equipa do Benfica. Eu, por mim, saí muito satisfeito do Algarve, e hoje, a total inutilidade de uma razoável - ou mesmo boa - exibição, não me permite qualquer sorriso, ainda que à medida que a época vai ficando perdida as derrotas se tornem cada vez mais indolores. É assim que entendo os jogos – para festejar quando se ganham, para passar à frente quando se perdem. Grandes exibições ou arte inconsequente, francamente dispenso.
É necessário separar aquilo que tem sido a temporada benfiquista, designadamente desde o Natal para cá, do que foi a noite de hoje na Luz. Frente à Académica o Benfica foi infeliz, merecia ter ganho, e fez por ganhar. Foi o melhor jogo dos encarnados dos últimos dois meses, paradoxalmente uma semana depois de um dos piores ter terminado com uma vitória na Reboleira.
A análise da época, do momento, e da situação do futebol encarnado que esta derrota agravou, ficarão para um dos próximos dias, já depois de passada a turbulência e o estado de alma decorrente da derrota. Espero que os responsáveis do Benfica também saibam resistir à pulsão de tomar decisões a quente e em cima da frustração, e sobretudo após um jogo em que, sinceramente, não creio haver motivos para fazer críticas à equipa ou ao treinador.O terceiro lugar não é bom, mas o segundo não é nenhuma mina de ouro, ao contrário do que sucedia em temporadas anteriores. Não haverá grandes diferenças entre os dois, até porque disputar duas duríssimas pré-eliminatórias logo a partir de Julho, pode ser um factor de perturbação na preparação da época. Resta ao Benfica, que ainda assim conquistou um título, pensar a partir de agora no seu futuro, com calma e ponderação.