CINCO ANOS DE PRESIDÊNCIA

Luís Filipe Vieira cumpre hoje cinco anos à frente dos destinos do Sport Lisboa e Benfica, embora desde 2001 integrasse já a estrutura benfiquista, então apenas como director desportivo.
Ao fazer o balanço do seu trabalho devem, quanto a mim, ser considerados três períodos distintos. Um desde a sua entrada no clube até ao fim do primeiro mandato (2006), outro desde o início do segundo mandato até Julho passado, e um terceiro – assim espero – iniciado nestes últimos meses.
O primeiro mandato de Luís Filipe Vieira foi notável, colocando-o ao nível dos melhores presidentes da história do clube. Herdando uma situação extremamente complicada sob todos os pontos de vista, Vieira e a sua equipa credibilizaram institucionalmente o clube, encetaram uma recuperação económica e financeira que quase se assemelhou a um verdadeiro milagre, conseguiram dar sequência a projectos como a construção das instalações desportivas – estádio, pavilhões e centro de estágio -, descobriram novas formas de criação de receitas, das quais o naming das bancadas ou os kits de sócio foram apenas os mais elucidativos exemplos, apostaram fortemente no tradicional ecletismo e, qual cereja no topo do bolo, ainda viram a equipa de futebol regressar aos títulos após longo jejum, o que também só foi possível graças a uma gestão desportiva criteriosa e afirmativa, capaz de trazer para a Luz nomes como Simão Sabrosa, Petit, Nuno Gomes, Geovanni, Luisão, Tiago, Ricardo Rocha ou Quim.
Quando tudo parecia caminhar para a perfeição, e o Benfica parecia imparável rumo ao seu destino ganhador, eis que a partir de 2006, à medida que outros projectos avançavam (ex: canal tv), a gestão desportiva foi sendo estranhamente negligenciada.
Custa a entender como se cometeram tantos e tão repetidos erros. Fundamentalmente, parece não ter havido capacidade de perceber que na equipa campeã de 2005 estava uma base com condições para - com mais um ou outro reforço - chegar longe até em termos internacionais, como de resto a evolução da carreira dos seus jogadores o veio a demonstrar.
Tudo começou com a saída de Miguel para Espanha, em condições pouco edificantes para o jogador, é certo, mas também pouco proveitosas para o Benfica. No ano seguinte foi a vez de Geovanni ser cedido a custo zero, não se sabe ainda bem porquê. Depois seguiu-se Ricardo Rocha, vendido na mesma semana em que saíra Alcides (dois polivalentes nunca devidamente substituídos), desfazendo-se assim, de uma penada, um dos melhores blocos defensivos do futebol português nos últimos anos. O golpe de misericórdia na equipa foi dado com a venda de Simão Sabrosa (por um valor abaixo do seu real peso no plantel encarnado) e Manuel Fernandes há pouco mais de um ano (semanas depois de perder Miccoli e Karagounis).
Neste período, compreendido entre 2006 e 2008, desmantelou-se a equipa, desprezou-se a dinâmica de vitória que o título de Trappatoni trouxera, destruiu-se um balneário coeso e unido, carregado de mística e profissionalismo. Sobre esses destroços, lançou-se um grupo de jovens sul-americanos contratados avulso, sem conhecimento do clube nem experiência do futebol europeu. Criaram-se, enfim, todas as condições para uma das piores épocas de sempre do Benfica, até porque o despedimento do técnico Fernando Santos (que ficara a dois pontos do título) se revelou precipitado e injusto, e, mais tarde, a decisão de promover Chalana uma inexplicável aventura de custos bastante elevados e nunca devidamente contabilizados.
Quero acreditar que com as escolhas de Rui Costa e Quique Flores o Benfica tenha, neste último defeso (apesar do mal explicado caso Petit), entrado numa nova fase. Numa fase em que a competência – então aparentemente exclusiva de outras áreas de actividade do clube – tenha chegado enfim à gestão do futebol. Numa fase que possa levar o Benfica de novo aos títulos (já vão tardando…), e que possa redimir esta administração dos erros cometidos a nível desportivo, dando ao final deste segundo mandato de Vieira um impulso capaz de lhe permitir a reeleição em Outubro de 2009.
Se for dada autonomia de decisão a quem percebe de futebol – sem serem os directores financeiros a decidir as contratações em função de avaliações meramente mercantis -, se houver preocupação com a estabilidade do grupo, evitando as constantes entradas e saídas de jogadores, se se interiorizar que só com resultados desportivos o clube estará em condições de aproveitar devidamente todo o seu potencial de criação de receitas, respirando o ar saído de toda a retaguarda institucional e empresarial que o Benfica conseguiu sedimentar nestes anos, estou certo que o futuro será pintado de vermelho, e que a história de Luís Filipe Vieira no Benfica poderá acabar bem melhor do que, em certas alturas, se chegou a supor.

17 comentários:

Anónimo disse...

O Sr.Luis Felipe Vieira tem todo o meu apoio!

Todo o esforço e inteligencia colocada ( e uso poucas expressões..) no processo de restruturação de um clube da dimensão do nosso e especialmente das condições nas quais se encontrava deve ser SEMPRE reconhecido e, se me permite, agradecido!

o resultado do trabalho efectuado é, na minha opinião, aquele que permite que se falhem contratações, que permite que não se esteja dependente que a bola entre ou bata no poste, é o trabalho que realmente dá nome de GRANDE a um clube como o nosso...

as megalomanias do passado recente, que fazem querer ganhar a todo o custo, que se empenhe tudo e mais alguma coisa foram precisamente aquilo que nos encaminhou para o fundo...

Algumas más decisoes de gestão desportiva....sim, concordo que as houve....penso que esta direcção tem a percepção de erros cometidos e que, tb ai vai evoluindo nos seus criterios de organizaçao e selecção...nao sou da opiniao que se deva criticar demasiado por tais opções, estamos a criar condições para estabilizar agora sim desportivamente..

Casa n se faz pelo telhado..

Tem o meu voto nas próximas eleições.

saudaçoes benfiquistas

M.

Anónimo disse...

Concordo plenamente consigo LF no aspecto económico LFV esteve magnífico,pecando na parte desportiva.E muitos erros foram cometidos antes e depois de 2005,resta-nos que não interfira no futebol e deixe o Rui tratar disso, e que se dedique á gestão, aquilo em que ele é realmente bom e mantenha-se em silêncio porque o dom da palavra não é o seu forte.Até porque os protagonistas devem ser os jogadores e treinadores e nunca dirigentes.

Anónimo disse...

o vieira pode ser eum excelente gestor, mas de futebol percebe zero!
alem do mais tem muitos rabos de palha na sua vida profissional, que me levam a crer que quando deixar de ser presidente do maior clube do mundo irá ser engavetado como foi o ex presidente vale e azevedo.

Anónimo disse...

grande presidente!!!
hum ! hum!
longa vida ao vieira

Anónimo disse...

caro LF...

desculpe a interrupção deste post (que até ja comentei...), mas deparei-me com algo que achei por bem fazer circular também por aqui...

http://tertuliabenfiquista.blogs.sapo.pt/

para quem tem memória curta....

saudaçoes benfiquistas

M.

(obrigado)

Anónimo disse...

Tambem estou de acordo que Filipe Vieira tem feito um bom trabalho.

So existe um senao...

Sera que ninguem tem coragem para pedir ao homem para cortar o bigode?
Ou podiam fazer uma aposta com ele. Em que ele perdesse.

Sinceramente, isso ja nao se usa ha muito tempo. Alem disso, nao e nada higienico.

Enfim, gostos... NInguem e perfeito.

Saudacoes B.

Santinni disse...

Grande Presidente... mas onde andam os resultados desportivos?

Positivo:
Espinha dorsal da Selecção;
Equipa Maravilha;
Venda de Mantorras por 18 milhões contos;
Parceria com Veiga;
150 mil sócios;
Demissão devido a promessas não cumpridas;
Descapitalização do Alverca;
Número de jogadores comprados a um valor nada inflacionado;
etc.
etc.
etc.

Claro que aspecto positivo para o Porto, principal vencedor nestes últimos 5 anos.

Anónimo disse...

estive a ver os videos da tertulia e mais uma vez estou perante um braquemento benfuiquista.
ou seja os benfiquistas querem fazer crer que o diabo não invadiu, o diabo não agrediu, que nada se passou de anormal.
a unica coisa que o vieira tem de bom é o facto de ele ser socio do FC PORTO, os benfiqueiros devem adorar essa faceta do presidente.

Anónimo disse...

Podiam poupar-nos à foto da criatura...

Anónimo disse...

ate me assustei com a foto qnd entrei...

jfk disse...

Realmente falta juntar a consolidação desportiva a tudo o que demais foi feito de (muito) positivo nestes 5 anos.

Sinceramente, era difícil de prevêr e esperar que o clube fosse tão solidamente recuperado no capítulo financeiro, com o acréscimo de investimentos feitos em infra-estruturas (já referidas no post), em tão curto espaço de tempo.

Acredito que os erros desportivos estejam identificados, para não serem repetidos (pelo menos em doses maciças, erros pontuais são aceitáveis).

Acredito assim que estejam reunidas condições para o futuro.

É inquestionável o mérito de Rui Costa, em ano de estreia como dirigente, na escolha de equipa técnica e jogadores, o que perspectiva uma evolução muito promissora.

Na formação (ponto importantíssimo), creio que também se está a trabalhar bem (apesar de não ter boa impressão de João Alves, recorde-se o lote de jogadores que iam atrás dele para as diversas equipas, alguns de fraquíssima qualidade...e fiquemo-nos por aqui).

Os sócios estão (cada vez mais) presentes.

Estarão reunidas as condições para o futuro desportivo ser sólido, que é disto que se trata. Ter condições para lutar para ganhar. Ganha-se umas vezes, perde-se outras.

Resta esperar a limpeza da podridão nas estruturas do futebol (claro que erros e arbitragens tendenciosas existirão sempre, não podem é continuar a existir situações absoluta e sistematicamente premeditadas em alturas críticas, que arruinam qualquer possibilidade séria de competição - por falar nisto, amanhã, Carlos Xistra).

Ricardo Campos disse...

o vieira para se assumir como presidente teve de arranjar conflitos com o FC PORTO. só assim é que o rebanho dos benfiquistas começaram a bater-lhe palmas... ele desculpa os insucessos da equipa de futebol , com o apito dourado, quando vemos a falta de qualidade das contratações feitas por ele.

jfk disse...

Pinto da Costa sempre que queria desviar a atenção dos problemas da sua equipa vinha para a comunicação social falar do Benfica.

Editor deste blogue disse...

"CINCO ANOS DE PRESIDÊNCIA"

Sem dúvida, um inolvidável motivo de orgulho para todos os benfiquistas!...

PS - Irónico (Para quem não conseguir atingir)

Anónimo disse...

A recuperação económica não é milagre, pela simples razão de estes não existirem. Um clube na falência constroi um estádio. Um clube que não realiza receitas relevantes na venda de jogadores e que não vai à CL, vai buscar o dinheiro onde para fazer as aquisições que fez?
Ao naming das instalações? Let me name it.
Lavagem de dinheiro!
Com cheirinho a catinga.

Anónimo disse...

A frase do ano:

“Apito Dourado” está a condicionar os árbitros, prejudicando o FC Porto e favorecendo os outros dois grandes, não aceito ser vítima desse processo

Jesualdo Ferreira em entrevista ao Jogo em 25-9-2008

Anónimo disse...

é só uma questão de tempo; os gajos do PÓ acabam sempre por ser apanhados.