ASSEMBLEIAS ANACRÓNICAS

O Benfica tem seis milhões de adeptos e 400 mill sócios espalhados pelo país e pelo mundo. Porém, algumas das decisões mais estruturantes da vida do clube são tomadas por umas quantas centenas de pessoas, facilmente capturadas e/ou manipuladas em grupos organizados (claques ou malta dos whatsapps), na sua larga maioria circunscritos geográficamente à região da grande Lisboa, e etariamente a um grupo que eu estimariaa entre os 18 e os 35 anos - que foram os meninos da mamã e do papá, apanharam uma escola facilitista, agora fazem birra ao não perceberem porque é que o mundo, afinal, não é deles, e por isso querem deitar tudo abaixo.
Como diz José Manuel Delgado em "A Bola", e como eu também já aqui havia escrito, este formato de Assembleia-Geral, criado nos tempos de Cosme Damião, é hoje totalmente anacrónico, impróprio, perigoso e apenas serve os propósitos de quem pretende desestabilizar. Não se analisam contas, nem regulamentos: protesta-se, reclama-se e tenta-se, à força de gritaria e não só, impôr pontos de vista que não representam minimamente o benfiquismo real, e cuja maior ou menor impetuosidade advém, numa visão tão estreita quanto o nível de inteligência médio desses grupos, dos últimos resultados da equipa de futebol. Servem, por outro lado, de alimento a horas e horas de directos televisivos e de videos colocados na internet que envergonham o benfiquista comum. Agora é o Rui Costa e o Vieira. Deixem Noronha Lopes chegar à presidência, e haver uma AG após uma ou duas derrotas (sim, porque com Noronha o Benfica não vai ganhar os jogos todos, isso só acontecerá, claro, com o Manteigas...), e logo se verá o que acontece. Se estiver vivo e de boa saúde, cá estarei para lamentar.
Imagine-se o que era o Orçamento de Estado, ou para ir ainda mais longe, uma revisão da Constituição, serem votados no Meo Arena, à porta aberta a todos os portadores do cartão de cidadão. Já estou a ver os grupos de apoio a X e a Y mais activos nas redes sociais (verdadeiros canos de esgoto do mundo moderno) a transformarem maiorias virtuais em votos reais, para imporem as decisões mais aberrantes que passassem pelas suas iluminadas cabeças.
Estas AG são uma espécie de bancada de claque, e nenhum dirigente do Benfica, passado, presente ou futuro merece ter de passar por elas. Há hoje mecanismos que permitiriam aos sócios, a todos os sócios, votar e aprovar (ou reprovar) as contas, os regulamentos e tudo o que tenha de ser votado num clube democrático. Assim, estamos perante um circo, que de democracia não tem nada. E que, de resto, já vimos também acontecer no FC Porto e no Sporting - em alguns dos casos com contornos ainda mais graves.
O que espero, ou melhor, não espero, exigo! é que a escolha do presidente seja feita por todos os sócios, com voto electrónico ou com mesas de voto em todas as casas do Benfica do país e do mundo. Aqueles que não aceitam o voto electrónico que tratem de arranjar representantes para todas essas mesas. O Benfica não pode, nem vai, ficar entregue a grupetos que só o enxovalham, e iguais aos grupetos que noutros momentos enxovalharam os clubes rivais. Essas gentes têm muito mais a ver uns com os outros, do que cada um deles com o clube do qual dizem ser. Com o meu Benfica não têm nada.

7 comentários:

PAULOS disse...

Não podia estar mais de acordo.

paasa disse...

Certíssimo.

Anónimo disse...

Claro, consiso e preciso.what else?

Anónimo disse...

E o resto é folclore!

Anónimo disse...

Que belo texto. É como as críticas de Manteigas et al. à gestão do clube, fácil de concordar elas...

Mas e propostas para remodelar as AG? Quando é para propôr alternativas é que "a porca torce o rabo".
Sim, porque a não ser que o LF tenha poder para alterar o Código Civil (?) , tem de ter AG para aprovar orçamento e contas. Portanto, em vez de carpir mágoas e malhar nas AG, porque não propôr alterações ao modelo e regras das mesmas?

E olhe que se organizar 1000 pessoas na Luz é complicado, e se 10.000 pessoas na Meo Arena seria complicadíssimo, imagine 300.000 pessoas por Zoom.

Quando são os candidatos a fazer crítica gratuita sem apresentar soluções é demagogia, populismo, facilitismo, etc. E quando é o LF a fazer o mesmo. é o quê?

Anónimo disse...

Caro LF,

é uma delícia ver este Arouca a jogar contra os Andrades. Nem com um jogador a mais passam do meio campo. Soberbo!
E lá tinha que vir mais um erro descomunal de um defesa e.......primeiro golo. Está desbloqueado o resultado.

#UmSLBnaInvicta

Nuno disse...

Não sei se entendi.

O LF propõe exatamente o quê, em alternativa? Menos democracia?