SUPERTANGA

Pior que defrontar o Real Madrid.
 

OFEREÇAM JÁ A TAÇA

Com Veríssimo nomeado para apitar, com o TAD a limpar castigos, sem tempo de preparação depois de ter representado o país ao mais alto nível no Mundial de Clubes (algo que a FPF não reconheceu), não fosse a necessidade de dar ritmo aos jogadores para fazer face à pré-eliminatória da Champions, e quanto a mim o Benfica devia enviar ao Algarve, e de forma ostensiva, a sua equipa B.
Esta Supertaça, desde a sua calendarização, à sua arbitragem, está totalmente inquinada. Está a ser oferecida ao Sporting, da mesmo forma que o último Campeonato e, sobretudo, a última Taça de Portugal.
Bruno Lage que assuma, na conferência de imprensa, que ao Benfica não lhe foram permitidas condições para disputar o troféu de igual para igual, pelo que o vai encarar como um treino.
E se porventura, por via de um qualquer milagre, conseguisse vencer o jogo, eu deixaria lá a taça. Enviassem pelo correio.
Se isto acabou como acabou em 2024-25, o início da nova época não augura nada de bom. 

VALE TUDO

Enchem a boca com Fair-Play e tal, mas na hora da verdade, vale tudo. Eis o TAD a jogar pelo Sporting e a aceitar uma providência cautelar que permite a Quenda e Debast jogarem a Supertaça, mesmo depois de castigados pelo Conselho de Disciplina. Aceitar uma providência cautelar, num caso destes, porquê? E já agora, assim, deste modo, o TAD serve para quê? Para limpar castigos?  O Consellho de Disciplina não deveria ser soberano em matéria de...disciplina. Mais gente a comer na gamela do futebol e a dar largas ao seu clubismo em orgãos institucionais pagos por todos nós. Vivemos sem este TAD até 2013. Da forma como se faz notar, podíamos continuar a viver muito bem sem ele.
Por vezes, a minha vontade era que o Benfica pudesse jogar na Liga Espanhola, e ver-se livre de toda a palhaçada que envolve o futebol português.

SAI GYOKERES ENTRA VERÍSSIMO

Tendo em conta que o avcançado sueco marcou apenas quatro golos ao Benfica, a dimensão do dano causado aos encarnados por Fábio Veríssimo já foi certamente maior.
Ao longo dos últimos anos, este é o árbitro mais conotado com o Sporting. Fez parte da claque, apitou-lhe amigáveis, apitou a festa do último título, e sobretudo tirou pontos ao rival Benfica. Por exemplo em 2024-25, dois jogos apitados, duas derrotas para o Benfica, nem um golo marcado. Aliás, foram esses os dois únicos jogos em que o Benfica ficou em branco em todo o campeonato - e houve grandes penalidades por assinalar... Não falha nada, a estatística não mente.
Desde 2016, quando num assomo de fanfarronice expulsou injustamente Renato Sanches no Funchal, ainda na primeira parte do penúltimo jogo, num campeonato em que qualquer deslize do Benfica daria o título ao Sporting, Veríssimo ficou apresentado. Mostrou ao que ia. Mostrou quem era. Afinal de contas, um afilhado do sinistro Olegário Benquerença, neste caso com tendências mais esverdejantes do que as azuladas do padrinho. Em qualquer dos casos, dois anti-benfiquistas ferrenhos.
Enfim, teríamos de aceitar que ele surgisse por aí, numa qualquer jornada na Luz ou pelo país. Nomeá-lo para a Supertaça, para um dérbi Benfica-Sporting que abre a temporada, é absolutamente inaceitável. É atentatório e vexatório. É a prova, se outras não houvesse, da vontade deste novo Conselho de Arbitragem de deitar o Benfica abaixo por qualquer meio - seja com pisadelas na cabeça, rasteiras com o pescoço, seja como for.
Quem está à espera de uma qualquer benesse que de alguma forma ofusque o que se passou no Jamor, pode esperar sentado. Esta nomeação, por sí só, diz tudo. Sobre a Supertaça, e sobre o que se seguirá.

PIADA DE MAU GOSTO

A nomeação de Fábio Veríssimo para a Supertaça só pode ser entendida como uma provocação. Depois de tudo o que se passou no Campeonato, e, sobretudo na Taça de Portugal, designar o árbitro mais conoctado com o Sporting de entre todos para este jogo é francamente demais.
Este CA começa a atingir os níveis do Apito Dourado, agora com outra cor.
Mais do que a Supertaça em si (que este ano dou como perdida, ou como mera preparação para as pré-eliminatórias europeias, essas sim determinantes), está em causa o sinal que é dado para a nova época, logo no primeiro jogo.

O NÃO FÉLIX

Penso não ter escrito ainda sobre o assunto. Num primeiro momento parecia-me um delírio - face ao salário que o jogador aufere. A partir da altura em que o tema foi recorrrente, e se percebeu que a intenção era real, pareceu-me uma loucura.
O Benfica precisa de um elemento criativo para ligar o meio-campo ao ataque. Félix é um excelente jogador, tem essas mesmas características. Tem vindo a pagar o preço dos 120 milhões (uma exorbitância de quem pensava estar perante um futuro Bola de Ouro) e de uma carreira que não seguiu o rumo que mais o poderia valorizar (o Atlético de Simeone era o último clube para onde deveria ter ido). Vir para o Benfica poderia ser muito bom, antes de mais, para ele. Mas acredito que até encaixasse bem no esquema de Lage.
Dito isto, no contexto português, apostar 25 milhões em metade do passe, e pagar um salário de seis milhões, por apenas um jogador, significaria apostar todas as fichas num Félix super-estrela e capaz de resolver jogos sozinho. Ora eu tenho dúvidas (muito temos dúvidas, a maioria tem dúvidas) de que, no ponto a que chegou a sua carreira,  isso se viesse a verificar dentro do campo.
Dito por outras palavras, e recorrendo à matematica: porque não comprar dois bons jogadores a 12,5M cada, e com salário de dois ou três milhões cada, suprindo as posições de segundo avançado criativo e de extremo - algo de que o Benfica necessita, depois da saída de Di Maria, agravada pela lesão de Bruma?
Bem sei que as coisas não são assim tão simples, que isto não é o "Football Manager", mas se o Benfica tem de facto 25 milhões para investir, e seis milhões/ano para custos salariais, creio que pode reforçar mais e melhor a equipa do que com um jogador que, por muito querido que seja dos adeptos, por muito impacto emocional (e eleitoral) que gerasse, não deixaria de ser um enorme ponto de interrogação.
Vamos esperar pelos próximos dias. Se houver um volte-face e Félix ainda vier, pois da minha parte será bem recebido. Se vier outro mais barato e capaz de ser uma mais valia para a equipa,...também. 

VALE O QUE VALE

...mas é melhor ganhar do que perder. E a verdade é que o Benfica começa com uma taça nas mãos. 
Neste jogo percebeu-se a tentativa, lógica, de acelerar processos e estados de forma. Foi também oportunidade de ver os reforços - e neste aspecto destacaria Dedic, com alguns bons apontamentos. 
A permeabilidade defensiva, sobretudo no momento de transição, continua a preocupar. Mas até foi bom ser exposta para poder ser corrigida.
Destaque para Henrique Araújo,  um dos grandes enigmas das últimas duas temporadas que, nesta nova oportunidade, pareceu empenhado em voltar a ser a promessa que era - e, por motivos ocultos, quase deixou de ser.
Quinta-feira espera-se nova vitória, e novo troféu. Dessa vez já a valer. Mas, importante mesmo, será entrar na Champions. E dadas as circunstâncias, mesmo sabendo que um dérbi é sempre um dérbi, a prioridade deste início de época é, sem dúvida,  a frente internacional. 

UM MANDATO EM NÚMEROS

FUTEBOL NACIONAL:
Sporting 2 Campeonatos
Benfica 1 Campeonato 
Porto 1 Campeonato

CHAMPIONS:
Benfica: Quartos / Quartos / Grupos / Oitavos 
Porto: Grupos / Oitavos / Oitavos / não se apurou
Sporting: Oitavos / Grupos / não se apurou / Playoff 

MUNDIAL:
Benfica: Oitavos
Porto: Grupos
Sporting: não se apurou

FUTEBOL FEMININO:
Benfica: 4 campeonatos
Sporting: 0 campeonatos
Porto: 0 campeonatos

FUTEBOL FORMAÇÃO:
Benfica: 8 campeonatos + Youth League
Sporting: 2 campeonatos
Porto: 0 campeonatos

5 MODALIDADES MASCULINAS:
Benfica: 9 campeonatos
Sporting: 6 campeonatos
Porto: 5 campeonatos

5 MODALIDADES FEMININAS:
Benfica: 15 campeonatos
Porto: 3 campeonatos
Sporting: 0 campeonatos

Este é o balanço global dos últimos quatro anos. Quem fizer melhor, que faça.

CAMPANHA BAIXA

Se não faz nada, dizem que é banana. Se apresenta algo, dizem que é eleitoralismo. Critica-se por ter cão e por não ter. É presidente do Benfica? Então é para arrasar, porque quem devia tomar todas as decisões... era eu. E se não decidem como eu quero, apedrejo-os, porque EU...
Enfim, se fosse só agora... É há quatro anos, ou há seis, ou há oito. Há uma facção de jovens que se dizem benfiquistas, que acham que sabem mais que os outros, que acham que são mais benfiquistas que os outros, que se julgam ingenuamente parvamente uma vanguarda esclarecida, que têm demasiada informação para a sua inteligência, e que querem deitar tudo abaixo para construir logo se verá o quê.
Já estamos habituados. É sinal dos tempos, e infelizmente não é só no futebol. Noutros planos também o populismo e a brutidade parecem estar a vingar e a levar-nos todos - a eles também, mesmo que não o percebam - para o abismo. Quando quiserem de lá saír poderá ser tarde. Perdoai-lhes Senhor, pois (alguns) não sabem mesmo o que fazem.
Como disse, já estamos habituados. O Benfica, como clube mais popular, está sempre mais sujeito a sofrer os males da sociedade. 
O que não esperava era ver Noronha Lopes entrar nesse tipo de oposição infantil tipo "fórumserbenfiquistiana". Para se apresentar como alternativa devia tentar convencer-nos que iria fazer melhor, e não que está tudo mal. Como está, sabemos nós, e cada um faz a sua avaliação. O que se espera de um candidato é que apresente propostas, e diga como resolve os problemas. Criticar e bater no peito a gritar viva o Benfica? Isso também eu faço.  

LIXO

A quem interessam, quem vê, e para que servem estes jogos (os que estão a preto, naturalmente)? 
É este o motivo pelo qual a Liga Portuguesa é miserável. É este o motivo pelo qual Portugal não está melhor colocado no ranking europeu. É todo este entulho que polui o campeonato e o impede de ser competitivo, interessante e vendável.
É a essas equipas que pretendem dar dinheiro? Para criar um equilíbrio fictício que mais não será do que um nivelamento por baixo?
Se querem verdadeiro equilíbrio olhem para o mapa do país, e vejam as vastas regiões que não estão representadas no principal campeonato - desde logo todo o interior, e tudo a sul do Tejo.
Para os clubes serem agregadores, terem representatividade e massa crítica, devem representar cidades, populações ou regiões. Não aldeias, ou nem isso. De onde é o Casa Pia? E o AFS? Quantas pessoas vivem em Moreira de Cónegos? Quem são os seus adeptos? As famílias dos jogadores? O que representam? A quem representam? Para que servem?  Porque estão ali esses e não o Belenenses, o Vitória de Setúbal, o Marítimo, o Boavista, o Farense ou a Académica, clubes com história e com adeptos, com os quais ninguém parece preocupar-se?
Há aqui uma doença, um cancro, que urge tratar. E os decisores estão a disparar ao lado.
Enquanto o panorama for este, não me falem de centralização de coisa nenhuma.

SERÁ MAIS OOU MENOS ISTO?

Se Akturkoglu for vendido, talvez não fosse má ideia contratar outro extremo.
 

SERÁ UMA PRIORIDADE?

Antigamente prometia-se o Jardel. Agora, prometem-se projectos faraónicos para o Estádio da Luz e área envolvente.
Não tenho opinião fechada sobre investimentos no estádio. Concordo com o acréscimo de alguns lugares, e com a consequente aproximação das bancadas ao relvado - aspecto que não foi totalmente cuidado aquando da sua construção. Talvez os pavilhões necessitem de uma intervenção modernizadora. Mas...ficava-me por aí. Quando ouço falar de hotéis, de espaços comerciais, do inevitável corporate e de um investimento de 200 milhões, penso se o Benfica não se estará a afastar dos seus objectivos, não apenas principais, mas únicos: ter boas equipas para ganhar jogos e campeonatos.
Como disse, não tenho opinião fechada, nem consigo prever o retorno de tamanho investimento. O que posso dizer é que não me entusiasma.
NOTA: se as eleições fossem hoje, votava Rui Costa. Apesar disto.

PEDAÇOS DE HISTÓRIA

Este foi o único Benfica-Nice da história. Dia 3 de Julho de 1956, jogo de atribuição de 3º e 4º lugares da Taça Latina, disputado em Milão, na Arena Cívica (foto mais abaixo).
O AC Milan eliminara os encarnados nas meias-finais. Os franceses tinham sido derrotados pelo Atlético de Bilbau. Na final, os italianos ganharam aos bascos por 3-1, alcançando a sua segunda vitória na competição. O Benfica venceu então o Nice por 2-1, após prolongamento, com golos de Cavem e José Águas, terminando em terceiro lugar.
Esta era a competição internacional de clubes mais importante da altura. Além desta edição, o Benfica participou em mais duas: a que venceu em 1950, e a de 1957, quando perdeu na final com o Real Madrid por 1-0.



DE COMBATE

Com Berrenechea e Richard Rios, acredito que o Benfica possa ter, enfim, um meio-campo mais sólido e agressivo. Já não com os pézinhos de lã de Kokçu, mas com jogadores intensos aos quais há que juntar Aursnes. Um meio-campo que não deixe os adversários passear por perto, e que permita aos criativos (Félix?) liberdade para decidir.

NICE

Não foi o sorteio ideal, mas podia ter sido pior. O Nice está longe de ser um papão, e o Benfica tem boas hipóteses de seguir em frente.

FIM DA TAÇA DA LIGA?

Não! Não! e Não!
A Taça da Liga, sobretudo se reduzida a uma final-four (como defendo), pode ocupar apenas um fim-de-semana. São, ou podem ser, três jogos, com alta probabilidade de se tratar de "Clássicos" com grande mediatismo. É mais uma competição. Tem mais uma grande Final. É mais uma oportunidade para uma equipa festejar um título. Não é o ponto alto da temporada, mas é, ou deve ser, um ponto alto da temporada.
Não há competições a mais. Há é um campeonato completamente sobredimensionado, em que a maior parte dos 306 jogos não tem interesse nenhum. Precisamos de mais Benficas-Sportingues e Benficas-Portos. E de menos Aroucas-Rio Aves, Gil Vicentes-Avesses ou Casas Pias-Moreirenses.
Além do mais, o Benfica tem um palmarés a defender. Ou então, já agora, acabe-se antes com a Supertaça. 
Direi mesmo que a única boa ideia no futebol português dos últimos vinte anos foi a criação da Taça da Liga. E só não foi abraçada por todos porque o FC Porto tinha contas a ajustar com o então presidente do organismo, e tentou, de algum modo, desvalorizar a prova. Depois, como nunca mais a vencia, manteve a narrativa.
Não! Enquanto benfiquista nas sobretudo enquanto adepto do futebol, oponho-me vigorosamente a esta ideia estapafúrdia. Faça-se um campeonato a 8, a 10 ou a 12 equipas, de acordo com a dimensão sócio-económica do país, e deixará de haver problemas de calendário.

CARAS NOVAS

 AMAR DEDIC - Lateral-Direito, 22 anos, Bósnia  -  ex: Marselha (emprestado pelo RB Salzburg)
12 Milhões de Euros


RAFAEL OBRADOR - Lateral-Esquerdo, 21 anos, Espanha  -  ex: D.Corunha (emprestado pelo Real Madrid)
5 Milhões de Euros

ENZO BARRENECHEA - Médio-Centro, 24 anos, Argentina  -  ex: Valência (emprestado pelo Aston Villa)
15 Milhões de Euros

PONTO DE SITUAÇÃO


 Possíveis contratações: Cuenca (DEF), Berrenetchea e Thiago Almada (MÉD), João Félix e Hadj Moussa (AVA).

E PARA O LUGAR DE KOKÇU...

Um gorila! Isso mesmo. Aliás, eram necessários mais dois, uma para cada lateral. O Benfica precisa urgentemente de músculo. Pela minha parte estou farto de artistas, estou farto de veludo, estou farto do mito do futebol ofensivo, estou farto de dominar jogos e sofrer em contra-ataque, e não queria morrer sem ter um dia um Benfica que, marcando um golo, todos na bancada sentíssemos que o jogo estava ganho.
Não quero na Luz um grupo de bailarinos, mas sim um exército de guerra. Não preciso de toques de calcanhar, rabonas, reviengas, trivelas, verónicas ou chicuelinas. Nem mesmo de jogadas bonitas e envolventes. Só quero uma coisa: ganhar!
O Benfica nasceu, cresceu e chegou ao topo da Europa, ainda sem Eusébio, e com equipas de combate. Artistas eram os violinos. Depois houve Eusébio, que marcou a história. Mas foi só um e acabou em 1975. Nas últimas décadas o Benfica perdeu demasiadas vezes por tentar reproduzir um modelo de um tempo que já não existe, que fica muito mais dispendioso e raramente dá resultados. Enquanto isso viu o FC Porto vencer anos a fio, recorrendo, é certo, a muito jogo subterrâneo, mas também a equipas sólidas, fortes e combativas, construídas invariavelmente de traz para a frente. Algo que Ruben Amorim levou para o Sporting, com o desfecho que conhecemos.
Infelizmente não tenho muita esperança. O caldo cultural do futebol dominante, ofensivo e bonito está demasiado impregnado, desde logo entre os adeptos. Poucos festejariam uma vitória por 1-0 sobre o Arouca ou sobre o Casa Pia. Nem se lembrariam que isso poderia significar que o adversário não tinha, sequer, criado ocasiões de perigo. Mas no fim, meus amigos, era mais provável chegarmos todos ao Marquês.
Não é em vão que se diz: se o ataque ganha jogos, a defesa ganha campeonatos. No Benfica, e isso começa uma vez mais a ser patente, investe-se fortemente em talento criativo, e depois perdem-se campeonatos para o músculo, para o rigor, para a solidez. No fim, até os amantes de ópera se queixam do facto de o Benfica gastar muito e ganhar pouco. Porque será?

A HORA DE LAGE

Na época que passou, Bruno Lage, mesmo sem ter tido qualquer responsabilidade na formação do plantel, mesmo herdando uma equipa em crise e já distante da liderança, conseguiu fazer mais pontos que qualquer outro clube (mais três que o Sporting, mais onze que o FC Porto), conseguiu vencer a Taça da Liga, só não ganhou a Taça de Portugal porque Tiago Martins não deixou, goleou o FC Porto duas vezes, goleou o Atlético de Madrid, discutiu taco a taco com o Barcelona, foi a melhor equipa portuguesa na Champions e no Mundial de Clubes, valorizou alguns jogadores (Tomás Araújo, Carreras, Pavlidis), e merecia muito mais do que a sorte lhe ofereceu.
Agora poderá formar o plantel que quiser, naturalmente dentro das limitações orçamentais do clube. Poderá preparar a equipa a seu gosto, mesmo com pouco tempo de trabalho até à Supertaça. E com um bocadinho de sorte (até agora não teve nenhuma), devolver o Benfica aos títulos. 
É a sua hora. E, ao que parece, não poderá queixar-se de Rui Costa não lhe fazer algumas vontades. Continuo a pensar que é o melhor treinador da Liga portuguesa, e o treinador ideal para o Benfica neste momento. Vamos então ao trabalho e às vitórias!

NÃO À CENTRALIZAÇÃO

Mais vale tarde que nunca. O Benfica deu agora o murro na mesa, dizendo aquilo que há muito parece óbvio: a centralização de direitos televisivos não lhe interessa, nem interessa ao futebol português.
Era conveniente, aliás, que André Villas-Boas e Frederico Varandas se associassem a esta posição. Também Sporting e FC Porto nada têm a ganhar com uma centralização de aviário, decidida num delírio de um qualquer governante mal informado.
Tout court, esta "centralização" mais não é do que roubar dinheiro dos bolsos dos adeptos dos três grandes (95% das pessoas que, directa ou indirectamente, pagam o futebol), para o entregar a investidores de SAD fantasma, que não se sabe bem de onde vêm, mas sabe-se bem demais ao que vêm. É criar um equilíbrio fictício, feito a martelo.
A Liga portuguesa é uma mentira bem contada. Tem um clube gigante, dois grandes, dois médios e três ou quatro pequenos. O resto são entidades sem adeptos, sem história, por vezes mesmo sem instalações, com assistências de mil ou duas mil pessoas, que servem para alguns indivíduos ganharem dinheiro com as visitas do Benfica e com as transferências de jogadores - que a maioria das vezes nem sequer são portugueses.
É claro que isto dá emprego a treinadores de refugo, árbitros miseráveis, delegados oportunistas, e enche a grelha da Sport Tv ao fim-de-semana. Mas não interessa nada aos adeptos, e muito menos aos clubes, os verdadeiros, aqueles que têm massa crítica e que trazem pontos, prestígio e receitas para o país.
Com uma redução drástica do número de clubes na Liga (já há anos que defendo um modelo competitivo de oito equipas a quatro voltas, mais de acordo com a dimensão do país e com a verdade do futebol português), então sim, haveria condições para valorizar a competição, agregar patrocinadores, tornar os jogos mais apelativos, multiplicar  "dérbis" e "clássicos", equilibrar as forças e, porventura, centralizar direitos. Tal como as coisas estão, nem pensar. 
Se o poder político quiser preocupar-se a sério com os desequilíbrios do futebol português, que olhe para o que tem acontecido a emblemas históricos como Belenenses, Vitória de Setúbal, Académica e, mais recentemente, Boavista, que olhe para o mapa de Portugal e repare na distribuição das equipas (a sul de Lisboa não há nenhuma, tal como não há em todo o interior do país), e, aí sim, encontrará matéria para justificada e justificável intervenção.
PS: Sobre a pirataria televisiva, as estações que não cartelizem o produto (como aconteceu, vergonhosamente, com a Liga dos Campeões), façam preços ajustados ao país, e depois falem. Até porque, ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão.

OFERECE-SE

O trio Jurasek, Kokçu e Arthur Cabral representa o que de pior teve a abordagem do Benfica aos mercados nos últimos anos. E condicionou, em muito, o resultado desportivo das duas últimas temporadas.
Neles foi investido, no triste verão de 2023, um montante total de quase 60 milhões de euros, fora salários e bónus. Neles alguém pensou (de forma intrigante) poder encontrar os substitutos de Grimaldo, Enzo Fernandez e Gonçalo Ramos, trio fundamental no último grande Benfica que vimos.
Um terço desse valor já terá sido recuperado com o lateral checo (8) e com o avançado brasileiro (12). Talvez seja possível recuperar mais uma parte significativa com a venda de Kokçu - a quem der mais (20? 25?).
O que não se recupera é o tempo perdido. Se para a lateral-esquerda apareceu Carreras (entretanto há que encontrar outro com rapidez) e para a frente de ataque temos hoje Pavlidis (veremos se se aguenta), para o eixo do meio-campo ficámos limitados ao cronicamente lesionado Renato Sanches. E a equipa ficou manca. Lá se foram dois campeonatos para quem, do outro lado, na mesma altura e talvez com menos dinheiro, foi buscar Hjulmand e Gyokeres.
Quem frequenta este espaço sabe que Kokçu nunca me convenceu. Trata-se, ainda, do jogador mais caro da história do futebol português, mas nunca se afirmou como alguém determinante no rendimento da equipa. Pelo contrário. E o problema nunca foi a capacidade técnica (que até tem, embora não na medida que ele pensa), mas a perturbadora atitude competitiva, que sempre contrastou com uma postura de vedetismo indisfarçável dentro e fora do campo. Displicência e arrogância misturadas de forma explosiva. 
Espero que saia rapidamente do clube e não volte. Arthur Cabral, pelo menos, era um profissional esforçado. Muitas vezes vale mais quem quer do que quem pode. Se Jurasek e Cabral manifestamente não podiam mais, Kokçu nunca quis nada.
Enquanto benfiquista, também não quero nada dele, a não ser distância.

MAL

Vou aos funerais que quero e não vou aos que não quero. É uma questão íntima, e ninguém tem nada com isso.
Acontece que não sou presidente de nenhuma instituição. Se fosse, sentiria a responsabilidade de representar os associados nas ocasiões em que tal se justificasse.
Gostava, por isso, de ter visto o presidente do maior clube português, o presidente do meu clube, no funeral de um jogador da selecção nacional, falecido aos 28 anos de forma trágica. Ainda por cima tendo sido, ele próprio, também internacional português. 
É verdade que o capitão da selecção também não foi, mas desse confesso que não espero grande coisa em termos de cidadania.

A MINHA HOMENAGEM

Há vários vídeos a circular sobre Diogo Jota. Cada um mais arrepiante do que outro.. 
Escolhi este. 
A Final da Liga das Nações foi o último jogo da carreira de Diogo Jota. Quis o destino que ela terminasse em apoteose, com um título para a Selecção Nacional. 
Foi um jogo em que sofri com ele, em que vibrei com ele. Como em tantas outras ocasiões, sempre que jogou por Portugal, foi um dos meus. E mesmo quando jogava pelo Liverpool, era um dos nossos: um digno representante do país e do futebol português.
Fica aqui como última homenagem deste espaço a um jogador cuja trágica morte ainda não nos habituámos a aceitar.

CHOCANTE

A morte de um jovem é sempre perturbadora. Quando totalmente inesperada e tratando-se de alguém que nos habituámos a ver cheio de vida e de alegria em campo, o choque é ainda maior.
Diogo Jota fez 49 jogos, e marcou 14 golos, com a camisola da Selecção Nacional. Várias vezes aqui reclamei a sua titularidade (e/ou a de outros) no lugar de Cristiano Ronaldo. Infelizmente, brutalmente, deixou de haver essa opção.
Esteve a um passo de representar o Benfica em 2016, acabando então por assinar pelo Atlético de Madrid e ser emprestado ao FC Porto. Mas foi na Premier League que atingiu o seu auge, primeiro no Wolverhampton, depois no Liverpool - onde se afirmou, e ao longo das últimas cinco temporadas realizou 182 jogos e marcou 65 golos (números notáveis quando falamos do actual campeão inglês).
Morre aos 28 anos, ainda com muito para dar ao futebol e, sobretudo, à vida. No mesmo acidente, morreu também o seu irmão, André Silva, jogador do Penafiel e ainda mais jovem.
Associo-me à inimaginável dor da família.
Que Diogo e André descansem em paz.

A CAMINHO DA DÚZIA

Rui Costa, Luís Filipe Vieira, João Noronha Lopes, João Diogo Manteigas, Martim Mayer, Cristóvão Carvalho, Paulo Parreira, Mauro Xavier, e quem mais se apresentar.
Candidatos não faltam. E estou curioso para saber se, no fim das contas, neste aparente taco a taco, haverá mais gente a querer ser presidente do Benfica ou presidente da república.
Enfim, se não aparecesse ninguém era pior...

ALGUNS NÚMEROS DO MUNDIAL

Resultados:
- Média de golos por jogo: 3,07 (acima dos últimos 16 Mundiais de Selecções e acima dos últimos 12 Europeus).

- Média de assistências por jogo: 35.847  (muito abaixo da capacidade média dos estádios - 56.666, ligeiramente abaixo do Euro 2004 em Portugal - 37.272).

- Melhores Marcadores: Di Maria 4 golos, vários jogadores ainda em prova com 3 golos (Kane, Olise, Musiala, P.Neto, M.Leonardo, G.Garcia e Guirassy).

- Equipas europeias versus outros continentes: 33 jogos, 21 vitórias, 7 empates, 5 derrotas.

- Encaixes financeiros por clube em milhões de euros: