SÓ FALTAVAM MAIS ESTES

O mercado de transferências já era o que era. E, quanto a mim, era o que de pior já tinha o futebol moderno.
Só faltava aparecerem os árabes a querer contratar tudo o que mexe, a inflacionar os valores e a causar ainda mais confusão. Veja-se o caso Luís Castro, por exemplo.
Se alguém pensa que o futebol ganha com isto, anda enganado. Estão a matar a galinha dos ovos de ouro.
A pandemia ensinou-nos, a mim e a muita gente, que podemos muito bem viver sem futebol, e gastar o tempo livre noutras coisas (livros, cinema, música etc). 
Sabemos também, ou devíamos saber, que retirando identidade cultural aos clubes e às equipas, não sobra quase nada. Podem pôr o Messi, o Ronaldo e o Mbappé a fazer malabarismos com a bola vestidos de coletes de treino, que isso não me diz nada, nem perco um segundo a ver. Não é isso que me seduz, e para tal prefiro jogar eu com os meus amigos - mesmo sem malabarismos. 
A dimensão histórica e sócio-cultural dos clubes, os adeptos que enchem estádios de alma, de fervor e de paixão, isso sim, é o que tem interesse no futebol. É o que move as multidões. 
Por mim, se isto se tornar o que me parece que se vai tornar, estarei a meio caminho de me afastar cada vez mais. Não vou deixar de pagar ao Benfica tudo aquilo que entendo dever-lhe (quotas e Red Pass, que, aliás, acabei de renovar). Quanto ao resto, meus amigos, a tendência é mesmo para deixar de gastar um cêntimo com Sportvs, Elevens, Jornais, consumo de programas TV, etc. 
Há coisas na vida muito mais interessantes do que este futebol incolor, mercantilizado, sem alma e sem história, que parece estar a levar avante sobre o outro - aquele de que eu gostava. Com a FIFA já sabemos que não se pode contar: o mundial no Qatar diz tudo
Não há problema. Sendo o futebol um artigo de 16ª necessidade nas nossas vidas, rapidamente o podemos colocar de lado. Que fiquem os abutres que o rodeiam entretidos a comer-se uns aos outros, até não terem mais ninguém a ver. Depois...acabou-se. A vida, essa continuará com outras coisas e por outros lados.

10 comentários:

Unknown disse...

A mim a pandemoia ainda me ensinou mais uma coisa... O futebol é o circo dos tempos modernos na famosa frase "pão e circo". Enojou-me profundamente que tenham cancelado todas as competições de todas as modalidades mas tenham mantido o futebol à porta fechada só para entreter o pagode e continuar a faturar. Deixei de ver futebol!

francisco disse...

Luis não podia estar mais de acordo,a mais vida para além do futebol.

Carlos Évora disse...

É pá és dos meus, não quero saber de Canais Desportivos, Jornais, não gasto um avo para tretas dessas, vai para 10 anos, vou à Luz sempre que o Benfica joga em casa, do resto não quero saber.

Nau disse...

Ora bem, LF!
Para mim, só interessa o Benfica. Não vejo mais nada.

Quimbolas disse...

Muito bem.

Anónimo disse...

A morte anunciada de qualquer actividade de massas está, tarde ou cedo, condenada a desaparecer. Atractiva para atrair os mercantilistas que para encher os bolsos recorrem a tudo, inflacionam, batota a rodos, corrupção, mentiras competitivas e mais do que a baixaria pode recorrer, e o resultado é a morte da actividade, para eles, dá-lhes igual... partem para outra.

joão carlos disse...

mas gastávamos o tempo com outras coisas porque o futebol parou, se ele não tivesse parado não tínhamos gasto.

isto é só mais um fase, já tivemos a fase estados unidos, a fase japão, a fase china e agora a fase árabes.
já sobre a realidade da paixão dos adeptos e a relação que tem com os clubes desconheço porque não conheço a realidade desses países.
embora no japão a paixão seja enorme.

agora acho muito mais preocupante a compra de clubes na europa, com ou sem tradições, e a desregulação que isso trás do que propriamente a ida para estes países.

João Ratão disse...

Concordo. Há coisas mais importantes que o futebol e uma delas é o Benfica! Por enquanto podemos ir confiando que o SLB continuará a ser um dos motores da sociedade portuguesa a níveis que muitas vezes não damos importância.

paulojcduarte disse...

Ler esta crónica ao som de violinos enquanto imagino adeptos de Lourenço Marques a chorar a partida do Eusébio para o país dos Colonizadores, ou os brasileiros e argentinos durante muitos anos. Ou imaginar que o adepto saudita não gosta tanto do jogo como nós ou que a galinha dos ovos de ouro era monopólio ocidental

Alberto João disse...

Pois, eu ainda fui mais longe: nem red pass, nem bilhetes, nem nada...vejo às vezes os jogos na TV do café e nunca completos! Percebi que o Benfica destes últimos anos fazia parte do circo e alimentava o circo.