O DESFECHO NATURAL

Muita gente dirá que foi tarde demais. Que devia ter sido no fim da época passada. Que devia ter sido após Munique. A verdade é que é fácil fazer o Totobola à segunda-feira.
No fim da época passada Rui Vitória era um treinador que, jogando mal ou bem, em três anos tinha ganho dois campeonatos e ficado à beira de fazer o pleno. Se então fosse despedido, e as coisas voltassem a correr mal, dir-se-ia que fora precipitação.
Depois de Munique, o Benfica só perdeu um jogo em nove, e a menos que um novo treinador (Bruno Lage ou outro) garantisse vitórias em todos esses nove jogos, terá de se dizer que o custo destas semanas até acabou por não ser muito penalizador.
A verdade é só uma: Rui Vitória tinha de sair, pois a equipa mostrava fragilidades claramente imputáveis ao trabalho do treinador. Escrevi-o aqui várias vezes, e das mais diversas formas.
Na hora da despedida, há que dizer também que, como homem, como figura pública, o técnico ribatejano é inatacável. Sempre se comportou à altura do emblema que representava.
Fica obviamente na história do clube pelos títulos que conquistou. Mas fica também na memória dos adeptos como um homem correcto, educado e empenhado. Acontece que, por incapacidade própria ou por força das circunstâncias, a mensagem deixou de passar, e o resultado foi uma equipa desorientada, amorfa, desorganizada e até caótica – aspectos que se foram acentuando com o tempo.
Agora espera-se um novo Benfica, um Benfica revitalizado, que tem plantel para ambicionar a ganhar as duas Taças, chegar longe na Europa, pelo menos garantir o segundo lugar no Campeonato, e ao mesmo tempo preparar uma temporada 2019-2020 de arrasar.

Rui Vitória pertence ao passado e à história. Olhos no presente e no futuro.

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