SEM PERDÃO !

Revolta.
É esta a palavra que melhor define o estado de espírito do adepto benfiquista após um jogo em que a equipa encarnada deu a clara sensação de não fazer tudo o que estava ao seu alcance para vencer, quando poderia ter sido decisivo fazê-lo.
É verdade que o Benfica criou sete ocasiões claras de golo, que o guarda-redes do AEK foi o melhor em campo, e que o azar perseguiu quase sempre a equipa de Jesus, em cada minuto, em cada lance, em cada ressalto. Mas nada desculpa as sucessivas falhas defensivas, a quase nula pressão a meio-campo, a falta de agressividade, a lentidão patenteada, e as exibições absolutamente ridículas de alguns dos jogadores encarnados, de onde destacaria Javi Garcia, César Peixoto e o já useiro David Luíz, para além de um Di Maria à antiga (sem critério e com displicência) e um Aimar estranhamente a meio gás. Deste modo, com uma atitude sofrível, o Benfica deitou para o lixo uma oportunidade única de pôr um pé na fase seguinte (e poder, então sim, fazer poupanças nas últimas jornadas - vai provavelmente ter de decidir a qualificação a três dias do jogo com o FC Porto para o campeonato), perante uma equipa em crise e sem confiança como se percebeu logo nos primeiros quinze minutos.
Ao dizer publicamente que a prioridade máxima era o campeonato, Jorge Jesus pôs-se a jeito de uma situação como esta. Lembrei-me dessa frase durante quase todo o jogo, pois a equipa fez questão de demonstrar que estava ali apenas a ver o que a sorte dava, sem pressão, sem concentração, sem o espírito combativo que qualquer jogo europeu (ou nacional) requer. Já se tinha visto isto na Ucrania, só que, enquanto em Poltava a eliminatória estava já resolvida, aqui disputavam-se pontos. E eles, obviamente, voaram.
Ao contrário do jogo com o Marítimo – quando o Benfica fez uma excelente exibição, e só o árbitro o impediu de vencer -, a noite de Atenas marca claramente a primeira grande frustração da temporada. E com a atitude competitiva que se viu nesta tarde, outras desilusões se seguirão seguramente.
Mais do que o resultado, este jogo mostrou um Benfica de que já nos estávamos a desabituar: o Benfica que há quatro anos não ganha nada, o Benfica que em 15 anos foi campeão apenas uma vez, o Benfica que tem perdido a carroça da Europa. Foi esse deplorável Benfica, foi esse medíocre Benfica que se julgava morto e enterrado, que fez a sua aparição em Atenas, e isso é imperdoável.

Peço desculpa, mas não me apetece escrever mais nada.