COMO É POSSÍVEL? parte 2

Em lances que não deixam dúvidas, numa mesma jornada, Sporting viu serem-lhe oferecidos dois pontos, e o Benfica, pelo contrário, viu serem-lhe sonegados outros dois pontos.
Na 29ª jornada da época passada aconteceu algo de muito parecido: o Benfica vinha de vencer 1-4 no Dragão e era líder isolado do campeonato, parecendo caminhar para o título. Recebeu o Arouca na Luz, e o Sporting deslocava-se aos Açores (como desta vez).
O Benfica também teve culpas próprias (como desta vez) e deixou-se empatar 2-2 no tempo extra (como desta vez). O primeiro golo do Arouca nasceu de um penálti (como desta vez) que, nesse caso, até o VAR reverteu, mas António Nobre (e é bom pormos nomes aos...) insistiu em marcar - o lance de Otamendi  (rasteira com a cabeça ?!?) de que todos nos lembramos. Na mesma ronda, na véspera (como desta vez), ficara um penálti claro contra o Sporting por assinalar (o VAR era Hélder Malheiro). Os leões (como desta vez) venceram tangencialmente. Na classificação o Benfica podia ter ficado então com quatro pontos de vantagem (a cinco jogos do fim, sem precisar sequer do dérbi). Ficou em igualdade pontual e desvantagem no confronto directo - obrigado, portanto, a vencer o dérbi. Essa jornada subverteu o campeonato.
Ora agora, mesmo com todas as insuficiências que quisermos apontar à exibição do Benfica, a verdade desportiva colocaria os encarnados em segundo lugar, à frente do rival lisboeta. Ficou em terceiro, a três pontos do Sporting e a seis do FC Porto.
O VAR na Luz era um tal João Bento - que não sei de onde vem, nem ao que vem. Nos Açores o fiscal-de-linha, maior responsável pelo erro, era um tal Ângelo Carneiro - que também não sei de onde vem, nem ao que vem.
Nem vale a pena falar da Taça de Portugal. Mesmo no Campeonato, o que se passa é muito grave e está à vista de quem quiser ver. Há um "Manto Verde" a condicionar resultados, que adulteram classificações, o que depois provoca crises nos clubes.

Agora digam-me como é que Rui Costa pode evitar isto. Desde 1983 até 2013, com vários presidentes, levámos com décadas de roubos, então a favorecer descaradamente o FC Porto. E talvez os métodos de Luís Filipe Vieira, só esses, tão questionados e tão questionáveis, fossem os únicos capazes de reverter a situação - como de resto aconteceu, durante um certo período, até ao caso dos e-mails.
A verdade é que vivemos na lama, e não é honesto, nem justo, exigirmos ao presidente do Benfica que se meta nela. Na época passada pode alegar-se que a comunicação pecou por tardia. Nesta já se comunicou, já se barafustou, e continua tudo igual. Varandas aproveitou um período em que o Benfica estava envolvido em processos judiciais, e o FC Porto perdia dinheiro e influência, para encher os orgãos de decisão de acólitos do Sporting. Estes Joões Bentos e Ângelos Carneiros, que ninguém conhece, foram promovidos por quem? Pelo Rui Caeiro? 
É preciso ir ao fundo da questão, e não é fácil resolvê-la.

COMO É POSSÍVEL?

Como é possível que, já no tempo extra, uma equipa que está a ganhar tangencialmente, em sua casa, frente a um adversário inferior, sofra um golo nestas circunstâncias? São cinco jogadores do Casa Pia para três do Benfica!!!! Porque está o lateral-direito tão longe? Onde estão os extremos que ainda por cima entraram frescos no início da segunda-parte (Prestianni) e durante a mesma (Rêgo) ? Há um erro individual grave, do Rios, mas há uma total ingenuidade colectiva, para não lhe chamar outro nome. Assim não dá.
Isto já aconteceu três vezes neste campeonato, e custou seis pontos - exactamente aqueles a que o Benfica está do primeiro lugar. Os outros marcam golos nos descontos. O Benfica sofre-os. Neste caso de forma completamente amadora, principiante, desconcentrada, enfim, não sei mais que dizer. Já com o Rio Ave também foi num contra-ataque, com uma avenida aberta na ala esquerda da defesa (e Dahl já não estava em campo). Com o Santa Clara foi o Otamendi que escorregou ao tentar cabecear quando podia simplesmente ter enviado a bola para a bancada. No ano passado, na final da Taça, foi o Florentino que não fez falta no Trincão a meio-campo. Com o Arouca foi o Schjelderup que não acompanhou o adversário directo. Foi-se assim uma "dobradinha". Noutros anos houve o Catamo, o Matheus Nunes, o Kelvin, o Ivanovic, eu sei lá mais quem. Custa assim tanto gerir o jogo nos minutos de compensação quando se está em vantagem? Para quê continuar a tentar jogar bonito, e tentar marcar mais golos? Aos 91 minutos não há que tentar marcar mais, há que garantir que não se sofre. E com um Casa Pia, com um Rio Ave ou com um Santa Clara, há que não sofrer mesmo. Não há perdão.
Não vejo isto acontecer com mais ninguém. E espero que José Mourinho, no balneário, tenha gritado bem alto aos ouvidos de profissionais altamente bem pagos que parecem infantis.

PIADAS DE MAU GOSTO

Não há ruis costas, não há noronhas nem há mourinhos que resistam a isto. Foi assim a época passada, está a repetir-se o filme.
Aliás houve uma jornada no último campeonato, que se revelou fatal, e foi igualzinha a esta: Sporting levado ao colo nos Açores, e Benfica a ceder um empate em casa nos últimos instantes, então com o Arouca, num jogo com intenso perfume da arbitragem. Na altura foi uma rasteira com a cabeça de Otamendi. Agora um penálti com o peito de António Silva. O campeonato de 24-25 foi-se. Este vai pelo mesmo caminho.
Mais do que um manto verde, estamos a assistir a uma roupagem completa, com erros anedóticos sempre para os mesmos lados, e desde que Rui Caeiro está na arbitragem. Quem não se lembra, com outra cor, era mais ou menos assim o Apito Dourado. Como chamar a este?
Mas o resultado desta noite tem de ser visto em duas dimensões.  Uma é essa, que acabei de referir, e exige uma tomada de posição muito dura por parte do Benfica. Outra, é preciso dizer, é futebolística. 
O Santa Clara marcou na Luz aos 92 minutos. O Rio Ave marcou na Luz aos 91. Agora o Casa Pia também marca na Luz aos 91. Estão aqui 6 pontos (seis!), com os quais o Benfica seria líder do campeonato. Estão aqui metade dos jogos em casa. Já no tal jogo com o Arouca da época passada, o golo do empate fora sofrido aos 94. Também no ano passado, nas Aves, creio que foi aos 96. E no Jamor aos 99. Estava aí uma "dobradinha".
São demasiadas situações para se tratar de mera coincidência.  Há aqui um padrão de erros individuais e colectivos, de desconcentrações, e total incapacidade para segurar resultados. Os outros garantem vitórias nos descontos (Sporting agora e muitas  outras vezes, FC Porto em Moreira e na Liga Europa). O Benfica cede pontos e mais pontos. Empates e mais empates contra adversários que nem sequer fazem nada para os conseguir. 
Não é de agora. É assim há anos, foi com o Eduardo Quaresma, foi assim inúmeras vezes com o Coates, foi com o Kelvin, e até numa final europeia. Foi em inúmeras ocasiões, e devo confessar que já começo a ficar arrepiado quando a placa do tempo de compensação é levantada. Nos jogos do Benfica e nos jogos dos rivais. Neste campeonato estão a passar-se, também neste plano, os limites do ridículo. 
São duas dimensões desta jornada, na qual o Sporting podia, e devia, ter menos dois pontos, e o Benfica podia, e devia ter mais dois.
A primeira dimensão exige uma resposta para o exterior. A segunda exige uma reflexão no interna. 
Por vários motivos, este era um jogo que o Benfica tinha de vencer. Mas é bom que os adeptos não se esqueçam de todas as razões pelas quais isso não aconteceu. E a principal não reside nos jogadores,  nem no treinador, nem no presidente. 

A VITÓRIA DA ESTABILIDADE

Há algo fundamental na eleição de Rui Costa que os seus adversários e aqueles que se lhe opunham - que afinal não eram assim tantos como um passeio pelas redes sociais indiciaria (e nesse campo, a maior surpresa aconteceu logo na primeira volta) - nunca conseguiram  ou quiseram perceber: ninguém estava ou está satisfeito com o mandato que terminou, porém, uma eleição não é apenas a avaliação do passado (nessa, em sentido estrito, Rui Costa perderia), mas sobretudo uma escolha para o futuro. Enquanto Noronha Lopes repisou o passado e insistiu na ausência de títulos, nunca conseguiu ser claro quanto à forma como iria fazer do Benfica campeão. Manifestação de vontades todos temos, mas apresentar apenas a figura de Nuno Gomes e um projecto um tanto ou quanto atabalhoado, e achar que com isso seria convincente perante um universo alargadíssimo de sócios, foi um buraco de onde o candidato nunca conseguiu sair, mais a mais por lhe faltar alguma capacidade de comunicação, e, deve dizer-se, ter sido muito mal assessorado nessa área (os debates foram um calvário para Noronha, e houve falhas a todos os níveis nos temas que escolheu abordar e noutros em que podia ter marcado pontos e não o fez). 
Rui Costa, pelo contrário, além de ser genuíno e falar bem, é amplamente conhecido de todos os benfiquistas quase desde criança. Com maior ou menor competência,  toda a gente sabe com o que contar, toda a gente conhece a sua paixão pelo clube, toda a gente o vê como alguém conhecedor do meio - e cujo mandato, para quem viveu Vietnames e outras geografias, não foi assim tão dramático ou devastador como para os jovens que pensam que o Benfica viajou directamente de 1962 para 2021.
Creio que muitos benfiquistas perceberam porque motivos o clube não ganhou mais nos últimos anos, e que alguns desses motivos estavam, e estão, muito para além da competência de um presidente. O Benfica perdeu o último campeonato por uma bola ao poste no jogo do título, e se nenhum adepto se satisfez com isso, de uma forma fria não é preciso muito esforço para perceber que podia muito bem ter sido campeão com o mesmo presidente, com o mesmo trabalho de base, com o mesmo planeamento. Da Taça nem é preciso falar. Ora quando se analisa o trabalho realizado, isso não é, não pode ser, indiferente. Há que dar, pelo menos, o benefício da dúvida. 
Acho que os benfiquistas deram uma tremenda prova de maturidade ao eleger um presidente depois de dois campeonatos perdidos, e após uma derrota em casa no jogo imediatamente anterior às eleições. Souberam separar a instituição da bola que entra ou não na baliza, e acreditaram - como eu acredito - que Rui Costa é a pessoa mais preparada, neste momento, para fazer melhor do que ele próprio conseguiu fazer até aqui.
Deixo algumas palavras para Noronha Lopes. Temia que fosse pior presidente que Rui Costa, por isso não votei nele, mas entendo que era, e foi, um grande candidato, valorizando muito este processo eleitoral. Não é nenhum Vale e Azevedo (nem por sombras), e se ganhasse eu dormiria descansado, tal como aqui escrevi mais de uma vez. É honesto, é benfiquista, é um bom gestor, e não tenho dúvidas que achava genuinamente que podia fazer melhor. Não soube explicar como. E com o Benfica, como com um filho, não se dá espaço à aventura ou à incerteza (outra coisa que talvez os sócios mais antigos percebam melhor).
Agora acabaram-se as eleições. Não há parlamento, nem oposição. Só existe um Benfica que escolheu, num processo democraticamente exemplar, quem queria para o liderar durante os próximos quatro anos, quem devia ter mais uma oportunidade para fazer melhor do que fez até aqui. Cabe ao vencedor assumir, com humildade, essa responsabilidade acrescida e esse desafio. Cabe aos derrotados darem-lhe espaço e estabilidade para o fazer.
Viva o Benfica!
E agora, como diria José Mourinho,  "vão dormir pá!".

O PRESIDENTE DE TODOS OS BENFIQUISTAS

Quando houver oportunidade,  quero ainda falar destas eleições, e desta campanha, numa mera perspectiva de análise às causas da derrota de um e da vitória de outro.
Mas a eleição, de facto, acabou. Até aqui havia dois candidatos. A partir de agora há apenas um presidente. 
Tenho a certeza que esse vai ser o entendimento,  não apenas da larga maioria que votou Rui Costa, mas de todos os benfiquistas - ou, enfim, numa óptica mais realista, de quase todos.
O Benfica precisa de união. Só será verdadeiramente gigante dentro do campo, se estiver unido fora dele.
É sabido quem apoiei. E também por isso, quero agora felicitar todos os candidatos, e em particular João Noronha Lopes, sem os quais, sem o qual, todo este mar de benfiquismo, toda esta vitalidade democrática, não teria sido possível. Deixando de parte alguns excessos, que considero naturais, a campanha e o acto eleitoral fortaleceram o clube, e valorizaram a vitória de Rui Costa.
Só não estou mais satisfeito porque o que se passou nos Açores estragou-me a noite. 

DEVER CUMPRIDO

DIA B

E pronto, terminada a campanha chegou a hora da verdade.
Os sócios do Benfica vão ter de escolher uma de duas opções: dar mais uma oportunidade ao actual presidente para continuar o trabalho encetado; ou deitar já tudo abaixo e começar outra vez de novo. Votar em quem conhecem bem e ainda assim ganhou alguma coisa - ficando muito perto de ganhar bem mais; ou arriscar em quem de quase nada sabem, e que não apresenta nenhuma estratégia convincente para obter melhores resultados. Basicamente, é isto que está em causa. É esta a reflexão que os benfiquistas terão de fazer.
Não há presidentes perfeitos. Não há mandatos perfeitos. E o de Rui Costa, naturalmente, não o foi. Faltou mais um ou dois campeonatos de futebol. Por exemplo, o da época passada, aquela em que, no jogo do título, Pavlidis atirou ao poste já nos minutos finais. Podia ter sido um golo com significado equivalente ao de Luisão em 2005. Ou, em sentido contrário, ao de Kelvin em 2013. Ambos decisivos, e nas respectivas penúltimas jornadas. Não aconteceu. O futebol não é justo nem linear. E se em termos emocionais a frustração de perder é sempre a mesma (ou até maior quando se chega mais perto), a racionalidade obriga a olhar para o trabalho que se fez até chegar aos momento de decisão. 2005 foi uma grandé época? 2013 foi uma péssima época? Uma deu-me a maior alegria desportiva da minha vida. Outra deu-me a maior tristeza. No entanto, racionalmente, afirmo que a equipa de 2013 era infinitamente melhor que a de 2005. Que o Benfica em 2013 estava muito melhor do que em 2005. Todos concordarão comigo.
Houve erros nas contratações? Há sempre erros nas contratações. Lembro-me de muitos erros nas contratações, quer do Benfica, quer dos seus rivais, ou de todos os clubes do mundo, em todas as temporadas. Lembro-me, noutros tempos, do Folha, do Cláudio Adão, do Paulo Nunes, do Jorge Gomes, do Nivaldo, do Augusto, do Erwin Sanchez, do Stanic, do Paulão. A lista é interminável e a soma faz-se desde que existe mercado de transferências, ou até em tempos mais remotos. Se olharmos com atenção para o vizinho agora bicampeão, é fácil descobrir entre os seus restos nomes como Sotiris, Rochinha, Arthur Gomes, Kovacevic, Tanlongo, Bellerin, Marsá, Kauã, Biel, Ruben Vinagre, Gonzalo Plata, Tabata, Sporar, Koindredi, Rafael Camacho, Portelo etc, isto para nos resumirmos às últimas temporadas. Ninguém se lembra deles? Pois não. A equipa foi campeã. Tivesse a bola ao poste de Pavlidis entrado na baliza e eram estes os nomes de que agora se falava, ou de que falavam aqueles que há uns anos atrás enchiam as redes sociais com o lema #varandasout.
Rui Costa pegou num Benfica acossado por processos judiciais, com um plantel descaracterizado e envelhecido, sem ganhar absolutamente nada nos três anos imediatamente anteriores e na ressaca dos efeitos do Covid. Foi campeão, fez duas Champions que nos fizeram sonhar. Com Rui Costa como presidente, vi algumas das melhores exibições do Benfica de toda a minha vida: por exemplo, as vitórias ao Barça por 3-0 com Jesus, à Juve por 4-3 com Schmidt, ao Atlético por 4-0 com Lage, ou a dupla goleada ao FC Porto no último campeonato. Já que falo em FC Porto, e depois de perdemos anos a fio em casa e fora, seguimos agora com uma série absoluta de cinco vitórias, um empate e duas derrotas, nos últimos oito jogos.. Terá sido tudo um acaso? Ou a bola de Pavlidis foi, ela sim, uma infelicidade? Qualquer que seja a resposta, não há lugar a conclusões precipitadas. Os troféus não fizeram justiça à qualidade das equipas do Benfica nos últimos anos.
Cinco treinadores? Bem, uma vinha já de Vieira, outro foi interino. Na verdade houve uma aposta em Roger Schmidt, que foi campeão (e por isso percebo bem a resistência, mais tarde, em demití-lo), e depois em Lage (que também já tinha sido campeão e entrou com excelentes resultados). Depois do Mundial de clubes, sem férias, com pré-eliminatórias e Supertaça, com o que se sabia na altura não era aconselhável o despedimento de Bruno Lage. E ele até recomeçou bem, com várias vitórias seguidas, sem sofrer golos, cumprindo os dois grandes objectivos de início de época (qualificação europeia e Supertaça frente ao Sporting).
A equipa tem estado a pagar o preço do Mundial, da falta de férias e de uma pré-época inexistente. Há jogadores em claro sub-rendimento físico. Vão estar melhor. É preciso tempo. Há também contratações de qualidade que ainda não se afirmaram, como por exemplo Sudakov. Não tenho tantas certezas mas ainda não perdi a esperança em nomes como Rios ou Ivanovic. Lukebakio já mostrou qualidades. Nas provas nacionais a equipa encarnada realizou treze jogos e ainda não perdeu nenhum. Empatou no Dragão, ganhou ao Sporting. Dois golpes de crueldade, aos 94 minutos das partidas com Santa Clara e Rio Ave, subtraíram quatro pontos - com os quais o Benfica partilharia nesta altura o primeiro lugar da liga com o Porto (que, tal como o Sporting, está bastante forte, e a nível nacional ambos estão quase imbatíveis, e isso também não é indiferente)
Ao longo deste período foram vendidos jogadores. Noronha Lopes insiste em João Neves. Ora o jovem saiu por 65M mais objectivos, e ainda nem era titular da selecção. Foi ganhar porventura dez vezes mais do que ganhava na Luz, e duas ou três vezes mais do que aquilo que o Benfica lhe poderia pagar para se manter. Não queria saír? João Félix queria voltar? Acredito que sim, como Nélson Semedo, como Bernardo Silva, seja qual for o presidente. O problema é o salário que auferem, e que está muito acima da fasquia que a liga portuguesa permite. De resto o Benfica vendeu sempre muito bem os seus jogadores, bastando recordar Enzo Fernandez, Darwin Nunez ou Gonçalo Ramos - todos eles vendidos, na minha opinião, acima do seu real valor desportivo. Enquanto a liga portuguesa for miserável como é, com cinco clubes e mais de uma dezena de figurantes fantasma, o Benfica, como o Sporting e o FC Porto vão ter de vender jogadores. E naturalmente os melhores, pois são os que têm procura e mais dinheiro rendem. Não há qualquer possibilidade de competir com as cinco principais ligas europeias, com orçamentos estratosféricos, e agora com os árabes a inflacionar ainda mais os valores.
Comprou sempre bem? Não. Mas comprou bons jogadores como Aursnes, Bah, Neres, o próprio Enzo, Carreras, Pavlidis, Trubin, Dedic, Akturkoglu, para além de jovens como Prestianni ou Schjelderup que ainda têm muito para mostrar. Terá cometido um erro grave quando permitiu a ida de Gyokeres para Alvalade e trouxe para a Luz Arthur Cabral. Mas quem imaginava o impacto que ia ter Gyokeres, que vinha da segunda divisão? Enfim, não deixa de ser, quanto a mim, o maior erro destes quatro anos.
Critica-se também o apoio a Pedro Proença (partilhado entusiasticamente, aliás, por Nuno Gomes). Sou insuspeito para falar de Pedro Proença. Escrevi sobre ele inúmeras vezes, quer aqui, quer no jornal do clube, quer noutros espaços onde participei. Critico-o veementemente desde 2002 e de um célebre Boavista-Benfica com que se apresentou ao mundo. Acho-o uma figura detestável a todos os níveis. Também critiquei Rui Costa por apoiá-lo. Mas percebo que, com as promessas que ele fez aos clubes (e que agora se revelam impossíveis de cumprir), fosse prudente dar-lhe algum tempo. A real politik do futebol obriga a cedências e a consensos. O Benfica tem força, mas não tem "toda" a força. Os adeptos têm dificuldade em perceber isso, mas quem toma decisões sabe-o bem. Embora fosse menino para o fazer, não foi Pedro Proença que não quis ver o pisão de Matheus Reis na final da Taça. Ligar arbitragem a direitos televisivos e a apoios a presidentes da FPF é um caminho demasiado escorregadio para tirarmos conclusões que vão para além de meras teorias da conspiração. Não deixo de achar que foi um erro. Mas de alguma forma percebo-o, sendo que nenhum de nós, adeptos, de fora, conhece todos os dados da equação.
Há ainda todo um universo benfiquista muito para além da equipa principal de futebol. Nas modalidades o Benfica venceu mais do que os rivais (27 troféus), conquistou um importante título europeu no Andebol, e participações prestigiantes nas provas internacionais de quase todas as equipas. No sector feminino esmagou, sendo tetra-campeão no futebol. Na formação conseguiu feitos inéditos como a Youth League, e o bingo nos campeonatos de juniores, juvenis e iniciados, nunca antes alcançado em toda a história do clube.
Institucionalmente, o número de sócios disparou, assim como a procura de Red Pass - coisas que jamais aconteceriam num clube gravemente doente como alguns pretendem fazer crer. O estádio está muito mais bonito como sabem todos os que o frequentam.
Rui Costa prometeu uma auditoria forense e uma revisão de estatutos (eu não teria prometido, nem feito, nenhuma das coisas), cumpriu, mesmo se uma e outra se tornaram, ou poderiam ter tornado, armas de arremesso contra ele.
Financeiramente o Benfica continua sólido, e é, de longe, o mais saudável dos três grandes do futebol português. Apresentou contas com um lucro de trinta milhões, que alguns sócios insatisfeitos com o futebol podiam ter chumbado, coisa que Noronha Lopes, gestor profissional, nunca podia ter feito. E fez.
Enfim, Rui Costa é genuíno, é profundamente benfiquista, é honesto, é inteligente, conhece o futebol e o clube quase desde que nasceu. Pegou no Benfica numa altura difícil em que não apareceu mais ninguém. Em que outros andavam a tratar da sua vidinha. Devolveu-lhe credibilidade. Estabilizou-o. Revitalizou-o. Não ganhou tantos campeonatos de futebol como queria, como queríamos. Tenho a certeza absoluta de que os vai ganhar no próximo mandato.
Viva o Benfica!

324 VITÓRIAS INTERNACIONAIS

324 vitórias internacionais do universo Benfica desde 2021. Certamente me escaparam algumas. Estas são as que constam dos meus registos. Para um clube morto, não está nada mal:


Mas se nos cingirmos apenas ao futebol profissional, temos um volume de 30 vitórias, das quais 25 na Champions. Que outro quadriénio da história do cllube registou 25 vitórias internacionais na maior competição de clubes do mundo? Pesquisem e respondam, por favor:
Se tudo isto, por não serem troféus para o Cosme Damião (e estão por aqui alguns), não interessa, então uma derrota com uma equipa alemã com um orçamento muito superior também não deverá interessar muito (não se ia ganhar a Champions). Até porque umas horas antes, ali ao lado, a equipa de Basquetebol vencera o líder da liga francesa - mas, claro, já sei que isso não interessa. Aliás, nada interessa a não ser atirar pedras ao Rui Costa, como a seguir as irão atirar a outro presidente qualquer que não seja campeão de futebol todas as épocas. Apedrejar tudo e todos, por vezes no sentido literal (já aconteceu) é que é ser exigente.

LAMENTÁVEL

O último debate entre os dois candidatos à presidência do Benfica,, teve mais interrupções e acusações (e mesmo gritos e insultos) do que esclarecimento. Ninguém sai inocente, nem o pobre moderador, mas o pecado original do tipo de debate a que assistimos é a total ausência de propostas concretas por parte de Noronha Lopes - cuja estratégia de campanha podia ter sido desenhada por alguns dos comentadores deste blogue: acusar Rui Costa, culpar Rui Costa, criticar Rui Costa, responsabilizar Rui Costa, sem nunca explicar como faria melhor, nomeadamente no que diz respeito ao futebol profissional. 
Mas também na parte financeira (e nessa com menos desculpa) Noronha tenta baralhar as cartas antes de as distribuir. Lá acabou por assumir que o Benfica está numa situação mais saudável do que a dos rivais, dizendo depois que isso não lhe chega (queira lá isto o que quiser dizer).
Depois...Pedro Ferreira afinal sugeriu Meité (o que deveria ter inibido a candidatura de Noronha de trazer o nome do médio para a campanha). Afinal não indicou Darwin, embora já o conhecesse (?) em 2016 (que idade tinha o uruguaio nessa altura?). E apesar da gritaria, a ata (que também já aqui publiquei) é clara: em 2001 Noronha deixou o clube ao fim de 58 dias e foi à sua vida, tal como foi vinte anos depois, em 2021, num momento em que o Benfica precisava de toda a gente. Já a vida de Rui Costa foi o Benfica desde os 8 anos de idade, desde que era apanha-bolas na velha Luz. Isso vale muito junto dos benfiquistas. Isso deixa-o bastante à vontade perante aquele que o desafia.
Enfim, se Rui Costa perdeu eventualmente votos ontem no estádio, não acredito que hoje tenha perdido muitos no estúdio. Ou pelos menos, que os tenha perdido para o seu opositor directo.
Ainda menos acredito que Noronha tenho convencido alguém,  além daqueles que querem correr com Rui Costa porque sim.
O debate foi mau, e Noronha precisava mais dele. Rui Costa no fim pediu desculpa,  embora não tivesse sido dele a maior dose de responsabilidade pelo que vimos.
Não discuto, nunca discuti a seriedade e o benfiquismo do João Noronha Lopes. É natural que o seu voluntarismo e entusiasmo cative alguns jovens, que tendem a achar graça a mudanças bruscas. Mas a cada intervenção sua fico mais descrente quanto às suas reais capacidades de ser bem sucedido num meio tão específico e do qual dá tantas e tão repetidas mostras de desconhecer.
Acredito convictamente que o próximo mandato de Rui Costa será mais ganhador. É uma convicção profunda. Se quiserem, uma fé. Mas do que eu tenho certeza é de que, com Noronha Lopes, iria demorar muito muito mais tempo até que o Benfica fosse aquilo que ele diz querer que seja. Ou aquilo que todos nós queremos que seja.
Mas uma afirmação de vontades não é um programa eleitoral lá muito convincente. Querer que o Benfica ganhe mais, podia dizer eu. Acusar Rui Costa de ganhar pouco, podiam dizer vários comentadores deste espaço. Pois Noronha Lopes não vai muito além dessas duas posições.
E a verdade é que em todas as matérias que estão para lá de uma bola de Pavlidis que bateu no poste, de um pisão na cabeça de Belotti, de uma má assistência do Dahl, ou de uma escorregadela de Otamendi, como sejam as modalidades,  o desporto feminino, o associativismo, as infraestruturas, a formação e assim por diante, Rui Costa teve um mandato à prova de bala.

VALE O QUE VALE

Acho que o resultado vai ser mais aproximado. É muito importante que ninguém desmobilize por causa de uma derrota, depois de três vitórias.
A minha previsão vai mais para 55/45. Veremos...

MÁS CAMPANHAS EUROPEIAS

UM ADEUS EUROPEU

Embora matematicamente, com a prova exactamente a meio, tudo ainda seja possível, é preciso ser realista e perceber que a passagem à fase seguinte é agora uma miragem.
O jogo foi irritante, e a fazer lembrar a Liga Portuguesa. O Benfica com a iniciativa, o Bayer Leverkusen, como os aroucas desta vida, acantonado na área a defender o empate - que, num golpe de sorte (e eficácia, é justo dizer), acabou por se transformar numa vitória. 
O Benfica foi melhor durante toda a partida, pagando caro as oportunidades que foi desperdiçando, quer na primeira, quer na segunda parte, com Pavlidis e Lukebakio em noite de grande infelicidade. 
O Leverkusen teve o mérito de defender bem, e de aproveitar uma falha da defesa encarnada para levar os três pontos.
Creio que a justiça ficou a dever, pelo menos um ponto, à equipa de Mourinho.
Enfim,  o que começa mal tarde ou nunca se endireita. O Benfica começou esta Champions muito mal, perdendo logo a abrir o único jogo em que era mesmo obrigado a ganhar. Agora há que levar a prova até ao fim com dignidade, procurando pontuar tanto quanto possível, aproveitando talvez para dar minutos a um ou outro jogador menos utilizado. Ambições maiores ficaram comprometidas, e a prioridade total deve ir para o campeonato.
Individualmente nem sei muito bem o que dizer. Houve jogadores que estiveram em evidência pelo esforço, como Lukebakio, mas extremamente infelizes a definir. Pavlidis apareceu algumas vezes no sitio certo, mas surgiu sempre um qualquer obstáculo a impedir o golo. A noite das bruxas chegou com uns dias de atraso ao Estádio da Luz.
Foco total no Casa Pia.

GANHAR OU...GANHAR

Depois de três derrotas, este é um jogo de tudo ou nada. Se o Benfica não vencer, muito dificilmente vai encontrar o caminho da qualificação para a fase seguinte.
No ano passado houve muitos resultados surpreendentes nesta fase. Lembro-me de PSG, City e Real perderem partidas com equipas mais modestas, o que subverteu um pouco a ordem natural das coisas. Esta época tal não tem sucedido, pelo menos na mesma dimensão. Disso resulta que talvez não sejam necessários tantos pontos para chegar ao 24º lugar e ao apuramento para o play-off. Em 2024-25 o Dinamo de Zagreb ficou eliminado com onze pontos. Agora, se a tendência se mantiver, talvvez dez garantam o apuramento. Gannhando ao Leverkusen e ao Napoles em casa, o Benfica terá pois de vencer em Amesterdão, e obter um ponto extra nos restantes dois jogos - em Turim, ou na Luz, na última jornada, com um Real Madrid possivelmente já apurado.
Resumindo: o apuramento é perfeitamente possível. Mas para isso é imperioso ganhar ao Leverkusen.

TÍTULOS

Ninguém está satisfeito com os quatro títulos da equipa principal de futebol, até porque, deles, apenas um foi o campeonato. Não estão naturalmente contabilizadas as participações europeias, que não são títulos, mas são muito mais importantes do que muitos dos troféus que constam do quadro. E aí, como sabemos, foram dois quartos-de-final e uns oitavos-de-final da Liga dos Campeões, com muito dinheiro a entrar, e subida até ao 10º lugar do ranking da UEFA no início desta temporada (agora 13º).
Subtraíndo o futebol profissional, no restante universo benfiquista títulos não faltaram ao mandato de Rui Costa. O quadro está certamente incompleto, faltando modalidades das quais não tenho todos os registos. Estes foram os que consegui contabilizar. A soma dá 223, ou seja, uma média de quase 56 por ano.
Quanto ao futuro próximo, afirmo aqui, com toda a convicção, que tenho a certeza absoluta que, com Rui Costa na presidência, até outubro de 2029, no futebol profissional, o Benfica vai somar mais do que os quatro títulos deste mandato. Se Deus quiser, cá estaremos para tirar a limpo. Se porventura me enganar nesta afirmação (o que não acredito), fecharei o blogue.

PROVAS NACIONAIS

Até ao momento: 10 vitórias, 3 empates, 0 derrotas, 27 golos marcados, 4 golos sofridos, 1 troféu conquistado.

NUNO GOMES?

Tenho simpatia por Nuno Gomes. Foi jogador do Benfica, era ponta-de-lança,  marcou muitos golos, foi campeão em 2005 - até hoje o título que me deu maior alegria.
Parece tratar-se de uma pessoa bem formada, e nos poucos contactos pessoais que tive com ele, meramente circunstanciais, também me pareceu educado e afável. 
Embora não tenha nascido benfiquista, acredito que os anos passados no clube o tenham tornado um de nós. Não duvido.
Dito isto, e depois de assistir à sua entrevista televisiva - creio que a primeira que deu enquanto candidato a vice-presidente do clube - fiquei algo perturbado por ver o antigo jogador a tentar vestir um fato que, manifestamente, lhe fica largo.
Nuno Gomes era um razoável comentador televisivo. Podia também ter um cargo no Benfica, como de resto já teve. Podia fazer um trabalho como Simão Sabrosa, como antes Luisão, como em tempos Shéu Han, ou outro à imagem e semelhança desses. Mas se, numa perfeita aplicação do princípio de Peter, mesmo como director do centro de estágio não se mostrou totalmente à altura - e essa saída explica muito do seu posicionamento actual -, como esperar que enquanto senhor absoluto do futebol do Benfica possa vir a ser bem sucedido?
É de facto necessária uma elevadíssima dose de optimismo para esperar que, por esta via, o Benfica consiga melhores resultados.
Noronha Lopes é um gestor com curriculo noutras áreas, mas nenhum contacto com a realidade futebolística (como, por exemplo, José Eduardo Bettencourt e Godinho Lopes também o eram antes de presidir ao Sporting, com os resultados que todos sabemos). Precisaria de uma figura de muito peso para tutelar aquilo que é indiscutivelmente o epicentro do Benfica. Nuno Gomes não é, de todo, essa figura. Já não tinha dúvidas sobre isso. A entrevista foi apenas mais uma confirmação. 

UM QUARTO DE HORA À BENFICA

Uma das coisas que mais aprecio num treinador é a capacidade de transformar um jogo durante o mesmo. Nessa medida, a intervenção de Mourinho ao intervalo,  não só pelas substituições,  mas também,  ou sobretudo,  pela dinâmica incutida, valeu uma grande segunda parte, uma importante vitória e aqueles que foram, porventura, os melhores momentos do Benfica em toda a temporada até agora. 
A primeira parte foi intensa mas globalmente desinspirada. Ao Benfica faltava claramente a capacidade de ligar o meio-campo ao ataque, muito fruto da dificuldade que Sudakov (um bom jogador, ninguém duvide!) tem sentido em entrar no ritmo necessário. Embora a equipa estivesse bem nos duelos, e não permitisse grandes veleidades ao adversário, pecava pela lentidão nos seus processos e pela pouca movimentação das suas unidades ofensivas.
Gostava de ter estado no balneário ao intervalo para perceber como se muda um jogo. A verdade é que dois minutos depois da reentrada já se tinha percebido que a história da segunda parte ia ser muito diferente, e aparecer o golo era apenas uma questão de tempo.
Apareceu um, dois, e mais tarde um terceiro. Podiam até ter sido mais. Pelo meio o Vitória ficou reduzido a dez, e a única dúvida que prevaleceu até ao fim foi quanto aos números do resultado.
O Benfica tem treinador.  Mas também tem jogadores que têm estado em sub-rendimento, e começam a aparecer. Rios já está a mostrar bem mais do que há umas semanas atrás. Enzo foi um dos melhores em campo. Schjelderup e Barreiro entraram muito bem. E até Dahl esteve uns furos acima daquilo que tem sido habitual. 
Últimos três jogos, três triunfos, 11-0 em golos.
Haja esperança. E haja novo triunfo na quarta-feira, para sedimentar aquilo que foi feito nesta segunda parte, e para manter a respiração na frente europeia.
João Pinheiro é, de longe, o melhor árbitro português. O único com coragem para tomar as decisões que se impõem seja em que campo for.
PS: Vou estar atento a este treinador do Vitória. As suas declarações na flash interview são burlescas e não enganam. Podia estar na bancada dos Super Dragões. 

OBRIGATÓRIO VENCER

 Trubin, T.Araújo, A.Silva, Otamendi, Dahl, Enzo, Rios, Aursnes, Lukebakio, Sudakov e Pavlidis

POUCO SUMO

Não gostei do debate. 
Ao contrário do primeiro, que foi vivo e de alguma forma esclarecedor, este não trouxe nada de novo - a não ser a alteração de postura de Noronha Lopes, que terá percebido o erro de base na abordagem ao debate anterior, mostrando-se menos agressivo, mas nem por isso mais convincente. Uma multidão de moderadores também não ajudou à qualidade da discussão, até porque havia estilos muito diferentes na mesa, e os temas eram colocados de forma totalmente errática.
Mas se era Noronha Lopes que tinha mais que pedalar (palavras suas), ao deixar passar esta oportunidade para se impor ao seu adversário (e precisava de um KO), terá sido ele o maior perdedor da noite. Não porque tenha perdido o debate em si, mas porque tinha obrigatoriamente de o ganhar com clareza, e isso também não aconteceu.
O resultado, no meu ponto de vista, terá sido um empate (sem brilho, nem golos). E era apenas disso que Rui Costa precisava - muito embora a sua exibição de há uma semana atrás tenha sido bem mais vistosa do que a desta noite.
Julgo que haverá mais um debate, e essa será a última oportunidade para Noronha convencer aqueles que não votaram nele na primeira volta. Precisa de convencer muitos sócios. Mas não revela muitos argumentos para isso. 
A diferença de conhecimentos e de preparação é enorme, e isso fica claro a cada intervenção de cada um dos candidatos, estejam eles mais crispados ou mais sorridentes.

OS TÍTULOS

Como se vê pelo quadro, mesmo com apenas um mandato, e um mandato pouco ganhador (como o próprio reconhece), Rui Costa está, ainda assim, acima do meio da tabela de presidentes do Benfica no total de títulos. E figura na galeria dos 16 presidentes que foram campeões nacionais, havendo 7 que nunca o chegaram a ser. 
Apenas 9 presidentes foram campeões mais do que uma vez. Apenas 5 presidentes o foram mais do que duas vezes. Só Vieira e Borges Coutinho conquistaram mais do que 3 campeonatos, e só mesmo Vieira fez o "Tetra". Ferreira Bogalho, Fezas Vital ou Félix Bermudes, por exemplo, foram campeões nacionais tantas vezes como Rui Costa: uma. A lenda de ganhar sempre é...uma lenda. O Benfica tem 121 anos de idade, ganhou 38 campeonatos e perdeu 53. E não esqueçamos as largas décadas "sem" FC Porto (até chegar Pinto da Costa), bem como as mais recentes "sem" Sporting (até chegar Ruben Amorim). A lista apenas inclui, naturalmente, presidentes com mandatos desde a existência das competições nacionais. 
Tenho a certeza que Rui Costa, a ser eleito, vai chegar-se aos grandes nomes da história. Um mandato igual (e espero, naturalmente, que seja melhor), seria suficiente para chegar ao top 3 desta lista. Mas aposto que em 2029 estará em segundo lugar. 
Fica aqui escrito para, se estivermos todos vivos e de boa saúde, podermos vir conferir. Acho que, pelo menos, lhe devemos dar oportunidade para isso.
Agora façam o favor de vir com as vossas percepções contrariar os números e os factos.

E NAS CONTAS?

Capitais Próprios (diferença entre activo e passivo,que define a verdadeira situação económica) dos três grandes:

BENFICA: +116,3 M

Sporting: +40,9M

FC Porto: -10,4M

E NAS MODALIDADES?

Classificação actual dos campeonatos das cinco principais modalidades masculinas:

Hóquei em Patins: BENFICA 9, Sporting 7, FC Porto 3

Basquetebol: BENFICA 6, Sporting 5, FC Porto 4

Andebol: BENFICA 25, FC Porto 25, Sporting 24 (-1 jogo)

Futsal: BENFICA 18, Sporting 15

Voleibol: BENFICA 3, Sporting 0

Em jogos: 21 vitórias, 0 empates e 1 derrota (Andebol em Alvalade)

Enfim, um clube que está morto...

OS FACTOS

Benfica 2025-26 em competições nacionais:

- Vitória;

- Vitória;

- Vitória;

- Vitória;

- Empate;

- Vitória;

- Empate;

- Vitória;

- Empate;

- Vitória;

- Vitória;

- Vitória;

FEITO

Quatro golos marcados, três deles de grande qualidade (o de Sudakov, embora legal, não contou), nenhum sofrido, jogadores geridos, eliminatória passada com tranquilidade. Não se podia pedir mais numa partida entalada entre compromissos muito importantes, e em que ganhar era o único objectivo.
A exibição não foi, como seria de esperar, demasiado vistosa. Foi a suficiente, e teve momentos agradáveis - para além, como já disse, dos golos.
Destaque individual para Lukebakio, Enzo também esteve em bom plano, e Prestianni trouxe alguma vivacidade ao flanco esquerdo. Rios deu finalmente um ar de sua graça, com dois excelentes lances (uma assistência e um belo remate). E Pavlidis picou o ponto.
A nota negativa que eu deixo é para a estúpida anulação de um golo limpo e bastante bonito. As linhas são uma mentira bem contada, que continua a enganar os incautos. É objectivamente impossível determinar, através de uma câmara situada nas bancadas, a uma distância considerável, uma unha não cortada. Não interferiu no resultado,  mas algo como isto não pode acontecer numa partida que decida um título. Já chegam os pisões na cabeça. 
Sublinho ainda os 50 mil nas bancadas, numa partida a meio da semana, em horário impróprio, numa competição que algumas pessoas desvalorizam, com um adversário pouco apelativo.  Enfim, é o Benfica. 

OS OUTROS CONTAM

A bold, pontos perdidos à nona jornada sem ser em jogos grandes ("Clássicos" + Braga)


Olhando para as primeiras nove jornadas das últimas três temporadas em que o Benfica foi campeão, verifica-se que os seus rivais, no mesmo momento do campeonato, haviam sempre perdido pontos com equipas mais pequenas. Não considerando os jogos entre eles e com o Braga, em 2016-17 Porto e Sporting em conjunto haviam desperdiçado já 13 pontos. Em 2018-19 tinham perdido 6 pontos. E em 2022-23, um total de 11 pontos.
Ora neste campeonato, o Porto empatou com o Benfica, o Sporting perdeu com o Porto e empatou com o Braga. De resto, tem sido uma limpeza. Nem um pontinho perdido com os pequenos clubes.
Dir-me-ão que o Benfica podia, e devia, ter feito o mesmo. A verdade é que viu fugir 4 pontos, todos eles nos últimos segundos das partidas na Luz com Santa Clara e Rio Ave. Mesmo assim, Ceteris Paribus, como dizem os economistas, a pontuação dos encarnados daria para liderar os campeonatos de 16-17 e 22-23, sendo que no de 18-19 estariam a um ponto do primeiro lugar.
O futebol não é uma ciência exacta. Por isso, perder, ganhar, estar à frente, estar atrás, nem sempre corresponde ao mérito/demérito das equipas. Há um conjunto de variáveis, que dependem muitas vezes de terceiros, e que explicam as classificações, logo, também os títulos. E nem é preciso ir às arbitragens.
É argumentável dizer que o Benfica perdeu o último campeonato por um golo: o remate de Pavlidis ao poste no dérbi da Luz, que, lá está, Ceteris Paribus, teria dado o título de campeão, Eram mais dois pontos para os encarnados, menos um para os leões. Como seriam assim as eleições?
A mesma pergunta coloco se o Sporting e o FC Porto, já nesta temporada, tivessem pelo menos empatado ou perdido uma ou duas partidas (ainda esta semana os portistas venceram em Moreira de Cónegos com um golo aos 89 minutos), e o Benfica estivesse agora em primeiro lugar.
É tudo isto que é preciso pesar quando se analisa com rigor o mérito/demérito das equipas. Ninguém festeja "quase" títulos. Diria que a frustração dos adeptos talvez até seja maior (o maior desgosto desportivo da minha vida foi o golo do Kelvin, num campeonato em que o Benfica não perdeu mais nenhum jogo). Mas uma coisa é a frustração, a tristeza, e até os compreensíveis desabafos nas horas posteriores. Outra é subtraír mérito às equipas, e achar que está tudo mal, quando se ganha ou perde por detalhes. Para não falar mais do presente, essa época do Kelvin foi uma das melhores que me lembro do Benfica nas últimas décadas, quer pela equipa que tinha, quer pelo futebol jogado, quer em golos fantásticos, quer em empolgamento na caminhada até todas as finais, inclusivamente na Europa. O Benfica então perdeu tudo. Estava tudo mal? Nem por soombras. A seguir partiu para um Tetra, que sem esse maldito minuto 92 seria um Penta - e, já agora, sem o golo de Herrera na Luz em 2018, também nos últimos instantes do jogo do título, podia ter sido um Hexa. Por outro lado, em 2005 o Benfica perdeu 37 pontos e foi campeão. Há que comparar, relativizar e contextualizar, para, depois sim, tirar conclusões.

RODAR

Para vencer um Tondela, que também antecipo fazer mudanças no seu onze base, penso que esta equipa chegará. Se o jogo correr mal, haverá um banco de luxo.
 

NO INTERVALO

Ainda não houve presidente eleito, as eleições estão no intervalo, mas já há um claro vencedor: o Sport Lisboa e Benfica.
Vencedor pela impressionante participação que, confesso, até me comoveu. Vencedor pelo civismo manifestado pelos mais de oitenta mil votantes. Vencedor pelo incansável trabalho de tantas e tantos benfiquistas espalhados pelas várias secções de voto no país e no mundo. Vencedor pelo fair-play demonstrado por todos os candidatos, sem excepção.
Ficou também claro que o Benfica real, profundo, que move paixões nas mais variadas geografias, idades e estratos económicos, pouco tem a ver com o das redes sociais,  ou com o de alguns grupos circunscritos que acham que o clube é apenas deles.
Não é, e isso ficou demasiado evidente. Aliás, a própria representatividade das AG resulta de algum modo ferida, e a carecer, pelo menos, de uma reflexão - como aqui escrevi no momento próprio. Mas isso deixarei para mais tarde.
Haverá tempo para falar da segunda volta. Pelo meio há jogos importantes a ganhar. E aí todos os benfiquistas terão de deixar as eleições numa prateleira, tal como fizeram, como fizemos, ontem durante noventa minutos. Também aí o Benfica venceu: no relvado e nas bancadas.
Viva o Benfica!

DIA DE FESTA

A magnífica manifestação de benfiquismo vivida ao longo do dia merecia um resultado assim.
Não se viu uma exibição do outro mundo, houve alguma felicidade no penálti madrugador, mas 5-0 são sempre 5-0.
Das mexidas realizadas pelo treinador, Prestianni foi quem mais se fez notar. Sou fã do miúdo, em quem vejo um extraordinário talento, que, espero, ele saiba aproveitar para se afirmar na equipa e na carreira.
Mas o homem do jogo foi naturalmente Pavlidis, pelos golos - que podiam até ter sido mais. 
Realce também para a entrada de Ivan Lima, no qual Mourinho parece depositar grande esperança. 
E pronto. Não há muito mais a dizer deste jogo. São 22.46h e todos estamos já a pensar noutra coisa.

GANHE QUEM GANHAR, VIVA O BENFICA!

Impressionante a manifestação de benfiquismo que este dia está a proporcionar.
Tinha aqui escrito que, independentemente do vencedor, seria tão benfiquista amanhã quanto era ontem. Mas não: serei ainda mais!

CINQUENTA VOTOS NO DEZ

Mais uma oportunidade para mostrar que, com o conhecimento adquirido, se vai fazer melhor.

Onze para o Arouca e para um dia à Benfica: Trubin, T.Araújo, A.Silva, Otamendi, Dahl, Enzo, Rios, Lukebakio, Schjelderup, Sudakov e Pavlidis.

PONTAS SOLTAS, GOLPES DUROS

Já falei do debate em sentido mais lato. Já disse que, quanto a mim, houve um vencedor inesperado, dois que se saíram bem, outros dois que, coitados (sem ofensa), se saíram mais ou menos como se esperava, e um claro derrotado: Noronha Lopes.
Se forem aos arquivos mais recentes, poderão reler que Noronha sempre tem sido, e teria sido, a minha segunda opção, caso Rui Costa não se recandidatasse. Digo agora que, depois deste descalabro televisivo, terá descido duas posições na minha lista. Passou para trás de um Vieira que ainda está ali para as curvas, pelo menos em capacidade negocial e de obra (um amigo disse-me com graça, que se os casos judiciais tivessem terminado, a bem ou a mal, podia estar ali o nosso Isaltino), e passou também para trás de João Manteigas, que pese embora a inexperiência, a mais do que duvidosa capacidade de liderança e algum populismo, pareceu, de facto, conhecer muito melhor o clube por dentro do que Noronha.
Lembro algumas pontas soltas do debate, que, no meu ponto de vista, muito contribuíram para a conclusão que me sinto obrigado a tirar:
58 DIAS - Entre muitas desvantagens, a vantagem de envelhecer é que nos lembramos de muita coisa. E eu lembro-me de Noronha Lopes (cujo nome nunca me foi estranho: é da minha terra, conheço familiares) entrar e sair, de forma fulminante, do Benfica. Lembro-me que ele, tal como aliás Vilarinho (em quem votei praticamente sem conhecer, pois na altura valores mais altos se levantavam), eram contra a construção de um novo estádio. Foi Vieira, com Mário Dias (o então injustamente apelidado de "lobby do betão"), com apoio do BES, da Somague, da Câmara Municipal, da UEFA (em contexto de Euro2004), que insistiram, convenceram Vilarinho, e avançaram. Ainda bem.
Não há mal nenhum em ter sido contra a construção do estádio. Teria sido um erro não o construir, mas eu próprio na altura, com o Benfica afundado em dívidas, tive algum receio desse projecto. Embora apenas dipusesse da informação que estava nos jornais, e Noronha estivesse lá dentro.
Mas não é coerente acusar os diretores financeiros de Rui Costa de saírem do clube passado pouco tempo (e foram apenas dois, não cinco como demmagogicamente afirmou), e o próprio Noronha ter tido uma passagam tão veloz e insignificante pelo Benfica - pelo qual, aliás, só voltou a interessar-se em 2020, após o que se seguiu nova hibernação até há uns meses atrás.
Não sei se foram 58 dias, 59, ou 61. Sei que Noronha ficou sem resposta. Ironicamente, eu diria, abananado...
NUNO GOMES/PROENÇA - Foi outro momento bastante singnificativo do debate. Afinal, uma das maiores fragilidades de Rui Costa (e que também lhe aponto, sempre apontei e voltarei a apontar) está igualmente no âmago da candidatura de Noronha: o seu vice-presidente para o FUTEBOL foi um entusiasta apoiante de Pedro Proença. Ele que também sofreu, em campo, até durante mais tempo do que o próprio Rui Costa, com as diatribes do antigo árbitro. Eis mais uma situação em que Noronha Lopes teve de engolir o seu ar altivo. Quem diz o que quer, ouve o que não quer.
ESTRUTURA PESADA - Do que conheço do futebol, sempre me foi bastante claro que as estruturas de decisão numa equipa têm de ser tão reduzidas quanto possível. Um presidente, um director, e um treinador (naturalmente com assessores ou adjuntos, conforme o caso, mas sem poder de decisão). Caso contrário, aumentam os riscos de incompatibilidades, inflamam-se egos, perde-se a reserva da informação interna, e dilui-se a autoridade. Para tomar uma decisão rápida, eficaz e discreta, não pode ter de se falar com cinco ou seis pessoas, nem fazer-se reuniões por tudo e por nada. Ora Noronha Lopes não tem outra coisa para apresentar senão uma estrutura pesadíssima, com muitas  pessoas, muitos cargos - alguns sem que se perceba bem para que funções em concreto -, tudo gente muito qualificada (não o ponho em causa), mas, também por isso, pouco habituada a ser contrariada, e talvez propensa a algum protagonismo. Todos os restantes candidatos lhe apontaram esse problema, sem que ele conseguisse escapar-se do interior do seu próprio equívoco. Um clube de futebol não é como outra empresa qualquer. Pelo mediatismo, pela paixão, pelo tipo de pessoas com quem terá de negociar, pelo tipo de funcionários etc. Se Noronha for presidente, e insistir em acumular nomes e cargos à sua volta, talvez para se esconder atrás deles, as coisas irão fatalmente correr mal.
AUSÊNCIA DE OBJECTIVOS - Noronha queixa-se muito do Benfica ter conquistado poucos títulos neste mandato, mas também não apresenta nenhuma proposta concreta que nos faça pensar que com ele "é que vai ser". Apenas lugares comuns, o que também foi notado por outros candidatos. Até Cristóvão Carvalho, com a sua megalomania, ao menos disse o que queria (um título europeu em sete ou oito anos) e o que não queria fazer (desde logo não queria gastar dinheiro em infraestruturas). Martim Meyer agarra-se ao não-sei-quantos Joncker (?). Vieira tem a sua obra a falar por si. Rui Costa é o incumbente. Manteigas também é evasivo quanto ao futuro, mas não tão insistente na tecla do palmarés. 
Todos nos queixamos de ganhar menos do que queríamos. A questão não é se ganhámos pouco ou muito (todos achamos que foi pouco). A questão é como, e o que, se vai fazer para ganhar mais. Um candidato a presidente dizer que quer ganhar mais, não é nada. E se for eleito, cheira-me que a meio do mandato as contas serão reprovadas duas vezes...
CFO EM PART-TIME - Já ouvi, já li, que se vai dedicar ao Benfica de alma e coração, a 200%, e por aí fora. Toda essa manifestação de vontade carece, a meu ver, de clareza. Afinal, o CFO do Benfica assim como outros dirigentes para outras áreas, vão estar ou não a full-time no clube? Vão manter, ou não, outras actividades por fora? Não fiquei nada convencido, sendo que o Benfica (todo o futebol profissional) já não é o de tempos antigos, quando o presidente ia à Luz ao fim do dia assinar cheques e pouco mais. Foi algo com que o candidato Noronha também foi confrontado, e pelo menos neste debate não conseguiu responder de forma convincente.
POSTURA ALTIVA - Em entrevistas Noronha Lopes até tem parecido simpático e sorridente. Ao ser contrariado em directo, ao ser confrontado com o seu desconhecimento do meio onde se quer meter, ao ser desmascarado em algumas das suas bandeiras de campanha, Noronha visivelmente irritou-se, e deixou o pé aristocrata resvalar para o chinelo. Todos os outros candidatos, mesmo os mais, diria, "pequenos", optaram por nunca esquecer que aquela era uma montra para o debate de ideias, mas também uma reunião de seis benfiquistas. Nisso Manteigas foi inteligente e, sentindo-se talvez acossado pelos acontecimentos da última AG, apareceu como devia: um benfiquista entre benfiquistas. Já Noronha passou o tempo  das suas intervenções virado para Rui Costa, com ar altivo, arrogante e desafiador, interpretando ali, ao vivo e a cores, uma espécie de benfiquismo - que se vê nas redes sociais, que se vê nas caixas de comentários (até aqui...), que se vê, infelizmente e sobretudo, nas AG - segundo a qual o clube é uma arena para confronto político. 
Logo de entrada pareceu nervoso. à medida que a noite avançava, à medida que era desmascarado por todos os restantes (houve momentos em que Vieira e Rui Costa até sorriam), entrou num caminho sem saída. A noite estava perdida. A eleicção? Vamos ver.

QUEM TEM MEDO DO VOTO ELECTRÓNICO?

Um grupo de jovens que vive nas redes sociais, mas que tem poucos anos de Benfica (nem sabe o que o clube foi realmente em TODO o seu passado), nunca percebeu porque motivo a maioria dos sócios (sobretudo os mais antigos, que não vivem nas redes sociais) escolheu Vieira em 2020.  Daí até se criar uma narrativa segundo a qual os resultados haviam sido falseados foi um pequeno passo. Gerou-se então, entre essas franjas, uma desconfiança exagerada quanto à credibilidade do voto electrónico.
Permitindo os novos estatutos o voto electrónico (desde que todos os candidatos concordem), Noronha e Manteigas recusaram essa possibilidade, e assim a inviabilizaram. Percebe-se porque motivo: sabem que a maioria do povo benfiquista não está com eles. Sabem também que os seus apoiantes são os mais fáceis de mobilizar para ir à Luz (por serem mais jovens, por viverem na grande Lisboa, por serem do contra, e o contra é sempre mais empolgante). O que é certo é que esta impossibilidade impede um número muito significativo de sócios de participar nas eleicções, e isso vai retirar força a quem for eleito. Vai retirar força ao próprio clube.
Conheço várias pessoas, algumas com 50 votos, que não vão poder votar. Ou porque estão no estrangeiro (e o número de casas é reduzido, obrigando a longas viagens que nem todos podem fazer), ou porque têm compromissoss profissionais ou pessoais nesse dia. Se pudessem exercer o seu direito via telemóvel - a mesma via pela qual todos fazemos transferências bancárias, e gerimos as nossas contas e pagamentos -, a participação seria muito maior, e a ligitimidade e a força do novo presidente também.
Aliás, as urnas, espalhadas pelo país, são, quanto a mim, um processo menos seguro quanto a eventuais tentativas de fraude. O voto electrónico apenas teria de ser supervisionado e certificado por uma empresa independente, o procedimento auditado por membros de todas as candidaturas, e quer Noronha, quer Manteigas, sabem muito bem disso.
Dizem que os países não elegem os políticos electronicamente. Ora em eleições políticas há urnas em todas as freguesias do país, e temos de perceber que há pessoas que não sabem ler, que não têm telemóvel ou computador, e devem, naturalmente, poder votar. Num clube, tudo isso é diferente, desde logo a impossibilidade de colocar urnas em todas as freguesias. Além de inúmeras outras questões que seria fastidioso trazer para aqui.
Eles também sabem disso.
Na verdade, o que está em causa é a tentativa, conseguida, de impedir de votar uma grande parte do povo benfiquista, que vive longe de Lisboa, que tem mais idade (logo mais votos), e que tenderia, até sociologicamente, a ser mais conservadora. 
Noronha e Manteigas tiveram medo do verdadeiro benfiquismo. E sabem que as suas hipóteses estão na mobilização em peso da malta dos Whatsapps - que embora gritem que o Benfica é deles, não são, longe disso, representativas do verdadeiro pulsar do clube no país e no mundo. 

ALGO SURPREENDENTE

Não dava muito pelo debate entre todos os candidatos. Primeiro porque são muitos (a dois ou a três seria sempre diferente), depois porque em debates televisivos, como aqui já escrevi, nem sempre a razão consegue derrotar a lábia. Devo dizer que o debate da BTV me surpreendeu em dois planos (além das quase quatro horas de duração...). 
Primeiro o nervosismo de Noronha Lopes, que é normalmente um bom entrevistado, mas apareceu esta noite (com contraditório) bastante inseguro, errático, e sem argumentos para algumas questões levantadas, não só por Rui Costa, como pelos restantes candidatos (alguns, é certo, disputando o mesmo eleitoriado com ele, numa perspectiva de segunda volta).
Segundo,  pelo conhecimento do clube revelado por Manteigas, e que demonstra que o rapaz tem, de facto, trabalhado bem a sua candidatura.
Gostei da tirada do Ciclismo, que é uma modalidade que me diz muito. Mas também da serenidade, e acompanhamento da vida interna do clube, contrastante com a postura de Noronha.
Disse aqui, e não só,  que se Rui Costa não vencesse a eleicção, entre os restantes preferia Noronha Lopes. A escolha de Nuno Gomes desde logo não ajuda, mas fiquei preocupado com a confusão estrutural que não conseguiu explicar, com a total ausência de propostas (apenas lugares comuns e criticar tudo o que está) e com a postura algo altiva e arrogante - que esperava de Manteigas, mas não dele.
Se esta foi uma oportunidade para conhecer melhor os candidatos, diria que fiquei profundamente desapontado com Noronha, e se calhar Manteigas não é assim tão mau, nem tão frágil, como eu próprio o pintava.
Se alguém ganhou o debate foi, tenho de o reconhecer, João Manteigas, embora Rui Costa esteja claramente (já estava) uns degraus acima. Vieira também se salvou. Quem perdeu, não tenho dúvidas, foi Noronha Lopes.
O meu sentido de voto já estava definido, e mais definido ficou: Rui Costa sabe mais de futebol e de Benfica a dormir, do que a maioria dos outros acordados (excluo desta equação Vieira). Noronha, aliás,  pareceu-me até aquele que (à excepção de Carvalho) sabe menos, e tem menos noção das especificidades do meio.

DEZ VITÓRIAS, UMA DERROTA

Em 1994 votei pela primeira vez em eleições do Benfica. Daí para cá, nunca me abstive. Nas onze eleições realizadas, o "meu" candidato só perdeu uma vez - e hoje toda a gente concordará que foi mesmo pena ter perdido...
Tenho orgulho em todos os meus votos, particularmente nos de 1998 e 2000. Festejei a vitória de Vilarinho como se de um título se tratasse, e como não mais voltei a festejar noites eleitorais.
Com os dados que tinha à época, não me arrependo de nenhuma das minhas opções. Em 2012, 2016 e 2020 fiz mesmo parte da Comissão de Honra da candidatura de Luís Filipe Vieira. Com o que sei hoje, acho que Vieira terá feito um mandato a mais, e talvez em 2020 me tivesse abstido - da Comissão de Honra e do próprio voto.
Mas não deixa de ser curioso observar que o "vieirismo", tão atacado, tão vilipendiado - sobretudo nas redes sociais, menos entre os verdadeiros benfiquistas - tivesse obtido sempre votações tão expressivas, algumas delas sem que aparecessem, sequer, opositores.
Veremos o que acontece em 2025. 

FAÇA VOCÊ MESMO

Veja com que candidato se identifica mais em Benficómetro Record

Eu já fiz o meu teste. Deu o seguinte resultado:

TUDO PARA O LIXO

O Benfica ganhou oito Taças da Liga. Mais do que Sporting e FC Porto juntos. Esta é pois uma competição que tem sido, genericamente, feliz para os benfiquistas. Eu próprio assisti a várias finais ao vivo, com estádios completamente cheios e com muita vibração - com alguns erros de arbitragem célebres, também.
Se esta é uma prova que o Benfica tem ganhado muitas vezes, o que fazer então? Acabar com ela.
É a proposta de Noronha Lopes, que certamente não sentiu nada quando Trubin defendeu o penálti decisivo em Leiria, quando Quim foi herói no Algarve, ou quando, também no Algarve, goleámos um FC Porto então tetra-campeão nacional. Já agora também não deve ter vibrado com a primeira vitória de sempre frente ao Bayern de Munique, pois é igualmente contra o Mundiial de Clubes.
De tudo o que Noronha Lopes propõe, esta parace-me mesmo a medida mais estúpida. Que há jogos a mais, concordo, mas não são certamente as meias-finais e as finais das Taças da Liga, quase sempre "Clássicos" de grande mediatismo. São, isso sim, os Aroucas-Tondelas ou os Casa Pias-Aves do Campeonato.
É verdade que ele também defende, e aí bem, a redução de clubes na primeira divisão (boa sorte com isso, quando tiverem de ser os pequenos a votar a sua própria renúncia à mesa dos doces). Mas querer deitar fora a Taça da Liga, e os oito troféus conquistados pelo clube, não faz qualquer sentido.
O FC Porto quis, durante muito tempo, desvalorizar a prova. Entende-se porquê. O Benfica querer acabar com ela, é uma alucinação.
Se for para acabar com alguma coisa, acabe-se então com a Supertaça, de muito má memória no passado. E porque não com a Taça de Portugal, de má memória no presente? Pensando bem, para que serve afinal o próprio futebol?

MASSACRE

A última imagem é a que fica, e o Benfica acabou o jogo de gatas, completamente desnorteado e correndo sérios riscos de sair de St. James Park com uma goleada humilhante - que, de resto, só Trubin evitou.
A verdade é que até ao 2-0, obtido aos 70 minutos, o jogo não tinha sido bem assim. Houve sempre mais Newcastle,  é certo, mas o Benfica foi dividindo a partida, e na primeira parte teve mesmo, porventura,  melhores oportunidades de marcar do que o seu adversário. Era então Lukebakio o homem em destaque. 
Até aos 70 minutos era sobretudo a eficácia que fazia a diferença. 
Depois... a equipa encarnada perdeu a cabeça, o que revela que há muito trabalho mental para Mourinho fazer com estes jogadores, grande parte deles bastante jovens.
Veio também ao de cima a diferença abissal entre aquilo que é hoje a Liga Inglesa e a nossa paupérrima liguinha portuguesa. O ritmo, a capacidade de acelerar o jogo, a organização de uma equipa que mantém o treinador há vários anos, e três ou quatro ou cinco craques muito acima da qualidade individual de qualquer jogador do Benfica, evidenciaram essas diferenças. Mesmo uma equipa do meio da tabela na Premier League é claramente superior a um candidato ao título em Portugal. Os orçamentos também não enganam.
Enfim, na Champions acontecem estas coisas: quando alguém falha é duramente castigado. O Nápoles levou seis, o Leverkusen levou sete e o Atlético de Madrid levou quatro. Três equipas dos "Big Five", todas elas com orçamentos incomparavelmente maiores que o do Benfica - cujo resultado, no meio desta jornada louca, acaba por passar despercebido.
As contas não estão fáceis. Mas ainda acredito no 24°lugar (que neste momento tem 2 pontos). Claro que é absolutamente obrigatório vencer o Leverkusen na Luz. 
Em semana eleitoral, muita gente vai querer misturar um jogo de futebol perdido em Inglaterra, com toda a gestão de um clube ao longo de quatro anos. É humano. Mas espero que até sábado as cabeças esfriem, e as escolhas sejam ponderadas.

PONTOS PRECISAM-SE

Tivesse o Benfica ganhado, como devia, ao Qarabag, e um empate em St.James Park seria perfeito. Assim, saberá a pouco. Em todo o caso, e numa perspectiva mais anímica do que matemática, não perder este jogo será importante para tudo o que vier a seguir.
 

OUTRA PERGUNTA É:

Que garantias há que, com Noronha Lopes, o Benfica passe a ganhar mais campeonatos? O FC Porto e o Sporting vão deixar de participar? Vamos contratar o Mbappé e o Yamal? Ou o Luís de Matos?

A PERGUNTA É:

O Benfica está, ou não, melhor do que em 2021? 

FUTUROLOGIA

2025: Noronha ganha as eleições e torna-se presidente do Benfica, gerando grande entusiasmo numa parte dos adeptos.
2027: Depois de perder dois campeonatos seguidos ficando em terceiro lugar (Nuno Gomes a director desportivo lol, e Bernardo Silva a fazer de Di Maria), cresce novamente a contestação das facções mais radicais.
2028: As contas são chumbadas duas vezes, em AGs manipuladas pelos grupos de Whatsapp do Manteigas. Nos termos dos novos estatutos, a Direcção cai, e convocam-se eleições antecipadas.
2028: Reaparece Rui Costa, que ganha as eleições,  após muitos sócios perceberem que ele afinal não era assim tão mau, e quem lhe sucedeu afinal não era assim tão bom.
2029: O Benfica ganha o campeonato, e a contestação cala-se.
2030: O Benfica volta a perder o campeonato,  os grupos de WhatsApp do Manteigas voltam à acção, voltam a chumbar as contas em AGs manipuladas pela sua minoria jovem e lisboeta, e a Direcção cai outra vez.
2031: Toda a gente inteligente percebe, por fim, que o Benfica precisa de estabilidade. Rui Costa volta a vencer as eleições e os estatutos voltam a ser mexidos para acabar com o modelo de AG em vigor e com o estúpido artigo que prevê a queda dos órgãos sociais quando tal apetece a um chefe de claque.
2032: O Benfica volta a ser campeão e parte finalmente para uma década de hegemonia. 
Pena ter perdido mais 6 ou 7 anos em folclore autodestrutivo, sem o qual o início da hegemonia podia ter sido antecipado para 2026 ou 2027.
Isto não é o que eu desejo. É o que eu prevejo.

LISTA DE PREFERÊNCIAS

1° Rui Costa - estabilidade e confiança 
2° João Noronha Lopes - voluntarismo e incerteza
3° Luís Filipe Vieira  - passado e ressentimento
4° Martim Meyer - candura e ilusão 
5° Cristóvão Carvalho - demagogia e megalomania
6° João Diogo Manteigas - oportunismo e perigo

AFINAL GREGO É SIMPLES

Foi em grego que se escreveu a vitória do Benfica em Chaves. Dois grandes golos decidiram uma eliminatória em que a melhor equipa venceu com naturalidade.
Neste tipo de partidas há pouco a ganhar e muito a perder. As equipas menores fazem o jogo do ano, a equipa grande tenta cumprir o dever com o menor desgaste possível.  Ainda assim a exibição do Benfica deixou bons sinais quanto à condição física e psicológica dos jogadores depois da paragem.
Em Newcastle o jogo será com certeza diferente.  Embora o resultado possa (quem sabe?) repetir-se.
Individualmente o destaque vai, como é óbvio, para Pavlidis. Também para a boa exibição de Sudakov (que eu até pensava estar lesionado). E já agora para a estreia de mais um jovem: Ivan Lima.
Pela negativa tenho de falar de Samuel Soares. Gosto do miúdo,  adorava que tivesse uma carreira de sucesso, se possível na baliza do Benfica. Acontece que em grande parte dos jogos que lhe vi, notei imensas deficiências, que o bom jogo com os pés não pode iludir - até porque sou daqueles que acha que um guarda-redes tem de ser bom, em primeiro lugar, com as mãos. Espero estar errado,  e um dia poder engolir estas palavras,  mas por agora Samu não me parece guarda-redes redes para o Benfica. 
PS: Embora a ausência de VAR atenue desta vez a situação,  o Benfica entrou nesta Taça como saiu da anterior: a ser prejudicado pela arbitragem. Há um penálti claro sobre António Silva.

RECUPERAR A TAÇA ROUBADA

Mourinho diz, e bem, que falta uma Taça de Portugal ao Benfica. E nenhum sócio ou adepto deveria esquecer-se disso na hora de atirar pedras a Rui Costa pela alegada falta de títulos no futebol profissional. Pelo que fez dentro do campo, o Benfica seria, neste momento, detentor de todos os troféus nacionais à excepção do Campeonato (que, ainda assim, foi o que foi). A memória de muitos é curta, mas eu não vou esquecer essa tarde no Jamor.
Segue o meu onze para Chaves:

QUATRO ANOS EM NÚMEROS

FUTEBOL

CAMPEONATO
Sporting 2, Benfica 1, Porto 1

OUTROS TROFÉUS
Porto 6, Benfica 3, Sporting 2

CHAMPIONS
Pontos UEFA: Benfica 77.75, Porto 56.75, Sporting 56.50

MUNDIAL FIFA

FORMAÇÃO
Benfica 8, Sporting 2, Porto 0
(+ Youth League + Intercontinental)

FEMININO - CAMPEONATO
Benfica 4, Sporting 0, Porto 0

FEMININO - OUTROS TROFÉUS
Benfica 6, Sporting 2, Porto 0


MODALIDADES MASCULINAS

Benfica 9, Sporting 6, Porto 5

MODALIDADES FEMININAS

Benfica 15, Porto 3, Sporting 0

NOTA: dados apresentados do mais recente para o mais antigo