VITÓRIA TRANQUILA

Pediam-se três pontos, o Benfica deu bastante mais do que isso.
A partida ficou praticamente resolvida na primeira parte, que podia ter terminado com números mais expressivos.
Em vésperas do jogo dos setenta milhões,  era perfeitamente natural que a segunda metade fosse essencialmente de gestão. Ainda assim, os encarnados voltaram a criar algumas oportunidades,  as suficientes para uma goleada.
O golo de Prestianni colocou uma certa justiça no resultado final.
Individualmente,  voltei a gostar dos reforços, com excepção de Rios, cujo ritmo continua desenquadrado do resto da equipa. Dedic e Ivanovic, sobretudo, mostraram bastantes argumentos para se afirmarem como titulares absolutos deste Benfica. 
Agora, vamos aos milhões da Champions.

GANHAR! NÃO IMPORTA JOGAR BEM OU MAL

Trubin, Dedic, António Silva, Otamendi, Obrador, Florentino, Barreiro, Gouveia, Schjelderup, Ivanovic e Pavlidis

TIRO AO LAGE

O coro de críticas que jornalistas e comentadores têm feito incesssantemente a Bruno Lage desde que, há cerca de um ano, assumiu o comando do Benfica, chega a tocar o patético.
Se joga ao ataque é porque é demasiado romântico, se joga à defesa é porque desprestigia o Benfica. Se não põe o jogador A é porque é incompetente. Se põe o jogador B é porque é teimoso. Se o jogador C mostra os dentes ao ser substituído, é porque não tem pulso.
Antes era o "Record" e o "Jogo". Agora são todos ("A Bola" perdeu-se com a mudança de proprietários), e todas as televisões, e quase todos os comentadores.  
Como diz o povo: o que eles querem sei seu...
A verdade é que a comunicação social desportiva está, ainda mais do que o Conselho de Arbitragem, inteiramente pintada de verde. E, desde 2019, ficaram com medo do treinador setubalense.
Ora um empate num estádio extremamente difícil, numa primeira-mão em que não se podia falhar, perante uma equipa com jogadores pagos a peso de ouro  (e alguns deles com salários mais elevados do que a maioria dos titulares do Benfica), perante um treinador experiente, sagaz e muito conhecedor do futebol português e do clube da Luz, a jogar em inferioridade numérica longos minutos, sem ter feito pré-época, sem quase ter tido férias, é algo que, em nome da justiça, só por má fé se poderá menorizar.
O futebol tem um condão de imprevisibilidade e de fortuna que muitas vezes é negado por aqueles que vivem de o comentar e de arranjar justificações para resultados por vezes injustificáveis. Por isso, não sei o que irá acontecer na Luz. Mas o que foi feito em Istambul era aquilo que tinha de ser feito: resistir ao ambiente, ao adversário, ao contexto, até à contrariedade da expulsão, e trazer a decisão para Lisboa. Com setenta milhões não se brinca.
Um Benfica pequeno seria um Benfica que arriscasse inutiilmente e saísse vergado a uma derrota dificil de reverter. Um Benfica pequeno é, e foi muitas vezes, aquele que joga para agradar à bancada, e no fim vê os outros a festejar títulos.
Um Benfica grande é aquele que ganha, seja de que maneira for. Que sabe ser inteligente, percebendo que o bom é muitas vezes inimigo do óptimo. E que, particularmente no plano internacional, entende que o primeiro passo para vencer é anular estrategicamente os pontos fortes dos adversários.
Ando há anos a pedir uma equipa viril, combativa e calculista, que não precise de tantas estrelas, nem de gastar tanto dinheiro, para, na raça e na estratégia, ganhar jogos e troféus. Bruno Lage, que era geneticamente um treinador ofensivo (às vezes até demais), tem feito um caminho muito interessante e louvável no sentido de dotar a sua equipa de agressividade e frieza. Viu-se em alguns momentos da época passada, que infelizmente acabou mal pelos motivos que todos conhecemos, mas que alguns parecem querer ignorar. Está a ver-se agora, numa altura em que deita o violino pela janela e recorre ao tambor para manter a equipa viva em todas as frentes, tendo já vencido a Supertaça, tendo vencido fora de casa no primeiro jogo do Campeonato, tendo ultrapassado o primeiro adversário europeu, e tendo boas hipóteses de ultrapassar o segundo e marcar presença na liga milionária, tudo, até agora, sem sofrer um único golo. Como dizia um sábio, quem quer ópera vá ao São Carlos.
Obviamente Lage comete erros, como toda a gente. Obviamente não é o melhor treinador do Mundo, senão estaria num colosso espanhol ou inglês. É, sim, um excelente treinador, muito conhecedor do Benfica, com inteligência para perceber onde está e o contexto do momento (desportivo e não só), com humildade para aprender com os erros e evoluír com as experiências que vai acumulando.
Para mim, enquanto benfiquista, o que digo é  "Força Lage! Vai em frente com as tuas ideias! Ignora os que querem mal a ti e ao Benfica!".

PORQUE NÃO DESVIAR JOTA SILVA?

Não é uma superestrela, mas joga precisamente na posição em que o Benfica está carenciado. É português, e seria investimento bastante em conta.
O futebol é um desporto colectivo, e não adianta procurar um Messi - que não existe, e qualquer aproximação ficará sempre caríssima, sendo também incerta.
Precisa-se de um jogador para aquela posição: Jota Silva é um jogador, bastante razoável, para aquela posição. 
Além disso, evitava-se que seguisse para o rival, dando-lhe uma bicada, que mais não fosse no plano emocional. 
Quanto ao risco de Varandas ficar ofendido,  nem sequer digo nada. Aliás, não haverá um só benfiquista que se preocupe com isso. Pois não?

MITOS

Há mentiras que, de tantas vezes ditas, se transformam em verdades. Por vezes de forma não intencional, todos passamos então a tratar como factos aquilo que são meras aparências - ou nem isso. Um desses mitos é o de que Rui Costa tem comprado mal. É verdade que houve alguns flops (Arthur Cabral e Jurasek à cabeça), mas se olharmos para o prato completo veremos que a generallidade dos atletas contratados mostrou, pelo menos, algum valor. Entre essas contratações houve negócioss fenomenais de jogadores com passagens curtas mas enormes mais-valias financeiras, como Enzo (entra por 24 sai por 120), Leonardo (entra por 18 sai por 40) ou Carreras (entra por 6 sai por 50). E outros que estão por descobrir (Rios, Ivanovic, Schjelderup ou Prestianni). Há ainda contratações a "custo zero" com grande impacto (Di Maria), e outras circunstanciais (Brooks veio no último dia de mercado para suprir lesionados, e acabou por não fazer falta devido à súbita afirmação de António Silva).
Não constam da lista os jogadores emprestados, desde os úteis Amdouni, Gonçalo Guedes, aos assim-assim Belotti, e também alguns fiascos (Draxler, Bernat, R.Sanches e Kabore, os três primeiros, de qualidade comprovada, devido a pproblemas físicos).
Eis a lista compleeta:

KEREM FOREVER

53 jogos, 16 golos, 11 assistências, 4 golos na Champions, 1 golo no jogo do título, tudo na primeira temporada em Portugal. Joga à esquerda, à direita, e se necessário no meio, em apoio ao ponta-de-lança. Corre o tempo todo. Defende o seu flanco com garra e sentido colectivo. Tem inteligência e mentalidade forte (viu-se no episódio Kokçu/Auckland, viu-se agora em Istambul). Durante meses foi o melhor jogador do Benfica. Tanto quanto julgo saber, não aufere um salário disparatado. O que lhe falta para ser inegociável neste mercado?
Vender Kerem por 22 e comprar Amoura por 34? Trocar o certo pelo incerto? Pagar um salário certamente mais elevado? Não me parecem boas ideias. Se é para elevar a massa salarial, premeie-se então o turco.
Enfim, pode haver dados que desconheço, e é bom fazer sempre essa ressalva. A olho nu, visto de fora, vender Akturkoglu nesta altura para ir à procura de um substituto, não me faz nenhum sentido.
Até porque de uma equipa que ficou a dois passinhos da glória total, que com uma arbitragem isenta de erros teria feito o "triplete", já saíram jogadores demais.


ATITUDE

Atitude é a palavra que me ocorre para definir a exibição do Benfica na Turquia. Nem sempre brilhante, mas sempre coesa e intensa.
Na primeira parte os encarnados tiveram o controlo da partida, e podiam mesmo ter marcado. Na segunda, o onze de Mourinho apareceu mais audaz, e foi assumindo o domínio do jogo - o que se acentuou com a insensata expulsão de Florentino. 
Foi a vez de Lage alterar o figurino da equipa, revelando um Dedic capaz de fazer um pouco daquilo que, tacticamente, Carreras fazia na época passada: fechar por dentro de modo a criar uma linha de cinco, que foi evitando males maiores. A dada altura a ideia era mesmo arrastar o zero a zero até ao fim.
Tal como aqui havia dito, foi um jogo de resistência, no qual o primeiro de todos os objectivos foi cumprido: levar a decisão para a Luz. E, já agora, com mais uma folha limpa. Cinco jogos, zero golos sofridos.
Há que enaltecer o compromisso revelado por todos os jogadores, ainda que alguns deles precisem de mostrar mais (falo, por exemplo, e outra vez, de Rios, mas também de Ivanovic, que entrou demasiado trapalhão para aquilo que a equipa na altura necessitava: segurar bolas na frente, e permitir aos colegas respirar).
De salientar a excelente exibição de Akturkoglu enquanto esteve em campo, o que mostra bem o seu profissionalismo, e reforça a minha vontade de o ver continuar na Luz. 16 golos e 11 assistências não são para deitar fora, nem trocar por pontos de interrogação.
O árbitro esteve bem. E na ponta final do jogo até ajudou a apressar o apito final. O Benfica, que nas fases mais adiantadas da prova faz figura de equipa pequena, nas pré eliminatórias é um tubarão, e faz-se respeitar pelos árbitros. Para o bem e para o mal, é assim a UEFA.
Agora há que dar tudo na Luz. Creio que um Benfica ao seu melhor nível chegará à fase seguinte.

OITO JOGOS, UMA VITÓRIA

É o balanço global do Benfica em viagens à Turquia. A única vitória foi justamente com...Bruno Lage:
A verdade é que o Benfica passou todas as eliminatórias/grupos referentes a estas partidas. Mas esse registo deve-se aos resultados obtidos na Luz (alguns inclusivamente volumosos), pois na Turquia os números não são brilhantes.

O ambiente é frenético.  E sei do que falo.
Em 2013 tive a oportunidade de ver o Benfica no Sukru Saraçoglu (meias-finais da Liga Europa), e recordo-me bem de entrar nas bancadas já perto do início da partida (fruto de dus horas de trânsito entre a parte europeia e a parte asiática da cidade), e do impacto do ruído a um nível como nunca ouvira, ou voltei a ouvir, em estádios de futebol. Ruído esse que não cessou durante todo o jogo. Lembro-me igualmente dos gritos e gestos agressivos (quase de guerra) em direcção ao local onde, juntamente com mais uns quantos benfiquistas acanhados, me encontrava, e da exígua "segurança" que existia a proteger-nos - e que me dava a sensação de que, se os turcos investissem sobre nós, os seguranças... investiam também. Por fim, à saída, no autocarro, e perante festejos imensos nas ruas que fariam pensar tratar-se de uma vitória na final da Liga dos Campeões (acabaram eliminados, como se sabe), até polícias, digo bem, polícias, faziam gestos provocatórios dirigidos a nós - meio a sério, meio a brincar.
No fim, percebi que era tudo apenas barulho. Não houve incidentes. Mas de entrada aquilo intimida. Sobretudo a quem não está habituado e não sabe ao que vai.
Passaram doze anos, e acredito que a Turquia seja diferente. O futebol turco também o é. Regressei ao país em 2015, mas em visita turística. Se voltasse ao estádio, iria com outro espíirito e outra tranquilidade. Na altura, aquilo foi alucinante e metia medo.
Já agora, quem nunca foi a Istambul e tenha oportunidade de o fazer, faça-o. É uma cidade verdadeiramente espantosa, com vários mundos num só mundo, juntando quinze milhões de pessoas muito diferentes entre si, várias culturas, muita história, e que se espalha por dois continentes (pelo menos na altura) bem diferentes.

RESISTIR

 ...e trazer a decisão para Lisboa. Não me parece possível resolver já as coisas, como aconteceu em Nice.
Trubin, Dedic, António, Otamendi, Dahl, Enzo, Aursnes, Rios, Schjelderup, Ivanovic e Pavlidis.

PARA RICO?

Não se trata de uns quartos-de-final com o Real Madrid. Estes são os preços dos bilhetes para uma pré-eliminatória contra uma equipa turca.
Além da exorbitância de valores, não percebo as diferências entre bancadas semelhantes. Se o jogo fosse a meio da tarde, diria que era sol e sombra, como nas touradas. Assim...não sei.
Tenho Red Pass, mas há aqui qualquer coisa que me escapa. Até pensei que fosse engano.
As férias passadas no Triângulo Dourado terão feito mal aos responsáveis da bilhética do Benfica.

SOL NA CAPARICA, SOMBRA NA REBOLEIRA

O Benfica venceu, e num jogo de futebol isso não é a coisa mais importante: é a única. 
Porém, se nos limitássemos aos resultados, não valeria a pena escrever nada. E a verdade é que a exibição encarnada foi medíocre. Foi mesmo a pior realizada até agora nesta nova temporada. 
O Estrela não merecia ter perdido, e isso quer dizer que talvez o Benfica não merecesse ter ganhado. Valeu uma grande penalidade, e muita sorte na manutenção de mais uma folha limpa na baliza de Trubin. 
Não quero crucificar Rios. O rapaz ainda anda a apalpar terreno e a perceber onde está, e só o futuro dirá se aprende com os erros - os seus e os da sua bela mulher.
Deixando de lado o episódio do concerto na véspera do jogo, também preciso de dizer que o colombiano ainda não me convenceu. Dois ou três pormenores são insuficientes para quem vinha com tão alta cotação, e sendo o reforço mais caro tem sido também, até agora, o mais apagado (naturalmente de entre os que têm sido titulares).
Em Istambul o jogo será diferente. Teremos, com certeza, uma equipa mais focada e mais intensa.
O ambiente será tremendo (em 2013 tive oportunidade de o conhecer ao vivo, sendo, até hoje, aquele que mais me impressionou de todos os estádios onde estive). E José Mourinho conhece bem as debilidades do Benfica.
Mas acredito que a equipa de Bruno Lage pode apresentar muito mais futebol do que o que se viu hoje. Tem mesmo de o fazer.
PS: a morte de Cruz é a partida de mais um campeão europeu. Embora de algum modo esperada, é naturalmente uma notícia bastante triste para o universo benfiquista.
Condolências à familia, e que descanse em paz.

ENTRAR A GANHAR

Trubin, Dedic, António Silva, Otamendi, Dahl, Enzo, Rios, Aursnes, Schjelderup, Ivanovic e Pavlidis. 

PORQUE NÃO O KEREM?

Anda o Benfica percorrendo ceca e meca em busca de um extremo, dispondo-se a gastar mais umas dezenas de milhões,  quando tem, no seu plantel, alguém que joga bravamente de um lado e do outro do campo, tem boa finalização, até defende, e já está identificado com a equipa e o treinador.
Falo naturalmente de Kerem Akturkoglu, um excelente profissional, que em certa altura da época passada chegou a ser o melhor jogador do Benfica.
Percebo que numa óptica meramente contabilística seja interessante vender por 25, ou 22, ou 20, um activo que custou 15. Mas se a prioridade são os títulos, tem de se pensar além disso.
Quer sair? Aumente-se o ordenado. Ele merece, e pode ser uma mais-valia desportiva para um plantel que ficou a  meio-Gyokeres da glória,  mas do qual já saiu muita gente (Carreras, Kokçu, Renato Sanches, Di Maria, Amdouni, Belotti e Arthur Cabral, sem falar em Bajrami ou André Gomes)
Não será muito fácil encontrar alguém,  ao mesmo preço, que garanta os seus números. 
Se há no meio deste processo algo que desconheço, peço desculpa. Com os dados que tenho, era Kerem e mais dez.

NUMA NICE

Os franceses até entraram bem, quer na primeira,  quer na segunda parte.
Num e noutro caso, rapidamente o Benfica reagiu, assumindo o jogo, e criando oportunidades para marcar mais alguns golos.
Não era preciso fazê-lo. O apuramento nunca esteve em causa.
Uma vez mais, gostei de todos os reforços, mas o maior destaque vai para Aursnes - que com um golo e uma assistência (como o seu compatriota Schjelderup), para além de mais alguns momentos de brilhantismo, foi o melhor em campo.
Venha o Fenerbahce de Mourinho.

DESCONFIAR

Estas vitórias fora, que quase resolvem as eliminatórias, acarretam o risco de criar demasiado conforto e alguma displicência. 
Ora do outro lado não está uma equipa de São Marino ou de Gibraltar. Está o quarto classificado de um dos "Big Five". Que certamente não deitou, ainda, a toalha ao chão. 
Por isso há que desconfiar, e entrar em campo como se houvesse 0-0.
Trubin, Dedic, António Silva, Otamendi, Dahl, Enzo, Rios, Aursnes, Schjelderup, Ivanovic e Pavlidis.

MEIO CAMINHO ANDADO

A vitória fora de casa por 0-2 coloca o Benfica a um passo do playoff.
O resultado foi justo e reflecte uma excelente exibição da equipa encarnada, que parece ter recuperado a alta velocidade da curta pré época que se viu obrigado a fazer.
Ainda é cedo para conclusões definitivas, mas até agora estou a gostar bastante de todos os reforços (enfim, Obrador ainda não se mostrou), e também da dinâmica da equipa.
A primeira parte da Supertaça foi fraca, mas na segunda parte do jogo do Algarve, e em toda esta partida, o Benfica deixou uma nota de optimismo - que o futuro ditará se fundado ou não. 
Mais do que a qualidade individual, a equipa parece bastante unida e combativa, o que não será alheio à morfologia dos novos centrocampistas.
As transicções defensivas ainda carecem de afinação, mas de resto já se vê mais maturação do que aquela que seria de esperar nesta altura.
Não farei destaques individuais precisamente porque foi o colectivo que mais se viu, e que mais brilhou.
Faltam noventa minutos, mas, se não houver deslumbramentos, o playoff estará já ali.

ATAQUE AOS MILHÕES

Pelo prestígio e pelo dinheiro (no plano estritamente desportivo, observo que a Liga Europa este ano está particularmente aberta e apetecível).
Trubin, Dedic, António Silva, Otamendi, Dahl, Enzo, Rios, Aursnes, Barreiro, Pavlidis e Schjelderup.

UM CAMPEÃO

Irritante em campo, enquanto adversário, mas sempre respeitador fora dele. 
Jorge Costa era uma referência do seu clube, mas foi também um elemento preponderante na Selecção Nacional - nos Sub 20, campeões mundiais na Luz em 1991, e na equipa principal ao longo dos anos seguintes.
Parte cedo demais, de forma inesperada e chocante.
As minhas condolências à familia, bem como ao FC Porto e aos seus adeptos.

NOIS PISA NA CABEÇA, NOIS BATE NA MULHÉ

Mais um porco no plantel do Sporting, clube que outrora se dizia de cavalheiros:
Luís Suarez, com processos de violência doméstica em cima. 
Se bate na mulher, como será este animal em campo? Tão selvagem como Matheus? Tão provocador como Pote? Tão estúpido como Nuno Santos? Tão sonso como Morita? Tão palerma como Esgaio?

O CAMINHO DAS PEDRAS

Feyenoord ou Fenerbahce de Mourinho. Pior não era possível. 
Para já o foco está no Nice, que também não será nada fácil. 
Chegar à Champions é imperioso. Mas o caminho é duro. 

PROENÇA-O-VELHO

Independentemente daquilo que a Justiça venha a apurar sobre Vieira, independentemente da opinião que tenhamos sobre ele, independentemente de quem apoiemos no processo eleitoral, a verdade é que gostei de o ver encostar Pedro Proença às cordas.
Proença é a mentira mal contada do futebol português. E o que fez como árbitro, a sua, digamos, habilidade (que lhe permitiu também lograr uma carreira internacional de sucesso, seguindo as três regras de ouro para tal: boa forma física, falar bem inglês e manipular resultados sem dar demasiado nas vistas) chegaria para formar um perfil definitivo do personagem.
Muitos têm criticado Rui Costa por ter de certo modo apoiado a sua eleição na FPF. Admito que possa haver razões que desconheço (o futebol assemelha-se à realpolitik internacional, e todos vimos os sorrisos e agradecimentos de Von der Leyen para Trump depois de...), mas com os dados que tenho sou obrigado a juntar-me a essas vozes.
Continuo a apoiar Rui Costa no Benfica, mas jamais apoiaria Proença fosse no que fosse. E acho que, nesse ponto, o presidente do Benfica cometeu um erro crasso.
Se a candidatura de Vieira não servia para nada, pois pelo menos para isto já foi útil. 
Benfica e Proença, depois do que vimos nas primeiras décadas deste século em campo, e do que temos visto nesta fora do campo, não podem partilhar nada. Proença é o antibenfiquismo em pessoa, disfarçado com a habilidade de um arrivista bem falante e espertalhão. 

TODOS OS TÍTULOS

PAVLIKERES

O primeiro título oficial já está. 
Mesmo com duas semanas de preparação, o Benfica vingou de alguma forma a derrota do Jamor, e desta vez sem pisões na cabeça, venceu a partida.
A primeira parte foi medonha. Mas há que sublinhar a capacidade do Benfica impor o ritmo baixo que lhe convinha, e a incapacidade do Sporting para acelerar o jogo. Os encarnados não jogavam, mas o rival também não conseguia mostrar muito, nem aproveitar a falta de entrosamento do meio-campo benfiquista, salvo numa ou noutra tabela de Pote. E sem o ponta-de-lança sueco que sozinho resolvia tudo, foi-se para intervalo em branco.
Agora o melhor avançado veste de vermelho, e para além de todo o enorme trabalho que fez ao longo da partida (claramente o melhor em campo), marcou no momento certo. Daí em diante viu-se outro jogo. E se a qualidade técnica continuou a não ser brilhante, a garra e a agressividade que todos os jogadores do Benfica puseram no relvado chegaram para dar alguma justiça à vitória. 
Apresentando um onze de combate, foi no combate que a Supertaça se decidiu.
No Jamor, a equipa de Bruno Lage foi superior e deixou fugir o pássaro. No Algarve, mesmo sem música,  garantiu o troféu de fato-macaco. A Taça da Liga viera por penáltis. Podia ter vencido todas, e ainda o Campeonato.
Há muito trabalho pela frente, mas nada como começar com uma taça nas mãos. Ou duas, se contarmos com a Eusébio Cup.

SUPERTANGA

Pior que defrontar o Real Madrid.
 

OFEREÇAM JÁ A TAÇA

Com Veríssimo nomeado para apitar, com o TAD a limpar castigos, sem tempo de preparação depois de ter representado o país ao mais alto nível no Mundial de Clubes (algo que a FPF não reconheceu), não fosse a necessidade de dar ritmo aos jogadores para fazer face à pré-eliminatória da Champions, e quanto a mim o Benfica devia enviar ao Algarve, e de forma ostensiva, a sua equipa B.
Esta Supertaça, desde a sua calendarização, à sua arbitragem, está totalmente inquinada. Está a ser oferecida ao Sporting, da mesmo forma que o último Campeonato e, sobretudo, a última Taça de Portugal.
Bruno Lage que assuma, na conferência de imprensa, que ao Benfica não lhe foram permitidas condições para disputar o troféu de igual para igual, pelo que o vai encarar como um treino.
E se porventura, por via de um qualquer milagre, conseguisse vencer o jogo, eu deixaria lá a taça. Enviassem pelo correio.
Se isto acabou como acabou em 2024-25, o início da nova época não augura nada de bom. 

VALE TUDO

Enchem a boca com Fair-Play e tal, mas na hora da verdade, vale tudo. Eis o TAD a jogar pelo Sporting e a aceitar uma providência cautelar que permite a Quenda e Debast jogarem a Supertaça, mesmo depois de castigados pelo Conselho de Disciplina. Aceitar uma providência cautelar, num caso destes, porquê? E já agora, assim, deste modo, o TAD serve para quê? Para limpar castigos?  O Consellho de Disciplina não deveria ser soberano em matéria de...disciplina. Mais gente a comer na gamela do futebol e a dar largas ao seu clubismo em orgãos institucionais pagos por todos nós. Vivemos sem este TAD até 2013. Da forma como se faz notar, podíamos continuar a viver muito bem sem ele.
Por vezes, a minha vontade era que o Benfica pudesse jogar na Liga Espanhola, e ver-se livre de toda a palhaçada que envolve o futebol português.

SAI GYOKERES ENTRA VERÍSSIMO

Tendo em conta que o avcançado sueco marcou apenas quatro golos ao Benfica, a dimensão do dano causado aos encarnados por Fábio Veríssimo já foi certamente maior.
Ao longo dos últimos anos, este é o árbitro mais conotado com o Sporting. Fez parte da claque, apitou-lhe amigáveis, apitou a festa do último título, e sobretudo tirou pontos ao rival Benfica. Por exemplo em 2024-25, dois jogos apitados, duas derrotas para o Benfica, nem um golo marcado. Aliás, foram esses os dois únicos jogos em que o Benfica ficou em branco em todo o campeonato - e houve grandes penalidades por assinalar... Não falha nada, a estatística não mente.
Desde 2016, quando num assomo de fanfarronice expulsou injustamente Renato Sanches no Funchal, ainda na primeira parte do penúltimo jogo, num campeonato em que qualquer deslize do Benfica daria o título ao Sporting, Veríssimo ficou apresentado. Mostrou ao que ia. Mostrou quem era. Afinal de contas, um afilhado do sinistro Olegário Benquerença, neste caso com tendências mais esverdejantes do que as azuladas do padrinho. Em qualquer dos casos, dois anti-benfiquistas ferrenhos.
Enfim, teríamos de aceitar que ele surgisse por aí, numa qualquer jornada na Luz ou pelo país. Nomeá-lo para a Supertaça, para um dérbi Benfica-Sporting que abre a temporada, é absolutamente inaceitável. É atentatório e vexatório. É a prova, se outras não houvesse, da vontade deste novo Conselho de Arbitragem de deitar o Benfica abaixo por qualquer meio - seja com pisadelas na cabeça, rasteiras com o pescoço, seja como for.
Quem está à espera de uma qualquer benesse que de alguma forma ofusque o que se passou no Jamor, pode esperar sentado. Esta nomeação, por sí só, diz tudo. Sobre a Supertaça, e sobre o que se seguirá.

PIADA DE MAU GOSTO

A nomeação de Fábio Veríssimo para a Supertaça só pode ser entendida como uma provocação. Depois de tudo o que se passou no Campeonato, e, sobretudo na Taça de Portugal, designar o árbitro mais conoctado com o Sporting de entre todos para este jogo é francamente demais.
Este CA começa a atingir os níveis do Apito Dourado, agora com outra cor.
Mais do que a Supertaça em si (que este ano dou como perdida, ou como mera preparação para as pré-eliminatórias europeias, essas sim determinantes), está em causa o sinal que é dado para a nova época, logo no primeiro jogo.

O NÃO FÉLIX

Penso não ter escrito ainda sobre o assunto. Num primeiro momento parecia-me um delírio - face ao salário que o jogador aufere. A partir da altura em que o tema foi recorrrente, e se percebeu que a intenção era real, pareceu-me uma loucura.
O Benfica precisa de um elemento criativo para ligar o meio-campo ao ataque. Félix é um excelente jogador, tem essas mesmas características. Tem vindo a pagar o preço dos 120 milhões (uma exorbitância de quem pensava estar perante um futuro Bola de Ouro) e de uma carreira que não seguiu o rumo que mais o poderia valorizar (o Atlético de Simeone era o último clube para onde deveria ter ido). Vir para o Benfica poderia ser muito bom, antes de mais, para ele. Mas acredito que até encaixasse bem no esquema de Lage.
Dito isto, no contexto português, apostar 25 milhões em metade do passe, e pagar um salário de seis milhões, por apenas um jogador, significaria apostar todas as fichas num Félix super-estrela e capaz de resolver jogos sozinho. Ora eu tenho dúvidas (muito temos dúvidas, a maioria tem dúvidas) de que, no ponto a que chegou a sua carreira,  isso se viesse a verificar dentro do campo.
Dito por outras palavras, e recorrendo à matematica: porque não comprar dois bons jogadores a 12,5M cada, e com salário de dois ou três milhões cada, suprindo as posições de segundo avançado criativo e de extremo - algo de que o Benfica necessita, depois da saída de Di Maria, agravada pela lesão de Bruma?
Bem sei que as coisas não são assim tão simples, que isto não é o "Football Manager", mas se o Benfica tem de facto 25 milhões para investir, e seis milhões/ano para custos salariais, creio que pode reforçar mais e melhor a equipa do que com um jogador que, por muito querido que seja dos adeptos, por muito impacto emocional (e eleitoral) que gerasse, não deixaria de ser um enorme ponto de interrogação.
Vamos esperar pelos próximos dias. Se houver um volte-face e Félix ainda vier, pois da minha parte será bem recebido. Se vier outro mais barato e capaz de ser uma mais valia para a equipa,...também. 

VALE O QUE VALE

...mas é melhor ganhar do que perder. E a verdade é que o Benfica começa com uma taça nas mãos. 
Neste jogo percebeu-se a tentativa, lógica, de acelerar processos e estados de forma. Foi também oportunidade de ver os reforços - e neste aspecto destacaria Dedic, com alguns bons apontamentos. 
A permeabilidade defensiva, sobretudo no momento de transição, continua a preocupar. Mas até foi bom ser exposta para poder ser corrigida.
Destaque para Henrique Araújo,  um dos grandes enigmas das últimas duas temporadas que, nesta nova oportunidade, pareceu empenhado em voltar a ser a promessa que era - e, por motivos ocultos, quase deixou de ser.
Quinta-feira espera-se nova vitória, e novo troféu. Dessa vez já a valer. Mas, importante mesmo, será entrar na Champions. E dadas as circunstâncias, mesmo sabendo que um dérbi é sempre um dérbi, a prioridade deste início de época é, sem dúvida,  a frente internacional. 

UM MANDATO EM NÚMEROS

FUTEBOL NACIONAL:
Sporting 2 Campeonatos
Benfica 1 Campeonato 
Porto 1 Campeonato

CHAMPIONS:
Benfica: Quartos / Quartos / Grupos / Oitavos 
Porto: Grupos / Oitavos / Oitavos / não se apurou
Sporting: Oitavos / Grupos / não se apurou / Playoff 

MUNDIAL:
Benfica: Oitavos
Porto: Grupos
Sporting: não se apurou

FUTEBOL FEMININO:
Benfica: 4 campeonatos
Sporting: 0 campeonatos
Porto: 0 campeonatos

FUTEBOL FORMAÇÃO:
Benfica: 8 campeonatos + Youth League
Sporting: 2 campeonatos
Porto: 0 campeonatos

5 MODALIDADES MASCULINAS:
Benfica: 9 campeonatos
Sporting: 6 campeonatos
Porto: 5 campeonatos

5 MODALIDADES FEMININAS:
Benfica: 15 campeonatos
Porto: 3 campeonatos
Sporting: 0 campeonatos

Este é o balanço global dos últimos quatro anos. Quem fizer melhor, que faça.

CAMPANHA BAIXA

Se não faz nada, dizem que é banana. Se apresenta algo, dizem que é eleitoralismo. Critica-se por ter cão e por não ter. É presidente do Benfica? Então é para arrasar, porque quem devia tomar todas as decisões... era eu. E se não decidem como eu quero, apedrejo-os, porque EU...
Enfim, se fosse só agora... É há quatro anos, ou há seis, ou há oito. Há uma facção de jovens que se dizem benfiquistas, que acham que sabem mais que os outros, que acham que são mais benfiquistas que os outros, que se julgam ingenuamente parvamente uma vanguarda esclarecida, que têm demasiada informação para a sua inteligência, e que querem deitar tudo abaixo para construir logo se verá o quê.
Já estamos habituados. É sinal dos tempos, e infelizmente não é só no futebol. Noutros planos também o populismo e a brutidade parecem estar a vingar e a levar-nos todos - a eles também, mesmo que não o percebam - para o abismo. Quando quiserem de lá saír poderá ser tarde. Perdoai-lhes Senhor, pois (alguns) não sabem mesmo o que fazem.
Como disse, já estamos habituados. O Benfica, como clube mais popular, está sempre mais sujeito a sofrer os males da sociedade. 
O que não esperava era ver Noronha Lopes entrar nesse tipo de oposição infantil tipo "fórumserbenfiquistiana". Para se apresentar como alternativa devia tentar convencer-nos que iria fazer melhor, e não que está tudo mal. Como está, sabemos nós, e cada um faz a sua avaliação. O que se espera de um candidato é que apresente propostas, e diga como resolve os problemas. Criticar e bater no peito a gritar viva o Benfica? Isso também eu faço.  

LIXO

A quem interessam, quem vê, e para que servem estes jogos (os que estão a preto, naturalmente)? 
É este o motivo pelo qual a Liga Portuguesa é miserável. É este o motivo pelo qual Portugal não está melhor colocado no ranking europeu. É todo este entulho que polui o campeonato e o impede de ser competitivo, interessante e vendável.
É a essas equipas que pretendem dar dinheiro? Para criar um equilíbrio fictício que mais não será do que um nivelamento por baixo?
Se querem verdadeiro equilíbrio olhem para o mapa do país, e vejam as vastas regiões que não estão representadas no principal campeonato - desde logo todo o interior, e tudo a sul do Tejo.
Para os clubes serem agregadores, terem representatividade e massa crítica, devem representar cidades, populações ou regiões. Não aldeias, ou nem isso. De onde é o Casa Pia? E o AFS? Quantas pessoas vivem em Moreira de Cónegos? Quem são os seus adeptos? As famílias dos jogadores? O que representam? A quem representam? Para que servem?  Porque estão ali esses e não o Belenenses, o Vitória de Setúbal, o Marítimo, o Boavista, o Farense ou a Académica, clubes com história e com adeptos, com os quais ninguém parece preocupar-se?
Há aqui uma doença, um cancro, que urge tratar. E os decisores estão a disparar ao lado.
Enquanto o panorama for este, não me falem de centralização de coisa nenhuma.

SERÁ MAIS OOU MENOS ISTO?

Se Akturkoglu for vendido, talvez não fosse má ideia contratar outro extremo.
 

SERÁ UMA PRIORIDADE?

Antigamente prometia-se o Jardel. Agora, prometem-se projectos faraónicos para o Estádio da Luz e área envolvente.
Não tenho opinião fechada sobre investimentos no estádio. Concordo com o acréscimo de alguns lugares, e com a consequente aproximação das bancadas ao relvado - aspecto que não foi totalmente cuidado aquando da sua construção. Talvez os pavilhões necessitem de uma intervenção modernizadora. Mas...ficava-me por aí. Quando ouço falar de hotéis, de espaços comerciais, do inevitável corporate e de um investimento de 200 milhões, penso se o Benfica não se estará a afastar dos seus objectivos, não apenas principais, mas únicos: ter boas equipas para ganhar jogos e campeonatos.
Como disse, não tenho opinião fechada, nem consigo prever o retorno de tamanho investimento. O que posso dizer é que não me entusiasma.
NOTA: se as eleições fossem hoje, votava Rui Costa. Apesar disto.

PEDAÇOS DE HISTÓRIA

Este foi o único Benfica-Nice da história. Dia 3 de Julho de 1956, jogo de atribuição de 3º e 4º lugares da Taça Latina, disputado em Milão, na Arena Cívica (foto mais abaixo).
O AC Milan eliminara os encarnados nas meias-finais. Os franceses tinham sido derrotados pelo Atlético de Bilbau. Na final, os italianos ganharam aos bascos por 3-1, alcançando a sua segunda vitória na competição. O Benfica venceu então o Nice por 2-1, após prolongamento, com golos de Cavem e José Águas, terminando em terceiro lugar.
Esta era a competição internacional de clubes mais importante da altura. Além desta edição, o Benfica participou em mais duas: a que venceu em 1950, e a de 1957, quando perdeu na final com o Real Madrid por 1-0.



DE COMBATE

Com Berrenechea e Richard Rios, acredito que o Benfica possa ter, enfim, um meio-campo mais sólido e agressivo. Já não com os pézinhos de lã de Kokçu, mas com jogadores intensos aos quais há que juntar Aursnes. Um meio-campo que não deixe os adversários passear por perto, e que permita aos criativos (Félix?) liberdade para decidir.

NICE

Não foi o sorteio ideal, mas podia ter sido pior. O Nice está longe de ser um papão, e o Benfica tem boas hipóteses de seguir em frente.

FIM DA TAÇA DA LIGA?

Não! Não! e Não!
A Taça da Liga, sobretudo se reduzida a uma final-four (como defendo), pode ocupar apenas um fim-de-semana. São, ou podem ser, três jogos, com alta probabilidade de se tratar de "Clássicos" com grande mediatismo. É mais uma competição. Tem mais uma grande Final. É mais uma oportunidade para uma equipa festejar um título. Não é o ponto alto da temporada, mas é, ou deve ser, um ponto alto da temporada.
Não há competições a mais. Há é um campeonato completamente sobredimensionado, em que a maior parte dos 306 jogos não tem interesse nenhum. Precisamos de mais Benficas-Sportingues e Benficas-Portos. E de menos Aroucas-Rio Aves, Gil Vicentes-Avesses ou Casas Pias-Moreirenses.
Além do mais, o Benfica tem um palmarés a defender. Ou então, já agora, acabe-se antes com a Supertaça. 
Direi mesmo que a única boa ideia no futebol português dos últimos vinte anos foi a criação da Taça da Liga. E só não foi abraçada por todos porque o FC Porto tinha contas a ajustar com o então presidente do organismo, e tentou, de algum modo, desvalorizar a prova. Depois, como nunca mais a vencia, manteve a narrativa.
Não! Enquanto benfiquista nas sobretudo enquanto adepto do futebol, oponho-me vigorosamente a esta ideia estapafúrdia. Faça-se um campeonato a 8, a 10 ou a 12 equipas, de acordo com a dimensão sócio-económica do país, e deixará de haver problemas de calendário.

CARAS NOVAS

 AMAR DEDIC - Lateral-Direito, 22 anos, Bósnia  -  ex: Marselha (emprestado pelo RB Salzburg)
12 Milhões de Euros


RAFAEL OBRADOR - Lateral-Esquerdo, 21 anos, Espanha  -  ex: D.Corunha (emprestado pelo Real Madrid)
5 Milhões de Euros

ENZO BARRENECHEA - Médio-Centro, 24 anos, Argentina  -  ex: Valência (emprestado pelo Aston Villa)
15 Milhões de Euros

PONTO DE SITUAÇÃO


 Possíveis contratações: Cuenca (DEF), Berrenetchea e Thiago Almada (MÉD), João Félix e Hadj Moussa (AVA).

E PARA O LUGAR DE KOKÇU...

Um gorila! Isso mesmo. Aliás, eram necessários mais dois, uma para cada lateral. O Benfica precisa urgentemente de músculo. Pela minha parte estou farto de artistas, estou farto de veludo, estou farto do mito do futebol ofensivo, estou farto de dominar jogos e sofrer em contra-ataque, e não queria morrer sem ter um dia um Benfica que, marcando um golo, todos na bancada sentíssemos que o jogo estava ganho.
Não quero na Luz um grupo de bailarinos, mas sim um exército de guerra. Não preciso de toques de calcanhar, rabonas, reviengas, trivelas, verónicas ou chicuelinas. Nem mesmo de jogadas bonitas e envolventes. Só quero uma coisa: ganhar!
O Benfica nasceu, cresceu e chegou ao topo da Europa, ainda sem Eusébio, e com equipas de combate. Artistas eram os violinos. Depois houve Eusébio, que marcou a história. Mas foi só um e acabou em 1975. Nas últimas décadas o Benfica perdeu demasiadas vezes por tentar reproduzir um modelo de um tempo que já não existe, que fica muito mais dispendioso e raramente dá resultados. Enquanto isso viu o FC Porto vencer anos a fio, recorrendo, é certo, a muito jogo subterrâneo, mas também a equipas sólidas, fortes e combativas, construídas invariavelmente de traz para a frente. Algo que Ruben Amorim levou para o Sporting, com o desfecho que conhecemos.
Infelizmente não tenho muita esperança. O caldo cultural do futebol dominante, ofensivo e bonito está demasiado impregnado, desde logo entre os adeptos. Poucos festejariam uma vitória por 1-0 sobre o Arouca ou sobre o Casa Pia. Nem se lembrariam que isso poderia significar que o adversário não tinha, sequer, criado ocasiões de perigo. Mas no fim, meus amigos, era mais provável chegarmos todos ao Marquês.
Não é em vão que se diz: se o ataque ganha jogos, a defesa ganha campeonatos. No Benfica, e isso começa uma vez mais a ser patente, investe-se fortemente em talento criativo, e depois perdem-se campeonatos para o músculo, para o rigor, para a solidez. No fim, até os amantes de ópera se queixam do facto de o Benfica gastar muito e ganhar pouco. Porque será?

A HORA DE LAGE

Na época que passou, Bruno Lage, mesmo sem ter tido qualquer responsabilidade na formação do plantel, mesmo herdando uma equipa em crise e já distante da liderança, conseguiu fazer mais pontos que qualquer outro clube (mais três que o Sporting, mais onze que o FC Porto), conseguiu vencer a Taça da Liga, só não ganhou a Taça de Portugal porque Tiago Martins não deixou, goleou o FC Porto duas vezes, goleou o Atlético de Madrid, discutiu taco a taco com o Barcelona, foi a melhor equipa portuguesa na Champions e no Mundial de Clubes, valorizou alguns jogadores (Tomás Araújo, Carreras, Pavlidis), e merecia muito mais do que a sorte lhe ofereceu.
Agora poderá formar o plantel que quiser, naturalmente dentro das limitações orçamentais do clube. Poderá preparar a equipa a seu gosto, mesmo com pouco tempo de trabalho até à Supertaça. E com um bocadinho de sorte (até agora não teve nenhuma), devolver o Benfica aos títulos. 
É a sua hora. E, ao que parece, não poderá queixar-se de Rui Costa não lhe fazer algumas vontades. Continuo a pensar que é o melhor treinador da Liga portuguesa, e o treinador ideal para o Benfica neste momento. Vamos então ao trabalho e às vitórias!

NÃO À CENTRALIZAÇÃO

Mais vale tarde que nunca. O Benfica deu agora o murro na mesa, dizendo aquilo que há muito parece óbvio: a centralização de direitos televisivos não lhe interessa, nem interessa ao futebol português.
Era conveniente, aliás, que André Villas-Boas e Frederico Varandas se associassem a esta posição. Também Sporting e FC Porto nada têm a ganhar com uma centralização de aviário, decidida num delírio de um qualquer governante mal informado.
Tout court, esta "centralização" mais não é do que roubar dinheiro dos bolsos dos adeptos dos três grandes (95% das pessoas que, directa ou indirectamente, pagam o futebol), para o entregar a investidores de SAD fantasma, que não se sabe bem de onde vêm, mas sabe-se bem demais ao que vêm. É criar um equilíbrio fictício, feito a martelo.
A Liga portuguesa é uma mentira bem contada. Tem um clube gigante, dois grandes, dois médios e três ou quatro pequenos. O resto são entidades sem adeptos, sem história, por vezes mesmo sem instalações, com assistências de mil ou duas mil pessoas, que servem para alguns indivíduos ganharem dinheiro com as visitas do Benfica e com as transferências de jogadores - que a maioria das vezes nem sequer são portugueses.
É claro que isto dá emprego a treinadores de refugo, árbitros miseráveis, delegados oportunistas, e enche a grelha da Sport Tv ao fim-de-semana. Mas não interessa nada aos adeptos, e muito menos aos clubes, os verdadeiros, aqueles que têm massa crítica e que trazem pontos, prestígio e receitas para o país.
Com uma redução drástica do número de clubes na Liga (já há anos que defendo um modelo competitivo de oito equipas a quatro voltas, mais de acordo com a dimensão do país e com a verdade do futebol português), então sim, haveria condições para valorizar a competição, agregar patrocinadores, tornar os jogos mais apelativos, multiplicar  "dérbis" e "clássicos", equilibrar as forças e, porventura, centralizar direitos. Tal como as coisas estão, nem pensar. 
Se o poder político quiser preocupar-se a sério com os desequilíbrios do futebol português, que olhe para o que tem acontecido a emblemas históricos como Belenenses, Vitória de Setúbal, Académica e, mais recentemente, Boavista, que olhe para o mapa de Portugal e repare na distribuição das equipas (a sul de Lisboa não há nenhuma, tal como não há em todo o interior do país), e, aí sim, encontrará matéria para justificada e justificável intervenção.
PS: Sobre a pirataria televisiva, as estações que não cartelizem o produto (como aconteceu, vergonhosamente, com a Liga dos Campeões), façam preços ajustados ao país, e depois falem. Até porque, ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão.

OFERECE-SE

O trio Jurasek, Kokçu e Arthur Cabral representa o que de pior teve a abordagem do Benfica aos mercados nos últimos anos. E condicionou, em muito, o resultado desportivo das duas últimas temporadas.
Neles foi investido, no triste verão de 2023, um montante total de quase 60 milhões de euros, fora salários e bónus. Neles alguém pensou (de forma intrigante) poder encontrar os substitutos de Grimaldo, Enzo Fernandez e Gonçalo Ramos, trio fundamental no último grande Benfica que vimos.
Um terço desse valor já terá sido recuperado com o lateral checo (8) e com o avançado brasileiro (12). Talvez seja possível recuperar mais uma parte significativa com a venda de Kokçu - a quem der mais (20? 25?).
O que não se recupera é o tempo perdido. Se para a lateral-esquerda apareceu Carreras (entretanto há que encontrar outro com rapidez) e para a frente de ataque temos hoje Pavlidis (veremos se se aguenta), para o eixo do meio-campo ficámos limitados ao cronicamente lesionado Renato Sanches. E a equipa ficou manca. Lá se foram dois campeonatos para quem, do outro lado, na mesma altura e talvez com menos dinheiro, foi buscar Hjulmand e Gyokeres.
Quem frequenta este espaço sabe que Kokçu nunca me convenceu. Trata-se, ainda, do jogador mais caro da história do futebol português, mas nunca se afirmou como alguém determinante no rendimento da equipa. Pelo contrário. E o problema nunca foi a capacidade técnica (que até tem, embora não na medida que ele pensa), mas a perturbadora atitude competitiva, que sempre contrastou com uma postura de vedetismo indisfarçável dentro e fora do campo. Displicência e arrogância misturadas de forma explosiva. 
Espero que saia rapidamente do clube e não volte. Arthur Cabral, pelo menos, era um profissional esforçado. Muitas vezes vale mais quem quer do que quem pode. Se Jurasek e Cabral manifestamente não podiam mais, Kokçu nunca quis nada.
Enquanto benfiquista, também não quero nada dele, a não ser distância.

MAL

Vou aos funerais que quero e não vou aos que não quero. É uma questão íntima, e ninguém tem nada com isso.
Acontece que não sou presidente de nenhuma instituição. Se fosse, sentiria a responsabilidade de representar os associados nas ocasiões em que tal se justificasse.
Gostava, por isso, de ter visto o presidente do maior clube português, o presidente do meu clube, no funeral de um jogador da selecção nacional, falecido aos 28 anos de forma trágica. Ainda por cima tendo sido, ele próprio, também internacional português. 
É verdade que o capitão da selecção também não foi, mas desse confesso que não espero grande coisa em termos de cidadania.

A MINHA HOMENAGEM

Há vários vídeos a circular sobre Diogo Jota. Cada um mais arrepiante do que outro.. 
Escolhi este. 
A Final da Liga das Nações foi o último jogo da carreira de Diogo Jota. Quis o destino que ela terminasse em apoteose, com um título para a Selecção Nacional. 
Foi um jogo em que sofri com ele, em que vibrei com ele. Como em tantas outras ocasiões, sempre que jogou por Portugal, foi um dos meus. E mesmo quando jogava pelo Liverpool, era um dos nossos: um digno representante do país e do futebol português.
Fica aqui como última homenagem deste espaço a um jogador cuja trágica morte ainda não nos habituámos a aceitar.

CHOCANTE

A morte de um jovem é sempre perturbadora. Quando totalmente inesperada e tratando-se de alguém que nos habituámos a ver cheio de vida e de alegria em campo, o choque é ainda maior.
Diogo Jota fez 49 jogos, e marcou 14 golos, com a camisola da Selecção Nacional. Várias vezes aqui reclamei a sua titularidade (e/ou a de outros) no lugar de Cristiano Ronaldo. Infelizmente, brutalmente, deixou de haver essa opção.
Esteve a um passo de representar o Benfica em 2016, acabando então por assinar pelo Atlético de Madrid e ser emprestado ao FC Porto. Mas foi na Premier League que atingiu o seu auge, primeiro no Wolverhampton, depois no Liverpool - onde se afirmou, e ao longo das últimas cinco temporadas realizou 182 jogos e marcou 65 golos (números notáveis quando falamos do actual campeão inglês).
Morre aos 28 anos, ainda com muito para dar ao futebol e, sobretudo, à vida. No mesmo acidente, morreu também o seu irmão, André Silva, jogador do Penafiel e ainda mais jovem.
Associo-me à inimaginável dor da família.
Que Diogo e André descansem em paz.

A CAMINHO DA DÚZIA

Rui Costa, Luís Filipe Vieira, João Noronha Lopes, João Diogo Manteigas, Martim Mayer, Cristóvão Carvalho, Paulo Parreira, Mauro Xavier, e quem mais se apresentar.
Candidatos não faltam. E estou curioso para saber se, no fim das contas, neste aparente taco a taco, haverá mais gente a querer ser presidente do Benfica ou presidente da república.
Enfim, se não aparecesse ninguém era pior...

ALGUNS NÚMEROS DO MUNDIAL

Resultados:
- Média de golos por jogo: 3,07 (acima dos últimos 16 Mundiais de Selecções e acima dos últimos 12 Europeus).

- Média de assistências por jogo: 35.847  (muito abaixo da capacidade média dos estádios - 56.666, ligeiramente abaixo do Euro 2004 em Portugal - 37.272).

- Melhores Marcadores: Di Maria 4 golos, vários jogadores ainda em prova com 3 golos (Kane, Olise, Musiala, P.Neto, M.Leonardo, G.Garcia e Guirassy).

- Equipas europeias versus outros continentes: 33 jogos, 21 vitórias, 7 empates, 5 derrotas.

- Encaixes financeiros por clube em milhões de euros:

A PEDIDO DE VÁRIAS FAMÍLIAS

Julgo ser de acrescentar que, no futebol profissional, o Benfica foi o clube português que mais longe chegou na Liga dos Campeões, bem como no Mundial de Clubes. Aliás, fora dos "big five" ninguém foi mais longe que a equipa de Bruno Lage nessas duas competições. Ainda no futebol, de notar as duas goleadas frente ao FC Porto. O que falhou? A Taça pisadela na cabeça de Belotti, e o Campeonato penálti com a cabeça de Otamendi. No resto, na globalidade, o Benfica está bem e recomenda-se.

LINDO

TRISTEZA

Estou triste. Mesmo muito triste. Levei este Mundial muito a sério. Para mim, era, e é,  uma competição importantíssima. Tão importante como a Champions League. 
O Benfica foi eliminado por uma equipa superior,  mas longe de ser inultrapassável. E depois, com o Palmeiras, era viável  o sonho de poder chegar às meias-finais, o que seria histórico.
O futebol deixa-nos assim.
Mas mesmo após uma derrota marcada por erros individuais de diversas naturezas - de jogadores e, também, de treinador - não quero despedir ninguém, demitir ninguém,  nem deitar nada abaixo.
Estou triste. Não zangado. E isto parece-me claramente fora de moda, mas vejo as coisa assim e não vou mudar.
No dia em que o futebol servir para descarregar sentimentos de outra natureza, deixarei de o ver. 
Não me faz falta. E só serve para me dar alegrias, sabendo que, simetricamente, corro sempre o risco da desilusão. 
O treinador é o meu enquanto estiver no clube. O presidente é o meu até ao dia das eleições - e continuará a ser o meu se as vencer, passando a ser outro, se as perder.
Antigamente os adeptos eram quase todos assim. Agora, os novos mudaram. O país mudou. O mundo mudou. Até parece que têm de odiar alguém par se sentirem vivos.
Eu estou apenas triste. E já ansioso pelo próximo jogo, daqui a cerca de um mês, para então voltar a apoiar o meu clube, seja quem for que o represente.

COM HONRA, SEM GLÓRIA

Dois golos estúpidos e uma expulsão estúpida ditaram o fim do sonho americano do Benfica. Trubin, que estava a ser provavelmente o melhor guarda-redes do Mundial, e não sofria golos havia cerca de 300 minutos, teve um jogo infeliz. Mas o lance do primeiro golo nasce de uma falta evitável, na sequência de mais uma daquelas saídas curtas que me dão cabo dos nervos, e cujas vantagens raramente compensam o risco - sobretudo se do outro lado não está o Estoril Praia, mas sim o quarto clasificado da Premier League e vencedor da Conference. 
Após mais uma longa e ridícula paragem,  o Benfica apareceu revitalizado e conseguiu milagrosamente levar a partida para prolongamento. Quando tinha todas as condições para partir em busca da vitória,  Prestianni teve aquela infantilidade, e logo o factor moral voltou para o lado inglês. A equipa encarnada ainda foi resistindo, mas aquelas saídas de bola demasiado arriscadas de Barreiro e Di Maria e mais um frango ucraniano, deitaram tudo a perder.
Fica um sabor amargo de quem sente que a equipa podia ter ido ainda um pouco mais longe, que muito menos merecia sair com o peso de uma goleada, mas fica também a certeza de que o Benfica sai com o seu prestígio internacional intacto (ou até reforçado), e de bolso cheio.
Agora uns dias de férias e, como tudo tem o seu lado positivo, mais algum tempo para preparar a próxima temporada, sendo de rever a quantidade de erros individuais, que também já haviam sido marca das provas internas. 

COM TUDO!

Trubin, Aursnes, A.Silva, Otamendi, Carreras, Florentino, Barreiro, Kokçu, Di Maria, Pavlidis e Schjelderup.

O QUE VALE UM MUNDIAL

Por ressabiamento com a ausência (sportinguistas), por ressabiamento com a eliminação precoce (portistas), por ignorância histórica, provincianismo ou retórica politiqueira (alguns benfiquistas), há quem em Portugal (e não só, pois há mais ausentes, há mais eliminados e há mais ignorantes no mundo) não compreenda, e/ou não aceite, a verdadeira dimensão do Mundial de Clubes.
É certo que a FIFA não ajudou, ao escolher estádios com oitenta mil lugares e colocar à venda bilhetes a centenas de dólares - num país sem cultura futebolística, e onde nenhuma das tentativas de a implementar resultou -, o que deixa as bancadas demasiado despidas, e transmite a sensação cromática de uma qualquer International Champions Cup ou outro torneio mais ou menos luxuoso de pré-temporada. Também não houve lá muito respeito pelos jogadores, colocando-os a jogar a horas impróprias e sob temperaturas tórridas. A calendarização não favorece as equipas europeias (haveria sempre quem se queixasse), e obriga-as a uma de duas coisas: rodar jogadores (quem pode) ou jogar a um ritmo tão baixo quanto possível. Tudo isto são, pois, aspectos a rever nas próximas edições. Acredito que a FIFA aprenda alguma coisa com os erros, pois tem muito dinheiro a ganhar, e sabemos o que a move.
Não há, porém, que confundir alguns aspectos específicos desta edição, que podem, e devem, ser corrigidos no futuro, com a ideia em si, que me parece bastante feliz, e muito menos com o mérito ou demérito de vencedores e vencidos. O modelo anterior (agora de novo transformado em Taça Intercontinental) tinha pouca representatividade, pouca competitividade, e pouco interesse. Este, com 32 clubes dos vários continentes, a disputar de quatro em quatro anos, tem tudo para singrar e tornar-se gradualmente uma referência.
Qualquer nova competição sofre sempre alguma resistência até se consolidar. No nosso país, isso tem sido bem patente com a Taça da Liga (eterna mal-amada, desconfio saber porquê), mas também me recordo de suceder nos primórdios da Supertaça (que nos anos oitenta ninguém queria disputar). A Taça de Portugal tem outra história, que antecede a do próprio Campeonato, pelo que não é um bom exemplo. Mas se passarmos ao plano internacional, e sem falar na Liga das Nações ou na própria Intercontinental (e reparem que se trata de provas que envolvem as melhores equipas ou selecções, e não clubes ou países secundários), é preciso lembrar que o hoje sumptuoso Europeu da UEFA começou por ser, nas suas primeiras edições, uma espécie de Taça das Nações, disputada igualmente em final-four, e levada não muito a sério por grande parte dos intervenientes. Vou ainda mais longe: o Mundial, o de selecções, teve um nascimento conturbado (em 1930), com várias equipas a recusarem o convite para participar devido à dificuldade com as longas viagens de barco rumo à América do Sul. Nessa altura o importante eram os Jogos Olímpicos, e para muitos o Campeonato do Mundo era redundante. Foi conquistando o seu espaço e hoje é o que é. A história tem destas coisas. Conhecê-la é sempre vantajoso.
Se entrarmos numa discussão mais filosófica, rapidamente concluiremos que, na verdade, nenhuma competição futebolística é assim tão importante para as nossas vidas. Também por isso, quem frequenta este espaço sabe que não me deixo cair no paradoxo: para mim o futebol, todo ele, vale o que vale, e as competições oficiais são todas importantes dentro da importância que o futebol tem. Não entendo é ver gente a rasgar as vestes porque o Benfica perde uma Taça de Portugal, e depois achar que vencer o Bayern de Munique, vencer o grupo e seguir para os Oitavos-de-Final de uma competição de nível mundial, onde não entrou por convite, não é relevante, nem deve ser valorizado.
Voltando ao princípio, é quase patético constatar como alguns comentadores, sobretudo os mais conotados com o Sporting, se referem a esta prova. E à medida que o Benfica nela avançar (por exemplo, ganhando ao Chelsea) mais acentuada se tornará a dor de cotovelo. De facto, por muito Gyokeres que tenha havido nos relvados portugueses, para lá de Badajoz tem sido o Benfica o baluarte do futebol luso. Isso viu-se na Champions (como já se havia visto nas épocas anteriores), e vê-se agora no Mundial. Naturalmente, apenas para quem quiser ver.
Para os benfiquistas, tenho ainda a dizer que o clube, além de matar o borrego bávaro, além de nos restituir algum do orgulho perdido nas provas nacionais, além de reforçar o seu prestígio perante uma audiência de âmbito global, já encaixou mais de 26 milhões de euros neste sonho americano. E se vencer o Chelsea, só com esse triunfo (nem que seja nos penáltis) arrecadará 11,3 milhões. Se depois ultrapassar os brasileiros (Palmeiras ou Botafogo) logrará mais 18 milhões, se por acaso for finalista recebe outros 26 milhões e em caso de conquista do título mais 35. Como diria o actual Secretário-Geral da ONU, é fazer as contas. Estão em jogo mais de 100 milhões. Se isto não é importante, não sei o que será. Admito que o milionário PSG, recém coroado campeão europeu, não tenha assim tanto a ganhar com o Mundial. Para um clube como o Benfica, tendo a felicidade de estar presente (temo que não aconteça muitas vezes), tendo já ultrapassado o primeiro e difícil obstáculo, não há que olhar para o lado. Há que ir com tudo. E se for para, porventura, chegar à final, então que se lixe a preparação da próxima temporada.

HISTÓRICO!

Em treze jogos oficiais, nunca o Benfica tinha conseguido vencer o Bayern - sendo, pelo contrário,  várias vezes goleado.
Desta vez conseguiu-o, com classe na primeira parte, com capacidade de sofrimento na segunda.
É verdade que a equipa alemã já estava qualificada, e poupou algumas das suas estrelas no onze inicial. Mas na segunda parte viu-se, pelas substituições, e pela atitude,  que o Bayern queria, pelo menos, assegurar o primeiro lugar do grupo. Tentou-o, mas aí foi a solidariedade do Benfica em campo, o António Silva e, sobretudo, o gigante Trubin (porventura a melhor exibição da sua carreira) a manter o resultado,  o apuramento e a liderança. 
É oficial: o Benfica,  que já tinha feito uma excelente Champions, está a fazer um excelente Mundial. Aquele primeiro jogo foi esquisito, mas há que louvar a difícil recuperação. A goleada ao Auckland não foi tão simplista como se disse, e teve mais mérito do que pareceu. E agora uma vitória histórica sobre o colosso bávaro. 
Veremos o que mais pode o Benfica tirar desta prova, sendo que os Quartos-de-Final não são uma miragem.
Sábado, previsivelmente contra o Chelsea, há que continuar a escrever história. Outro adversário a quem nunca se venceu. Vai ser desta.
Viva o Benfica!
PS: até tenho algum respeito pelo canal 11. Hoje tem sido ridículo. Só o moderador se salva. Até o Valdo fica contagiado por uma postura inqualificável, de desvalorização do Benfica, e da sua vitória. Esperava noutros canais. Não ali.

DIA B

É o dia do tudo ou nada. Ou o Benfica avança para os Oitavos-de-Final do Mundial da FIFA, e torna-se uma vez mais o clube português que mais brilha no contexto internacional, ou fica pelo caminho, concluindo uma temporada sem glória.
As hipóteses são:
1) ganhar
2) empatar
3) perder e o Boca não ganhar
4) perder e o Boca ganhar, mas sem que na soma entre a derrota do Benfica e a vitória dos argentinos haja um diferencial de sete ou mais golos. Se o Benfica perder por um, o Boca tem de ganhar por seis, e assim sucessivamente.
Neste momento confesso que não consigo fazer previsões. O histórico com o Bayern é tenebroso, com dez derrotas e três empates em treze partidas (e várias goleadas sofridas). Vejamos:


Mas neste Mundial tem havido surpresas, e o rendimento das equipas, sobretudo as europeias, é imprevisível. O facto de um empate favorecer os objectivos de ambos (o Bayern primeiro do grupo, o Benfica apurado) também conta a favor.
Enfim, a única coisa que sabemos é que se o Benfica passar, a prova não terá importância nenhuma, se ficar pelo caminho vai ser o drama habitual - sobretudo por parte dos que passam um mandato de quatro anos inteiro a fazer campanha eleitoral, nem sequer a favor de alguém, mas contra o próprio clube e todos os que em campo, no banco ou nos gabinetes o representam.
Fica o onze: Trubin, Gouveia, António Silva, Otamendi, Dahl, Florentino, Kokçu Aursnes, Di Maria, Pavlidis, Akturkoglu.

TUDO SANADO

Só quem nunca trabalhou numa empresa ou numa organização, não fez parte de uma turma na escola, ou não conviveu com qualquer grupo de pessoas, acreditará no conto de fadas segundo o qual todos são amigos para sempre.
É claro que, onde há seres humanos, há conflitos, inimizades e atritos. A forma como se gerem ou ultrapassam é a chave para o sucesso organizacional. A diferença no futebol é que este se situa num plano extremamente mediatizado, onde há páginas de jornais para encher, e programas televisivos para ocupar. E então, tudo parece muito mais grave do que na realidade é.
Bruno Lage e Orkun Kokçu não têm de ser amigos, e parecem ter sabido ultrapassar, profissionalmente, a tensão vivida no jogo com o Auckland. Era isso que se exigia. E eu, como cristão, como católico, também acredito no arrependimento e no perdão.
É claro que já havia quem quisesse demitir um, despedir o outro, mas esses são os que pretendem um Benfica fragilizado. Quem não os conheça que os compre. Acredito que daqui resulte uma multa para desincentivar actos semelhantes, mas não espero, nem desejo, algo que prejudique a equipa - e uma suspensão do jogador prejudicaria a equipa.
Além disso, recordo que o capitão da selecção nacional protagonizou uma situação muito parecida com o então seleccionador Fernando Santos. E, para mal dos nosso pecados, ainda lá anda. Também me lembro de ver, in loco, Óscar Cardozo aos empurrões a Jorge Jesus em pleno relvado do Jamor. Ficaram ambos no clube, e na época seguinte, juntos, ganharam tudo.
Gosto de Bruno Lage. Não gosto de Kokçu. Mas espero que este jogue, e bem, contra o Bayern.
Também eu não tenho de simpatizar com todos. O meu ídolo era o Chalana e já morreu. Mas sempre que algum jogador entrar em campo com a camisola do Benfica vestida, é um dos meus. Kokçu amanhã, será um dos meus.
Força Benfica!

SÓ COM TROVOADA

O Benfica cumpriu aquilo que se esperava: venceu e goleou.
Se o resultado é suficiente ou não, só o futuro dirá. Mas 6-0 parece-me bastante razoável, sendo que a segunda parte foi claramente melhor que a primeira.
O cansaço de todas as equipas europeias é evidente, e o Benfica, após uma época desgastante e desmotivadora, não foge à regra.
Naturalmente que a enorme pausa (agora não se pode jogar à chuva...) teve efeito refrescante no Benfica. E a dinâmica da segunda parte foi diferente.
Quanto a Kokçu, deixo o tema para aqueles que gostam de chafurdar na lama - e as televisões já o estão a fazer. Em todo o caso recordo que nunca fui fã do turco, que fala mais do que joga, e disse-o pouco depois dele chegar à Luz.