GÉNIO INCOMPREENDIDO

32 golos e 21 assistências em duas temporadas. Seis dos golos foram anotados nas competições europeias. Quatro frente ao FC Porto. Faltou marcar ao Sporting (se o murro no Pote não contar).
Estes são os números do regresso de Di Maria ao Benfica, os quais reflectem, desde logo, a importância que o mago argentino teve na equipa.
Os melhores momentos dos encarnados nas últimas duas temporadas tiveram quase sempre a assinatura de Di Maria. Quando ele estava bem, a equipa brilhava. Quando decaía, o Benfica decaía com ele. Foi assim desde o Verão de 2023.
No dérbi do Campeonato, saiu ao intervalo depois de ter feito os dois únicos remates perigosos da primeira parte, o Benfica empatou. No dérbi da Taça entrou tarde demais, o Benfica perdeu. Nas partidas com o FC Porto foi ele o dono do jogo. Assim como na goleada ao Atlético de Madrid.
Dele se dizia que não defende. Ora Messi e Ronaldo também nunca defenderam. E um dos lances capitais do Campeonato, em que um extremo não defendeu, foi protagonizado por...Schjelderup, no jogo com o Arouca.
No futebol do meu tempo seria um ídolo - como foi Fernando Chalana, também genial, também propenso a lesões, também de rendimento nem sempre regular. No futebol "moderno", ou no Benfica "moderno" ou no país "moderno", ou na sociedade "moderna", há que vergastar tudo e todos. Tornou-se moda dizer mal até dos nossos. Espalhar ódio nas redes sociais. Insultar, quando não agredir. Vale tudo para chegar ninguém sabe onde.
Neste triste tempo, Di Maria foi vítima das circunstâncias. Embora já tivesse sido campeão pelo Benfica, foi vítima de não ganhar estes dois Campeonatos (Chalana perdeu quatro, João Pinto só ganhou um em oito, Simão um em seis, e Poborsky ou Preud'Homme não venceram nenhum...). Foi insultado, desrespeitado, incompreendido. Sem ter em conta que só após a lesão o seu rendimento baixou.
Uma coisa é entendermos que talvez seja este o momento certo para partir. Talvez seja. Outra é culpá-lo do que quer que for, e desrespeitar o seu desempenho, a sua classe e a forma como lutou pelo Benfica sempre que esteve em campo. Nunca o fiz. Nunca o farei.
Vou ter saudades. E temo que muitos dos que tanto o criticaram, também.

NÃO À CENTRALIZAÇÃO!

Se a bárbara agressão de Matheus Reis na Final da Taça servir de argumento, pois que sirva. Mas o Benfica não pode deixar-se levar por um processo que visa, basicamente, retirar dinheiro dos bolsos dos seus sócios e adeptos para o distribuir por meia dúzia de indivíduos com propósitos pouco claros.
Digo mais: Sporting e FC Porto deviam opor-se também a esse caminho. Deixar de lado as rivalidades, e perceber que o futebol português tem um clube gigante (Benfica), dois grandes (os seus rivais), dois médios (Braga e Guimarães), e três ou quatro pequenos. O resto é... lixo, que deve ser despejado nos caixotes das divisões secundárias.
A centralização implicará retirar meios àqueles que competem na UEFA, que conquistam pontos para o ranking, que conquistam receitas para o país, e que, no caso dos três grandes (sobretudo o Benfica) fazem girar toda a máquina mediática em redor do futebol, com o que isso significa em termos de patrocinadores, vendas e audiências.
Admitiria uma centralização de direitos televisivos se fosse acompanhada de uma drástica redução dos clubes na Liga. Um campeonato a dez ou a doze (por mim, oito chegavam), com concentração de recursos nesses participantes, não apenas melhorava a sua qualidade (equilibrando-o), como reforçava a sua sustentabilidade. Nesse caso, podia fazer algum sentido centralizar receitas, e assim avançarmos para uma Liga à altura do talento dos nossos jogadores e treinadores. De caminho, obrigar também os clubes a investir fortemente na Formação e na vertente Feminina. E exigir instalações decentes.
Para tal, seria necessária uma intervenção do governo. Sendo o futebol autorregulado, a maioria das SAD jamais irá votar a favor da sua própria irrelevância. Quererão manter-se à tona da água, como entidades fantasma, sem estádios dignos (que em alguns casos envergonham o país, e em outros...nem existem), sem adeptos (assistências incrivelmente baixas, bancadas sempre vazias), e com planteis carregados de jogadores dos mais variados países, que apenas servem para fazer girar dinheiro entre vários bolsos, através de negócios transcontinentais alicerçados predominantemente em praças offshore. Enfim, gente obscura empenhada em sugar o que pode.
Não havendo essa intervenção do Estado, resta o Benfica opor-se por todos os meios a esse processo. E Sporting e Porto deviam acompanhá-lo, pois embora em menor grau, também serão vítimas de uma redistribuição injusta e parcial das verbas geradas quase integralmente pelos três emblemas históricos.
A solidariedade é devida a pessoas e famílias. Não a Sociedades Anónimas fantasma, geridas através de dinheiro com origem sabe-se lá onde, e com destino sabe-se lá qual.
Se querem mudar alguma coisa, se querem equilibrar alguma coisa, pensem naquilo que tem acontecido a clubes históricos (esses sim, verdadeiros clubes), como o Belenenses, o Vitória de Setúbal, a Académica ou o Marítimo, e agora também o Boavista a caminhar para o abismo. Pensem também no desequilíbrio do Litoral face ao Interior - que não tem um único clube na divisão principal. Pensem no desequilíbrio que faz com que só o distrito de Braga disponha de seis (!!!!!!) equipas, e a sul do Tejo não haja nenhuma. Isso sim, seria matéria para reflectir. 
Se é para equilibrar, há muita coisa a fazer. Esta centralização, nos termos que aparenta, não equilibra nada. E não é apenas um erro: é um crime, é um roubo.

DOIS PESOS

Existem duas formas de olhar para a derrota do Benfica na Taça de Portugal. Ou escolhemos uma, ou escolhemos outra. As duas são incompatíveis.
Ou culpamos a arbitragem (e acho que há todos os motivos para isso), ou culpamos o treinador e a equipa.
Dizer-se que o Benfica perdeu porque a arbitragem foi tendenciosa - entre outras coisas anulou um golo por uma faltinha, e não quis ver uma faltona que originaria a expulsão de um jogador do Sporting já nos descontos quando o resultado era 1-0, para além do amarelo a Dahl, da cotovelada de Harder, etc -, não permite dizer, ao mesmo tempo, que o Benfica fracassou, que o treinador preparou mal o jogo, ou que os jogadores não se empenharam. O mesmo vale, de alguma forma, para todo o campeonato.
A verdade é que até aquele momento o Benfica ganhava por 1-0, e na minha opinião devia até estar a ganhar por 2-0. E então? Em que ficamos? Os jogadores não prestam? O treinador é fraco? Ou fizeram o que tinham a fazer para vencer um jogo que lhes foi sonegado por terceiros?
Ok, concordo que Rui Costa devia ter falado mais cedo, nomeadamente quando se percebeu que isto podia acontecer (e eu colocaria a estaca na 29ª jornada, a do Benfica-Arouca e do Santa Clara-Sporting). Mas também me parece injusto crucificá-lo por tentar levar as coisas com fair-play até ao fim e contribuir para que o clima em redor do futebol português fosse mais arejado nos últimos meses. Não merecia esta, digamos, traição, na última partida da temporada nacional.
A sua postura (e, sejamos justos, também a de Varandas) permitiram que a Final decorresse sem problemas de violência. Quem conhece o Jamor sabe como qualquer rastilho podia ter efeitos explosivos.
É claro que os adeptos querem sempre ver sangue. Mas a mim não me ouvirão condenar ninguém por ter fair-play. Mesmo sabendo que ele não rende títulos, num país demasiado marcado por rivalidades doentias.
A verdade é que o Benfica fez o que tinha a fazer para ganhar o jogo. Jogadores que correram e lutaram, e uma estratégia táctica que anulou o Sporting durante 99 minutos, a qual, em condições normais, valeria uma Taça de Portugal.
É com esses olhos que olho para os jogadores e para o treinador. E, já agora, também para o presidente.

O PAI DA BESTA

Matheus Reis (que, lembremo-nos, já agredira uma criança no Estádio do Dragão), Nuno Santos, Pedro Gonçalves, Morita, Maxi Araújo, Harder. Meia dúzia de exemplos do jogadores que, uns mais outros menos, têm tido frequentes comportamentos anti-desportivos, e fazem da provocação, da simulação e, como se viu, da agressão, formas de disputar os jogos e de os tentar vencer a qualquer preço.
De há uns tempos para cá, o Sporting, sobretudo em campo, "portizou-se". E não me digam que é por isso que tem ganhado mais: a brutalidade de Matheus Reis aconteceu com o Benfica em vantagem já nos descontos, e bastava o VAR ter feito o que devia, que as consequência daquela atitude ditariam uma mais que provável derrota da sua equipa.
Ora, como diria o Secretário Geral da ONU, isto não nasceu no vácuo. Tem um responsável, e já aqui falei disso noutros momentos - designadamente aquando de algumas das deslocações dos leões à Luz.
Este tipo de comportamentos, este tipo de postura (como a provocação de Harder aos adeptos do Benfica após marcar) foi adoptado desde que Ruben Amorim chegou ao clube, e lá permaneceu.
Não sei se bebem alguma coisa antes dos jogos, se foram escolhidos a dedo os (foi ele que disse) "ranhosos", ou foram objecto de lavagens cerebrais para a porcaria. O que é certo é que o plantel do Sporting reflecte hoje, e desde 2020, nojo dentro do campo, e mau perder e mau ganhar após os jogos -  bem longe do clube de cavalheiros que muitos afirmam ser.
Há um antes e um depois. E será preocupante (para o futebol, não para o Benfica) se acharem que as vitórias decorrem da javardice. Não é assim que ganham as maiores equipas da Europa. Talvez em Manchester já tenham percebido isso.

REPUGNANTE

A atitude de Matheus Reis em campo já foi o que foi, e o país desportivo ainda está chocado com o facto de não ter sido sancionada pela equipa de arbitragem. Mas, que dizer do vídeo que surgiu depois nas redes sociais, em que vários jogadores do Sporting (não só o brasileiro, e incluindo o capitão de equipa) ainda gozam com a situação?
Tenho respeito por Frederico Varandas. E por isso, ainda espero uma palavra do presidente do Sporting sobre o assunto - que mais não sendo, lamentando-o.
Durante décadas convivemos com este tipo de atitudes por parte de outro clube, que também nunca soube ganhar. Ultimamente parece que alguém lhe está a apanhar os tiques.
PS: Depois admiram-se de certas atitudes das claques.

CRUELDADE, INJUSTIÇA E VAR

A final da Taça de Portugal foi, de algum modo, o espelho da época do Benfica. Momentos de bom futebol, domínio do jogo, incapacidade de o matar, arbitragem tendenciosa, e golos sofridos nos últimos segundos a deitarem por terra tudo o que até então havia sido feito.
Não contem comigo para crucificar jogadores, treinador ou presidente. O Benfica jogou melhor e merecia vencer a Taça. Não teve sorte nenhuma, e foi vítima de uma arbitragem, e de uma videoarbitragem, absolutamente tendenciosas - que interferiram directamente no desfecho da partida. 
Confesso que ainda não entendi o protocolo do VAR. Na versão que sempre ouvi, só se anulavam golos com faltas evidentes e grosseiras. Não creio que seja o caso do golo de Bruma. Já vou precisando de óculos, mas nas várias repetições que vi do lance, encontro um contacto, sim, mas longe de ser uma falta evidente, capaz de anular um golo bastante bonito.
Falta evidente houve, mas no pisão na cabeça de Belotti. Não sei como o italiano não ficou em pior estado. Aquilo foi uma selvajaria, que deixaria o Sporting a jogar com dez. Provavelmente já nem marcava, mas ainda que o fizesse, tinha mais trinta minutos de inferioridade numérica.
Até esse momento, como disse, o Benfica tinha sido melhor. Já na primeira parte o fora, e no início da segunda chegou mesmo a empolgar.
É claro que a frustação com o resultado deixa os adeptos desolados, e permeáveis a todo o tipo de pensamentos negativos: sobre o treinador, sobre o presidente, sobre os jogadores, sobre o árbitro, sobre a meteorologia. A verdade é que o Benfica esteve a segundos de conquistar a Taça de Portugal, e esteve a detalhes de ser campeão nacional. Se isso não consola ninguém, não pode deixar de ser levado em conta na análise fria que se faz ao jogo e à época.
Digo-o desde já: por mim Bruno Lage será o treinador do Benfica na próxima temporada. Como não acredito e bruxas nem em pés frios, o azar não durará para sempre, e o bom futebol da equipa acabará por ser premiado com títulos. Assim as arbitragens o permitam. Assim o permitam os adeptos, sempre tão sedentos de sangue e de ver cabeças rolar.
Hoje lembrei-me bastante de 2013. Também então o Benfica perdeu o campeonato na última jornada, também então perdeu a Taça com golos sofridos nos últimos minutos, também o treinador foi insultado e o autocarro perseguido por "adeptos" em fúria - os mesmos de sempre, os que querem trazer Alcochete para a Luz, os que, esses sim, querem sportinguizar o Benfica, não lhe dando espaço de reflexão, não lhe dando tempo para decisões ponderadas, desestabilizando reiteradamente como se isso ajudasse a ganhar.
Espero que Rui Costa tenha a mesma clarividência do presidente de então. Em 2014, mantendo o treinador, o Benfica ganhou tudo em Portugal, e só perdeu a Liga Europa por penáltis. Vencer ou não vencer, muitas vezes é apenas... futebol. Há que estar sempre perto de vencer, e chegar às decisões. A sorte e o azar não são eternos. E se há alguma coisa que Rui Costa tem de mudar, é adoptar um discurso muito mais duro face às arbitragens, que ao longo desta temporada estiveram francamente mal, lesando gravemente o Benfica em períodos decisivos, e com consequências no balanço definitivo.

ACABAR COM A FESTA...DOS OUTROS

Com a perda do Campeonato o Benfica está obrigado a vencer a Taça. Terminando a temporada com dois troféus, uma boa prestação na Champions, e (espera-se) outra no Mundial, haverá condições para abordar a próxima época com alguma serenidade. Caso contrário, caso perca no Jamor, a vida do clube nos próximos meses não vai ser fácil. E até Bruno Lage poderá ser posto em causa - ele que, quanto a mim, foi, e é, o melhor treinador da Liga Portuguesa.
Se me questionarem porque coloco Di Maria no onze, a resposta está na exibição de Schjelderup em Braga. Com o norueguês assim, mais vale um argentino que, a qualquer momento, com um passe magistral, com um remate inesperado, pode resolver o jogo. Não defende? Schjelderup também não, e foi aliás uma falha sua que permitiu o segundo golo do Arouca na Luz, determinante no desfecho do Campeonato.
O Sporting, entre bebida, ressaca, entrevistas e passeio de barco, passou a semana a festejar. Espero que o Benfica tenha estado, silenciosamente, a trabalhar. Até por isso, tem de ganhar esta Taça. Não se admite outra coisa.

FINAIS À BENFICA

No total de 18 finais entre Benfica e Sporting, o Benfica venceu onze, e o Sporting levou a melhor em sete ocasiões. De Rogério Pipi a João Vieira Pinto, passando por Eusébio e Diamantino, muitos são os nomes ligados a estas conquistas.
Para Domingo, não se exige nada menos: uma vitória! Seja quem for o herói.
Seis triunfos em oito finais da Taça de Portugal é um registo "à Benfica". Também na Taça da Liga os encarnados levam vantagem: duas finais a uma. Já na Supertaça há um empate dois a dois, bem como no Campeonato de Portugal, neste caso com uma vitória para cada lado.
Vejamos aqui as últimas quatro Taças de Portugal ganhas ao Sporting no Jamor:

1970

1972

1987

1996

OBVIAMENTE QUE ESTIVE A TORCER PELO TOTTENHAM

PARABÉNS AO SPORTING

O campeonato teve um justo vencedor. O Benfica tinha o melhor plantel, teve momentos de brilhantismo, mas não mostrou a regularidade e a consistência que se exigiam a um campeão. O Sporting, pelo contrário, e com excepção do período João Pereira, acabou por ser mais regular. Mesmo com a ajuda pontual de uma ou outra arbitragem, ainda que sem grande brilhantismo, ganha com justiça. Manda a honestidade reconhecê-lo. 
As várias abertas que deu ao longo da época, não foram aproveitadas pelo Benfica - que tem de trabalhar a forma como defende em campo, mas, sobretudo, a debilidade psicológica fora dele, que o impede frequentemente de transformar as circunstâncias a seu favor.
O golo sofrido com o Arouca (em vantagem mínima,  em casa, aos 95 minutos, em contra-ataque!?!), deu vitalidade à equipa leonina numa altura em que, depois de ter perdido a liderança, começava a tremer. 
O golo sofrido aos quatro minutos do dérbi eliminou o efeito ambiente, e ofereceu ao rival a serenidade que desejava para enfrentar o jogo do título. 
Hoje, em Braga, mais uma vez, a equipa encarnada pareceu ignorar que, se entrasse a matar e marcasse cedo, criaria alguma ansiedade em Alvalade. E só jogando com isso podia ainda esperar um milagre. Contra dez, com muito tempo para jogar, também não conseguiu afirmar superioridade.
Pode dizer-se que tudo é futebol. Mas há aqui um padrão que, diga-se, já vem de anos anteriores, e tem de ser analisado e corrigido. Entre inúmeras vias sinuosas essa era, reconheça-se, uma grande virtude do Porto dos seus melhores tempos. Infelizmente o Benfica nunca conseguiu implementar essa mentalidade guerrilheira, e esse espírito matador (de campeão), o que o deixa muitas vezes ao sabor de situações adversas, sem as saber reverter e/ou aproveitar. 
Falta disputar a Taça. E só então se poderá fazer um balanço rigoroso e frio da temporada, não esquecendo que de um dos lados da balança está ainda uma excelente Liga dos Campeões, duas goleadas históricas ao Porto, uma Taça da Liga e.. o que mais vier do Jamor.
Perdendo o campeonato, tudo será insuficiente para deixar os benfiquistas felizes. Mas o balanço do trabalho do treinador não pode ser feito apenas em função do bom humor dos adeptos. Terá de ser frio, objectivo, e ponderar que se o remate ao poste no dérbi tivesse sido cinco centímetros para dentro, estávamos agora todos no Marquês. Ou que desde Janeiro o Benfica só perdeu com o Barcelona. 
Não contem, pois, comigo para deitar tudo abaixo. Muito menos a quente, e quando a época ainda não terminou. 
Há que colocar o foco na Taça, terminar com dois troféus,  lograr uma participação prestigiante no Mundial, e depois se verá o que dizer.

O MEU VOTO



O ONZE DA ESPERANÇA

Não é preciso ganhar por doze. Não é preciso o Sporting perder por cinco. Não é preciso haver uma combinação de quatro resultados diferentes. Não se trata, pois, de uma quimera matemática.
E "apenas" necessário que Sporting não vença o Vitória de Guimarães. E, claro, que o Benfica cumpra a sua obrigação em Braga, perante uma equipa já sem objectivos.
É fácil? Não! É provável? Também não se pode dizer que seja. É possível? Sim! Absolutamente!
Há que acreditar até ao último suspiro. Este campeonato já deu várias cambalhotas, e pode muito bem dar uma última. Ao Benfica compete vencer o seu jogo - e será imperdoável que assim não seja. Depois? Confiar no destino, pois Deus não se mete em futebóis.

INSPIRAÇÕES

LA LIGA 1992 E 1993
 
LA LIGA 1994

EREDIVISIE 2016

BUNDESLIGA 2023

PS: O Ajax, que estava comodamente instalado na liderança da Eredivisie com nove pontos de vantagem a cinco jornadas do fim, perdeu dez pontos em quatro jogos, e agora entra na última ronda em segundo lugar depois de, esta noite, sofrer um golo do Groningen aos 99 minutos. O futebol é um lugar estranho, onde tudo pode acontecer. Até a Grécia ser campeã da Europa e o Leicester vencer a Premier League.

EMPATE AMARGO

Um jogo com esta importância podia decidir-se em detalhes. Um golo marcado no primeiro remate por uma equipa a quem já bastava o empate retirou pressão ao Sporting e adicionou-a ao Benfica - que durante todo o resto da primeira parte acusou o momento.
Na segunda parte a equipa de Bruno Lage apareceu com outra alma, e fez o que pôde para alterar o rumo dos acontecimentos. Dominou totalmente a partida, embora nunca deixasse de revelar dificuldades em penetrar na bem oleada linha defensiva sportinguista.
O golo de Akturkoglu, após lance magistral de Pavlidis, parecia ainda chegar a tempo de uma eventual reviravolta. Todo o estádio acreditou, e a bola no poste tinha ares de prenúncio. 
Porém, foi a altura do Sporting aplicar a receita que tanto se viu com Amorim, e que terá deixando sementes: quebrar o ritmo, acumular paragens, impedir que se jogasse futebol - com a natural complacência de João Pinheiro. 
O apito final foi naturalmente de desilusão. Mas há que dizer que não foi neste dérbi que o Benfica comprometeu o campeonato. Famalicão, Moreirense, Aves, Casa Pia e Arouca tiraram 12 pontos aos encarnados. E particularmente aquele golo do Arouca na Luz, em contra-ataque (!?!), no último lance de um jogo que o Benfica tinha na mão, custou um preço demasiado alto.
Resta agora esperar um milagre. Mas para ele acontecer é imperioso, antes de mais, vencer em Braga.
Ficou uma grande penalidade por marcar sobre Otamendi. O critério do árbitro foi largo, e esse lance não terá cabido na sua análise. Exigia-se mais ao VAR. 
Houve situações piores ao longo da temporada, e isso não pode deixar de ser lembrado, sobretudo num campeonato em que os dois primeiros poderão terminar com os mesmos pontos.
Mas também não pode deixar de entrar na análise, a frio, que se faça ao trabalho de Bruno Lage que, não esqueçamos, pegou na equipa já com uma desvantagem pontual significativa. 

O JOGO DA DÉCADA

Luisão 2005
Kelvin 2013
?? 2025
Não. Não é só um dérbi. Nem decide apenas um campeonato. Para além dos milhões da Champions (onde só um terá entrada direta), o jogo de sábado pode marcar uma era. 
O FC Porto mergulhou numa crise de onde não vai sair depressa. E os grandes de Lisboa têm diante de si o arranque para uma fase de domínio - que pode cair para um lado ou para o outro. 
Creio que o desfecho desta partida pode começar a definir esse lado.
Não me peçam prognósticos. Tenho apenas fé. 
Força Trubin, Tomás, António, Nico, Carreras, Tino, Kokçu, Aursnes, Kerem, Pavlidis e Fideo.

CONTRA 12 OU 13 OU MAIS ALGUNS

A segunda parte do Benfica foi demasiado fraca, e por via disso este jogo da Amoreira podia ter corrido muito mal. E algumas fragilidades defensivas, mais uma vez manifestadas, são algo assustadoras quando se vai ter pela frente o melhor avançado do campeonato.
Mas nada disso deve branquear mais uma arbitragem (e vídeoarbitragem) tremendamente tendenciosa, algo que com este CA se está tornar um hábito. 
É preciso, mesmo com três pontos conquistados, não deixar passar em claro mais este assalto, sob pena de não ser Gyokeres a maior ameaça da próxima jornada.
Quanto ao plantel e ao treinador, o foco tem de ser absoluto naquele a que podemos chamar o jogo da década.