A final da Taça de Portugal foi, de algum modo, o espelho da época do Benfica. Momentos de bom futebol, domínio do jogo, incapacidade de o matar, arbitragem tendenciosa, e golos sofridos nos últimos segundos a deitarem por terra tudo o que até então havia sido feito.
Não contem comigo para crucificar jogadores, treinador ou presidente. O Benfica jogou melhor e merecia vencer a Taça. Não teve sorte nenhuma, e foi vítima de uma arbitragem, e de uma videoarbitragem, absolutamente tendenciosas - que interferiram directamente no desfecho da partida.
Confesso que ainda não entendi o protocolo do VAR. Na versão que sempre ouvi, só se anulavam golos com faltas evidentes e grosseiras. Não creio que seja o caso do golo de Bruma. Já vou precisando de óculos, mas nas várias repetições que vi do lance, encontro um contacto, sim, mas longe de ser uma falta evidente, capaz de anular um golo bastante bonito.
Falta evidente houve, mas no pisão na cabeça de Belotti. Não sei como o italiano não ficou em pior estado. Aquilo foi uma selvajaria, que deixaria o Sporting a jogar com dez. Provavelmente já nem marcava, mas ainda que o fizesse, tinha mais trinta minutos de inferioridade numérica.
Até esse momento, como disse, o Benfica tinha sido melhor. Já na primeira parte o fora, e no início da segunda chegou mesmo a empolgar.
É claro que a frustação com o resultado deixa os adeptos desolados, e permeáveis a todo o tipo de pensamentos negativos: sobre o treinador, sobre o presidente, sobre os jogadores, sobre o árbitro, sobre a meteorologia. A verdade é que o Benfica esteve a segundos de conquistar a Taça de Portugal, e esteve a detalhes de ser campeão nacional. Se isso não consola ninguém, não pode deixar de ser levado em conta na análise fria que se faz ao jogo e à época.
Digo-o desde já: por mim Bruno Lage será o treinador do Benfica na próxima temporada. Como não acredito e bruxas nem em pés frios, o azar não durará para sempre, e o bom futebol da equipa acabará por ser premiado com títulos. Assim as arbitragens o permitam. Assim o permitam os adeptos, sempre tão sedentos de sangue e de ver cabeças rolar.
Hoje lembrei-me bastante de 2013. Também então o Benfica perdeu o campeonato na última jornada, também então perdeu a Taça com golos sofridos nos últimos minutos, também o treinador foi insultado e o autocarro perseguido por "adeptos" em fúria - os mesmos de sempre, os que querem trazer Alcochete para a Luz, os que, esses sim, querem sportinguizar o Benfica, não lhe dando espaço de reflexão, não lhe dando tempo para decisões ponderadas, desestabilizando reiteradamente como se isso ajudasse a ganhar.
Espero que Rui Costa tenha a mesma clarividência do presidente de então. Em 2014, mantendo o treinador, o Benfica ganhou tudo em Portugal, e só perdeu a Liga Europa por penáltis. Vencer ou não vencer, muitas vezes é apenas... futebol. Há que estar sempre perto de vencer, e chegar às decisões. A sorte e o azar não são eternos. E se há alguma coisa que Rui Costa tem de mudar, é adoptar um discurso muito mais duro face às arbitragens, que ao longo desta temporada estiveram francamente mal, lesando gravemente o Benfica em períodos decisivos, e com consequências no balanço definitivo.