TENHO DE DIZER ISTO
Pedro Guerra é talvez o exemplo mais profundo, e que mais vezes terei citado em conversas pessoais, da diferença entre a percepção pública generalizada sobre determinada figura e aquilo que a mesma revela em privado (e quem já teve oportunidade de conhecer figuras públicas sabe o quão frequente esse choque se manifesta) .
Para os rivais era um tipo execrável. Para muitos benfiquistas... também. Até que foi afastado do clube, em larga medida pela força que essa percepção criou, e que o próprio, diga-se, não quis ou não pôde evitar.
Não só conheci Pedro Guerra pessoalmente, como foi das figuras com quem cheguei a ter maior proximidade no clube. E tenho de dizer, das que mais simpatia, afabilidade e disponibilidade demonstrou.
Pedro Guerra era brincalhão, divertido, simpático, educado, e muito energético na defesa do Benfica. Na defesa de Vieira, sim, mas também na defesa do clube que amava profundamente.
Vi vários jogos a seu lado, inclusivamente no estrangeiro (um deles uma experiência inolvidável no estádio do Fenerbahce, num ambiente extremamente hostil). Convidou-me para participar em vários programas na BTV, quando tinha lá responsabilidades, nos saudosos tempos pré-premium. Convidava-me também, de vez em quando, para jogos das modalidades, que ele seguia e acompanhava com grande conhecimento e paixão. Foi ele quem, no dia do falecimento da minha Mãe, me enviou uma mensagem que jamais esquecerei, e que pretendia (e que ele sabia) aliviar-me dizendo que o Benfica tinha acabado de se sagrar campeão europeu de Hóquei no Porto - jogo que, como é óbvio, não pude ver nesse dia, e triunfo que ansiava desde a infância.
Sei bem o que o Pedro sentia pelo Benfica. E, por isso, sei da injustiça de que era alvo por parte de quem não o conhecia.
Foi com enorme pesar que tive conhecimento da sua morte. Das poucas pessoas a quem, no contexto do Benfica, talvez pudesse chamar amigo.
Descansa em paz, Pedro. Haverá cá quem não te esqueça.
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