(F)ÁBIO E (M)AXI (I)NDOMÁVEIS. AS LETRAS MAIORES DE UMA NOITE FANTÁSTICA




Se antes desta partida alguém me propusesse o resultado de 4-1, aceitaria de imediato, e daria pulos de alegria. Depois de assistir ao jogo, devo confessar que, dadas as oportunidades criadas, dado o caudal de futebol atacante do Benfica, e mesmo depois dos quatro pulos de alegria dados na bancada da Luz, os números finais acabaram por me saber a pouco.

Pelo que aconteceu nestes noventa minutos, a eliminatória poderia estar já totalmente resolvida. Mesmo dando de barato o golo sofrido, 6-1, 7-1 ou mesmo 8-1 não seriam demais para o que se passou, e ser-me-ia difícil relembrar aqui, uma por uma, todas as flagrantes oportunidades de golo criadas pelo conjunto de Jorge Jesus.

Como sempre acontece em futebol, é impossível determinar, em rigor, onde termina o mérito dos vencedores, e começa o demérito dos derrotados. Em nome da justiça, há que dizer que, se o Benfica fez uma grande exibição – e, sob todos os pontos de vista, fez -, também o PSV desiludiu bastante, dadas as expectativas que acompanhavam a equipa holandesa. De facto, o adversário do Benfica limitou-se a uns espaçados fogachos ofensivos, e manifestou uma inesperada passividade do meio-campo para traz, abrindo sucessivamente os espaços que a equipa encarnada tanto gosta para desenvolver o seu futebol. O mérito do Benfica esteve em saber aproveitar essas dádivas, e a partir delas construir oportunidades em série. Concretizou quatro. Ficou a dever a si próprio outras tantas.

Embora o golo sofrido represente alguns riscos (não vai permitir levantar o pé em Eindhoven, enquanto um 4-0 até daria para poupar alguns titulares), creio que o resultado será, em condições normais, suficiente para o Benfica voltar, 17 anos depois, a uma meia-final europeia. A noite fez lembrar, aliás, grandes jornadas do passado, com um estádio repleto (mais de 60 mil nas bancadas, em record nacional da temporada), um apoio incessante à equipa, um grandioso espectáculo, uma grande exibição, e uma estrondosa vitória sobre um adversário credenciado. Num momento em que o país, muitos portugueses, e, consequentemente, muitos benfiquistas, vivem a angústia das dificuldades e das ameaças, um triunfo destes não pode deixar de significar um tónico redentor. Essa é uma responsabilidade acrescida para o Benfica, e, já agora, também para as restantes equipas portuguesas nesta competição.Individualmente há que destacar os dois laterais, ambos com exibições a roçar a perfeição. Maxi Pereira e Fábio Coentrão foram o dínamo de um grande Benfica, arrastando, com o seu vigor, com a sua disponibilidade, todos os colegas para uma clara e eloquente vitória. Também Sálvio, com dois golos, Aimar e Saviola estiveram em grande plano. Não irei falar mais de Roberto, senão para lembrar que, antes do erro cometido, efectuou também uma extraordinária defesa.

A arbitragem, desta vez de um italiano, voltou a revelar uma preocupante tendência para, também nos jogos europeus, o Benfica encontrar motivos para se sentir perseguido. Não houve casos graves, mas a dualidade de critérios nas faltas assinaladas e por assinalar penalizou sempre a equipa da casa. Noutras ocasiões já falei aqui da fama de simulador de Cristiano Ronaldo, da personalidade de José Mourinho, da questão dos estatutos, dos casos Saltillo e João Pinto, da meia-final do Euro 2000, da corrupção do FC Porto, e de alguns outros aspectos que podem estar por trás dessa perseguição – que, sejamos justos, se estende por vezes a outros clubes portugueses também. A exibição superior do Benfica suplantou, desta vez, essa contrariedade. Nem sempre assim acontece, ou acontecerá.

3 comentários:

João disse...

Lembro que foi esse senhor que apitou já esta temporada jogos de outras duas equipas portuguesas em que nenhuma delas ganhou, acabando até uma dessas equipas por ser eliminada da UEFA.Em ambos os jogos existiram esses tais critérios que estragos no resultado final.

Parabéns às três equipas Portuguesas em Prova.

Anónimo disse...

O Roberto efectuou uma "extraordinária defesa" antes do golo? Qual? Aquele lance em que, mais uma vez, ele vê a bola cruzar toda a pequena área sem nada fazer para a deter e depois tem a sorte do avançado cabecear contra ele?

Epá, deixem de tentar arranjar desculpas para este infantil. É mau, é muito mau, e não serve, ponto final.

De que vale fazer 3 ou 4 defesas, muitas delas com uma sorte inacreditável depois de ver a bola passar momentos antes, se mais tarde acaba a dar enormes casas e a deixar entrar bolas que nem um infantil deixaria entrar?
E, já agora, agarrar uma única bola? É para quando?

O mal disto tudo, é que nem é tanto o dinheiro que se empatou no artista. O mal é mesmo ter-se perdido uma época a insistir no erro, tentando-se provar que era uma aposta ganha e que valia mesmo aquele dinheiro. Isto, aliado às arbitragens cirúrgicas, determinou o fosso que está criado para os corruptos assumidamente corruptos.

Ah! E os corruptos podem também agradecer-lhe o facto de irem terminar o campeonato sem derrotas. No passado domingo, apesar do apenas meio estádio preenchido, estava criado um ambiente infernal para eles, um ambiente que nem eu imaginava ser possível naquele dia. O ambiente durou até ao Roberto ter dado cabo dele...

Pedro disse...

Um grande jogo, onde realmente podíamos ter marcado mais golos. É um grande resultado, pois estamos a falar do PSV, que é uma grande equipa. Agora em Eindhoven não podemos facilitar.