DESGASTE MÁXIMO, RESULTADO MÍNIMO
Escrevi há um par de semanas atrás que apreciava o esforço do Benfica no campeonato (embora já nessa altura me parecesse inglório), desde que o mesmo não afectasse as condições da equipa nas provas que podia efectivamente vencer. A avaliar pelo que se viu neste jogo, tal não terá sido inteiramente assegurado.
A primeira meia-hora do Benfica foi assustadora. Passes transviados, dificuldades nos duelos individuais, pouca capacidade de pressão, jogadores estáticos e dados à marcação, tudo, afinal, o que caracteriza uma equipa cansada. Quase se poderia dizer que o Benfica entrou nesta eliminatória de gatas, o que não é aceitável, justamente no momento, e na competição, onde mais se deveria exigir dos jogadores.
Não entendo nada de preparação física, mas custa-me a engolir que o Benfica tenha esticado todas as cordas para vencer Marítimo, V.Guimarães ou V.Setúbal, num campeonato há muito resolvido “nas estrelas”, e chegasse a um momento de grande decisão internacional neste estado. Se isto acontece por qualquer inesperada fatalidade científica que desconheço, peço desde já perdão pela minha análise. Se, pelo contrário, se sabia de antemão que poderia acontecer, então não posso deixar de condenar a gestão do plantel feita (ou não feita) por Jorge Jesus. Aliás, já no ano passado custei a perceber algumas decisões do técnico encarnado quanto a este aspecto particular. Ele, e outros especialistas, dizem frequentemente que o desgaste físico é um mito. Eu, que como muitos adeptos de futebol nada percebo do assunto, sei apenas pelo que vejo no campo que talvez não seja bem assim. E sei também, porque está à vista de todos, que parte significativa dos jogadores do Benfica – nomeadamente o contingente argentino - não têm o perfil atlético, por exemplo, dos do FC Porto, obrigando naturalmente a maiores cuidados na gestão da sua utilização. Com o campeonato perdido há tanto tempo, chegar a um jogo destes com cinco titulares afectados por mialgias de esforço é algo que me custa bastante a aceitar e perceber. Veremos como entrará a equipa encarnada no Parque dos Príncipes. Se houver tempo para, numa semana, regressar aos índices físicos exibidos, por exemplo, no jogo da Taça de Portugal no Estádio do Dragão, ou no jogo de Alvalade, então o Benfica tem fortes hipóteses de passar esta eliminatória. Se voltarmos a ver uma equipa escondida de si própria como sucedeu na primeira parte desta partida (sobretudo, como disse, nos primeiros trinta minutos), então espera-se uma noite de sofrimento, e, provavelmente, de desilusão.
O Paris Saint-Germain não é uma equipa fácil. Tem um bom guarda-redes, e pratica um futebol cínico (no saudável sentido da palavra), recolhendo as suas linhas, especulando com o jogo, e lançando, quando menos se espera, contra-ataques rapidíssimos e fulminantes, sobretudo a partir da velocidade e classe da sua principal unidade, o ala brasileiro Nenê.
O cruzamento de uma equipa fresca e veloz nas transições, com um colectivo desgastado e desinspirado, resultou em minutos de grande sobressalto para o Benfica, e só alguma sorte impediu que a eliminatória ficasse logo ali sentenciada a favor dos franceses.
Afortunadamente, mais com o coração do que com as pernas, os encarnados ainda foram a tempo de virar o resultado, alcançando uma vitória justa. A questão acima mencionada ditará se suficiente.
É verdade que o resultado poderia, ainda assim, ter sido mais amplo, não fosse a cegueira de um árbitro checo sem categoria. Já não bastava o que se passa intramuros…
Tal leva-me também a reflectir acerca dos motivos pelos quais as equipas portuguesas são frequentemente penalizadas pelas arbitragens internacionais, mesmo as de leste, tidas tradicionalmente como caseiras. Sobretudo o Benfica, que foi eliminado dois anos consecutivos por erros grosseiros a favorecer equipas espanholas (na altura, Barcelona e Espanyol), e agora foi claramente prejudicado diante de uma equipa francesa (membro do chamado G14), o que me faz também lembrar de dois nomes: Angel Vilar e Michel Platini. Aliás, o Barcelona (membro desse mesmo G14) tem sido um caso invulgar de proteccionismo das arbitragens, como se viu nessa eliminatória com o Benfica em 2006, mas também dois anos mais tarde com o Chelsea (que não faz parte do G14), e ainda esta terça-feira com o Arsenal (que também não foi fundador desse extinto movimento).
G14 à parte, talvez um célebre Portugal-Holanda do Mundial 2006 tenha tido também o seu peso. Talvez subsistam ainda resquícios do Portugal-França do Euro 2000, ou, quem sabe, do caso João Pinto na Coreia, ou mesmo de Saltillo. Também não ajudarão a fama de simulador que a dada altura Cristiano Ronaldo granjeou, bem como certas declarações e comportamentos de José Mourinho. A guerra das associações, ou o próprio Apito Dourado (pagando neste caso o justo pelo pecador) são outro caminho possível. O que é certo é que, também a nível europeu, se nota (ainda que de forma menos marcada e mais subliminar) alguma hostilidade para com o Benfica.
Falta falar dos jogadores. Falta falar sobretudo de Maxi Pereira, para quem – esse sim - o cansaço não existe mesmo. Foi o melhor em campo, e até se armou em goleador.
Aimar e Jara também entraram bem no jogo, sendo os principais responsáveis pelos melhores minutos do Benfica, e aqueles que, afinal, valeram a vitória. Carlos Martins, Javi Garcia e Roberto também estiveram em plano apreciável.
Pelo contrário, Sidnei teve uma noite para esquecer, e só com alguma felicidade escapou a ficar na história pelos piores motivos (algumas das suas falhas não deram golo por mero acaso). Sálvio, Gaitán, Saviola e Cardozo são os exemplos mais paradigmáticos do desgaste da equipa, e pese embora o seu inegável esforço, andaram sempre muito longe do brilhantismo que noutras ocasiões foram capazes de oferecer à equipa.
Agora segue-se mais uma semana de angústia. A Liga Europa está extremamente aberta, e tanto Benfica como FC Porto estão entre os principais favoritos a conquistá-la. Perder essa possibilidade em nome do desgaste causado por vitória inócuas sobre o Marítimo ou o Vitória de Guimarães, seria demasiado duro de roer para a família benfiquista. Que em Paris se faça Luz.
A primeira meia-hora do Benfica foi assustadora. Passes transviados, dificuldades nos duelos individuais, pouca capacidade de pressão, jogadores estáticos e dados à marcação, tudo, afinal, o que caracteriza uma equipa cansada. Quase se poderia dizer que o Benfica entrou nesta eliminatória de gatas, o que não é aceitável, justamente no momento, e na competição, onde mais se deveria exigir dos jogadores.
Não entendo nada de preparação física, mas custa-me a engolir que o Benfica tenha esticado todas as cordas para vencer Marítimo, V.Guimarães ou V.Setúbal, num campeonato há muito resolvido “nas estrelas”, e chegasse a um momento de grande decisão internacional neste estado. Se isto acontece por qualquer inesperada fatalidade científica que desconheço, peço desde já perdão pela minha análise. Se, pelo contrário, se sabia de antemão que poderia acontecer, então não posso deixar de condenar a gestão do plantel feita (ou não feita) por Jorge Jesus. Aliás, já no ano passado custei a perceber algumas decisões do técnico encarnado quanto a este aspecto particular. Ele, e outros especialistas, dizem frequentemente que o desgaste físico é um mito. Eu, que como muitos adeptos de futebol nada percebo do assunto, sei apenas pelo que vejo no campo que talvez não seja bem assim. E sei também, porque está à vista de todos, que parte significativa dos jogadores do Benfica – nomeadamente o contingente argentino - não têm o perfil atlético, por exemplo, dos do FC Porto, obrigando naturalmente a maiores cuidados na gestão da sua utilização. Com o campeonato perdido há tanto tempo, chegar a um jogo destes com cinco titulares afectados por mialgias de esforço é algo que me custa bastante a aceitar e perceber. Veremos como entrará a equipa encarnada no Parque dos Príncipes. Se houver tempo para, numa semana, regressar aos índices físicos exibidos, por exemplo, no jogo da Taça de Portugal no Estádio do Dragão, ou no jogo de Alvalade, então o Benfica tem fortes hipóteses de passar esta eliminatória. Se voltarmos a ver uma equipa escondida de si própria como sucedeu na primeira parte desta partida (sobretudo, como disse, nos primeiros trinta minutos), então espera-se uma noite de sofrimento, e, provavelmente, de desilusão.
O Paris Saint-Germain não é uma equipa fácil. Tem um bom guarda-redes, e pratica um futebol cínico (no saudável sentido da palavra), recolhendo as suas linhas, especulando com o jogo, e lançando, quando menos se espera, contra-ataques rapidíssimos e fulminantes, sobretudo a partir da velocidade e classe da sua principal unidade, o ala brasileiro Nenê.
O cruzamento de uma equipa fresca e veloz nas transições, com um colectivo desgastado e desinspirado, resultou em minutos de grande sobressalto para o Benfica, e só alguma sorte impediu que a eliminatória ficasse logo ali sentenciada a favor dos franceses.
Afortunadamente, mais com o coração do que com as pernas, os encarnados ainda foram a tempo de virar o resultado, alcançando uma vitória justa. A questão acima mencionada ditará se suficiente.
É verdade que o resultado poderia, ainda assim, ter sido mais amplo, não fosse a cegueira de um árbitro checo sem categoria. Já não bastava o que se passa intramuros…
Tal leva-me também a reflectir acerca dos motivos pelos quais as equipas portuguesas são frequentemente penalizadas pelas arbitragens internacionais, mesmo as de leste, tidas tradicionalmente como caseiras. Sobretudo o Benfica, que foi eliminado dois anos consecutivos por erros grosseiros a favorecer equipas espanholas (na altura, Barcelona e Espanyol), e agora foi claramente prejudicado diante de uma equipa francesa (membro do chamado G14), o que me faz também lembrar de dois nomes: Angel Vilar e Michel Platini. Aliás, o Barcelona (membro desse mesmo G14) tem sido um caso invulgar de proteccionismo das arbitragens, como se viu nessa eliminatória com o Benfica em 2006, mas também dois anos mais tarde com o Chelsea (que não faz parte do G14), e ainda esta terça-feira com o Arsenal (que também não foi fundador desse extinto movimento).
G14 à parte, talvez um célebre Portugal-Holanda do Mundial 2006 tenha tido também o seu peso. Talvez subsistam ainda resquícios do Portugal-França do Euro 2000, ou, quem sabe, do caso João Pinto na Coreia, ou mesmo de Saltillo. Também não ajudarão a fama de simulador que a dada altura Cristiano Ronaldo granjeou, bem como certas declarações e comportamentos de José Mourinho. A guerra das associações, ou o próprio Apito Dourado (pagando neste caso o justo pelo pecador) são outro caminho possível. O que é certo é que, também a nível europeu, se nota (ainda que de forma menos marcada e mais subliminar) alguma hostilidade para com o Benfica.
Falta falar dos jogadores. Falta falar sobretudo de Maxi Pereira, para quem – esse sim - o cansaço não existe mesmo. Foi o melhor em campo, e até se armou em goleador.
Aimar e Jara também entraram bem no jogo, sendo os principais responsáveis pelos melhores minutos do Benfica, e aqueles que, afinal, valeram a vitória. Carlos Martins, Javi Garcia e Roberto também estiveram em plano apreciável.
Pelo contrário, Sidnei teve uma noite para esquecer, e só com alguma felicidade escapou a ficar na história pelos piores motivos (algumas das suas falhas não deram golo por mero acaso). Sálvio, Gaitán, Saviola e Cardozo são os exemplos mais paradigmáticos do desgaste da equipa, e pese embora o seu inegável esforço, andaram sempre muito longe do brilhantismo que noutras ocasiões foram capazes de oferecer à equipa.
Agora segue-se mais uma semana de angústia. A Liga Europa está extremamente aberta, e tanto Benfica como FC Porto estão entre os principais favoritos a conquistá-la. Perder essa possibilidade em nome do desgaste causado por vitória inócuas sobre o Marítimo ou o Vitória de Guimarães, seria demasiado duro de roer para a família benfiquista. Que em Paris se faça Luz.
8 comentários:
"O que é certo é que, também a nível europeu, se nota (ainda que de forma menos marcada e mais subliminar) alguma hostilidade para com o Benfica."
Primeiro eu, depois eu, e só eu...e o resto é paísagem!
Por essas e por outras, é q sentem a tal "hostilidade".
Acho que estava na altura de o JJ fazer descansar alguns jogadores, concordo com a análise na sua globalidade mas devo acrescentar algumas coisas, as equipas portuguesas não são globalmente prejudicadas,normalmente é só o Benfica, e ontem em braga viu-se o cacá a fazer das suas novamente,penalty claro sobre o j.cole e agressão por cotevelada no Caroll.Contra equipas francesas mais do mesmo, quem não se lembra da eliminatória da época passada com o marselha, e em especial o jogo no vélodrome,felizmente o Benfica venceu.Agora o JJ tem de fazer rotação de jogadores, o Fernandez deve jogar mais vezes, não jogando como é que se adapta? o Fábio tb precisa de descansar, assim como o Gaitan e o Salvio e o Cardozo, em relação ao Saviola não creio que o seu mal seja cansaço, na realidade acho que está acima de tudo a fazer uma má época,um jogador que joga naquela posição tem que fazer mais golos, e tem falhado muitos passes.Tem que ser mais preponderante, e o Aimar por exemplo tem tb de rematar mais vezes à baliza.Em frança apesar do apoio dos nossos emigrantes temo mais a arbitragem do que a própria equipa do PSG,ó Benfica na minha opinião basta-lhe ser igual a si próprio mas para isso, tem que algumas peças descansar.
Eu também acho que essa questão do desgaste fisico é valorizada demais. Jogar duas vezes por semana, treinando menos ou com menos intensidade, não pode ser assim tão penalizante. Além disso, virar o jogo por 4 vezes como aconteceu nos ultimos jogos na Luz, e fazendo segundas partes melhores do que as primeiras não me parece um indicador de cansaço. De facto tanto Gaitan como Salvio parecem menos bem, mas se calhar nem é um desgaste físico. E se o Benfica não entrou bem no jogo (e de facto não entrou) isso também se deve à qualidade do adversário.
Não percebi esta passagem:
"parte significativa dos jogadores do Benfica – nomeadamente o contingente argentino - não têm o perfil atlético, por exemplo, dos do FC Porto".
falcão, moutinho, belluschi, varela, etc, não me parecem assim tão "maiores" do que os jogadores argentinos do Benfica. O que o Benfica não tem, e o clube corrupto tem, é uma fórmula conhecida por "amarelinha"...
"dos motivos pelos quais as equipas portuguesas são frequentemente penalizadas pelas arbitragens internacionais" - óbviamente isto não se aplica ao futebol corrupto do porto, que ainda ontem viu um golo limpo ser anulado ao cska, contra o sevilha até o treiandor da equipa espanhola se queixou do 1º golo do clube do guarda abel ser irregular, e ninguém se pode esquecer dum jogo em manchester onde o àrbitro inacreditavelmente anulou um golo limpo aos ingleses, que fariam o 2-0, e que no fim acabariam por, mentirosamente, ser eliminados. Pelos vistos até na europa há quem goste de frutinha de dormir...
os tugas são prejudicados na europa? o benfica foi...
mas o que dizer do penalty descarado por marcar contra o braga em falta sobre joe cole?
o que dizer do penalty descarado por marcar contra o porto por atropelamento a Honda?
mon ami garrido, mon ami platini...
Julgo que se pode dizer e atendendo principalmente à 1ª parte, que foi melhor a exibção que o resultado.
Nota-se claramente o défice físico em alguns dos principais jogadores do Benfica, com a necessária consequência no nível exibicional e perante isto, só uma equipa com uma alma e crença enormes, conseguiria mais uma vez virar o resultado e daí o prémio justo da vitória.
Mais uma vez, contamos com uma arbitragem desastrosas, parece sina, no entanto e atendendo as poupanças que serão feitas no jogo da Liga, creio que a equipa em França surgirá mais leve e solta e com outro nível exibicional.
E uma final europeia à custa de um braço??? Pois...
Ao anónimo (sinal de cobardia) ...... existe hostilidade em Portugal contra o Benfica pois somos um País de invejosos e já não se respeita ninguém! Mais nada!
Se calhar V. Exª não diz do seu clube que é o Maior!
Relativamente à mão que nos levou à final, fiquem com ela! O Benfica tem mais SETE finais.
E já agora, perdeu uma vez por moeda ao ar! Por exemplo!
Concordo em absoluto eu só diria ainda que o Benfica não possui os pozinhos milagrosos do Porto em matéria de atletas. Não percebo porque Jorge de Jesus continua a insistir em Cardozo, ou não substitui Sindei por Jardel.
Enfim ontem foi uma noite assustadora, Jara, Coentrão, Maxi lembrou-me este último muito os jogos com o Marselha. Recordo a sua postura e o que uma escritora o ano passado escreveu sobre ele no suplemento do DN sobre o Benfica. è na realidade o Super Maxi
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