ERROS DE CÁLCULO
Quem frequenta habitualmente este espaço, sabe bem a forma como sempre tenho procurado combater a atitude de muitos dos adeptos do nosso futebol – em particular do Benfica -, que insistem em assobiar a sua equipa durante os jogos, não percebendo – ou não querendo perceber – o quanto isso a prejudica. Não entendo como se cospe no próprio prato em que se come, e acho sinceramente que mais vale ficar em casa do que ir ao estádio, de cachecol ao pescoço, ajudar os… adversários.
Parece que o vírus atacou também a, até agora, imune selecção nacional. Em Leiria, durante largos períodos de jogo, assobios ouviram-se desde as bancadas, aumentando os níveis de ansiedade que a equipa decerto já sentia, e contribuindo para deteriorar ainda mais da qualidade do espectáculo. A cidade do Liz não soube assim merecer a oportunidade que lhe foi dada de ver os melhores jogadores portugueses em acção, e é natural (e desejável) que a federação tenha isso em conta quando agendar os jogos de apuramento para o Mundial 2010, bem como, assim o esperamos, os particulares de preparação para a fase final do Euro.
Mesmo descontando o facto de, como aqui já disse uma vez, pouco mais de meia centena de indivíduos conseguir, no meio do silêncio, fazer-se passar por uma enganadora multidão, devo dizer que este episódio de Leiria não me surpreendeu totalmente, surpreendendo-me, isso sim, o facto de este jogo ter sido lá marcado.
Se há cidades em Portugal onde me parece que as pessoas vivem de costas para o futebol, Leiria é uma delas. Dispõe de um estádio fabuloso, tem uma actividade industrial considerável, um bom nível de vida, e uma equipa desde há anos na divisão maior, mas o que é certo é que as assistências dos jogos do União local são reiterada e inexplicavelmente das mais baixas da Liga portuguesa, e seguramente das mais baixas de todas as principais ligas europeias. A agravar a situação, o União de Leiria é neste momento último na classificação, tem tido uma época conturbada, o que naturalmente potencia um ainda maior desencanto dos leirienses, que só nas últimas horas antes da partida esgotaram os cerca de vinte mil bilhetes à venda.
Não há mal nenhum em as pessoas não gostarem de futebol – ninguém a isso é obrigado -, o que não se pode, nem deve, esperar, é que essa indiferença venha a ser “premiada” com jogos decisivos da selecção, enquanto muitas outras pessoas, de muitas outras cidades, tudo dariam para ter Ronaldo, Simão, Quaresma etc, diante dos seus olhos. Aliás, já na qualificação para o Mundial Leiria recebeu um jogo e ainda esta temporada recebeu a Supertaça, enquanto que por exemplo o estádio do Algarve, o de Braga e o de Guimarães (este conhecido pelo entusiasmo e fidelidade dos adeptos) ficaram de fora das escolhas. Desconheço o momento em que foi definido o local deste jogo, mas suspeito que o mesmo tenha sido marcado já numa fase em que se perspectivava a sua importância, o que torna ainda menos compreensível a opção da FPF.
Mas o caso não fica infelizmente por aqui. Na próxima quarta-feira, a selecção nacional vai decidir o apuramento para o Euro 2008 no estádio de um clube que anda, desde há muito, em rota de colisão com o seleccionador nacional, e consequentemente, por muito que isso possa ser negado, com a federação e com a própria equipa. Aliás, cabe aqui uma nota para referir que o F.C.Porto, e a sua órbita de influência, nunca tiveram uma relação muito saudável com a selecção nacional. Desde os tempos de Pedroto, reforçados, sedimentados e refinados com Pinto da Costa, que os portistas, ou muitos deles, aprenderam a olhar de lado uma representação nacional que, ao fim e ao cabo, procura unir aquilo que eles, política e institucionalmente, sempre procuraram dividir. Nos últimos anos, primeiro o caso Baía, depois também – porque negá-lo - os excelentes resultados da equipa das quinas, que retiraram em certos momentos algum espaço (ao nível mediático, e emocional) às conquistas europeias do F.C.Porto – em 2004 viu-se um país em festa com as cores nacionais, menos de um mês depois de, perante a indiferença do país desportivo, o F.C.Porto se ter sagrado campeão europeu -, acentuaram essa, para ser simpático, indiferença. É no estádio do Dragão que Portugal se vai ter de qualificar para o Euro, o que demonstra, uma vez mais, a falta de perspicácia de quem agendou estes jogos, notória aliás também em face da própria calendarização e sequencia dos mesmos, permitindo por exemplo a marcação de uma deslocação à Arménia a meio de Agosto, ou à Bélgica após terminado o campeonato nacional, quando se impunha o aproveitamento dessas datas para a realização de jogos caseiros contra equipas menores.
Espero estar enganado. Acredito que quem irá encher o Estádio do Dragão o fará para apoiar Portugal, independentemente da maior ou menor simpatia que tenha pelo seleccionador nacional. Mas basta um breve olhar pela blogosfera – onde, ao contrário da comunicação social, o politicamente correcto fica à porta – para perceber o estado de espírito com que os portistas olham para a selecção, e até mesmo o desejo que alguns (muitos ?) deles terão de ver a equipa de Scolari ficar pelo caminho, seguindo aliás o exemplo do seu presidente que, ao que se sabe, festejou com champanhe a vitória grega no último europeu. Talvez que a utilização de Bosingwa, Bruno Alves, Raul Meireles, Quaresma, Pepe ou Hugo Almeida (se recuperar) possam ajudar a cativar apoios. Mas temo o pior, sobretudo se as coisas começarem de alguma forma a correr mal.
Parece que o vírus atacou também a, até agora, imune selecção nacional. Em Leiria, durante largos períodos de jogo, assobios ouviram-se desde as bancadas, aumentando os níveis de ansiedade que a equipa decerto já sentia, e contribuindo para deteriorar ainda mais da qualidade do espectáculo. A cidade do Liz não soube assim merecer a oportunidade que lhe foi dada de ver os melhores jogadores portugueses em acção, e é natural (e desejável) que a federação tenha isso em conta quando agendar os jogos de apuramento para o Mundial 2010, bem como, assim o esperamos, os particulares de preparação para a fase final do Euro.
Mesmo descontando o facto de, como aqui já disse uma vez, pouco mais de meia centena de indivíduos conseguir, no meio do silêncio, fazer-se passar por uma enganadora multidão, devo dizer que este episódio de Leiria não me surpreendeu totalmente, surpreendendo-me, isso sim, o facto de este jogo ter sido lá marcado.
Se há cidades em Portugal onde me parece que as pessoas vivem de costas para o futebol, Leiria é uma delas. Dispõe de um estádio fabuloso, tem uma actividade industrial considerável, um bom nível de vida, e uma equipa desde há anos na divisão maior, mas o que é certo é que as assistências dos jogos do União local são reiterada e inexplicavelmente das mais baixas da Liga portuguesa, e seguramente das mais baixas de todas as principais ligas europeias. A agravar a situação, o União de Leiria é neste momento último na classificação, tem tido uma época conturbada, o que naturalmente potencia um ainda maior desencanto dos leirienses, que só nas últimas horas antes da partida esgotaram os cerca de vinte mil bilhetes à venda.
Não há mal nenhum em as pessoas não gostarem de futebol – ninguém a isso é obrigado -, o que não se pode, nem deve, esperar, é que essa indiferença venha a ser “premiada” com jogos decisivos da selecção, enquanto muitas outras pessoas, de muitas outras cidades, tudo dariam para ter Ronaldo, Simão, Quaresma etc, diante dos seus olhos. Aliás, já na qualificação para o Mundial Leiria recebeu um jogo e ainda esta temporada recebeu a Supertaça, enquanto que por exemplo o estádio do Algarve, o de Braga e o de Guimarães (este conhecido pelo entusiasmo e fidelidade dos adeptos) ficaram de fora das escolhas. Desconheço o momento em que foi definido o local deste jogo, mas suspeito que o mesmo tenha sido marcado já numa fase em que se perspectivava a sua importância, o que torna ainda menos compreensível a opção da FPF.
Mas o caso não fica infelizmente por aqui. Na próxima quarta-feira, a selecção nacional vai decidir o apuramento para o Euro 2008 no estádio de um clube que anda, desde há muito, em rota de colisão com o seleccionador nacional, e consequentemente, por muito que isso possa ser negado, com a federação e com a própria equipa. Aliás, cabe aqui uma nota para referir que o F.C.Porto, e a sua órbita de influência, nunca tiveram uma relação muito saudável com a selecção nacional. Desde os tempos de Pedroto, reforçados, sedimentados e refinados com Pinto da Costa, que os portistas, ou muitos deles, aprenderam a olhar de lado uma representação nacional que, ao fim e ao cabo, procura unir aquilo que eles, política e institucionalmente, sempre procuraram dividir. Nos últimos anos, primeiro o caso Baía, depois também – porque negá-lo - os excelentes resultados da equipa das quinas, que retiraram em certos momentos algum espaço (ao nível mediático, e emocional) às conquistas europeias do F.C.Porto – em 2004 viu-se um país em festa com as cores nacionais, menos de um mês depois de, perante a indiferença do país desportivo, o F.C.Porto se ter sagrado campeão europeu -, acentuaram essa, para ser simpático, indiferença. É no estádio do Dragão que Portugal se vai ter de qualificar para o Euro, o que demonstra, uma vez mais, a falta de perspicácia de quem agendou estes jogos, notória aliás também em face da própria calendarização e sequencia dos mesmos, permitindo por exemplo a marcação de uma deslocação à Arménia a meio de Agosto, ou à Bélgica após terminado o campeonato nacional, quando se impunha o aproveitamento dessas datas para a realização de jogos caseiros contra equipas menores.
Espero estar enganado. Acredito que quem irá encher o Estádio do Dragão o fará para apoiar Portugal, independentemente da maior ou menor simpatia que tenha pelo seleccionador nacional. Mas basta um breve olhar pela blogosfera – onde, ao contrário da comunicação social, o politicamente correcto fica à porta – para perceber o estado de espírito com que os portistas olham para a selecção, e até mesmo o desejo que alguns (muitos ?) deles terão de ver a equipa de Scolari ficar pelo caminho, seguindo aliás o exemplo do seu presidente que, ao que se sabe, festejou com champanhe a vitória grega no último europeu. Talvez que a utilização de Bosingwa, Bruno Alves, Raul Meireles, Quaresma, Pepe ou Hugo Almeida (se recuperar) possam ajudar a cativar apoios. Mas temo o pior, sobretudo se as coisas começarem de alguma forma a correr mal.
5 comentários:
LF
Se o jogo tivesse acontecido no Estadio da Luz, Alvalade, Algarve ou noutro qualquer, os jogadores ouviam assobios na mesma, foi muito mau, para se continuar a aplaudir ou apoiar
Nós estavamos a jogar contra uma equipa da 3ª divisão Europeia e estavamos á "rasca" durante os 30m iniciais
Quando o jogo começou ouvia-se o apoio que vinha das bancadas, mas depois o ambiênte começou a arrefecer com as jogadas perigosas dos arménios, sem que a nossa equipa tentasse fazer algo, para mudar o rumo do jogo
O LF tem de perceber, que o publico, quando vai á Bola, vai com grandes ilusões de ver um bom jogo e acima de tudo ver a nossa equipa a jogar bem, pois tem jogadores para isso, quando essa situação não acontece, as ilusões passa a desagrado e revolta, é uma questão de mentalidade do nosso povo, é o nosso sangue latino
C. Ronaldo, diz que está á 5 anos no Manchester Und. e nunca ouviu assobios em Inglaterra é outra mentalidade, outro povo, ele já deveria ter percebido esta situação
Em relação aos jogos da Selecção, não me parece que a Selecção seja menos apoiada no Porto, ou em qualquer parte de Portugal, o nosso país é tão pequeno, que facilmente há Lisboetas no Porto, como portistas em Lisboa ou de outra parte do País, essa divisão e complexo de inferioridade é conversa de pinto da costa e dos adeptos do fcp, não dos habitantes do Porto em geral, até nisso, estes jogadores têm a felicidade de já não haver problemas de clubismo, como antigamente
Actualmente a nossa Selecção é apoiada por todo o lado onde jogue, quer em Portugal, como no estrangeiro, por isso não há desculpa de motivação e apoio
Os Portugueses, querem ver a sua equipa ganhar e jogar bem, de perfêrencia, como foi no Euro2004 e no Mundial de 2006
LF, temos dos melhores jogadores da Europa, nas suas posições e não somos uma equipa
Porqué ???, algo está a falhar de certeza
Oxalá seja verdade, e sejamos mesmo apoiados devidamente no Porto.
Mas se as coisas correrem mal de início, temo o pior.
Quanto aos assobios, o que é preciso é que essas pessoas percebam que estão a perturbar a equipa, e por vezes parecem não perceber.
Face ao teu comentário biltre, vou-te só fazer algumas observações:
- Eu estive no Portugal - Servia, no Estádio de Alvalade (penso que em Lisboa...), e a selecção foi tão ou mais assobiada que em Leiria.
- Os adeptos TAMBÉM assobiam o Quaresma (e os portistas em especial, por tardar em mostrar ao Scolari porque pode ser titular no lugar da Simonei).
Estou em ver que, para ti, jogos cruciais eram todos em Lisboa, onde só há portugueses de sangue puro, não esses mestiços do norte, que até foi onde o país começou... Se o teu filtro vermelho te deixasse compreender, talvez percebesses que em Leiria não se vai à bola porque o espectáculo disponível é de fraca qualidade comparado com o preço, e se antes as pessoas ainda iam lá ver os jogos dos grandes, até agora percebem que é melhor ver na sporttv caso o jogo dê para dormir... ou seja, a mesma razão pela qual assobiaram a tua selecção, seu biltre! Enfia mas é as tuas classificações reais e as tuas bandeiras de portugal pelo recto acima, porque se há aqui alguém que anda a dividir o país, és tu e os iguais a ti, com o seu complexo de superioridade crónico.
Facto:
Jogos da fase de qualificação em lisboa: 3
Portugal - Bélgica
Portugal - Polónia
Portugal - Sérvia
Jogos da fase de qualificação no Porto: 2
Portugal - Azerbeijão
Portugal - Finlândia
Facto: Para além de Lisboa ficar com mais jogos, ficou com os cabeças de série todos. Se achas que o jogo da decisão foi desviado para o Dragão, culpa a tua querida equipa.
A última linha deste último comentário ("a tua querida equipa") consegue ser mais esclarecedora do que todo o texto que fiz.
Obrigado pela ajuda !
Sim, quando me criticam, também costumo só reter o que me interessa...
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