EVIDÊNCIAS
Pode ter passado despercebido a muita gente, mas José António Camacho, na conferência de imprensa após a partida de Braga, assumiu textualmente como objectivo da temporada para o Benfica, não o título, como seria natural, mas sim a presença na Liga dos Campeões do próximo ano, para o que será suficiente um segundo (ou mesmo terceiro) lugar.
Gostava de saber o que aconteceria no país desportivo se tivesse sido Fernando Santos a fazê-lo. Seja como for, parece óbvio que Camacho já percebeu a dificuldade que este Benfica, mexido e remexido, terá para se bater com uma equipa feita, madura, sólida e com uma dinâmica competitiva incomparável no nosso país, como é o caso do F.C.Porto, seja o técnico Jesualdo ou outro qualquer.
O Benfica iniciou a sua preparação com um plantel que, então sim, parecia capaz de se assumir como forte candidato, ou até favorito ao título. Tinha Simão, Karagounis, Manuel Fernandes, Anderson e ainda se falava de Miccoli. A um bom onze que já vinha da época anterior, o Benfica somava também algumas opções de banco, como Zoro, Coentrão ou Butt. Acima de tudo, tratava-se de uma equipa já trabalhada, com rotinas de jogo adquiridas, e que poderia, em poucas semanas apresentar um nível competitivo forte.
Tudo isso foi desmantelado por uma direcção precipitada, irresponsável e incompetente, que deixou sair jogadores sem alternativas, em timings tardios e desadequados, acabando por, numa clara fuga para a frente, oferecer a cabeça de um treinador mal amado pelos sócios, e assim pôr termo a uma crise da qual acabou milagrosamente por quase sair incólume. Mas o mundo não para, a concorrência também não, e eis o Benfica com seis pontos perdidos em cinco jogos, e o F.C.Porto isoladíssimo na frente.
Dispondo de um lote de jogadores interessante sob o ponto de vista técnico, o Benfica não conseguiu ainda – nem vai conseguir tão depressa, nem se esperaria que o fizesse – edificar uma equipa coesa, equilibrada e que faça valer, mais do que argumentos individuais, a força de um conjunto. Camacho sabe-o melhor que ninguém, e vendo a eficácia patenteada pelos portistas, coloca água na fervura do tradicional optimismo benfiquista, chamando a atenção para a verdade dos factos: muito dificilmente o Benfica será campeão este ano. Nada de mais natural portanto. Reconhecer as limitações, contrariar um discurso megalómano, retirar pressão dos ombros dos jogadores e preparar os sócios.Gostava de saber o que aconteceria no país desportivo se tivesse sido Fernando Santos a fazê-lo. Seja como for, parece óbvio que Camacho já percebeu a dificuldade que este Benfica, mexido e remexido, terá para se bater com uma equipa feita, madura, sólida e com uma dinâmica competitiva incomparável no nosso país, como é o caso do F.C.Porto, seja o técnico Jesualdo ou outro qualquer.
O Benfica iniciou a sua preparação com um plantel que, então sim, parecia capaz de se assumir como forte candidato, ou até favorito ao título. Tinha Simão, Karagounis, Manuel Fernandes, Anderson e ainda se falava de Miccoli. A um bom onze que já vinha da época anterior, o Benfica somava também algumas opções de banco, como Zoro, Coentrão ou Butt. Acima de tudo, tratava-se de uma equipa já trabalhada, com rotinas de jogo adquiridas, e que poderia, em poucas semanas apresentar um nível competitivo forte.
Tudo isso foi desmantelado por uma direcção precipitada, irresponsável e incompetente, que deixou sair jogadores sem alternativas, em timings tardios e desadequados, acabando por, numa clara fuga para a frente, oferecer a cabeça de um treinador mal amado pelos sócios, e assim pôr termo a uma crise da qual acabou milagrosamente por quase sair incólume. Mas o mundo não para, a concorrência também não, e eis o Benfica com seis pontos perdidos em cinco jogos, e o F.C.Porto isoladíssimo na frente.
O Benfica tem andando, desde há anos, em termos desportivos, um passo atrás do F.C.Porto. Teve uma oportunidade de dar esse passo este verão. Não quis ou não pôde dá-lo, voltando a uma estaca zero, de onde recorrentemente vai, ano após ano, tentando iludir-se a si próprio e aos seus seguidores.
Será Camacho a pôr fim a este ciclo ? Se lhe derem tempo e condições, talvez. Na sua primeira passagem pelo clube encontrou o caos (com Jesualdo Ferreira, justamente…) e foi a partir dele que preparou uma equipa para ser campeã, muito embora não tenha ficado para festejar esse título. A matéria prima que tem agora à disposição é melhor, e o Porto de Jesualdo, apesar de tudo, não é o de Mourinho. Mas este será (mais) um ano de transição, e é bom que os benfiquistas vão interiorizando isso, abandonando de vez as suas habituais megalomanias saudosistas de uma grandeza de outros tempos, que por vezes apenas parece subsistir fora dos relvados.
A vida nunca anda para trás. A situação do Benfica é a de uma equipa talentosa, mas jovem e ainda em fase de formação. Não interessará muito mais discutir porque se chegou aqui, mas sim partir daqui para um futuro onde erros crassos como os dos últimos anos se não repitam mais.
Camacho já percebeu tudo. E Vieira ? Será que entendeu ?
2 comentários:
Foi dos blogues de benfiquistas aquele que fez uma análise precisa e clara sobre o Benfica que se espera para esta época. Para muitos adeptos este treinador já não presta e se calhar já pensam no Mourinho... A uma estratégia delineada a médio/longo prazo prefere-se o improviso. Talvez seja melhor irem a Fátima e suplicarem a Nossa Senhora por um milagre: Transformar o Benfica numa equipa campeã.
FS
Talvez não seja preciso ir a Fátima.
Com uma gestão desportiva coerente e competente, a coisa vai lá.
Obrigado pelas palavras. Acho que não servem o Benfica aqueles que escondem a cabeça na areia, mas sim aqueles que põem o dedo na ferida. Procuro fazê-lo, quando entendo ser caso disso.
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