A VITÓRIA DA EXPERIÊNCIA
A derrota do Sporting perante o Bayern de Munique é um resultado absolutamente normal. Tão normal como foi a derrota do Benfica face ao Manchester.
Os bávaros são um dos clubes mais ricos do mundo, têm uma equipa recheada de grandes estrelas, levam duas dobradinhas consecutivas no seu país, e apresentam-se este ano bastante reforçados com legítimas ambições de lutar pelo ceptro europeu.
O Sporting, pelo contrário, apesar de uma entrada de leão na milionária prova, é ainda uma equipa sem estatuto (nunca passou dos quartos de final desta prova), sem experiência (carregada de jovens recém saídos das suas escolas), que luta pela sua afirmação nos grandes palcos europeus. Se ganhasse, surpreenderia mais uma vez a Europa do futebol. Perdeu. Naturalmente.
Os primeiros vinte e cinco minutos mostraram um Bayern poderosíssimo, rápido e forte sobre a bola, muito físico à boa maneira germânica - algo com que este Sporting não sabe lidar muito bem -, e com uma impressionante certeza de passe que lhe permitia, jogando a toda a largura do terreno, baralhar por completo as marcações à equipa leonina, algo atónita com tão fulgurante exibição de superioridade alemã. Este período culminou com o único golo da partida, obtido num potente pontapé do nosso bem conhecido Schweinsteigger.
O Sporting reagiu muito bem, conseguiu empurrar os bávaros para trás e assumir o controlo do jogo na ponta final da primeira parte, sem conseguir todavia construir grandes ocasiões de golo.
No segundo tempo, com a entrada de Djaló, mas sobretudo com a expulsão do autor do golo alemão, os leões ganharam ainda mais alento e partiram para o seu melhor período. A equipa de Magath sentiu o perigo e acantonou-se em frente da sua área, de onde raramente saíu, deixando três quartos do relvado por conta dos verde-brancos, que contudo encontravam grandes problemas assim que se aproximavam dessa tão densamente povoada zona do campo.
O tempo foi passando e, apesar de alguns lances de grande perigo junto da baliza de Kahn, a verdade é que o Bayern foi levando a água ao seu moínho, não cometendo erros - que rigor impressionante no seu processo defensivo - e jogando com o tempo, com a sua experiência e com a correspondente ansiedade que se foi apoderando dos jovens jogadores da casa, à medida que o relógio avançava.
Nos últimos dez minutos, fruto desse nervosismo e também eventualmente de algum cansaço, o Sporting perdeu fulgor, percebendo-se então que só muito dificilmente o golo apareceria.
Individualmente há que destacar o trabalho de João Moutinho, o mais constante ao longo do jogo, se bem que também Carlos Martins tenha dado nas vistas enquanto esteve em campo. Já falei de Yannick Djaló, que entrou muito bem no jogo. Caneira, Polga e Tonel também não estiveram mal. Já Nani (muito marcado) e Liedson, talvez os dois homens de quem mais se esperava, não se mostraram tão inspirados como a equipa necessitava. Miguel Veloso deixou a espaços denotar a sua natural inexperiência, sobretudo no período mais afirmativo do Bayern.
Os alemães valeram sobretudo pelo conjunto, embora Van Bommel e Sagnol tenham estado em plano bastante elevado, tal como o veterano guardião Oliver Kahn.
A arbitragem de Terje Hauge não foi muito feliz, deixando uma grande penalidade por assinalar para cada lado (uma sobre Podolski ainda na primeira parte, e outra sobre Tonel já nos minutos finais), e exagerando no primeiro amarelo a Schweinsteigger, que depois viria a ser expulso.
A esperança no apuramento mantém-se de pé para o Sporting, que no entanto perdeu nesta jornada a situação de privilégio em que se encontrava. A equipa de Paulo Bento tem agora pela frente os dois mais difíceis jogos do grupo (em Munique e em Milão) e se não pontuar em nenhum deles ser-lhe-á muito difícil terminar entre os dois primeiros classificados.
3 comentários:
Então e a análise do F.C.Porto ?
Caro amigo,
Lamento muito mas a sobreposição de jogos de Benfica e Porto tem-me impedido de ver os jogos dos portistas.
Normalmente sigo os jogos do Porto na Champions com todo o interesse, mas este ano não tem sido possivel.
Sei que jogou bem, vi os golos, comentei a situação do grupo, mas não poderei dizer muito mais.
Quem sabe a partir dos oitavos de final lhes darei mais atenção ?
No próximo domingo também não me deve ser possível elaborar grandes análises ao Sporting-F.C.Porto, pois estarei na Luz quase à mesma hora para ver o Benfica-E.Amadora.
Com muita pena minha, acreditem.
Já fui inclusivamente a Alvalade ver Sportings-Portos, e gostaria muito de ver o jogo, pelo menos na TV.
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