A RÉGUA E ESQUADRO: Como sair do "Pressing"
«Pressing»: palavra sagrada quando se fala na atitude competitiva das equipas modernas. Mas, atenção: não se joga para pressionar, mas sim pressiona-se para jogar e, previamente, não deixar jogar. Neste contexto, se é importante treinar o pressing organizado, mais importante será, vendo o outro lado da questão, treinar para saber sair da prisão que um pressing bem feito colocaria qualquer equipa.
A base do pressing traduz-se em reduzir os espaços, o chamado campo útil, ao adversário. A fuga ao pressing, pelo contrário, deve ter como principio alargar o campo, utilizando-o a toda a largura. Como o pressing bem feito deve começar a ser executado pelos avançados e médios subidos no terreno, de forma a recuperar a bola o mais perto possível da área adversária, o primeiro ponto para fugir dessa zona de pressão reside em saber sair, com segurança, dessas posições recuadas. Para o fazer, há que ter em conta dois factores essenciais. Um relacionado com a bola, outro com os espaços. Assim, nesse momento de saída, devem ficar sempre pelo menos três jogadores atrás da linha da bola. Depois, chegando ao meio campo, os alas tem de surgir em apoio, dando referências de passe, sempre atrás da linha da bola, para permitir a circulação de um flanco para o outro, preferencialmente por trás. Neste ponto, a táctica é a…técnica. Saber tocar a bola, curto, um, dois, três passes, atrasar, temporizar, virar jogo, trocando de faixa alternadamente. O fundamental é utilizar o campo em toda a sua largura. Com isso, a outra equipa é forçada a alargar linhas, perde intensidade anímica de recuperação e os espaços aumentam, permitindo então o cruzar da linha de pressão. Vejam o Milan, Lyon ou Barcelona a sair a jogar desde trás e reparem como essas equipas sabem escapar do engarrafamento do pressing que os adversários lhes tentam fazer. Todas explicam como tanto o pressing, como o sair do pressing, vivem mais da organização do que do simples esforço. Tirar a bola do local onde a recuperaram e colocá-la, em dois toques, no lado contrário. Alargar o campo o mais rapidamente possível. Reparem como Deco, Pirlo ou Juninho executam esses princípios. Evitando sempre a rigidez posicional, reduzem a velocidade, ganham precisão de passe e circulação, e, depois, aceleram no ataque. Outra forma de saltar o pressing, seria o jogo directo, mas tal processo só pode ser um recurso. Mesmo que recorram a esse pontapé longo, ele deve ser acompanhado, automaticamente, pela velocidade. Caso contrário, apenas oferece a bola ao adversário que, assim, via indirectamente o seu pressing funcionar. Para as verdadeiras equipas de top, só recuperando a bola, elas recuperam, no fundo, os fundamentos do seu jogo.
LUÍS FREITAS LOBO - "Planeta do Futebol"
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