GRAU ZERO

O Benfica perdeu esta noite uma boa oportunidade de entrar a vencer na Liga dos Campeões. Os dinamarqueses do F.C.Copenhaga não mostraram argumentos para se imiscuir na luta pelo apuramento e nessa medida a sensação que fica é que foi o Benfica a perder os dois pontos. Para esta ideia contribui também o facto de os nórdicos cedo terem ficado privados do seu jogador mais influente (Kronkjaer), e deixarem notar claramente essa falta em quase toda a segunda parte.
É claro que não podemos deixar de lado o momento actual do Benfica – sobretudo a forma disparatada como entrou no campeonato nacional – pois situar-se-á aí o motivo pelo qual nos últimos minutos da partida desta noite os jogadores encarnados (denunciando uma enorme crise de confiança) optaram por trocar a bola e segurar um empate que, à priori, não parece deixar motivos para grandes festejos. É certo que uma equipa é ela e as suas circunstâncias, e Fernando Santos conhecerá melhor que ninguém as actuais limitações físicas e mentais do grupo que tem ao seu dispor, bem como a capacidade que ele teria ou não para estender mais o jogo nos momentos em que o F.C.Copenhaga parecia prestes a ceder, mas o que é certo é que a equipa da Luz nunca chegou a dar esse passo em frente, deixando no ar a dúvida se teria ou não condições para o fazer.
A única melhoria efectiva que se notou do jogo do Bessa para hoje foi a nível do sector defensivo. Luisão esteve bem melhor (apesar de alguns erros de pequena monta), Alcides dá mais segurança do que Nélson, e Ricardo Rocha está claramente em melhor forma que Anderson.
Em termos ofensivos os problemas voltaram a ser os mesmos. Nuno Gomes sozinho e completamente inoperante, Simão naturalmente longe do seu melhor e um Paulo Jorge voluntarioso (como Manu no Bessa) mas pouco eficaz - salvo num lance em que poderia ter decidido o jogo - quase nunca conseguiram causar perigo à defesa contrária. O meio campo, apesar de algumas interessantes, mas intermitentes, movimentações de Nuno Assis, sentiu a falta de um Rui Costa ao seu melhor (o que também não existiu no Bessa), e continua a denotar uma enorme lacuna ao nível do trabalho de transição que era antes efectuado por Manuel Fernandes, e que nem Katsouranis nem Petit dão mostras de conseguir realizar.
O grego é um caso interessante nesta equipa, pois não só não participa praticamente no processo ofensivo, como por vezes falha passes e recepções aparentemente fáceis, mostrando-se ainda muito pouco ambientado ao futebol do Benfica - por momentos cheguei a lembrar-me de...Paulo Almeida. Nesta diferença entre o futebol de Manuel Fernandes e de Katsouranis parece estar mesmo a chave para a crise de identidade patenteada pelos encarnados neste início de época. Veremos como Fernando Santos vai resolver esta dificuldade, mais uma causada pela indefinição do sistema táctico resultante do caso Simão - Katsouranis seria muito melhor aproveitado num modelo de 4-4-2 como vértice mais recuado do losango de meio campo.
No próximo dia 26, na recepção ao Manchester United, estou em crer que um empate será, então sim, um bom resultado, mas o que avulta desta jornada parece ser que, como a lógica dizia à partida, os confrontos entre Benfica e Celtic irão decidir em larga medida as contas do apuramento.
Individualmente atribuiria as seguintes pontuações (de 0 a 5) : Quim 3, Alcides 3, Luisão 3, Ricardo Rocha 3, Léo 3, Petit 3, Katsouranis 2, Nuno Assis 3, Paulo Jorge 3, Nuno Gomes 1, Simão 2.
Algumas das pontuações devem-se mais ao esforço empreendido do que propriamente à qualidade de jogo, que foi no geral pobre.

18 comentários:

Anónimo disse...

Triste exibição, triste resultado.
Deve ter sido o único ponto ganho por esta simpática equipa dinamarquesa.

LF disse...

Esperemos que não.
Esperemos que roubem pelo menos um pontinho ao Celtic...

Anónimo disse...

"A Bola" continua-te a "roubar" títulos.
O "Fórmula Zero" de hoje é claramente inspirado no teu "Grau Zero" de ontem.

LF disse...

Claramente Xinfrim ...

Nada para admirar. Este blog é uma instituição de referência :)

Anónimo disse...

Desta vez estou totalmente de acordo contigo...
O Benfica fica, para a construção de jogo no miolo do terreno, somente com Petit e desta vez, com Assis, o que é manifestamente insuficiente, não só pela falta de criatividade destes dois, mas também porque e o grego é exactamente (e aí estou totalmente de acordo contigo) um Paulo Almeida em potência, tipo, só atrapalha, para isso prefiro o genuíno e voluntarioso Beto (começo a ter saudades de Koeman, o que não é nada bom). No futebol moderno já é um luxo ter um jogador que só destrói, quanto mais ter dois. Resumindo, há falta de criatividade no meio-campo benfiquista, isto é, falta de classe... A continuarmos assim, com Petit e Katsouranis, o contra-ataque é a única táctica que nos resta (é para esquecer o mito de equipa denominadora), para tal temos que contar com um Rui Costa em bom plano e um Simão no seu melhor, bem como um Manú (também muito rápido) mais pratico.
Também estou de acordo com o Fernando Santos, só depois dos outros adversários jogarem na Dinamarca é que saberemos se foi ou não um bom resultado, eu temo que não.

Anónimo disse...

LF

Enquanto o nosso treinador e jogadores tiverem medos e receios do FC Copenhaga, não vamos a lugar nenhum, resta-nos passar vergonhas, por essa Europa fora

Jogar á defesa contra o FC Copenhaga, só admitia caso o Benfica não tivesse estudado o nosso rival

LF disse...

É Brytto,

De facto o Katsouranis ainda não convenceu.
Recordo no entanto umas declarações (não me lembro de quem, mas de alguém conhecedor do futebol grego), logo que o jogador veio para o Benfica, que alertavam para o facto de ser um jogador que demorava a entrar no ritmo da época.
Resta-me a esperança que assim seja.

Petit faz muito bem a posição "6", mas na posição "8" tem algumas limitações. O que significa que temos dois "6" sobrepostos e nenhum "8" como Manuel Fernandes era.

O grego tem sentido posicional e de cobertura dos defesas, parece não ser mau de todo em termos de jogo aéreo, mas para ocupar aquela posição, neste sistema táctico, faria falta um super-Petit, que ainda não apareceu.
A dupla entre ambos não me parece, para já, muito conseguida.


Ainda bem que já chegaste também à conclusão que o contra-ataque é que corresponde à natureza deste plantel.
Sempre tenho defendido que o Benfica não tem plantel para praticar um jogo dominador (pelo menos enquanto tiver jogadores chave como Simão e Nuno Gomes, nitidamente talhados para esse estilo de jogo, que aliás valeu ao Benfica um título e uma boa prestação na Liga dos Campeões).
Disse aqui há dias que este Benfica nunca poderia ser uma equipa "mandona", mas até talvez pudesse vir a ser uma equipa "matreira"

Todo este Benfica está vocacionado para dar a posse de bola ao adversário, deixá-lo pressionar, fechar-se e resolver o jogo aéreo com Luisão, e depois de conquistar a bola jogá-la através de passes longos (de Rui Costa ?) à procura das desmarcações rápidas de Simão (e Manu ou Paulo Jorge ou Miccoli), ou das tabelinhas em profundidade e com espaço de Nuno Gomes (ou Nuno Assis).
Simão é rentabilizado ao máximo nesse modelo, bem como Nuno Gomes e Nuno Assis, jogadores que só jogam bem quando beneficiam de espaço.

Principalmente na Europa, é assim que vejo algumas hipótese de sucesso.

Em termos nacionais também não há muito por onde fugir disso, se bem que traga como consequência ouvir monumentais assobiadelas nos jogos em casa, com o Estádio da Luz a ver um Benfica remetido à defesa e a bola na posse dos adversários, enquanto esperava pelo aparecimento de espaços nas suas costas, como sucedia nos tempos de Trapattoni.



Este ponto, seja ganho ou perdido, nada compromete.
Creio que a decisão vai ser nos jogos com o Celtic.

LF disse...

Catn,

Penso que o medo que se sentiu na equipa tem origem do défice de confiança com que se partiu para este jogo, em virtude do resultado e exibição do Bessa.

Fernando Santos disse no final que não pediu aos jogadores para defenderem o empate, e que foram estes que não se sentiram confiantes para buscar a vitória.

É compreensível, embora tenha que reparar que o técnico fez a primeira alteração aos 81 minutos, quando desde os 60/65 era nítido que, com alguma audácia, se poderia ganhar o jogo.


Mas veremos o que esta equipa vale quando tiver os seus melhores jogadores (Allback e Gronkjaer) em pleno.

Para já importa não perder com o Manchester.

Anónimo disse...

A jogar assim somos trucidados pelo Manchester

LF disse...

Até lá esperemos que a equipa melhore um pouco que seja.

Sabe-se que Giggs e Park não jogarão, pelo que a equipa do Manchester está à partida quase definida, partindo do principio que não abdicarão do 4-4-2 :
Vandersar, Neville, Ferdinand, Silvestre, Evra, Carrick, Scholes, Fletcher, Ronaldo, Saha e Rooney

Já agora um Benfica de combate para evitar a derrota:
Quim, Alcides, Luisão, Ricardo Rocha, Léo, Katsouranis, Beto, Petit, Rui Costa, Nuno Gomes e Simão

Mas teremos tempo de falar mais neste jogo...

Anónimo disse...

Katsouranis, Beto, Petit?
ehh lá...

Anónimo disse...

repararam?
a tibia do Patrick Vieira é do tamanho do João Moutinho.

bolanalona disse...

o que será preciso mais para este peudo-treinador ir embora? era a unica maneira de nos dar uma alegria..

bolanalona disse...

onde está "peudo" deve ler-se : pseudo

Anónimo disse...

Cj,

Para este Benfica não perder com o Man United, tem de adoptar uma eestratégia de retranca pura e dura. Eles que joguem !

Anónimo disse...

Bolanalona,

Acho que, para já, é injusto responsabilizar o treinador.

F.Santos pediu um plantel definido no dia da apresentação e o que teve ?
Simão sai-não sai
Miguelito entra não entra
Karagounis sai e fica
Karyaka sai e fica
Manuel Fernandes sai não sai

Sobretudo o caso de Simão, envolveu alterações no modelo de jogo que ele tinha idealizado - Simão não se adaptaria a um 4-4-2 em losango.

Alterando para 4-2-3-1, de modo a Simão ser melhor rentabilizado, ficou a faltar um ala direito (Geovanni foi inexplicavelmente dispensado), e um bom médio de transição (Manuel Fernandes acabou também por sair), problemas que poderiam ter sido melhor resolvidos se não houvesse a indefinição de Simão.

Depois há o facto de o Benfica ser o clube com mais jogadores no Mundial, jogadores esses que quase não tiveram férias.

A juntar a tudo isto as lesões de Simão, Rui Costa, Miccoli, Alcides, Léo etc, também perturbaram fortemente a preparação da equipa.

Como se não bastasse, a pausa provocada pelo caso-Mateus cortou o ritmo com que se saíra do confronto com o Austria.


Acho que são atenuantes suficientes para podermos dar o benefício da dúvida a Santos.

O meu limite será o duplo confronto com o Celtic. A 17 de Outubro a equipa já terá obrigação de estar bem.
Até lá mantenho a confiança no técnico, devido a tudo o que acabei de referir.

Anónimo disse...

LF

Essa é a mentalidade de um clube de II divisão da Europa, sempre com medo, os outros é que são bons, nós somos uns coitadinhos

Não interessa dizer que somos o maior clube do mundo, com quase 160 mil sócios, temos de provar em campo que somos os maiores, ou que pelo menos, que queremos ser os maiores, a jogar á defesa contra o FC Copenhaga, não passamos de um clube, com grande historial, mas sem a pretenção de o reforçar com novos titulos

Temos de mudar essa mentalidade, a direcção tem tentado inovar, tem criado condições para sermos um clube importante na Europa, agora tem de arranjar um treinador com a mentalidade ganhadora, sem medos

O FS disse que os jogadores é que não foram para a frente e tiveram medo, ainda a pensar na derrota do Bessa, o FS não estava a gostar, mas só mexeu na equipa aos 81m, com uma troca de jogadores para a mesma posição

Repare, o SCP, treinador novo, mentalidade ganhadora, sem medos, jogadores muito jovens, sem medos, assim se cria uma equipa respeitada e temida

Acredito, que Benfica ainda vai subir muito de rendimento, mas se a mentalidade não mudar, vai ser uma época triste e com poucas alegrias

Gostaria bastante de estar enganado, a ver vamos !!!

Anónimo disse...

Temos de dar tempo.
O Sporting tem uma equipa construída desde o ano passado.
Os princípios de jogo estão já adquiridos, os jogadores conhecem-se, jogam quase de olhos fechados.
O Benfica sofreu profundas alterações, umas premeditadas outras imprevistas ou resultado de uma má condução da política desportiva (casos Simão, Miguelito, Karagounis, Karyaka, Manuel Fernandes e Geovanni), e que dificultaram enormemente a vida do treinador, contra a sua vontade e contra o que ele havia pedido.

Estou disposto a dar um mês a Fernando Santos para fazer do Benfica uma equipa ganhadora.
Não me interessa se domina os jogos ou não, se joga bonito ou feio.
Quero que dentro de um mês o Benfica dê garantias de poder ganhar a maioria dos jogos que disputar.

Até dia 18 de Outubro (dia seguinte ao jogo de Glasgow) ninguém me ouvirá dizer uma palavra contra o treinador.