A CARAVANA E OS CÃES

As críticas a Scolari entre alguns (felizmente poucos) comentadores portugueses, estão a atingir os limites do absurdo.
Depois de haver sido vilipendiado ao longo de quatro anos por um grupo restrito de pseudo-especialistas, quase todos ligados ao F.C.Porto (e directa ou indirectamente por via da não convocação de Vítor Baía, e agora de Quaresma), Scolari aproveitou uma curta declaração a um jornalista brasileiro para deixar claro que as críticas não o abalam, e também que os dedos das mãos chegam para contar aqueles que em Portugal se lhe opõem (no que, reconheça-se, talvez tenha sido demasiado optimista).
Ter-se-á excedido nos termos, mas no essencial Scolari apenas se defendeu de quatro anos de insultos gratuitos, vindos de quem não consegue distinguir o interesse nacional, representado pela selecção, da podridão reinante na maior parte das quezílias clubistas.
Sejamos claros. Pode-se simpatizar com o estilo Scolari ou não, pode-se discordar da convocatória do jogador A, B ou C (eu por exemplo teria convocado Quaresma, Moutinho e Ricardo Rocha), mas não se pode negar que a selecção nacional tem tido excelentes resultados desde que ele assumiu o cargo.
Portugal nunca tinha atingido uma final e foi com Scolari que o conseguiu. Perdemos com a Grécia, mas ganhámos à Rússia, à Espanha, à Inglaterra e à Holanda, nalguns casos com categóricas exibições. Portugal nunca se tinha qualificado para uma fase final com tanta facilidade (sem derrotas e a uma jornada do fim), e fê-lo agora com grande brilhantismo, esmagando a Rússia por 7-1, ganhando na Letónia (que por exemplo empatou com a Alemanha no Euro 2004), na Estónia, e todos os jogos em casa, sempre com impressionante facilidade. Pode-se argumentar que o grupo não era dos mais difíceis, mas quantas vezes Portugal ficou pelo caminho com grupos tão ou mais acessíveis que este, e dispondo também de jogadores de grande gabarito ?
A questão chave é pois esta: os treinadores são avaliados pelos resultados, e os resultados de Scolari têm sido inegavelmente muito bons, mesmo os melhores de sempre do futebol português. O resto são fantasias.
Toda esta má vontade face a um seleccionador, apenas porque não convocou um jogador, encontra as suas origens num pavloviano efeito causado pela hostilidade do “papa” nortenho (que se manifesta sempre que as suas vontades não são integralmente satisfeitas), cujo acéfalo séquito faz questão de sempre subscrever. De resto, o F.C.Porto nunca teve uma relação muito feliz com a selecção nacional, que no fundo representa um conceito de país-nação contra o qual, é preciso dizer, a sua afirmação nacional e internacional sempre foi conduzida - e salvo em períodos em que, de certo modo, foi capaz de a instrumentalizar(com Pedroto, Artur Jorge e António Oliveira, e resultados devastadores), nunca se envolveu de forma muito positiva com ela, sendo até tradicionais as fracas exibições de jogadores do F.C.Porto quando chamados à selecção (desde o tempo de Fernando Gomes e Rui Barros), bem como as diversas derrotas de Portugal nas Antas, onde os jogadores não-portistas eram sistematicamente assobiados.
Scolari fez, e muito bem, gato sapato de todas as pressões que os seleccionadores estavam habituados a sentir, ignorou as pressões de bastidores, mostrou que era ele que mandava, criou o seu grupo, blindou-o e, até ver, tem vencido. Portugal poderá, em termos desportivos, não fazer o mundial que muitos portugueses esperam, mas que não se irão repetir os tristes casos de Saltillo e da Coreia, disso estamos todos seguros que não.
Enfim. Os cães ladram mas a caravana passa...

PS: José Guilherme Aguiar, decerto frustrado por não ter sido lembrado por Felipão como um dos “intelectuais” não alinhados, voltou à carga, criticando até o facto de o seleccionador e a sua equipa terem sido recebidos pelo Presidente da República. O mais engraçado é que, no meio de tanta indignação, acabou por não resistir a soltar um lapidar: “eu por exemplo, nunca fui recebido pelo Presidente da República”...
Eu também não, Sr. Guilherme Aguiar...

7 comentários:

Anónimo disse...

Caro LF. julgo que todos temos o direito em emitir as nossas opiniões, agora falar em " Racismo " e dizer mentiras( 99,9 % dos Portugueses estão comigo), está sujeito a retaliações, pois Portugal não é um país racista, temos na nossa 1ª liga muitos e muitos jogadores estrangeiros, em desfavor dos jovens jogadores Portugueses

A situação foi mais grave, do que deixa transparecer o LF, não é só uma guerra de clubes, qual foi o treinador, que teve tantas vededas na selecção

A selecção do Vitor Baia, Fernando Couto, Rui Costa e outros, preparou o caminho, para esta selecção ser temida, pelo mundo fora e jogar sempre para ganhar e o treinador não era o Sr. Socolari

SAUDAÇÕES DESPORTIVAS

Anónimo disse...

Eu próprio referi que Scolari se tinha excedido (como por exemplo dizendo que os portugueses tinham inveja dos brasileiros).
Apenas considero que ele tem sido perseguido por um grupo de pessoas, que desde antes do Euro 2004 o atacam por tudo e por nada, e de forma muito pouco cavalheiresca. Quem não se sente...

Parece-me claro que o grosso das críticas a Scolari começaram com a não convocação de Vítor Baía, que além de um jogador influente no FCP, tem também aquilo a que se costuma chamar uma excelente imprensa. Há pessoas de outros clubes que são ferozes críticos de Scolari, mas convenhamos que a maioria das críticas sempre veio e continua a vir do norte.

Quanto à qualidade dos jogadores recordo que em muitas ocasiões da nossa história tivemos grandes jogadores na selecção e os resultados nunca forma famosos, excepto em 1966. Por exemplo, falhámos com Artur Jorge o mundial de França, com uma equipa que contava com Vítor Baía, Jorge Costa, Fernando Couto, Dimas, Paulo Sousa, Rui Costa, Figo, Oceano, João Pinto, Sá Pinto, Domingos etc, todos no auge das carreiras. No mundial do México tinhamos Diamantino, Carlos Manuel, Bento, Damas, João Pinto, Álvaro, André, Jaime Pacheco, Sousa, Gomes, Futre, Rui Águas etc ficando ainda de fora Nené, Jordão e Manuel Fernandes. Na Coreia a nossa equipa contava com Figo, Rui Costa, Petit, João Pinto, Pauleta, Nuno Gomes, Sérgio Conceição, Pedro Barbosa, Jorge Costa, Fernando Couto, Rui Jorge, Paulo Bento, Abel Xavier, Vítor Baía etc
Seria a diferença assim tão grande ?

Para mim é inquestionável que Scolari se trata de um grande treinador, ao nível do melhor que existe no futebol mundial. Se recordarmos o que ele fez com o Brasil em 2002, que vinha de uma qualificação dificílima (a mais difícil de sempre do escrete, só obtida na última jornada), e que ninguém apontava como favorito, mais reforçamos essa opinião.
Pode ter ar de embirrante, como Camacho também tinha e Mourinho também tem (se pensarmos em coisas que Mourinho já tem dito sobre os ingleses, verificamos que Scolari não passa de um menino do coro em declarações ofensivas), mas por vezes é justamente isso que falta no futebol português.

Anónimo disse...

Carlo LF.

Sejamos claros mas, parafraseando o próprio, o seu post é uma bosta.

As críticas ao "trabalho" do sr. Scollari são e sempre foram oriundas dos mais variados quadrantes territoriais e clubisticos, mesmo antes do euro2004, ao qual, recordo, a seleção não disputou a campanha de qualificação. Nos vários jogos de preparação antes do euro, lembro aquele em que ele atirou a responsabilidade da derrota com a Espanha, por 3-0, para alguns jogadores. Na sua teimosia característica, as suas incontestáveis convicções sofreram um grande abalo só depois da 1ª derrota com a Grécia. Enquanto a razão le fugia e a sua arrogância o fulminava, foi iluminado ao lembrar-se que também tinha convocado um grupo de jogadores do Futebol Clube do Porto, perfeitamente conduzidos pelo José Mourinho para o titulo, taça nacional e uefa. Foi com esse conjunto de bons jogadores, com um estilo de jogo à mourinho, que conseguiu chegar à final mas, escandalosamente perde novamente com a Grécia no jogo que nunca deveria ter perdido contra uma equipa feia e que, pasme-se, não estará neste mundial.
Uma vergonha, foi o que foi.

Se a selecção nacional tem tido excelentes resultados desde que ele assumiu o cargo, lembro o extraordinario empate a 2 com o Lichenstein. De fato, empatar com esta superpotência do futebol internacional foi histórica, e com outro qualquer treinador muito dificilmente se repetirá pois porventura, e parafraseando-o caro LF, foi um dos "melhores resultados de sempre do futebol português".
Portugal nunca se tinha qualificado com tanta facilidade para uma fase final, sim é verdade, mas dizer que Portugal já ficou pelo caminho com grupos mais assecíveis do que este, bem é o mesmo que dizer que o nosso grupo neste mundial é o mais difícil de todos.
Tem razão quando diz que a selecção nacional, a FPF, nunca deu grande felicidade ao Futebol Clube do Porto. Só deu problemas, prejuizos e a possível retoma de sucesso que poderia adevir aos seus jogadores nunca se repercutiu no seu curriculo desportivo. Ao contrário de outros clubes, a selecção não é uma mais valia para o FCP, mas sim uma fonte de problemas com a utilização abusiva de alguns jogadores, a falta de respeito para com jogadores que serviram a selecção enquanto jogavam em inferioridade física (J. Costa, V. Baía, S. Conceição, J. Pinto, P. Santos...) e a e devolução de jogadores com lesões complicadas sem a devida comparticipação, chegando ao ponto de obrigar um jogador com um pé partido a deslocar-se centenas de Kms num automóvel para lhe dar "carinho".

Não sei o nº de derrotas que a selecção nacional teve nas Antas, mas deve ser pouca pois, em relação aos jogos efectuados noutros recintos da capital, poucas vezes lá jogou com adversários verdadeiramente difíceis. Lembro-me sim de um jogo, para o apuramento do Mundial de 2002 em que Portugal jogava contra a Holanda, debaixo de um temporal diluviante, em que a seleção não podia mas estava a perder por 2-0 perto do fim, e foi com o forte e insessante apoio do publico portuense aos jogadores, que a selcção foi capaz de empatar o jogo já no finalzinho.

Caro LF, eu não sacudo a água do capote como o sr. faz. Eu vou cobrar tudo a este treinador. Esta federação dá-lhe tudo o que ele quer, ele dispõe de condições que nenhum outro treinador teve, ele tem jogadores melhor treinados nos clubes e com muita experiência internacional, embora eu ponha em causa algumas das suas escolhas, este treinador tem pelo menos a obrigação de ser campeão do mundo. Que me desculpem mas esta é a minha fasquia.
Se é o incentivo de colocar bandeirinhas à janela e grafitar os jogadores nas ruas, que este senhor julga que nos engana, eu estou de olhos bem abertos, como se diz com um olho no cigano e o outro no burro.

Não simpatizo com o estilo e não simpatizo com o homem que é o senhor scollari. Não me respeita como português, não me respeita como adepto de futebol, não me respeita como portuense.
Eu, como portista, não lhe dou ao respeito.

PS: Scollari quando foi levado pela comitiva a ser recebido pelo Sr. primeiro Ministro, e ao ter que esperar 20 minutos por dificuldades de agenda do PM, barafustou e lamentou o facto de os jogadores estarem ao calor. Bem em Évora é que se esteva bem, não era.

Texto escrito por um tipo que não é racista, que não leva bronca, não tem raiva e não inveja brasileiro, porque é lusobrasileiro.

Anónimo disse...

Nem toda a gente pode estar de acordo. A vida é assim.

Mas...esperar que Portugal não seja campeão do mundo (o que tem 99 % de possibilidades de acontecer), para depois pedir a cabeça de Scolari, não me parece honesto.

Se acha que é uma vergonha perder uma final do campeonato da Europa por 0-1, depois de vencer Rússia, Espanha, Holanda e Inglaterra, pois eu, que estive lá presente, acho que foi um dos momentos mais altos do futebol português, só superado pelo mundial 66.

Ao falar dos "prejuízos" do F.C.Porto com a selecção, só dá razão à ideia central do meu post.

Obrigado pela participação. Os blogs vivem destas polémicas.
Um abraço.

Anónimo disse...

Esqueci-me só de acrescentar, até porque nem me lembrei disso, que Humberto Coelho terminou a sua carreira com uma lesão contraída ao serviço da selecção, Bento idem idem no mundial do México, e que Simão Sabrosa se lesionou gravemente num Portugal-Finlandia, o que permitiu ao seu clube ultrapassar o Benfica no que faltava desse campeonato (o SLB estava então com 4 pontos de avanço), e assim qualificar-se para a Uefa, que depois venceu brilhantemente com Mourinho.

São prejuízos ? Sem dúvida, mas conforme disse, nem me lembrava deles. Um jogador vestido com a camisola do Benfica, ou com a camisola nacional, para mim é a mesmíssima coisa.
Há pessoas para quem não é...

Anónimo disse...

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