AS ESTRELAS DO CÉU DA LUZ

O desempenho colectivo do BENFICA foi de um modo geral muito bom. No plano individual houve também algumas unidades a brilhar a grande altura. Segue uma pontuação de 0 a 5:

MORETTO (2) É difícil analisar a performance de um jogador que, no mesmo jogo, viaja rapidamente entre o medíocre e o excelente. Fez grandes defesas, é um facto, mas as falhas equivaleram-se, algumas bem graves e que podiam ter irremediavelmente comprometido a eliminatória. Se me pedirem para pesar os aspectos positivos e os negativos, diria que não há intervenções que valham a um guardião que tem momentos de desconcentração incríveis, e põe em sobressalto permanente todo o estádio e, acima de tudo, os seus colegas. O pior é que se trata de uma situação reiterada.
RICARDO ROCHA (4) Exibição quase perfeita do, agora, lateral benfiquista. O melhor elogio que se lhe pode fazer é que Ronaldinho Gaúcho pouco se viu no relvado da Luz, pois Ricardo não lhe deu uma nesga de espaço, conseguindo apagá-lo praticamente sem cometer faltas. O único senão foi algum descontrolo táctico, compreensível aliás, na cobertura do seu flanco (Robert também pouco ajudou...), permitindo que por vezes, de olho em Ronaldinho, deixasse Eto’o sozinho a semear o pânico na defesa benfiquista.
LUISÃO (3) Não tão exuberante como de costume, mas ainda assim com uma exibição bem positiva, não dando espaços na sua zona de acção. Foi sempre muito marcado nos lances de bola parada, sinal de que Frank Rijkaard estudou bem o Benfica e as movimentações do seu central.
ANDERSON (3) Entrou um pouco nervoso, sendo dos que mais sentiu o peso da ocasião (duas falhas graves na primeira parte podiam ter sido fatais). Pelo tempo fora foi-se recompondo, acabando o jogo em excelente plano.
LÉO (4) Mais uma extraordinária exibição do pequeno lateral brasileiro. Meteu pura e simplesmente Larsson no “bolso”, não permitindo praticamente nenhuma iniciativa atacante do Barcelona pelo seu flanco (se exceptuarmos o lance da bola ao poste, todas as ocasiões do Barça foram criadas pelo centro ou pela esquerda). Se Messi jogar na segunda mão terá dificuldades acrescidas. Mas se há jogador neste Benfica que inspira total confiança, esse é Léo.
PETIT (3) Muito cauteloso durante a primeira parte, não foi o jogador preponderante que habitualmente é. Ainda assim patenteou a generosidade habitual, nunca virando a cara à luta. Esteve infeliz nas bolas paradas.
BETO (4) O melhor em campo. Esteve soberbo na marcação a Deco, ganhou bolas sem fim na luta do meio campo, e ainda teve espaço, tempo e força para lançar iniciativas de ataque. Um ou outro passe errado (um deles em zona proibida) impedem a nota máxima. Mas Beto terá realizado nesta partida a sua melhor exibição com a camisola do Benfica, e já vai sendo tempo de a massa associativa benfiquista perceber que não pode exigir sons de violino a quem tem por missão tocar tambor.
MANUEL FERNANDES (3) Começou muito bem, beneficiando de alguma liberdade garantida pela protecção de Beto e Petit nas suas costas. Foi durante a primeira parte uma das unidades em maior destaque na equipa do Benfica. No segundo tempo, estranhamente, eclipsou-se, entrando num futebol algo complicativo que originou algumas perdas de bola desnecessárias. Ainda assim nota positiva no conjunto dos noventa minutos.
ROBERT (1) Foi a unidade menos desta equipa na noite da Luz. Muito indolente na hora de lutar pela posse de bola, foi desta vez também bastante incipiente no plano da construção de jogo. O Benfica não jogou com dez na primeira parte, como se ouvia nos corredores da Luz ao intervalo, mas o desempenho do francês foi francamente infeliz. Bem substituído.
GEOVANNI (3) Não repetiu a noite do Manchester, parecendo algo limitado fisicamente. Ainda assim lutou bravamente, e acabou por estar em duas das melhores ocasiões do Benfica, num excelente remate cruzado na primeira parte, e depois, vendo o cotovelo de Oleguer desviar uma bola que se dirigia para a baliza do Barcelona.
SIMÃO (4) Foi muito constante ao longo do jogo, mas foi sobretudo na segunda parte que pôs na relva toda a capacidade que fez um dia o Barcelona pagar uma fortuna por ele. Esteve em grande parte dos lances de ataque do Benfica, e sempre que tocava na bola a defesa catalã dava mostras de alguma prudência. Teve nos pés a glória, quando perto do fim, Valdés defendeu com os pés um remate seu já no interior da área.
MICCOLI (3) Entrou bem no jogo, sendo a unidade que catapultou, com a sua irreverência e rapidez, o Benfica para uma segunda parte de tonalidade bem mais afirmativa em termos ofensivos. Provavelmente não aguentaria o ritmo durante noventa minutos, daí a opção de Koeman em deixá-lo no banco de início.
KARAGOUNIS (2) No tempo que esteve em jogo, garantiu a habitual qualidade na circulação de bola, ajudando a tranquilizar os colegas de modo a segurar um eventual assalto final dos catalães. Ainda teve ocasião para desferir um perigoso remate.


No BARCELONA nem todas as estrelas estiveram cintilantes, mas ainda assim a equipa de Rijkaard construiu as melhores ocasiões do jogo, realizando uma primeira meia hora de grande classe.

Valdés (4) Seguríssimo sempre que chamado a intervir.
Belletti (3) Regular, apesar das dificuldades criadas por Simão e depois Miccoli.
Oleguer (3) Seguro e sereno. Um central de classe.
Motta (3) Cometeu uma grande penalidade que o árbitro não assinalou. De resto esteve regular.
Van Bronkhorst (3) Menos ofensivo que Belletti, foi contudo mais constante no plano defensivo
Van Bommel (4) Excelente desempenho deste habitual suplente. Bem na cobertura defensiva e primeiro pilar das movimentações atacantes da equipa. Muito forte e combativo
Iniesta (3) Bom complemento para Van Bommel
Deco (3) Muito e bem marcado por Beto, não esteve brilhante. Falhou um golo de baliza aberta. De qualquer modo, ainda houve algumas gotas do perfume da sua classe.
Larsson (2) Muito apagado, fruto sobretudo da acção de Léo. Apenas uma vez se libertou atirando ao poste.
Eto’o (4) Apesar do golo falhado diante de Moretto, a verdade é que o camaronês foi a estrela desta constelação que mais perto esteve do seu melhor nível. Extremamente móvel (muito mais do que normalmente aparenta pela televisão), foi quase sempre uma seta apontada à baliza benfiquista.
Ronaldinho (3) A nota pouco brilhante é mais por aquilo que se poderia esperar do melhor jogador do mundo, do que propriamente pelo seu efectivo desempenho. A verdade é que sempre que parte com a bola controlada, gera o pânico total na defensiva contrária. Ontem, todavia, não fez a diferença. Face às suas exibições mais recentes, ficou um certo sabor a pouco, e ainda bem que assim foi.
Giuly (1) Pouco participativo no tempo que esteve em campo
Gabri (2) Contribuiu para segurar o meio campo, numa fase em que o Benfica se assenhoriava das rédeas do jogo.

Árbitro (1) Para além do lance referido do penalty, e sem qualquer tipo de clubismo ou patriotismo, a verdade é que deixou a sensação de ter sido nomeado para ajudar o Barça e Ronaldinho a chegarem à final, em nome da UEFA, da Nike e das correspondentes receitas.
Transformou pontapés de baliza em cantos, marcou faltas ao contrário, evitou cartões aos espanhóis, não deixou, num assomo de absurda falta de bom senso, marcar um livre perigoso no final da primeira parte. O lance do livre indirecto também deixa algumas dúvidas.
Pode ser que esteja enganado, mas na Catalunha iremos voltar a observar este problema. Também a isso os encarnados terão que resistir.


VEDETA DO JOGO : Beto

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