A HORA MAIS NEGRA
Faz hoje dez anos, vivi o momento mais duro em cinco décadas de benfiquismo apaixonado. Nem antes, nem depois, sofri tanto com um resultado, com um golo, com um momento desportivo de qualquer natureza, como com aquele maldito pontapé de Kelvin, que tirou um título que o Benfica tanto merecia, e cujas imagens só alguns anos depois fui capaz de rever.
O futebol é paixão. É um brinquedo de emoções, boas e más - umas existem por causa de outras, e vice-versa.
Passei por os 7-1 de Alvalade, os 7-0 de Vigo, os 0-5 e 5-0 com o FC Porto, os 5-0 em Basileia, a eliminação pelo Gondomar, duas finais europeias perdidas nos penáltis e uma nos descontos, para além de outros campeonatos perdidos nas últimas jornadas, ou eliminações internacionais dramáticas. Mas nada me tocou como aquilo. Talvez porque não estivesse à espera, ou já não estivesse à espera. Talvez porque a época estava a ser maravilhosa, e como tal, com elevado investimento emocional. Não sei. Mas foi o momento mais triste que vivi enquanto adepto, e que por vezes me parece ser irrepetível.
Noutras situações e contextos, tive momentos de revolta por influência das arbitragens. Horas de desânimo, como as goleadas que acabei de referir. Ali não. Foi apenas tristeza. Tristeza profunda.
Foi marcante, e, por muito que queira, jamais irei esquecer.
Como as lágrimas também são parte deste jogo, não deixo de o evocar - como se evocam as tragédias.
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