TEM DIAS

Ao contrário do que foi dito no final pelos treinadores (Jesus e, no caso, Vítor Bruno), não me parece que o “Clássico” tenha sido um bom jogo. Pelo contrário: todas as equipas (Benfica, Porto e, sobretudo, arbitragem) estiveram mal.
O Benfica porque no largo período compreendido entre o golo de Everton e o empate de Uribe praticamente não existiu, limitando-se a esperar que o tempo passasse e que o seu trio de centrais, bem como Helton, continuassem a resolver os problemas que os portistas crescentemente colocavam. O FC Porto porque foi…FC Porto, apostando numa combatividade muito para além das leis, com simulações, intimidações, provocações e entradas selvagens desde o primeiro minuto, destacando-se Otávio, Sérgio Oliveira e, sobretudo, como é hábito, Pepe. O árbitro porque compactuou com tudo isto, utilizando uma impressionante dualidade de critérios que fez com que, pasme-se, o Benfica terminasse com mais do dobro dos cartões amarelos do seu adversário (8-3). Aliás, este número diz tudo sobre a actuação de Artur Soares Dias.
Depois, ainda há o VAR. Já disse várias vezes que não confio minimamente nas linhas de fora-de-jogo. Carecem de rigor em dois aspectos: o próprio ângulo de colocação, e a definição do exacto momento em que a bola parte (no qual uma diferente “frame” do momento do passe pode fazer o seu destinatário adiantar-se dois ou três metros). No futebol de que eu gostava, Darwin estaria em linha no lance do segundo golo do Benfica. E o golo seria validado. E o Benfica ganhava. Até concedo que os dois penáltis possam ter sido retirados, mas anular-se um golo porque um jogador calça 45 e outro 38, ou porque a linha é mais ou menos obtusa, não faz qualquer sentido. E festejar no último minuto para poucos segundos depois perceber que não valeu é dar um tiro no coração do futebol.
De resto, o jogo esteve ao nível das bancadas vazias. Salvaram-se os últimos minutos, quando, então sim, o Benfica foi Benfica, procurando o golo que só por manifesta infelicidade não obteve.
O resultado é mau para ambos. E merecidamente mau, pois nenhum deles merecia outra coisa. De resto, creio que qualquer que tivesse sido o resultado deste jogo, a classificação não se alteraria até final.
Agora, é ganhar ao Sporting por uma questão de dignidade, ajudar Seferovic a ser "Bola de Prata" (já que o "Clássico" nem para isso serviu), sobretudo ganhar a Taça de Portugal, e esquecer que esta temporada existiu. Tal como, alias, a anterior. Há que voltar a 2019 e partir daí para o futuro.

3 comentários:

Mark Trencher disse...

Partir para o futuro com uma direcção que já está no clube há 20 anos, e que nos últimos 4 anos tem cometido erros atrás de erros por acção ou por omissão, é algo de surreal.

paulojcduarte disse...

Mark, o problema é que a oposição séria não existe, o mesmo se passa na política nacional, temos muito por onde criticar este governo, mas nunca na vida iria dar o poder ao trumpete populista. Esperemos que apareçam soluções credíveis.

Mas culpo a maior parte dos erros da direção a derivas populistas de tentar ir atrás dos adeptos, a contratação de JJ foi o tiro final no porta aviões. Com o saco de vespas que se tem tornado a oposição benfiquista e essa tendência dos adeptos de gerir um clube em função dos resultados desportivos prevejo um deserto como aconteceu no outro lado da segunda circular.

joão carlos disse...

podemos sempre discutir os frames escolhidos agora num estádio como o nosso vir falar em ângulo não faz sentido nenhum.
já agora gostaria de saber qual opinião se o lance tivesse sido ao contrario se a conversa era a mesma.

e não é que a covid não para de nos importunar.