PARA REFLEXÃO

"O que se viu nestes jogos já se detectava antes, colectivamente, em particular perante adversários de maior qualidade, fossem Nápoles ou Dortmund, Porto ou Sporting: a escassa variedade de soluções ofensivas (que não passem pela ligação Pizzi-Jonas ou por acelerações individuais), a dificuldade em controlar uma partida com bola (por isso vendo fugir resultados positivos como contra o CSKA e até o Boavista), de ter um plano alternativo quando em desvantagem (que não o de acrescentar avançados uns após outros, numa estratégia de homens sobrepostos junto à área rival à espera de um cruzamento feliz), somados a um número crescente de erros defensivos que não eram comuns na Luz em muitos anos. 
Luís Filipe Vieira e Rui Vitória uniram os destinos. Vieira quis o treinador de baixo perfil, elegante no trato e capaz de manter a ambição em banho-maria, sujeito a vendas de jogadores mas capaz de esperar sem azedume pelo momento em que chegará a melhor alternativa, com sorte originária do Seixal. Vitória entrou num clube campeão não como motor mas enquanto parte da engrenagem, encarnou a antítese de Jorge Jesus na forma cordata como se expressa e nas oportunidades aos jovens, tornando-se um bicampeão respeitado mesmo se nunca entusiasmante. As circunstâncias de um casamento feliz estão agora em causa, porque mudou a equação essencial do sucesso encarnado, que aliava grande qualidade individual dos jogadores, agora menor, à fragilidade dos rivais, agora melhores. Não pressentir a necessidade de mudança foi um erro, sobretudo de Rui Vitória. Vieira até já tinha anunciado o desinvestimento no ano de atacar o penta, ao dizer que “pode hipotecar títulos mas não o futuro do clube”. Claro que se pode perguntar de quem é a responsabilidade, se o futuro do clube corre riscos, senão do homem que o lidera há 14 anos, só que Vieira tem muito crédito entre a maioria dos benfiquistas, que estarão capazes de lhe perdoar uma época falhada. Já Rui Vitória não terá a mesma sorte, se não perceber depressa que – ao contrário do que alguns que o foram iludindo juravam – ou muda ou perde, mesmo se apenas seis jornadas cumpridas se tornou muito mais difícil a missão do penta. É que não haverá mais reforços até Janeiro e Sporting e Porto estão a aproveitar como nunca a arrogância do vencedor recente."
Texto de Carlos Daniel

3 comentários:

Anónimo disse...

Concordo em boa parte com a análise do Carlos Daniel menos em 2 coisas.

- Luis Filipe Vieira não tem o crédito que CD julga e os benfiquistas culpam-no mais ele que o Rui Vitória. E ele de facto é o único responsável. Não se pode acusar o treinador de falta de competência ao fim de 3 anos.

- Também não me parece que haja arrogância de campeão. Só se se considerar que Luis Filipe Vieira é campeão. Porque só ele foi arrogante.

Fernando

Anónimo disse...

" somados a um número crescente de erros defensivos que não eram comuns na Luz em muitos anos." entao o campeonato perdido no dragao, o do "Kelvin" nao foi um erro? e poderia acrescentar muitos outros mas pelos vistos alguns ja nasceram com a memoria curta o que poderia ajuda-los com a toma de memofante...

jose disse...

Existe de fato desde a época anterior lacunas, como se viu com o Nápoles e o Dortmund, só que com o ganhar dos jogos do Campeonato, taça de Portugal, isso passou ao lado, ia dando para consumo interno, a situação agravou-se mais ainda com as transferências, creio que para se corrigir e se ter uma equipa competitiva tem que se ir aí, ver a organização como equipas do Nápoles e Dortmund, estruturadas com fio de jogo, com alguém como treinador que colocou a nú todas as fragilidades da equipa do Benfica, revejam os vídeos desses jogos-, incluindo o RV e todos aqueles que fazem parte da equipa técnica, e veja como o Benfica foi manietado, controlado de uma forma inteligente , claro que por bons jogadores, mas por treinadores com principio meio e fim de jogo, com sentido...o nosso meio campo, zona crucial no miolo necessita de jogadores, com intensidade, visão de jogo, não existem muitos, mas para isso existe a prospeção...