A NOITE MAIS BELA DE TODAS AS NOITES
Era
quarta-feira, 3 de Setembro de 1980. Passaram 37 anos. O Benfica disputava uma
eliminatória da já extinta Taça das Taças frente aos turcos do Altay Izmir, dos
quais pouco ou nada se voltaria a ouvir falar. Da 1ª mão vinha uma igualdade a
zero.
Depois de muito insistir, lá consegui convencer o meu pai a levar-me ao jogo.
Tratava-se do
realizar de um sonho: ver com os meus próprios olhos aquelas camisolas berrantes,
numa noite europeia, em pleno Estádio da Luz, perante o clamor das bancadas repletas.
As histórias que ele me contava de tempos idos – algumas vividas ainda no Campo Grande -, e
que eu ouvia atentamente desde tenra idade, aguçaram-me o apetite para um dia poder,
também eu, presenciar ao vivo as glórias do clube que já então entrara de forma
avassaladora no meu coração e na minha vida.
Chegados ao estádio, o meu pai comprou-me uma pequena bandeira vermelha e
branca, que ainda guardo religiosamente. E lá entrei para a bancada lateral do
lado oposto ao Terceiro Anel, o que significa que o tinha, imponente, mesmo diante
de mim.
Não consigo
descrever o impacto que me causou o estádio iluminado, o bailado das estrelas
em campo, todas as cores e todos os sons que mal conseguia devorar. Nem
acreditava que estava ali, justamente no local que enchia a minha imaginação, e
que até então apenas vira em fotos de jornal.
Chalana, Humberto, Nené e César marcaram os golos. Ficou 4-0. Uma estreia
perfeita, o guião de um filme com final feliz.
Nos dias seguintes ainda me beliscava para sentir que era verdade. Dessa vez,
eu tinha mesmo lá estado.
Uma noite que
nunca esquecerei.
Sem comentários:
Enviar um comentário