O GOLEADOR
Nas brincadeiras de infância e juventude, jogava sempre a avançado.
Era alto e forte. Não tinha jeito para fintas. Gostava de rematar. Era perto da
baliza adversária que me sentia mais confortável.
A escassez de talento não me permitiu fazer carreira, mas permaneceu
uma certa ligação emocional à posição. Embora o grande ídolo da minha meninice
fosse Fernando Chalana, sempre nutri um carinho muito especial por todos os goleadores,
de Nené a Mats Magnusson, de Nuno Gomes a Óscar Cardozo.
Mais do que dribles, túneis, passes milimétricos, toques de calcanhar,
cabritos, rabonas ou chicuelinas, o que sempre me seduziu no futebol foi mesmo o
golo. O golo, puro e simples. O último toque. O remate. As redes a abanar. Os
braços no ar. As bancadas em festa.
São os golos que fazem vibrar o povo da bola. Sem eles, não resta
quase nada. Com eles, vem todo o sumo de que o jogo necessita.
Não admira pois que Jonas seja hoje o futebolista que mais admiro no
Benfica. Embora não se trate de um ponta-de-lança clássico (como Raúl Jimenez
ou Mitroglou), são dele 40% do total de golos da equipa no campeonato. É ele o
goleador. Não só do Benfica como da prova. Acresce que não se limita a marcar.
Fá-lo com classe.
Na Choupana, em jogo difícil, foi mais uma vez protagonista. Tem sido
assim frequentemente desde que chegou a Portugal – com expectativas não muito
altas, diga-se.
Luisão é o líder, Nico Gaitán o artista, mas quem mais vezes me faz
saltar da cadeira chama-se Jonas Gonçalves Oliveira. É internacional
brasileiro, leva 50 golos em época e meia de águia ao peito, e não se cansa de
nos fazer felizes.
1 comentário:
Quer dizer que também aprecias muito o Slimani!
:D
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