BRASIL 2014 - NOTAS FINAIS


Uma esplendorosa fase de grupos prometia mais, mas, ainda assim, assistimos a um excelente Mundial. Tivemos muitos e bons golos, grandes defesas, quebra de recordes, incerteza, emoção, e um campeão justo.
Messi não conseguiu ser Maradona, e, mesmo conquistando o prémio para o melhor jogador do torneio, esteve longe do brilhantismo evidenciado noutras alturas ao serviço do seu clube. Faltou esse toque de Midas para que a Argentina dos “nossos” Enzo Perez e Garay se sagrasse campeã.
Fazendo jus à velha máxima do futebol, no fim ganharam os alemães. E ganharam bem.
Entre todas as selecções, a “Mannschaft” foi a mais compacta, a mais empolgante, a mais refinada, e, sobretudo, a mais eficaz.
Juntamente com a detentora do título Espanha (precocemente afastada), o Brasil de Scolari foi quem mais desiludiu. Realizou um campeonato regular até às meias-finais, mas aí claudicou por completo, entrando para a história pela porta errada. É fácil criticar o antigo seleccionador nacional, e, por cá, muitos têm aproveitado a ocasião para ajustar velhas contas. Talvez seja justo lembrar neste momento que, com ele ao leme, a nossa selecção conseguiu os melhores resultados de sempre, e que, antes ainda, o mesmo técnico havia já sido campeão do mundo pelo seu país. Também me recordo de, com ele, Portugal vencer a Rússia pelos mesmos 7-1 que agora lhe acertaram em cheio. Não gosto de injustiças, nem de gente com memória curta, e ainda menos de lavagens de roupa suja – nas quais a comunicação social portuguesa é fértil.
Por falar em Portugal, talvez seja altura (agora sim) de avaliar a prestação do conjunto de Paulo Bento. Os 0-4 diante da campeã Alemanha parecem-nos hoje francamente mais aceitáveis. E o empate com os Estados Unidos terá sido, também, face a tudo o que se viu, um resultado normal. Podemos pois classificar a participação portuguesa dentro de parâmetros que ficam longe de corresponder à imagem negra que os media - sempre ávidos de sangue -procuraram passar ao longo destas semanas.

3 comentários:

Anónimo disse...

Não concordo com a questão do Scolari. É um facto que o melhor resultado de Portugal em europeus foi com ele, mas também foi a única situação da história dos europeus em que a equipa da casa chegou à final e perdeu. Podemos ver o exemplo do melhor jogador do Mundial, o Messi. É um facto que fez o melhor Mundial da carreira, até ao momento. Foi um dos melhores marcadores com 4 golos, mais do que o CR7 em todos os Mundiais que já disputou. Mas será isto suficiente para ser o melhor jogador do Mundial? Não creio. O caso do Scolari é idêntico. Ter uma equipa daquelas, onde juntou o melhor da geração de ouro, com o melhor desta geração, jogar em casa, com um apoio brutal dos adeptos, defrontar um adversário mais fraco e que já conhecia bem, para no fim perder, para mim foi um fiasco e o desperdiçar de uma oportunidade como nunca teremos de ganhar alguma coisa na selecção principal.

LF disse...

No Mundial 2006, não jogou em casa, e também foi longe.
Não é um mago da táctica. Mas também não é o fiasco que querem fazer dele, só porque não convocava o Vítor Baia, e não ligava peva aos jornalistas.

Anónimo disse...

Sim, a questão do Baía e do João Pinto, foi para mim dos poucos pontos positivos do Scolari. Mas ao acabar com algumas injustiças, levantou outras. Posso dar alguns exemplos como a insistência absurda no Ricardo e no Pauleta, ter chegado ao cúmulo de dar uma internacionalização ao Bruno Vale, sem nunca ter dado uma oportunidade ao Moreira e ter convocado o Ricardo Costa para o Mundial 2006, quando não jogava no Porto, mas era o único seleccionável na equipa.

Quando nós, Benfiquistas, olhamos para a final da Liga Europa deste ano, pensamos que podíamos ter ganho se não fosse a incompetência dos árbitros de baliza e se estivéssemos na máxima força, com o Enzo, Markovic e Sálvio. No entanto, foram factores alheios ao treinador. No entanto, quando olhamos para trás, como portugueses, percebemos que tivemos uma geração fantástica entre 2003-2006 e o único factor que nos impediu de ir mais longe foi a incapacidade do seleccionador. Mesmo no Euro 2004 e Mundial 2006, o futebol praticado era sofrível e as vitórias eram quase todas à tangente. A qualificação para o Euro 2008 foi desnecessariamente sofrida e o Euro em si também ficou aquém das expectativas. Não vou dizer que Scolari foi péssimo, mas considero o trabalho dele curto e no caso do Euro 2004, traumatizante.