O PERIGO ESPREITA

Entalada entre um reconfortante “Clássico”, e uma jornada europeia ao mais alto nível, a deslocação do Benfica a Olhão, para defrontar uma equipa que só perdeu um dos últimos nove jogos, não se apresenta nada simpática.
Por muito que os responsáveis encarnados alertem para a necessidade de dar prioridade ao Campeonato, o pensamento dos jogadores fugirá necessariamente para a partida com o Chelsea – um daqueles momentos em que, com o mundo a observar, cada um deles pode desenhar os contornos de toda uma carreira, ou até mesmo saltar para a eternidade. É difícil, até para o adepto, investir todas as emoções e energias num jogo “corriqueiro” como este, quando se está a quatro dias de um encontro de gala, no principal palco do futebol mundial.
O problema é que o tal jogo “corriqueiro” é decisivo para uma prova que se pode vencer, e que vai determinar o sucesso ou fracasso de toda a temporada; enquanto o “outro”, com toda a sua beleza, com todo o seu brilho cintilante, pode não significar, para o clube, perdoem-me o exagero, muito mais do que uma flor na lapela dessa mesma temporada. Mais grave ainda é o facto de isto ser verdade para a política do clube, mas não o ser para jogadores, ou mesmo para treinadores, que dificilmente optariam por comprometer uma presença europeia de relevo, com tudo o que isso lhes pode proporcionar, em troca de um simples título nacional - perdoem-me uma vez mais o exagero -, mero pormenor estatístico no palmarés das respectivas carreiras.
Por vezes, é preferível nestas ocasiões deixar de fora um ou outro elemento, mas garantir que os onze que entrarem em campo sejam os guerreiros que a busca pela vitória impõe. Mas só Jorge Jesus estará em condições de fazer essa análise.
Faltam sete jornadas, e só nas últimas três o Benfica poderá encontrar, teoricamente, alguma vantagem de calendário. Por agora, veste-se de dificuldades o caminho dos encarnados. Nesta sequência - Olhanense, Braga e Sporting -, pode ficar decidido o título. Ou pela negativa, perdendo pontos para o líder, ou pela positiva conquistando os nove em disputa, e pressionando fortemente o FC Porto. Por mim, tenho a convicção que com três vitórias nesses encontros, o Benfica chegará ao primeiro lugar, para não mais o perder. Falta conquistá-las.
Deixo a minha proposta para um onze ganhador, poupando os pesos-plumas Aimar e Gaitán. E espero que a jornada venha a desmentir os meus temores.

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