Num campo difícil, mas onde tradicionalmente se dá bem, o Benfica conseguiu três importantes pontos, e, mais do que isso, a reaproximação ao primeiro lugar que nas últimas semanas lhe fugira das mãos.
O jogo teve fases bem distintas, que passaram por um ligeiro domínio inicial dos encarnados, uma reacção forte do Paços – que marcou, e, no início da segunda parte, chegou a parecer à beira do 2-0 -, e nova superioridade do Benfica, após ter alcançado o empate (na altura, contra a corrente do jogo), e, sobretudo, depois da expulsão de Michel.
Na primeira parte imperou a maior eficácia dos castores, que marcaram num dos poucos lances de perigo criados junto da baliza de Artur. O Benfica também teve as suas ocasiões de golo, pelo que até ao regresso às cabines o resultado mais justo seria o empate. E assim poderia ter sido, caso a equipa de arbitragem tivesse visto um penálti claríssimo sobre Bruno César (mais um erro grosseiro a prejudicar o Benfica, numa série que já faz lembrar os piores anos do Apito Dourado).
Quando tudo apontava para um regresso em força do Benfica, em busca de um golo rápido que ainda permitisse a reviravolta, o que se viu foi precisamente o contrário: um Paços rápido, incisivo, afirmativo e perigoso, e um Benfica atónito, lento, intranquilo e desinspirado. Não consigo entender como um candidato ao título, a perder ao intervalo, entra para uma segunda parte totalmente dominado pelo seu adversário, que luta para não descer. Já algo parecido acontecera em Guimarães. Desta vez, ainda houve espaço para a recuperação. Mas devo confessar que, um minuto antes do golo de Gaitán, eu dava já este jogo por perdido. E não estava nada contente com isso.
O golo surgiu, como digo acima, contra a corrente do jogo. E como tantas vezes acontece em futebol, teve o condão de alterar radicalmente o estado de espírito de uma e outra equipa. O Benfica percebeu que ainda tinha tempo para chegar à vitória, e o Paços viu ruir um castelo que, depois de muito labor, com a iminência do segundo golo parecia quase concluído.
Embalado por um estádio a abarrotar de benfiquismo, a equipa de Jesus rapidamente chegou ao 1-2, e percebeu-se que já não iria deixar fugir a oportunidade que a sorte (e também, sejamos justos, o talento de alguns dos seus jogadores) lhe colocara por diante. As expulsões, fragilizando o Paços, confirmaram a vitória, e os três pontos para os encarnados. No balanço geral, como a sorte e a eficácia também contam, tem de se tomar o resultado como justo.
Em termos individuais destacaria Nelson Oliveira, pela vivacidade que trouxe ao jogo, e Bruno César pelas acções decisivas que protagonizou (marcou um golo, conseguiu uma expulsão, e…um penálti que o árbitro não viu, ou não quis ver).
Já que falo em árbitro, devo dizer que ficou, pelo menos, uma outra grande penalidade por assinalar, em lance no qual Nelson é tocado no pé de apoio, quando o Benfica já vencia. Quanto às expulsões, se em relação à de Michel (aos 77 minutos, e portanto já com a reviravolta consumada) só o primeiro amarelo poderá ser discutido - em Portugal andam a mostrar-se cartões demais -, sobre a de Ricardo, já aos 88 minutos, só ele, o árbitro, e o assistente, se poderão pronunciar, pois mais ninguém ouviu o que o jogador disse. É verdade que Bruno César poderia ter visto mais um amarelo, mas aí teremos de lembrar que aquele que realmente viu (no tal lance em que é abalroado dentro da área) foi ainda mais disparatado do que a própria grande penalidade que ficou por marcar.
O surpreendente empate cedido em casa pelo FC Porto devolveu a esperança à nação benfiquista. Temia-se que os dragões, uma vez no comando, não facilitassem nestas últimas jornadas, mas percebeu-se, uma vez mais, que o conjunto de Vítor Pereira está longe do fulgor de um grande campeão. À excepção do jogo da Luz (onde, mesmo assim, a dada altura me chegou a parecer derrotado), é difícil encontrar um momento de brilhantismo nesta época do FC Porto, desde há muitos meses para cá. Esta é, pois, a razão maior para a fé prevalecer. Do outro lado da balança estará agora a presença europeia, a exigir compromisso e energia que podem, num ou noutro momento decisivo, vir a desviar a atenção da frente interna. As jornadas que aí vêm poderão ser decisivas, parecendo claro que, embora matematicamente não dependa de si, se o Benfica ganhar os oito jogos que faltam será campeão. E tenho também um palpite muito meu: se, numa destas jornadas, voltar ao primeiro lugar (o que até poderá acontecer na próxima, em que, dos três candidatos é o único que joga em casa), já de lá não sairá.
7 comentários:
Houve um jogador mal expulso do Paços, mas também existe um penalti claro sobre o Bruno César na primeira parte. Por isso, a arbitragem prejudicou ambas as equipas.
Em suma, ganhou a equipa que foi mais eficaz e feliz. Mas, como benfiquista, digo que temos de fazer muito mais porque ontem fizemos um jogo muito fraquinho...
A participação europeia é, para este benfica, pelo que tem mostrado, incompatível com o campeonato.
Por isso, e porque este porto não joga nada, e vão certamente perder mais pontos, afirmo que toda a concentração tem que estar focada no campeonato, a Champions só leva o que daí sobrar.
Não deve haver poupanças no campeonato para ir jogar na champions.
Só a vencer campeonatos se derruba a hegemonia porquista.
E há que contar com os levados ao colo do braga e com o 2º lugar no campeonato que acessa à champions.
Espero bem que na cabeça do lunático do JJ e dos jogadores, esta questão esteja assim clara.
Viram para aí alguém a falar do Melgarejo?
Claro que gostei da vitória meu glorioso S.L.B. Mas atenção estamos agora (desde o frio da Rússia) a produzir pouco jogo. Não sei o que se passa mas o nosso antigo rolo compressor está "engripado" e não sei se assim vamos chegar ao título. Se repararmos bem os do Minho pé ante pé vão ganhando jogos, uns bem ganhos, mas outros bem levados ao colinho. Eles sódizem que querem ganhar jogo a jogo e estão a tirar a pressão do nosso glorioso e dos tripeiros. São espertos...
António Duarte Rodrigues- Santarém
Oh John Wakefield:
"um penalti claro sobre o Bruno Cesar"? Então e sobre o Nelson Oliveira? Um "jogador mal expulso do Paços"? Então e os amarelos por mostrar aos jogadores do Paços... pelos penalties sobre Bruno Cesar e Nelson Oliveira (que viram, eles sim, amarelo)!
E que jogador mal expulso é esse? O primeiro ou o segundo?! O segundo, imagino...
Então como NINGUÉM neste país parece conhecer a lei do jogo, segue o texto da lei 12 "Faltas e incorreções", no capítulo sobre "Negligência, imprudência, força excessiva":
- “Negligência” significa que o jogador mostra falta de atenção e consideração ao entrar com um adversário, ou que actua sem precaução. Uma falta cometida por negligência não implica nenhuma sanção disciplinar.
- “Imprudência” significa que o jogador actua sem ter em conta o perigo ou as consequências do seu acto para o seu adversário. O jogador que actue com imprudência deve ser advertido.
- “Força excessiva” significa que o jogador faz um uso excessivo da força, correndo o risco de lesionar o seu adversário. O jogador que actue com força excessiva deve ser expulso.
Se há alguém que não acha que a entrada de Ricardo é com "força excessiva" (já para não falar dos protestos posteriores)... deve ser de muitos anos a ver Aloísio, Paulinho Santos, Jorge Costa, João Manuel Pinto e outros finos exemplos de "agressividade positiva".
Só duas notas:
-Se repararem bem o Bruno César dá na bola e só depois pisa o jogador do Paços (o pé roda sobre a bola), sendo portanto uma bola dividida, por consequência não havia lugar para amarelo algum!!!!
-A expulsão do último jogador do Paços é por pura entrada assassina, fez-me lembrar um pouco a entrada do João Pereira sobre o Ramires em Alvalade, só que este acertou e o pacense não... mas a intenção está lá!!!!!!!! Se o foco é acertar ou não, ok, aceito, estarei então errado, mas então quer dizer que a tentativa de agressão não deve ser punida!!!!!!!
Parabéns Nuno Figo pela explicação da lei 12.
Ainda há dias falava com um amigo que é árbitro e deu-me exatamente essa explicação.
Ricardo é bem expulso, pois a entrada não é negligente nem imprudente, é força excessiva, aquilo era para matar, ao melhor estilo bruno alves.
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