PRÍNCIPES DA FELICIDADE
Há momentos em que é necessário separar a paixão do adepto da frieza que se espera do analista. O jogo de Paris é um deles. O adepto rejubila de alegria, enche-se de orgulho e sonha com a final. O analista é obrigado a pensar que a noite podia (e talvez devesse) ter sido mais tranquila.
Na verdade, o Benfica não fez uma grande exibição. Tem, genericamente, melhores jogadores que o Paris St-Germain, mas deixou que essa realidade permanecesse oculta durante grande parte do jogo – e, já agora, da eliminatória. A forma rápida e afirmativa como os parisienses entraram em campo, pareceu surpreender a equipa encarnada, que durante largos minutos se viu e se desejou para travar as incursões de Nenê, pela esquerda, e Chantôme e Bodmer, por todo o lado. Os alas encarnados – sem conseguirem esconder um profundo desgaste físico - pouco participavam no processo defensivo, e, sobretudo, Maxi Pereira ficava entregue ás feras, expondo com isso também os centrais.
Quando Gaitán marcou (num lance de contra-ataque), o Benfica não justificava a vantagem. Pensou-se contudo que esse golo pudesse inverter os dados da partida, mas a incisiva reacção do PSG desmentiu rapidamente a ideia. O empate trouxe alguma justiça àquilo que se passava em campo, e até final da primeira parte ainda houve oportunidade para a equipa francesa se colocar em vantagem no jogo, e em igualdade na eliminatória.
Asegunda parte benfiquista foi francamente melhor. Seria difícil ao PSG manter o ritmo endiabrado com que tinha posto em sentido a equipa de Jorge Jesus durante quase todo o primeiro tempo. Por outro lado, o Benfica foi capaz de se unir, subir as linhas, e procurar o golo que garantisse a tranquilidade. Sobretudo com Carlos Martins em campo, viu-se uma equipa muito mais serena, dominadora, e segura daquilo que tinha nas mãos. Mas o golo da tranquilidade não surgiu, e os últimos quinze minutos voltaram a trazer o Paris-St-Germain para perto da baliza de Roberto, sendo então este a brilhar a grande altura (como, de resto, já havia feito na primeira parte). Os minutos finais foram de grande sofrimento, e – voltando à ideia inicial – a sensação que ficou é que esse sofrimento podia ter sido evitado, ou, pelo menos, atenuado. O apito final do árbitro escocês soou como um alívio para os benfiquistas. Os quartos-de-final estavam garantidos, depois de dois jogos de grande intensidade e emoção. Nem sempre bem jogados, mas onde a alma vencedora nunca faltou. Como melhor equipa, o Benfica mereceu passar.
As principais figuras da equipa encarnada foram Roberto, Fábio Coentrão (que energia!!!) e Luisão (mau grado ter sido batido no lance do golo francês). Negativamente há que realçar a triste exibição de Saviola (apenas um golo nos últimos 16 jogos), e a notória quebra física de Sálvio. O árbitro não teve muito que fazer, e nas decisões que teve de tomar esteve globalmente bem.
Agora venha uma equipa holandesa. Mas para sonhar com a final o Benfica terá de recuperar os índices físicos e exibicionais do mês de Fevereiro, quando empolgou o país com um futebol espectacular. Acredito que até ao dia 7 de Abril haja tempo para isso.
PS1: É pena que no “Euromilhões” eu não consiga normalmente revelar a mesma destreza, mas o palpite que fiz para o jogo e para o resultado foi absolutamente certeiro. Aliás, num passatempo que mantenho com mais dois amigos (e leitores), e que se traduz em apostas para todos os jogos da Liga, valendo depois um jantar anual, confesso que desde 2004 apenas paguei por uma vez. Sabedoria? Talvez não. Sorte? Talvez sim, ou não estivéssemos a falar de futebol.
PS2: Independentemente dos estados de alma que a qualificação de FC Porto e Sp.Braga tenham provocado aos benfiquistas, a verdade é que os pontos conseguidos para Portugal no ranking beneficiam todos. Para entrar directamente na Champions 2012-2013 bastará ao Benfica o segundo lugar, o que, pelo menos no plano financeiro, não é desprezível.
3 comentários:
Só para pegar contigo mais um bocadinho o benfica já so tem 75% de vitórias da Liga Europa :P
Não leves a coisa tão a peito pah.
Ah e olha lá eu não sou do Porto, como costumo dizer antes pobrezinho e na 2ª Liga do que corrupto.
Como é óbvio fiquei feliz com a passagem aos quartos de final da liga Europa.Mas não posso deixar de lamentar a exibição, o Benfica poderia ter feito melhor, ou seja ganho o jogo e ter uma posse de bola maior consentânia com a qualidade de jogo dos seus jogadores.Se não fosse a defesa e o guarda-redes poderíamos ter sido eliminados.Não concordo muito com a sua ideia do Luisão ter sido batido no lance do golo francês, porque o Bodmer aparece sozinho em zona frontal á baliza, logo quem falou redondamente foi o Javi Garcia e o Aimar que não o marcaram e deixaram solto, o Luisão nada podia fazer naquele lance senão impedir que o erding cabeçeasse para a baliza, coisa que não o fez, amortceu sim a bola para a entrada da área onde o bodmer apareceu livre de marcação.O Maxi passou mal com o néné porque a maior parte das vezes não teve apoio. Mas o que mais me fez impressão foi o Benfica quando ganhava a bola imediatamente entregava a bola ao adversário e aí todo o meio-campo e o ataque e especialmente o Saviola (que nódoa, não recupera bolas,não acerta 1 passe, e não marca 1 golo).Penso que os nossos emigrantes mereciam outra exibição,chegou a hora de dar a titularidade ao Jara que não sendo um jogador tão tecnicista como o Saviola, ao menos luta como uma carraça (relembra-me o lisandro e o liedson nesse aspecto)e dá uma intensidade de jogo que o el conejo esta época ainda não demonstrou como tinha demonstrado na época anterior, ainda por cima quando foi substituído saiu com cara de poucos amigos, o banco por vezes faz milagres, e o pior que pode acontecer numa equipa de futebol é haver lugares marcados, e o Saviola há muito que não produz o que pode e sabe fazer.O Cardozo que é 1 jogador mais lento e menos dotado que o el conejo conseguiu ganhar mais bolas que o argentino.Estamos nos 4ºs e agora quero uma das equipas holandesas, não porque tenho medo das outras mas porque acho que são mais fáceis.
Atenção que o PSV não é tao fraco quanto isso
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