O EQUILÍBRIO POSSÍVEL

"Um breve olhar sobre as contas do primeiro semestre da temporada 2010-2011, permite concluir que o Benfica, apesar da profunda crise financeira, económica e social que o país atravessa, vai mantendo os seus equilíbrios estáveis, reforçando inclusivamente a sua situação económica e patrimonial. O resultado líquido apresentado é positivo – tal significa desde logo uma melhoria face ao período homólogo dos últimos dois anos -, o que se torna particularmente relevante se atendermos ao facto de não estarem consideradas as mais-valias provenientes das vendas de Di Maria (valor ainda reflectido nas contas de 2009-2010), e de David Luíz (a englobar no próximo semestre), e se tomarmos em conta os custos financeiros decorrentes da subida de taxas de juro e “spreads” bancários, aspecto que afectou toda a actividade económica do país, e ao qual, naturalmente, o clube não pôde, também ele, escapar. Para o lucro alcançado muito contribuiu a presença da equipa na Champions League (que rendeu cerca de 10 milhões de euros em prémios, mesmo sem que nela tenhamos atingido sucesso desportivo digno de nota), o que demonstra a importância vital de integrarmos, ano após ano, esta competição – que é um verdadeiro desfile de grandezas e riquezas, ou não lhe chamassem a Liga “milionária”. Estarmos presentes na principal montra do futebol europeu é algo que teremos sempre de garantir, pois além da valorização que permite aos atletas, a sua relevância nas demonstrações financeiras é assinalável, podendo, por si só, fazer toda a diferença nos números finais. É bastante provável que Portugal volte em breve a colocar dois clubes directamente na fase de grupos da prova, o que, a confirmar-se, será uma preciosa ajuda àquele desiderato. Com a entrada directa do segundo classificado do campeonato português, as hipóteses de marcarmos presença frequente na elite europeia - há que o reconhecer - sobem consideravelmente, o que nos deixa, pelo menos no plano financeiro, bastante mais salvaguardados face às torpes influências do sistema, dos árbitros, dos fiscais-de-linha, das bolas de golfe, e de todas as falcatruas que rodeiam o futebol português. É pena que as receitas de bilheteira tenham, neste período, registado uma quebra significativa (quase 20%, mesmo tomando em consideração um acréscimo na venda de lugares cativos). Sem negligenciar as consequências naturais da crise generalizada, tal ter-se-á devido, em larga medida, às condicionantes da fase inicial da temporada, o que demonstra bem quanto arbitragens como as de Olegário Benquerença (em Guimarães), Pedro Proença (na Choupana) ou Cosme Machado (com a Académica na Luz) nos penalizaram, logo de entrada, também a este nível. É de realçar e lembrar, a propósito, a importância da presença maciça dos benfiquistas no estádio mesmo quando as coisas não correm de feição, pois, para além do apoio à equipa, essa participação é também imprescindível ao equilíbrio financeiro da instituição que amamos. Não é aceitável que um clube de expressão meramente regional, como o FC Porto, consiga gerar um maior fluxo de receitas de bilheteira que aquele que é o maior clube do mundo em número de associados. Neste aspecto, é dos benfiquistas, e em particular dos sócios, a palavra final. A crise obriga a sacrifícios, mas também a opções, e entre manter, por exemplo, as mensalidades de canais televisivos que se servem de nós, precisam de nós, mas nada fazem para nos agradecer, ou ir mais vezes ao estádio apoiar a nossa equipa ao vivo, a escolha afigura-se óbvia. Falando de televisão, há que lamentar uma vez mais a total desproporcionalidade entre as audiências que a popularidade do Benfica origina, e o pouco que nos é pago por elas. A principal arma do nosso clube reside na gigantesca massa adepta que semanalmente o vive e o segue, muitas vezes à distância. Se essa força não é traduzida, nem reconhecida, em termos de receitas efectivas, será lícito pensar que podemos até estar perante um caso de concorrência desleal. Este é hoje, sem dúvida, o aspecto mais penalizador para a realidade económico-financeira do nosso clube. Mas 2013 chegará depressa, e então, dada a capacidade negocial já muitas vezes evidenciada pelos nossos dirigentes, em particular pelo presidente Luís Filipe Vieira, poderemos estar certos de que nada mais será como antes. O Benfica verá, enfim, reconhecida, sob o ponto de vista televisivo, a sua grandeza, e o futuro entrará, radioso, pelas nossas portas. Para já, pode pois dizer-se que, dadas as circunstâncias externas, o Benfica está de boa saúde, e em condições de dar o salto para um novo tempo na sua vida."
LF no jornal "O Benfica" de 18/03/2011

1 comentário:

Anónimo disse...

Depois ainda tem a lata de dizer que nao é encomendado o que escreve. FC Porot, clube meramente regional? é por essas e por outras que a vossa mania da superiroidade nao vos leva a lado nenhum senhor LF