TERRA PROMETIDA

Logo que foi conhecido o sorteio dos quartos-de-final da Liga Europa, atribuí 10% de hipóteses de apuramento ao Benfica. Fi-lo um pouco a quente, e tolhido pela frustração de ver fugir os Standards de Liege e os Fulhams que por lá havia, com os quais - penso ser pacífico afirmá-lo – este Benfica tinha a passagem às meias-finais praticamente assegurada. Saiu a equipa mais forte das oito, e é indesmentível que, a partir desse momento, o sonho europeu ficou mais difícil de concretizar.
Após ver o jogo da primeira-mão, e tendo em conta a vantagem que o Benfica conseguiu (embora não possamos esquecer que jogou a maior parte do tempo em superioridade numérica), creio que hoje as possibilidades de apuramento são efectivamente maiores. Continuo a dar favoritismo ao Liverpool, mas talvez o reduza dos 90% anteriores para números à volta de 60% ou 65%. Acredito que o Benfica possa surpreender, e o facto de qualquer empate lhe servir é uma vantagem que não se pode ignorar. Mas, por outro lado, não vejo como Dirk Kuyt, Fernando Torres e Steven Gerrard, a jogar em casa, com o estádio cheio, e na única competição que lhes resta da época, possam ficar noventa minutos sem marcar um só golo. Por alguma coisa as principais casas de apostas não andam longe das minhas previsões.

É uma lástima que Saviola não possa jogar. Este era um jogo feito à medida da sua experiência internacional, da sua mobilidade, da sua frieza e da sua classe. Era o homem que podia fazer a diferença, como Simão Sabrosa fez há quatro anos atrás. Mas não choremos mais sobre o leite derramado. O adversário é mesmo o Liverpool, e Saviola não pode mesmo jogar.
O Benfica tem de começar por saber resistir. Resistir ao jogo, ao adversário, mas também aos seus próprios impulsos. Marcar é importante, mas passar incólume pela primeira meia-hora pode ser fundamental. O Liverpool vai começar forte, como começou há quatro anos (então com os postes e Moretto a salvarem milagrosamente o Benfica), procurando repor rapidamente a eliminatória a seu favor. Um golo cedo vai certamente empolgar os ingleses, e pode tornar-se muito pesado de gerir para a equipa portuguesa.
Talvez por isso a opção de deslocar David Luíz para o flanco esquerdo faça sentido, erguendo um trio de centrais em momento defensivo, e mantendo o esquema habitual quando em posse de bola. Fábio Coentrão teria por missão estabelecer esses equilíbrios, fazendo uma espécie de dois-em-um, ora como lateral, ora como médio-ala. Di Maria poderia assim ficar livre para desempenhar um papel similar ao habitualmente desempenhado por Saviola, mantendo-se também sempre de olho no flanco direito, onde o Liverpool vai ter de fazer adaptações, pois, quer Ínsua, quer Fábio Aurélio (os dois defesas-esquerdos do plantel), estão impedidos de alinhar.

Independentemente do perfil táctico adoptado por Jorge Jesus, o principal factor de preocupação (expresso nas próprias palavras do técnico) prende-se com a condição física de alguns jogadores. Creio que cerca de metade dos titulares em Anfield Road não estará entre os jogadores que realizaram noventa minutos na Figueira da Foz. Falo de nomes como Júlio César, Ramires, Sidnei, Fábio Coentrão, Carlos Martins e Pablo Aimar, que, ou não jogaram, ou saltaram do banco, ou foram substituídos a meio da segunda parte. Ainda assim a época já vai longa, as frentes de combate têm sido várias, e os homens não são máquinas. Esta será seguramente uma das chaves do jogo de amanhã.

Se passar a eliminatória, o Benfica alcançará as meias-finais da prova, algo que não acontece desde 1994. Foi na extinta Taça das Taças, diante do Parma, que os encarnados disputaram pela última vez um acesso a uma final europeia, ganhando na Luz por 2-1 (com mais de 100 mil pessoas nas bancadas), e perdendo em Itália por 1-0, num jogo em que Mozer foi expulso aos vinte e poucos minutos. Longe vá o agoiro.
Já o apuramento para essa meia-final merece ser evocado: quem não se lembra na época noite de Leverkusen?

É precisamente uma noite épica que os benfiquistas esperam.
Anfield Road já foi palco de sonho para o Benfica. Porque não sê-lo novamente? Nos últimos quatro jogos oficiais entre os dois clubes o Benfica ganhou sempre, marcou seis golos, e só sofreu um. Agora nem será preciso ganhar. Basta um empate, ou até, no limite, uma derrota por 3-2 ou 4-3.
Acreditemos pois!
Viva o Benfica!

7 comentários:

Jotas disse...

Sem dúvida que a nossa vantagem é curta, é quase como estar empatado, mas é com essa vantagem que devemos saber jogar.
Efectivamente o Liverpool por jogar em casa e depois de marcar o sempre importante golo fora é mais favorito, mas a verdade é que este Benfica já nos surpreendeu pela positiva muitas vezes, por exº poucos acreditavam no jogo de Marselha.
Sinceramente tive um sonho e acredito num grande jogo e que o Benfica vai marcar 2 golos e não sofre mais de 3, vale um café?

dezazucr disse...

Este Benfica não tem nada a ver com o Benfica que ganhou com muita sorte em Anfield em 2006. Esse Benfica foi lá borrado, safou-se com caga nos primeiros 20 minutos e depois marcando 1 golo, o Liverpool tería de marcar 3. O mesmo se passa amanhã, só que temos mesmo de marcar. Não digo que joguemos deliberadamente ao ataque, mas este Benfica não sabe jogar só na retranca e não fugirá da sua natureza. O Benfica vai lá para ganhar e neste momento as probabilidades continuam a 50-50. Se cairmos caíremos de pé e Jesus não irá lá para defender. Os jogadores sabem que se ganharmos ao Liverpool dificilmente não ganharemos o caneco e isso tira qualquer cansaço do corpo. O Benfica vai ganhar amanhã. Eu disse 6, 7 vitórias seguidas, ainda só vamos em 5.

francisco disse...

Não concordo.

Aimar tem de jogar, no lugar de Martins, pelas mesmas razões que alega para Saviola...

Em vez de três centrais parece-me mais inteligente jogar com dois médios defensivos como Jávi e Airton.

A nossa única hipótese são os lançamentos em profundidade para o Di...

Temos menos hipóteses do que com o Marselha mas a fé é grande... Força Benfica!

Saudações Benfiquistas.

jonas disse...

continuo a achar, tal como referi no poste em que você dava somente 10% de hipóteses ao benfica, que continua muito pessimista. isso das casas de apostas é uma falácia, visto que estes ingleses consideram-se sempre favoritos, mesmo se fosse o fulham a jogar contra o glorioso. neste momento o benfica tem que ser considerado favorito, parte com vantagem, joga melhor e o liverpool está tão cansado como o benfica é só olhar para o barcelona e perguntar porquê razão eles dão a impressão que nunca estão fatigados??? outro factor a ter em conta é que o treinador dos "bifes" está por um fio e os jogadores estão fartos das teorias dele. espero que o JJ não invente e não jogue para o empate. o david luíz tem que jogar a central e fazer a marcação ao torres, de certeza que não vai facilitar como fez contra a naval.
vamos passar esta eliminatória e depois com o valência é que acho vai ser bem mais complicado.
cumprimentos e força BENFICA

Anónimo disse...

A meu ver o Ramires deve jogar mais proximo do miolo, temos que ganhar o meio-campo

Vasco, saudações benfiquistas

Vitória do Benfica disse...

Caro Luis
Compreendo as suas preocupações. Naturalmente que face ao palmarés do lIverpool e do Benfica as casas de apostas deêm favoritismo ao lIverpool. Quem poderia prever no inicio desta Chammpions que as meias finais seriam disputadas sem a presença de qualquer equipa inglesa.

Eu tenho fé. Tem razão o Benfica ainda tem que investir muito mas mesmo muito nas infraestruturas técnicas de recuperação e maximização dos jogadores e na sua condição fisica e atlética.

Não sei se o Benfica é pior que o Birgmangam. Só sei que acredito. Tal como acreditei à quatro anos atrás. Esta é depois de 1994 a primeira vez que o Benfica chega ao último jogo dos quartos de final em vantagem.

Vamos acreditar. Claro que é um jogo para defender e não sei se Jesus não irá poa a jogar 2 trincos.

Tenho pena que por motivos profissionais inadiaveis não esteja hoje presente em Liverpool. Só para gritar bem alto

BENFICAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

LF disse...

-Infelizmente também não vou estar em Anfield Road.
E foi o meu pessimismo que o impediu. Pensei ir, mas decidi esperar pela primeira mão, e quando fui por voos e bilhetes já era tarde.

-Este Benfica é uma grande equipa, mas o Liverpool também o é.
E tem as vantagens de estar centrado nesta prova, de ter mais um dia de recuperação, de jogar em casa, de ter marcado fora, e, espero enganar-me, de uma arbitragem caseira.

-3-2 era excelente. Como o Bayern...
E valia muito mais que um café :)


-O Benfica de 2006 também tinha bons jogadores (Miccoli, Simão, Geovanni, Léo, Karagounis, Manuel Fernandes, Anderson, Petit etc). E fez nessa noite um grande jogo, justificando a vitória.
Mas aí, como agora, o Liverpool era superior.
Aconteceu uma surpresa. Não sei se poderá suceder outra.

-O Airton também é uma possibilidade, até porque está fresco.
A condição física dos vários jogadores pesará muito na decisão de Jesus. Só ele e os jogadores saberão.
No plano meramente táctico, a hipótese que coloquei (admito que com Aimar no lugar de Martins) seria, na minha opinião, a mais adequada.


-O Barcelona roda muito os jogadores. Neste último jogo jogou de início, por diferentes razões, sem Ibrahimovic, Puyol, Pique, Iniesta, Touré e Henry, que no início da temporada eram todos titulares.
Mesmo assim, foi o que se viu.
Se o Benfica tivesse Messi, estou em crer que, não só passava o Liverpool, como ganhava a Liga Europa.