BRINCAR COM O FOGO ATÉ SURGIR UM BOMBEIRO INESPERADO

Passadas as emoções do jogo, e mesmo com a reposição anímica resultante de mais uma boa vitória do Benfica, não consigo ainda assim esquecer aqueles primeiros tristes quinze minutos, que provavelmente me fizeram perder mais uns quantos cabelos. Perdoar-me-ão pois que comece a análise a esta partida pelo seu princípio.
A equipa até reagiu muito bem, restabeleceu de imediato a ordem natural das coisas, e acabou na iminência de mais uma das suas goleadas. Mas não é desculpável que, em tão importante momento do campeonato, os jogadores tenham entrado em campo com tão pouco espírito de conquista, revelando uma passividade e uma sobranceria difíceis de compreender. Acontecera em Olhão e em Setúbal, sempre com consequências lamentáveis, e todos estávamos convencidos de que este Benfica teria ficado logo aí vacinado contra aquela espécie de vírus maldito – expresso na forma letárgica e abúlica como os jogadores abordam alguns jogos, esperando sentados que os golos e as respectivas vitórias acabem por cair do céu aos trambolhões. Quase sempre sucede em campos pequenos, com terrenos difíceis, e adversários fechados e agressivos. Quase sempre dá mau resultado, sendo esta justamente uma característica das equipas que…perdem campeonatos. Foi esta, aliás, uma das faces daquele Benfica que em quinze anos só por uma vez se sagrou campeão, tempos que todos os benfiquistas querem atirar para trás das costas.
Talvez a eliminatória europeia tenha pesado nas pernas e, sobretudo, na cabeça. Mas se é para desbaratar uma vantagem que tanto custou a alcançar, se é para pôr em causa a conquista de um título que ainda está longe de ser uma certeza - logo numa época tão determinante para o futuro do clube e do futebol português -, então mais vale ser eliminado da Liga Europa. Há que saber ser campeão em todos os momentos, e naqueles quinze minutos o Benfica não o soube ser.
Tudo isto me passou pela cabeça. Tudo isto me fez contorcer na cadeira, dar murros no joelho, e gritar silenciosamente, para dentro, alguns impropérios contra aqueles meninos que, de camisola vermelha, se passeavam pelo relvado. Que isto não se repita, nem em Coimbra, nem com o Olhanense, nem em nenhum jogo, até que o título seja uma verdade matemática. As festividades e as férias vêm depois. É verdade que foi este Benfica que me devolveu o elevado grau de exigência que porventura aqui manifesto, mas é essa mesma exigência que serve de alimento aos grandes campeões. Eu quero muito que o Benfica seja campeão, e, pela categoria e superioridade que mostrou até aqui, já nem sequer lhe perdoo que o não seja - o que é muito diferente de achar que já o é.
Feito que está o desabafo, direi então que a partir do 2-0, espicaçado pelo naufrágio inicial, o Benfica voltou a mostrar-se igual a si próprio. Contou para isso com a inspiração de um herói pouco provável (Weldon: o melhor em campo), mas que uma vez mais deu pontos á equipa, marcando os golos com que o jogo readquiriu a sua normalidade. E ele bem merecia uma noite destas. Caso a reacção benfiquista não tivesse dado frutos imediatos, as coisas complicar-se-iam muito. Felizmente a bola entrou uma, duas e três vezes, e quando os jogadores saíram para as cabines, já a vantagem no marcador era uma realidade. Imagino que mesmo assim não se tenham livrado de uma boa reprimenda de Jorge Jesus (e eu, a vontade que tinha era de lhes bater), pois a abordagem à segunda parte, mesmo em vantagem no marcador, nada teria que ver com aquela entrada inicial em falso.
Se os golos encarnados tranquilizaram o Benfica, também do outro lado se fizeram sentir. A Naval, tão eloquentemente desautorizada pela forte reacção benfiquista, sentiu-se impotente para reescrever o destino da partida, e em toda a segunda parte apenas causou perigo numa ocasião - já Cardozo tinha elevado a contagem para o 2-4 final. Sem forçar muito, e com a confiança e a serenidade resgatadas, o Benfica dominou então por completo os acontecimentos, garantindo mais uma preciosa vitória - a 7ª consecutiva, e a 11ª nos últimos doze jogos (a excepção foi o penálti falhado por Cardozo no Bonfim).
Faltam agora cinco finais, que podem até ser quatro ou mesmo três (se, por exemplo, o Sp.Braga não vencer em Leiria). Naturalmente que, olhando para elas, sobressai o derby da próxima semana. Desse, haverá tempo para falar. Agora sim, é hora de pensar na Europa.
Elmano Santos fez tudo o que podia para evitar a vitória do Benfica, como, de resto, eu já esperava que acontecesse. Só conseguiu retirar Maxi Pereira do derby, pois não teve oportunidades para mais.

PS: Socorrendo-se de uma argumentação tão labiríntica quanto patética, Miguel Sousa Tavares insinua hoje n’“A Bola” que a arbitragem de Soares Dias em Braga teria favorecido indirectamente o Benfica. Era bom que soubesse que eu, por exemplo, até fiquei com uma borbulha na cara graças ao estado de nervos em que me deixou aquele maldito penálti. Terá sido mesmo, juntamente com o V.Setúbal-Benfica, o jogo que maior revolta me provocou em todo o campeonato. Se era para beneficiar o Benfica, garanto que não dei por nada.

8 comentários:

Bytto disse...

ainda vamos ter que sofrer mais uns joguinhos... eu bem avisei, isto está longe de estar perto... só com trabalho, dedicação e respeito pelos adversários se vai lá!!!!!!!!!!
Carreg Benfica!!!!!!!

Anónimo disse...

esse tavares é um imbecil
estes é que o topam
www.tavarespobre.blogspot.com

Vitória do Benfica disse...

Eu confesso que não pensei no Benfica de Jesus, mas antes no de Chalana e a goleada sofrida em Alvalade. No Benfica de Quique e do jogo na Trofa. Depois conforme o jogo foi correndo pensei no Benfica campeão Europeu e no jogo do Real Madrid e depois pensei no Liverpool a perder por 3 zero ao intervalo com o Milan e depois ganhou a taça.
Confesso que o meu medo não é a incompetência ou desleixo dos jogadores mas antes o cansaço e o facto de o clube apesar de ter investido muito no plantel ainda não possuir infraestruturas técnico cientificas e largo leque de jogadores que lhe permita jogar duas vezes por semana com a mesma qualidade. Se pensarmos que atletas como o Luisão, David Luiz, Cardoso , levam mais de 30 jogos em cima quase sem descanso. Se pensarmos que Cardozo a última vez que parou foi no jogo da taça, que perdermos, poderemos encontrar explicação para os primeiros quinze minutos da Naval. Como já disse acho muito bem a escolha de Weldon. Assim como se devia dar mais tempo a Sydney e a Miguel Vitor.
Continuo a considerar que não é só o nível da qualidade técnica e táctica dos atletas que temos de investir mas também em infraesturas técnico cientificas e de referência , para voltarmos a ser uma equipa ao nível do Manchester. Estamos no caminho como disse e muito bem LFV não . Mas há infraestruturas que temos de investir e outras em que temos que substituir os fornecedores.

Vitória do Benfica disse...

Esqueci-me de comentar MST. Pura e simplesmente não leio, qualquer comentador ligado ao Porto e raramente vejo programas com comentadores representantes de clubes. Mas MST faz uma leitura de quem não gosta de futebol, ou seja as consequências politicas de um jogo e não a qualidade do jogo ou da arbitragem. Mas na realidade se as coisas continuarem assim o Porto bem pode ver a Champoins por um canudo e que eu fico contente lá isso fico. Mas como o porto é um clube que investe para comprar jogadores para emprestar a equipas que lhe vão facilitar o campeonato e prejudicar o Benfica. Então sim a arbitragem de sábado favorece o Benfica , mas antes disso favorece o futebol português apesar de ter sido uma arbitragem tendenciosa, sem escrupulos e sem qualquer pudor.

Anónimo disse...

Boas Pessoal, vou ser muito sincero, ontem a quando do 2-0, comentei com o meu pai, e disse sem nenhuma dúvida, vamos ganhar este jogo com facilidade, enquanto recebia mensagens no telemóvel de amigos tripeiros e lagartos que diziam que era o princípio do fim.
tudo isto so para dizer, o Benfica está bem, muito bem e vamos ser campeões sem a menor dúvida!!!

Manuel Neves disse...

Concordo plenamente. Confesso que sou tão exigente que não consigo apagar aqueles 15 minutos. Não consigo apagar tudo com a vitória de ontem. O que está em causa é que nunca, nunca, nunca se pode entrar em campo assim. Os jogadores têm que perceber que contra nós todos querem fazer o jogo do ano. E a única resposta à altura é fazer também o jogo do ano,sempre. É meter o pé, lutar, sem nunca nos desconcentrarmos.
Caminhamos para o 32º.

O GLORIOSO disse...

Sinceramente não concordo com quase nada.
1º o titulo está ganho quer queiram, quer não;
2º É verdade entramos mal, desconcentrados o que até normal tal a avalanche de jogos que temos tido mas bastou a acelarar um bocadinho e tudo se recompos tal a nossa superoridade sobre qualquer equipa em Portugal;
3º Já referi temos mais que condições para ganhar a liga Europa e Jesus sabe disso portanto a reprimenda que deu aos jogadores tem a ver com isso mesmo: total concentração para Anfield pois acho que vamos lá jogar como em Marselha;
4º Esta equipa tem uma superioridade tao grande em relação a qualquer equipa em Portugal que nem o clube Corrupto com Mourinho a consegue igualar;
5º os 6 pontos em relação ao Corrupto B são fruto do sistema, são fruto do Jorge Sousa (o unico que nos derrotou), são fruto do Soares Dias, etc, etc. Aliás o Bragunha este ano tem sido uma replica dos anos Corruptos dos 90, e até penaltis aos 97 minutos conseguem, de facto só uma super equipa que temos os podia derrotar.

Seismilhoesum disse...

O amarelo a Maxi é de rir ..... é o andor!!!