ULTRA-IMPUNIDADE

Conheço razoavelmente o fenómeno ultra – pelo menos no que diz respeito ao Benfica - e ninguém me vai apanhar a confundir o trigo com o joio, ou seja, a defender a extinção das claques, que considero fundamentais na ideia que tenho do espectáculo desportivo, quer pela fantástica banda sonora que conferem aos jogos, quer pelo colorido que sempre dão às bancadas.
Sou um esteta, também no futebol, e acho que sem claques o espectáculo dos estádios resultava empobrecido, sobretudo num país onde a maioria dos adeptos – ao contrário, por exemplo, do que acontece em Inglaterra – tem algum pudor em manifestar-se, em cantar, em gritar, e só apoia a equipa quando ela está em vantagem.
Não aceito que as claques possam alguma vez participar de forma privilegiada na vida institucional do meu clube (como acontece no FC Porto e no Sporting), mas não as dispenso das bancadas da Luz, nem dos estádios que o Benfica visita.
Também me parece óbvio que muitos dos incidentes ocorridos em redor do futebol são largamente empolados pela comunicação social, sempre ávida de sangue e de conflito. Fui ao futebol centenas de vezes, já vi jogos em quase todos os principais estádios portugueses, vi jogos de grandes competições internacionais em Portugal e no estrangeiro, vi muitos clássicos, derbys, jogos com equipas britânicas (e da própria selecção inglesa), gregas, turcas, italianas, alemãs, etc. E à excepção de uma ou outra ocasião pontual em que estive em camarotes resguardados à entrada e à saída, vi-os quase sempre no meio da multidão, e alguns deles (sobretudo do Benfica, fora de casa) até entre a claque. Pessoalmente nunca tive o mínimo problema, e em nome da verdade devo dizer também que foram poucas as ocasiões em que presenciei actos de violência de alguma gravidade (um Benfica-FC Porto de há uns anos atrás e pouco mais).
Também a ideia segundo a qual é a violência que retira adeptos aos estádios me parece ter pouco fundamento. O que afecta drasticamente as assistências é a televisão, e foi desde que a Sport Tv nasceu, e passamos a dispor de doze ou quinze grandes jogos durante o fim-de-semana na nossa sala de estar, que muitas pessoas abandonaram o antigo hábito dos domingos à tarde.
Dito isto, parece-me que há, ainda assim, muito a fazer no domínio da segurança, de modo a prevenir que a situação possa sair fora de controlo, e evitar que pessoas como eu (que por vezes ainda enchem estádios), possam mudar de ideias.
Não era preciso ser muito perspicaz para perceber que, num contexto de grande hostilidade entre os clubes, um Benfica-FC Porto disputado em terreno neutro, no meio de um descampado cheio de pedras, iria dar que fazer a forças de autoridade pouco habituadas a semelhantes eventos. Nos dias que antecederam a final, comentei com amigos que se estava perante a forte possibilidade de ocorrer uma sangrenta batalha entre as claques. Tinha até escrito aqui que, em vez de uma festa, com a presença do FC Porto a final seria transformada numa guerra. Levo o meu filho a muitos jogos, nunca o levaria para ali.
Esperava-se um contingente policial mais numeroso e mais capacitado. Mas a verdadeira questão prende-se com as (in)consequências que resultam dos actos violentos. As claques são constituídas por vários milhares de jovens, e estou certo que apenas algumas dezenas deles está a mais, e é efectivamente responsável pelos desacatos, arrastando porventura alguns dos restantes. Mas ninguém mexe uma palha para os retirar dali, isto é, para os deter.
Como é possível que os incidentes do Algarve fiquem por uma simbólica multa, ainda por cima direccionada para quem não tem qualquer culpa (os clubes)? Como é possível que nenhum membro das claques (designadamente dos Super Dragões) tenha sido condenado a coisa nenhuma?
Aqui, como no fenómeno da corrupção, como nas escolas, como na sociedade portuguesa em geral, o problema é só um: chama-se impunidade.
Não sei se tem a ver com a incapacidade dos polícias, se com o código penal, se com a sua aplicação, se com a incompetência dos juízes, se com o orçamento de estado. Mas em Portugal, salvo pequenos traficantes de rua, mais ninguém é preso, mais ninguém é penalizado, e os problemas mais graves ficam invariavelmente por solucionar.
Quando vemos, em directo, o líder da Juventude Leonina apelar às suas tropas para não pouparem nem mulheres nem crianças com símbolos do Atlético de Madrid, quando vemos o inqualificável Salema Garção a clamar por um ambiente extremamente difícil para com o adversário (e tudo isto no clube “inocente” e “ofendido” dos acontecimentos de Alcochete), quando vemos garrafas enviadas desde um auto-carro dos Super Dragões a atingirem a cara de agentes da GNR, quando um lider da mesma claque escreve um livro a confessar todo um conjunto de crimes de diferentes naturezas cometidos pelo seu bando, e depois ninguém é responsabilizado, ninguém é punido, ninguém é preso, resta-nos apenas a certeza de que, à próxima oportunidade, tudo se vai repetir, com estes ou outros protagonistas.

5 comentários:

Sry Lanka disse...

Para falar de claques...mais valia tar calado! Q s saiba, nenhuma claque do FCP ou SCP matou alguém! Q s saiba nenhuma claque do FCP ou SCP incendiaram autocarros!! Q s saiba, nenhuma claque do FCP ou SCP andou à stikada aos jogadores adversários!! Q s saiba, nenhuma claque do FCP ou do SCP foi detida em Espanha a semana quando vinham de França!! Q s saiba, nenhuma claque do FCP ou do SCP está a ser julgada em tribunal!! Q se saiba, a nenhuma claque do FCP ou do SCP foi encontrado na sua sede, ESTADIO DA LUZ, armas, drogas, e sabe-se lá mais o quê!! Q se saiba, nenhum presidente do FCP ou do SCP foi intimado por estar a dar cobertura a tudo isto e a muito mais!! Não venha agora praqui atirar postas de pescasda, e areia pós olhos dos outros, pq antes de olhar pra fora...olhe primeiro pa dentro de casa! Mas tretas destas, é hábito desta gente!

Aknal Yrs disse...

Sry Lanka demonstras uma enorme frustração. É pelo facto que o clube esta a 11 ou a 20 pontos do Glorioso?

Que eu saiba e muitos também nunca viram ninguém das claques encarnadas na TV e em directo profanar tanta merd@ como: "qualquer mulher ou criança também serve de troféu."

As atitudes agressivas de qualquer claque são de lamentar.

Tiago Pereira disse...

O aknal YRs é o tipico adepto do Benfica.

Brytto disse...

Neste tema não tenho clube... são todos farinha do mesmo saco, predam-se os prevaricadores e o problema resolveria-se facilmente... só que, como em tudo o resto, em Portugal assobia-se para o lado!!!!!!!...........

Anónimo disse...

olha-me este tropa mesmo a falar á toa.... utltra juventude leonina Sempre !