A ÁRVORE E A FLORESTA
Em qualquer organização, seja qual for o ramo de actividade, o responsável máximo responde por tudo o que a ela diga respeito. Pode delegar competências, pode descentralizar decisões, mas em última análise é sua a responsabilidade, directa ou indirecta, de tudo o que aconteça, de bom ou de menos bom.
Num clube desportivo, o presidente não pode pois ficar à margem das críticas, incluindo as que são dirigidas ao desempenho das suas equipas. No Benfica também é assim, e Luís Filipe Vieira não está isento de culpas quanto ao caminho que o futebol do Benfica tem seguido - agora, que delegou poderes em Rui Costa, e sobretudo antes, quando reservou para si a gestão desportiva, e cometeu erros dos quais muito aqui se falou na altura.
Mas há que distinguir claramente duas coisas. Uma é a capacidade actual, anterior ou futura da equipa de futebol do Benfica, outra é a vitalidade do próprio clube, enquanto entidade institucional, empresarial, social, multifacetada e polidesportiva. Se no primeiro caso as coisas não estão bem, no segundo, a nau mostra-se firme, segura e capaz de enfrentar os ventos do futuro.
Quando olhamos para esta crise, deve-se pois ter a clara noção daquilo que está em causa, de quais são os problemas do Benfica de hoje, de quais eram os de há uns anos atrás, e saber relativizar o verdadeiro significado dos últimos resultados, ou mesmo de mais uma época futebolística decepcionante, até porque o Benfica não joga sozinho e a concorrência é muito forte. A insatisfação natural – apaixonada mas nem sempre lúcida - pela perda de mais um campeonato, não pode justificar a alienação de todo um capital de crescimento que o clube da luz alcançou nos últimos anos, e que ninguém de boa fé poderá negar.
Ao contrário de um passado não muito distante, o Benfica, em 2009, não têm qualquer problema de credibilidade institucional, tem um modelo empresarial definido e profissionalizado, tem as contas equilibradas, dispõe de boas e modernas infra-estruturas, tem equipas a discutir os títulos das mais variadas modalidades, tem um canal próprio de televisão, mantém intacta a chama da sua grandeza e o calor dos seus adeptos, tem o futuro diante dos seus olhos. O problema actual do Benfica é pois meramente desportivo, dentro do âmbito desportivo é estritamente futebolístico, e creio convictamente que estará a ser analisado e atacado com rigor e serenidade. Resume-se, no fundo, aos anos que o clube leva sem conquistar o campeonato nacional, e estará totalmente resolvido no dia em que essa competição lhe voltar a sorrir – o que, para suceder com a frequência desejada, exige um longo caminho de coragem e paciência. Não se trata de desvalorizar os triunfos desportivos - razão de ser de qualquer clube -, mas sim de contextualizar a situação presente e aferi-la com rigor, até porque só um integral conhecimento dos problemas permitirá chegar às suas soluções. E não é certamente com estados de alma auto-destrutivos que o Benfica conseguirá isso.
A solução para os problemas da equipa encarnada não é fácil, mas não será seguramente tão difícil como foi resgatar o clube do abismo em 2001. Hoje os problemas são diferentes, e a resposta terá que ser mais serena e ponderada. Não se pode confundir a árvore com a floresta. Não se pode confundir a dificuldade em conseguir resultados no futebol com a vitalidade e o crescimento sustentado de um clube tão grande como o Benfica.
Por tudo isto, mesmo havendo que atribuir algumas responsabilidades pela crise de resultados a Luís Filipe Vieira, mesmo não o inocentando dos erros que, ao longo de seis anos, necessariamente cometeu, não creio que existam suficientes motivos para globalmente pôr em causa a sua gestão. Até porque não acredito que alguém esteja neste momento em condições de fazer melhor, e os cantos de sereia que custaram ao clube da Luz décadas de problemas permanecem bem vivos, estão sempre à porta, e preparados para navegar o populismo do descontentamento.
Num clube desportivo, o presidente não pode pois ficar à margem das críticas, incluindo as que são dirigidas ao desempenho das suas equipas. No Benfica também é assim, e Luís Filipe Vieira não está isento de culpas quanto ao caminho que o futebol do Benfica tem seguido - agora, que delegou poderes em Rui Costa, e sobretudo antes, quando reservou para si a gestão desportiva, e cometeu erros dos quais muito aqui se falou na altura.
Mas há que distinguir claramente duas coisas. Uma é a capacidade actual, anterior ou futura da equipa de futebol do Benfica, outra é a vitalidade do próprio clube, enquanto entidade institucional, empresarial, social, multifacetada e polidesportiva. Se no primeiro caso as coisas não estão bem, no segundo, a nau mostra-se firme, segura e capaz de enfrentar os ventos do futuro.
Quando olhamos para esta crise, deve-se pois ter a clara noção daquilo que está em causa, de quais são os problemas do Benfica de hoje, de quais eram os de há uns anos atrás, e saber relativizar o verdadeiro significado dos últimos resultados, ou mesmo de mais uma época futebolística decepcionante, até porque o Benfica não joga sozinho e a concorrência é muito forte. A insatisfação natural – apaixonada mas nem sempre lúcida - pela perda de mais um campeonato, não pode justificar a alienação de todo um capital de crescimento que o clube da luz alcançou nos últimos anos, e que ninguém de boa fé poderá negar.
Ao contrário de um passado não muito distante, o Benfica, em 2009, não têm qualquer problema de credibilidade institucional, tem um modelo empresarial definido e profissionalizado, tem as contas equilibradas, dispõe de boas e modernas infra-estruturas, tem equipas a discutir os títulos das mais variadas modalidades, tem um canal próprio de televisão, mantém intacta a chama da sua grandeza e o calor dos seus adeptos, tem o futuro diante dos seus olhos. O problema actual do Benfica é pois meramente desportivo, dentro do âmbito desportivo é estritamente futebolístico, e creio convictamente que estará a ser analisado e atacado com rigor e serenidade. Resume-se, no fundo, aos anos que o clube leva sem conquistar o campeonato nacional, e estará totalmente resolvido no dia em que essa competição lhe voltar a sorrir – o que, para suceder com a frequência desejada, exige um longo caminho de coragem e paciência. Não se trata de desvalorizar os triunfos desportivos - razão de ser de qualquer clube -, mas sim de contextualizar a situação presente e aferi-la com rigor, até porque só um integral conhecimento dos problemas permitirá chegar às suas soluções. E não é certamente com estados de alma auto-destrutivos que o Benfica conseguirá isso.
A solução para os problemas da equipa encarnada não é fácil, mas não será seguramente tão difícil como foi resgatar o clube do abismo em 2001. Hoje os problemas são diferentes, e a resposta terá que ser mais serena e ponderada. Não se pode confundir a árvore com a floresta. Não se pode confundir a dificuldade em conseguir resultados no futebol com a vitalidade e o crescimento sustentado de um clube tão grande como o Benfica.
Por tudo isto, mesmo havendo que atribuir algumas responsabilidades pela crise de resultados a Luís Filipe Vieira, mesmo não o inocentando dos erros que, ao longo de seis anos, necessariamente cometeu, não creio que existam suficientes motivos para globalmente pôr em causa a sua gestão. Até porque não acredito que alguém esteja neste momento em condições de fazer melhor, e os cantos de sereia que custaram ao clube da Luz décadas de problemas permanecem bem vivos, estão sempre à porta, e preparados para navegar o populismo do descontentamento.
9 comentários:
Bom Dia Luis Fialho e restantes visitantes do blog
È verdade que a década de noventa depois da saída de Jorge de Brito, foi o “Inverno dos nossos descontentamentos”, parafraseando esse magistral romance de John Steinbeck . è verdade que só falta ao Benfica uma maior consolidação na área futebolística, porque se a compararmos com a década de noventa e quando Vilarinho tomou o Presidência o Benfica não tem nada a ver.
O que temos nós que fazer enquanto Benfiquistas? Esclarecer!, Mas como? Hoje, temos, ao contrário dos anos noventa, um canal de televisão, onde o clube é mostrado aos sócios, em todas as suas vertentes. Hoje temos os blogues essa grande ferramenta que a par do jornal “ O Benfica” e a Revista Mística permite dar a conhecer a realidade do clube, embora com menos impacto. Hoje temos um grande estádio e um grande complexo desportivo que deveria ser um espaço de maior convívio entre Benfiquistas.
Não creio por isso que alguém possa descrebilizar o trabalho que Viera e Rui Costa têm vindo a fazer. Devemos nos orgulhar pelo facto de todos sabermos quem é o Director de Comunicação do Benfica, o Director Desportivo e o Director Financeiro.. Devemos nos orgulhar de o Benfica ser o único clube entre os três grandes com uma mulher na administração da SAD, o que deverá ser um grande orgulho para todas as benfiquistas pois, no Benfica as mulheres não são conhecidas como a esposa de….., mas antes a mulher competente profissional que defende em igualdade de circunstâncias com os homens a defesa de um clube, que até nisso é o maior de Portugal.
Não devemos por isso confundir a arvore que é um mau resultado futebolístico com a floresta que é um clube arruinado. Não devemos por isso olhar para a “Espuma dos Dias” mas antes para aquilo que somos afinal, nós os Benfiquistas “ Gente Feliz com Lágrimas”
Saudações Benfiquistas
Nunca por nunca, foi minha intenção relativizar, menorizar ou olhar de forma depreciativa para o global do hercúleo trabalho feito por LFV desde a sua chegada ao clube.
Posto isto,a minha vontade é que apareça uma lista concorrente com gente de valor para que possa haver um acto eleitoral do qual só o SLB sairá ganhador pois seja quem for que ganhe o clube ficará em boas mãos.
Finalmente LFV deu o corpo às balas e meteu os pontos nos is, embora na minha opinião tarde devia ter sido logo na 2ª ou na 3ª a seguir ao jogo com o estrela, que foi aí que começou a perseguição da imprensa ao Quique.Mas como diz o outro mais vale tarde do que nunca, tomou a atitude certa, a estabilidade é crucial e é isso que nos tem prejudicado em relação aos outros, o caminho faz-se caminhando, agora se é constantemente interrompido é difícil.Que se mantenha assim e logo terá o meu voto, se por alguma eventualidade se desviar do caminho, ai não lhe posso perdoar, porque já teve mais que tempo para aprender.
Este post não seria necessário se, apesar dos erros de casting e de preparação,nós não tivessemos todas as épocas as mesmas qeixas a fazer.Houve um visitante que achou engraçado uns paineleiros dos nossos merdia, classificarem de corajoso o facto do fiscal validar um golo ao FCP, em pleno estádio dos andrades.Pois e eu pergunto que consequencias teria na mesma época, e com pouco espaço de tempo, invalidar dois golos limpinhos ao FCP, no seu estádio?
O sr.Jesualdo "Dracula" Ferreira foi castigado pela UEFA por gestos anti-desportivos no Vicente Calderon, para quando o castigo a Tarik pelo mesmo comportamento no Alvalade XXI?O Katsuranis só por mostrar o dedo foi, no imediato...
E por falar em castigos, gostava muito de saber como anda a denúncia da equipa de arbitragem, que fez do FCP com o Marítimo no Dragão(agressão por vários elementos)...onde estava o Merdia do sr Bruno Carvalho?E disse este sr que este Benfica é "...arrogante e fanfarrão...", e o que serão os eternos dirigentes do FCP?Puros gentelmans?Poupem-nos...
E por falar em castigos
Então, na tua opinião, quantas épocas mais de insucesso serão necessárias para se poder cometer a ousadia de colocar em causa a actual direcção?!... Mais um mandato, talvez dois, e que tal três!!! Esta retórica de «ou eu ou o caos», já cansa, sempre me fez muita confusão, não sei se pela minha formação, mas sempre desconfiei deste tipo de homens que se acham indispensáveis.
Factos são factos, os lagartos com metade do orçamento, ficam à 4 anos consecutivos à nosssa frente, o ano passado nem em terceiro ficámos, este ano vamos a ver o que vai ser, mas pelo andar da carruagem o terceiro não vai ser nada fácil... Face a etsa situação o que nos é pedido é tempo, paciência e... fé, pois para o ano é que vai ser diferente, enfim, mais do mesmo... Quanto a mim esta direcção já esgotou o seu tempo, que venha outra tentar fazer melhor, o que em termos desportivos não é nada difícil. Ah, e não me venham acenar outra vez com o papão do perigo de entregar o clube outra vez a gente do tipo Vale e Azevedo, acho que os adeptos aprenderam a lição, parecendo mais até um argumento para quem está mais interessado em eternizar-se no poder…
Quanto à questão financeira, é inegável que o actual presidente foi determinante para tirar o clube no lodaçal em que estava mergulhado, mas tirar daí a conclusão de que o clube vive uma situação financeira estável, quanto a mim, carece ainda de confirmação . Não nos iludamos, o clube está melhor, mas longe de poder aguentar estes constantes desvarios época após época, quero ver se no próximo ano não vamos ter que vender um ou dois jogadores influentes para tentarmos equilibrar a tesouraria. Já agora outra questão: será que não era possível ter feito melhor, como estaria hoje o clube se não se tivessem desbarato milhões e milhões de euros em aquisições e ordenados principescos com jogadores de qualidade duvidosa e vendido outros que eram bandeiras do clube?!!!!!!! A isto chama-se INCOMPETÊNCIA (se não for outra coisa, o que ainda é mais grave…)
Brytto,
O que eu disse foi que o problema é apenas desportivo, e temo que, com outros protagonistas, possa passar a ser mais amplo. Como já foi.
Depois também não vejo qualquer alternativa credível.
É claro que foram cometidos muitos erros, que obrigaram o Benfica a voltar várias vezes à estaca zero.
-Creio que após o título de 2005 tinha de ter sido feito mais para segurar aquela equipa e reforçá-la.
-Mais tarde o Fernando Santos não devia ter saído.
-Geovanni, Karagounis, Nuno Assis, Petit e Léo foram jogadores, que eram titulares, e que o Benfica deixou sair sem ganhar um tostão com eles.
-O Simão nunca devia ter sido vendido (nem que se lhe duplicasse o ordenado), muito menos a poucos dias de se inciar o campeonato, e quando o treinador contava com ele.
Enfim, muitas coisas foram mal feitas, algumas ainda do tempo de José Veiga. É bom não esquecer.
Mas creio que a partir de Rui Costa as coisas melhoraram.
Houve apostas ganhas e apostas perdidas, mas creio que no geral o Benfica criou uma boa base.
Entendo a intenção do Rui ao contratar jogadores como Aimar ou Reyes. Eram apostas arriscadas, que tu muito louvaste, e das quais, como sabes, sempre desconfiei.
Correu mal ? É verdade, mas percebeu-se a intenção e o critério.
Certamente não voltarão a ser cometidos os mesmos erros.
O que lá vai lá vai, e a situação agora é esta.
Umas eleições não podem servir só para penalizar erros passados quando não se tem ninguém melhor para lá colocar.
Depois, pode não ser importante para algumas pessoas, mas para mim é: o Benfica tem hipóteses de ser campeão de Hóquei, Basquete, Andebol e Futsal.
Se conseguir os 4 títulos, será uma época histórica para as modalidades.
Não estou disposto a perder as modalidades para poder contratar mais um jogador de futebol, como faz o Sporting.
Não admito, nem nos piores pesadelos, que o clube alguma vez perca a maioria do capital da SAD, como o Sporting se prepara para, dentro de alguns anos, fazer.~
Estes são aspectos importantíssimos, quanto aos quais esta direcção me deixa tranquilo.
O problema do Benfica tem sido também a força dos adversários.
O FC Porto há 30 anos que trabalha da mesma forma, e quer queiramos quer não, é difícil de bater.
Outro dos problemas, relacionado com este, é as excessivas expectativas dos adeptos do Benfica, que vivem ainda nos anos 60.
Não percebem que ir à Liga dos Campeões, para o Benfica actual, é um feito, e aparecem lá 30 mil, quando os bilhetes deveriam esgotar 15 dias antes.
Não percebem que ganhar uma Taça é um feito, e olham-na com desdém.
Os benfiquistas têm a mania das grandezas e ainda não se redimensionaram à realidade actual.
Isso provoca um desfasamento que não permite trabalhar tranquilamente com vista ao futuro.
O Benfica actual é pequeno em termos europeus. É uma equipa de Taça Uefa, e de segundo ou terceiro plano como o Lille, o Génova, o Corunha, o West Ham, o Hertha, o Sparta de Praga ou o Vitesse.
É desse ponto que tem de partir, e não pensar que ainda é o que foi.
Se partir daí, se se convencer disso, pode encetar um caminho de crescimento que o devolva, dentro de alguns anos, ao que foi no passado.
Se os adeptos continuarem a querer grandes exibições, a pretender esmagar os adversários, a não ligarem a Taças da Liga nem a presenças na UEFA, a não aparecerem quando a equipa, miraculosamente, liderava a Liga (no jogo com o Setúbal, não me esqueço, estavam 22 mil), as desilusões vão-se suceder, nenhuma direcção vai conseguir satisfazê-los, e este clima de crise vai-se perpetuar.
Só um reparo, nunca louvei Aimar, quanto muito Reyes chegou-me a enganar.
Um clube como o Benfica compará-lo com os que enunciaste, é um insulto ao próprio clube! O problema é que esta direcção não soube fazer mais e melhor quando o podia e devia ter feito, o resto é blá, blá, blá...
Como eu te disse na final da taça da liga, como é que foi possível um clube como o Benfica, com esta enorme massa adepta, chegar a onde chegou: para mm aresposta só se encontra na incompetência dos seus dirigentes...
Se a equipa que esteve nos quartos de final da LC não tivesse sido desbaratda bem como a que esteve nos quartos da taça uefa a estória seria outra, mas assim, todos os anos é sempre o mesmo, «baralhar tudo de novo e voltar a dar».
Eu não pretendi comparar os clubes, em termos de dimensão, popularidade, representatividade e história..
Comparei apenas as equipas de futebol.
A equipa de futebol do Benfica não é melhor que as que eu disse.
E não imaginamos que seja fácil a um qualquer dirigente, pegar no Lille ou no Vitesse e fazer deles grandes campeões.
A grande diferença, e que ainda agrava a questão, é o facto de os adeptos do Benfica se terem habituado a ser os maiores, a conquistarem muitos títulos, a darem cartas na Europa, e não conseguirem agora fazer o necessário e duro exercício de redimensionamento das suas expectativas.
Na verdade exige-se ao Benfica que compita com o Porto, quando não tem condições para isso.
E para criar essas condições (a variadíssimos níveis) precisa de muito tempo (vários anos), coisa que os adeptos não lhe dão.
É verdade que a equipa de 2006 era uma excelente base para manter e reforçar, e se calhar agora, neste momento, estávamos ao nível do Porto. Mas agora não adianta chorar.
É preciso não voltar a cometer esses erros, e acredito que com Rui Costa isso não sucederá.
Nós também não conhecemos os jogadores, o balneário, e há aspectos que se nos escapam, nomeadamente ao nível do relacionamento entre eles, da disciplina, etc.
Situações como por exemplo agora a de Katsouranis, também não são fáceis de gerir.
Acaba contrato no fim da próxima época, não quer renovar, já ganha bem. Que fazer ?
Vender ? Aumentar o salário e depois desequilibrar ainda mais a folha salarial ? Aguentá-lo uma época e deixá-lo sair de borla (para o Porto?) ?
Alguns dos jogadores que sairam estavam em situações parecidas. Outros, como Fernando Meira, Miguel ou Tiago, forçaram mesmo a saída.
Diz-se que Miccoli não ficou por 4 milhões, e comprou-se o Cardozo por 10, mas esquece-se que o Miccoli ganhava 150 mil euros por mês, e o Cardozo ganha 70.
Como se sabe, o custo do passe é investimento, e não entra no apuramento dos resultados de exploração, enquanto o salário entra como custo.
Estamos numa sociedade cotada em bolsa...
Há muitas questões deste tipo.
O Benfica tem de apostar num jogador-tipo, e a partir daí criar uma cultura própria.
O Benfica precisa de mais Maxis Pereiras e Rubens Amorims, e menos Aimares e Suazos.
Precisa de privilegiar os aspectos atléticos, de tratar melhor os seus jogadores (equilibrar salários, dar-lhes protecção e acompanhamento, e depois, poder exigir-lhes trabalho a 200 %), e construir uma espinha dorsal identificada com o clube, com a sua história, com a sua mística, recheada de jogadores fortes e corajosos, mesmo que não tecnicistas.
Depois de tudo isso é que poderá contratar uma ou outra vedeta, para dar perfume ao colectivo.
Isto é um processo longo. Não menos de 3 ou 4 anos.
Já podeia ter sido feito em 2005. Não foi, mas não resta outra alternativa senão começa-lo de novo.
Um dos nossos problemas (e com todo o respeito pelos intervenientes) é a forma como o caro Brytto reage às palavras de LF.
"O Benfica actual é pequeno em termos europeus. É uma equipa de Taça Uefa, e de segundo ou terceiro plano como o Lille, o Génova, o Corunha, o West Ham, o Hertha, o Sparta de Praga ou o Vitesse."
Isto é uma verdade, um facto.
O Benfica europeu actual é pequeno. Tirando os Quartos de final de Koeman, as nossas prestações têm sido fracas.
O potencial europeu do Benfica, esse é grande. É preciso é criar uma dinâmica de vitória, que permita ao Benfica crescer.
Acredito que essa oportunidade se perdeu na época pós Trapattoni. A velha raposa deveria ter ficado a construir o projecto que apenas tinha sido começado.
Agora, é preciso... começar de novo. Com calma. Com tempo. Com serenidade. Com expectativas realistas.
Vemo-nos na Luz
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