UMA TAÇA, UMA CONQUISTA
A crise desportiva em que Benfica e Sporting mergulharam nas últimas semanas tem, aparentemente, retirado algum entusiasmo à final que este sábado se disputa no Algarve. Prova disso é que, a pouco mais de 48 horas do jogo, a bilheteira ainda não se encontra esgotada, o que noutro contexto seria impensável, quer por se tratar de uma final, quer por estarem frente a frente os dois maiores e mais tradicionais rivais do desporto português.
Se os leões foram humilhantemente derrotados na Europa, os encarnados têm deixado muito a desejar nas exibições domésticas. Ambos têm visto as suas estruturas técnicas e directivas serem objecto de contestação pelos respectivos adeptos, e a generalidade da opinião pública olha para este jogo como uma forma de dissiparem as crises que os atormentam.
Esta realidade, paralelamente às questões de poder que levaram o FC Porto a abdicar da competição, tem contribuído para acentuar a ideia de a Taça da Liga ser uma prova menor, e que nem mesmo a sua conquista poderá servir para aliviar dores de uns e outros.
Ora este ponto de vista não faz o menor sentido.
No desporto, qualquer competição de qualquer modalidade vale por si só. Uma conquista ou um troféu, são motivos suficientes para qualquer clube festejar, extraindo deles a alegria que é a razão de ser da paixão desportiva. Há competições mais difíceis de vencer que outras, há troféus com maior prestígio, mas qualquer prova oficial encerra em si os sabores de quem ganha e de quem perde. Hoje em dia, com a mediatização extrema a que o futebol está sujeito, insiste-se em estabelecer uma hierarquia fechada de competições, que nos leva a um absurdo código segundo o qual quase não nos é permitido festejar coisa nenhuma –, seja uma Taça de Portugal, seja uma Taça da Liga, seja uma Supertaça, seja mesmo uma boa presença europeia, ou um Campeonato Nacional, quando não é ganho segundo os padrões que os mais exigentes adeptos colocam, para não falar de todas as provas de todas as restantes modalidades. Tudo é consolação, tudo é compensação, nada vale nada, mesmo quando estamos diante de uma competição oficial que envolveu todos os clubes do futebol profissional, e - apenas com uma excepção - por todos foi levada com a maior seriedade.
A Taça da Liga é uma competição recente, como todas as outras já o foram – do Mundial de 1930 à Taça dos Campeões Europeus de 1956. Cada prova, antes de ganhar o seu próprio espaço, passa por um trajecto de afirmação natural, o que não significa que não tenha condições para escrever a sua história futura. Estou certo de que esta Taça da Liga o vai fazer e que, dentro de alguns anos, os que agora a desconsideram se irão arrepender de não ter feito mais por a ganhar. E isto vale também para o Benfica, que na temporada passada a disputou com as reservas, e que durante anos deixou voar Supertaças para o norte.
Deste modo, uma vitória na Taça da Liga pode e deve ser um momento de euforia para quem a alcançar, e nunca um mero e tristonho factor de consolação – até porque o campeonato ainda nem terminou. Benfica ou Sporting, e seus adeptos, devem ser os primeiros a valoriza-la, saindo para a rua, festejando, fazendo dela – quem a conseguir – uma grande conquista. Só assim fazem sentido o futebol e o desporto, pois qualquer outra forma de os entendermos tem o seu quê de doentio e de perverso.
Sempre me incomodou a expressão “salvar a época”. Cheguei a ouvi-la aplicada à Taça UEFA - quando o Sporting chegou à final, num momento único na sua história - o que me pareceu tratar-se de um total absurdo, próprio de um povo mais dado à auto-flagelação do que a euforias e felizes festividades.
Esta Taça da Liga não vai salvar nem consolar ninguém. Vai sim ser um triunfo absoluto para uns, e mais uma frustração para outros. E não tenhamos dúvidas de que quem a perder vai sofrer o impacto mediático de uma estrondosa derrota, e por aí se poderá então perceber o quão importante ela é. Se a vida e a crise nos mostram má cara, porquê fazermos do futebol um espaço de lamento e depressão, mesmo quando ele tem tudo (uma final, um troféu) para nos oferecer emoções e, quem sabe, fazer-nos felizes?
Por mim - que irei propositadamente ao Algarve para assistir ao jogo -, se for o capitão do meu clube a levantar a taça, sentir-me-ei um vencedor. E nem admito que alguém o ponha em causa. Mais do que um consolo, a Taça da Liga é, para já, o regresso do Benfica às grandes finais, e pode ser, também, o regresso aos títulos. O resto é conversa de quem já foi eliminado.
Se os leões foram humilhantemente derrotados na Europa, os encarnados têm deixado muito a desejar nas exibições domésticas. Ambos têm visto as suas estruturas técnicas e directivas serem objecto de contestação pelos respectivos adeptos, e a generalidade da opinião pública olha para este jogo como uma forma de dissiparem as crises que os atormentam.
Esta realidade, paralelamente às questões de poder que levaram o FC Porto a abdicar da competição, tem contribuído para acentuar a ideia de a Taça da Liga ser uma prova menor, e que nem mesmo a sua conquista poderá servir para aliviar dores de uns e outros.
Ora este ponto de vista não faz o menor sentido.
No desporto, qualquer competição de qualquer modalidade vale por si só. Uma conquista ou um troféu, são motivos suficientes para qualquer clube festejar, extraindo deles a alegria que é a razão de ser da paixão desportiva. Há competições mais difíceis de vencer que outras, há troféus com maior prestígio, mas qualquer prova oficial encerra em si os sabores de quem ganha e de quem perde. Hoje em dia, com a mediatização extrema a que o futebol está sujeito, insiste-se em estabelecer uma hierarquia fechada de competições, que nos leva a um absurdo código segundo o qual quase não nos é permitido festejar coisa nenhuma –, seja uma Taça de Portugal, seja uma Taça da Liga, seja uma Supertaça, seja mesmo uma boa presença europeia, ou um Campeonato Nacional, quando não é ganho segundo os padrões que os mais exigentes adeptos colocam, para não falar de todas as provas de todas as restantes modalidades. Tudo é consolação, tudo é compensação, nada vale nada, mesmo quando estamos diante de uma competição oficial que envolveu todos os clubes do futebol profissional, e - apenas com uma excepção - por todos foi levada com a maior seriedade.
A Taça da Liga é uma competição recente, como todas as outras já o foram – do Mundial de 1930 à Taça dos Campeões Europeus de 1956. Cada prova, antes de ganhar o seu próprio espaço, passa por um trajecto de afirmação natural, o que não significa que não tenha condições para escrever a sua história futura. Estou certo de que esta Taça da Liga o vai fazer e que, dentro de alguns anos, os que agora a desconsideram se irão arrepender de não ter feito mais por a ganhar. E isto vale também para o Benfica, que na temporada passada a disputou com as reservas, e que durante anos deixou voar Supertaças para o norte.
Deste modo, uma vitória na Taça da Liga pode e deve ser um momento de euforia para quem a alcançar, e nunca um mero e tristonho factor de consolação – até porque o campeonato ainda nem terminou. Benfica ou Sporting, e seus adeptos, devem ser os primeiros a valoriza-la, saindo para a rua, festejando, fazendo dela – quem a conseguir – uma grande conquista. Só assim fazem sentido o futebol e o desporto, pois qualquer outra forma de os entendermos tem o seu quê de doentio e de perverso.
Sempre me incomodou a expressão “salvar a época”. Cheguei a ouvi-la aplicada à Taça UEFA - quando o Sporting chegou à final, num momento único na sua história - o que me pareceu tratar-se de um total absurdo, próprio de um povo mais dado à auto-flagelação do que a euforias e felizes festividades.
Esta Taça da Liga não vai salvar nem consolar ninguém. Vai sim ser um triunfo absoluto para uns, e mais uma frustração para outros. E não tenhamos dúvidas de que quem a perder vai sofrer o impacto mediático de uma estrondosa derrota, e por aí se poderá então perceber o quão importante ela é. Se a vida e a crise nos mostram má cara, porquê fazermos do futebol um espaço de lamento e depressão, mesmo quando ele tem tudo (uma final, um troféu) para nos oferecer emoções e, quem sabe, fazer-nos felizes?
Por mim - que irei propositadamente ao Algarve para assistir ao jogo -, se for o capitão do meu clube a levantar a taça, sentir-me-ei um vencedor. E nem admito que alguém o ponha em causa. Mais do que um consolo, a Taça da Liga é, para já, o regresso do Benfica às grandes finais, e pode ser, também, o regresso aos títulos. O resto é conversa de quem já foi eliminado.
15 comentários:
Nõ há bilhetes á venda, é uma vergonha.
Vivo no algarve e como é obvio gostava de poder ver o benfica perto de casa, mas a verdade é que as casas e nucleos da região reservaram todos os bilhetes para amigos e conhecidos..
Este pais é um nojo...
Caro LF, não consegue arranjar ai uns bilhetes para ir ver a bola?eheh
è para ganhar claro. è uma prova oficial, é um derby, é uma final, é um troféu e é principalmente um meio para os jogadores e treinador do Benfica perceberem o que é ganhar troféus pelo Benfica. No ano do título de 2005 tínhamos ganho a taça de portugal na época anterior. è portanto imperioso ganhar a taça da liga, até porque se ganharmos o título será desprezado pela imprensa e adversários, se perdermos será o oposto e o benfica terá mais uma semana negra pela frente.
Viva o Benfica
Saudações benfiquistas
Então, no início da época tto criticava a taça, agora que estão na final e é a única coisa que podem ganhar, já é um espectáculo!
Rigor, seriedade, coerencia, tudo o que o sr LF n tem!
Ernesto Ferreira
O Benfica enquanto não tiver uma Direcção que se preocupe apenas com o Benfica não vai a lado nenhum. Basta ler um pasquim chamado jornal O Benfica para ver a mediocridade dos dirigentes. Vejam e comparem por favor o Benfica do tempo do insigne Dr Paulino Gomes Junior. O último número do Jornal dedicou "apenas" 4 paginas ao Porto e ao Sporting. Isto é mesmo mentalidade cuscovilheira feita por pretensos jornalistas! Julguei que com o actual director as coisa melhorassem, mas não.
Como querem um Benfica Campeão? Com gente desta?
Vejo futebol há 60 anos. Sei distinguir o que é bom futebol e mau futebol. Para mim o melhor treinados é aquele que serve o meu clube. Os melhores jogadores (possíveis) são os que estão.
Decididamente não pertenço aos 5.999.999 que sabem tudo de futebol para quem o Toni era uma m... comparado com Artur Jorge; Jusualdo era bom para os juniores, Fernando Santos era medroso; Trapatoni era velho e não percebia puto de futebol, que não via que o Mantorras é que devia entrar. Não pertenço ao numero dos que "qualquer pessoa menos o treinador vê que o ala devia subir na vertical para obrigar que o contrário tivesse de recuar abrindo espaços no meio campo para a entrado do avançado que fugindo á marcação cruzava da direita " e assim o arbitro que é comprado pelo Pinto da Costa tinha que marcar¿mesmo penalti.
É com este falso e pretencioso saber que os meus consócios benfiquistas se entretem. Para eles (salvo excepções) é que todos pensem que eles são uns experts em futebol. E quando descemos á realidade a culpa é do Pinto da Costa.
A culpa é nossa e só nossa! Alguém ja se esqueceu do pleno de apoio que teve esse homem "honestíssimo" chamado Vale Azevedo? Como é possível? Não será essa a verdade do benfica?
Para que não haja dúvida de quem escreve estas palavras aqui vai a minha identificação: Ernesto Martins Ferreira, sócio nº 5533, com lugar cativo fundador, morador em Vila Franca de Xira.
Esta é a minha opinião. Quando o Benfica voltar a ter dirigentes da estirpe de Bogalho, Mauricio, Borges Coutinho o BENFICA será imparável.
Note-se que o Benfica deve a Luis Filipe Vieira a sua existencia. Devo-lhe esse favor, mas terá que arripiar caminho. O ódio cega, não deverá caber no desporto e é insustentável numa empresa
Sestrela,
Infelizmente não poderei fazer esse "favor" ;)
Nunca critiquei esta Taça.
Critiquei o regulamento, o que é diferente.
Ernesto Ferreira,
Eu falo por mim. Não só nunca apoiei Vale e Azevedo, como fiz tudo o que estava ao meu alcance para o impedir de tomar conta do clube, em assembleias gerais onde arrisquei a própria pele.
Arregimentei sócios para votar contra ele, tentei abrir os olhos ao maior número de pessoas possível, quase fui agredido por capangas.
Tenho a conscieência absolutamente tranquila quanto a essa fase.
Exactamente o que eu penso da taça Intercalar!
Boa sorte para esse grande derby!
Parece a falecida taça de honra da a.f. de lisboa....
que maravilha de troféu....
parabéns à prima...
Vale muito mais que a Supertaça, que é só um jogo.
E o Porto dava tudo para a conquistar.
Dava tanto como na taça intercalar como se pode ver pelos jogadores que usou ao longo da competição.
Foi bom para rodar jogadores e ter-mos alternativas para a parte final da época que se adivinha complicada.
A isto chama-se boa planificação.
Sim, com a equipa que o Porto jogou em Alvalade fez tudo para chegar à final...
e pronto, lá vai o Paulo Bento ganhar o seu canequito da época...
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