À BEIRA DO PRECIPÍCIO
Depois da primeira vitória da temporada, seria lógico e natural que qualquer adepto do Benfica se sentisse feliz no final do jogo de ontem na Mata Real. Contudo, após minutos de grande sofrimento, de quase auto-flagelação colectiva, apesar da satisfação da vitória, felicidade não foi seguramente a palavra correcta para definir o meu estado de espírito naqueles momentos enquanto benfiquista.
Ao último apito de Bruno Paixão a primeira sensação que tive foi de alívio, profundo alívio, e logo de seguida fui tomado por um doloroso sentimento de inquietação. O Benfica vencera, mas não convencera, e até preocupara. Preocupara assustadoramente.
Depois de uma primeira parte bastante bem conseguida, onde se viu um futebol rápido e agradável, com Carlos Martins na batuta de uma orquestra que chegou a parecer afinada, com Reyes a mostrar a sua melhor cara e Nuno Gomes o seu reaparecido faro pelas balizas, nada fazia prever que, com 1-3 no marcador ao intervalo, o Benfica quase se viesse a suicidar para o jogo, deixando a vitória e os três pontos, durante largos minutos, pendentes nos cabides da fortuna e do azar.
Muitos erros defensivos – não necessariamente do quarteto defensivo, coisa bem diferente -, desorientação na hora de recuperar a bola e depois de a ter, falhas clamorosas nos lances de bola parada, faltas infantis cometidas próximo da área, incapacidade total para controlar o jogo e os seus ritmos, e até um frango do improvável Quim, de tudo se viu numa parte final de desafio verdadeiramente penosa para as cores encarnadas. Mais três golos sofridos – seis em dois jogos – e notas de muita preocupação para as importantes partidas que se avizinham, onde parte das aspirações da temporada poderá ficar desde logo comprometida.
O figurino táctico implementado pelo técnico espanhol, e inspirado justamente na selecção do país vizinho, recente campeã europeia, exige ao meio-campo uma capacidade defensiva que este Benfica ainda não consegue apresentar. A equipa aparece muitas vezes partida em dois (os que atacam e os que defendem), e as falhas de compensação são inúmeras, ficando então a linha defensiva muito mais exposta ao adversário e ao erro. Mesmo na hora de construir, o número inusitado de passes errados, a precipitação nas opções de jogo, as dificuldades de harmonização entre quem tem a bola e quem se desmarca para a receber, são nota dominante, e revelam o muito trabalho que esta equipa ainda tem pela frente.
Tudo isto é consequência natural da revolução a que o Benfica foi sujeito no último defeso - por exemplo, nos catorze jogadores utilizados ontem, nove (!) foram contratados esta época – pois no futebol de altíssima competição não basta pegar num grupo de talentos e pô-los em campo para se ter uma equipa ganhadora. Trata-se de um desporto colectivo, cuja mecanização e automatização de processos é fundamental para o sucesso, e não se consegue da noite para o dia, nem que se disponha de onze Maradonas. Veja-se como o F.C.Porto também está a sentir os efeitos das mudanças operadas, e como o Sporting está a colher os louros da estabilidade. Não há milagres, e o timing de construção de uma grande equipa de futebol não é tão célere como os adeptos – neste caso, em particular, os do Benfica – desejariam.Ao último apito de Bruno Paixão a primeira sensação que tive foi de alívio, profundo alívio, e logo de seguida fui tomado por um doloroso sentimento de inquietação. O Benfica vencera, mas não convencera, e até preocupara. Preocupara assustadoramente.
Depois de uma primeira parte bastante bem conseguida, onde se viu um futebol rápido e agradável, com Carlos Martins na batuta de uma orquestra que chegou a parecer afinada, com Reyes a mostrar a sua melhor cara e Nuno Gomes o seu reaparecido faro pelas balizas, nada fazia prever que, com 1-3 no marcador ao intervalo, o Benfica quase se viesse a suicidar para o jogo, deixando a vitória e os três pontos, durante largos minutos, pendentes nos cabides da fortuna e do azar.
Muitos erros defensivos – não necessariamente do quarteto defensivo, coisa bem diferente -, desorientação na hora de recuperar a bola e depois de a ter, falhas clamorosas nos lances de bola parada, faltas infantis cometidas próximo da área, incapacidade total para controlar o jogo e os seus ritmos, e até um frango do improvável Quim, de tudo se viu numa parte final de desafio verdadeiramente penosa para as cores encarnadas. Mais três golos sofridos – seis em dois jogos – e notas de muita preocupação para as importantes partidas que se avizinham, onde parte das aspirações da temporada poderá ficar desde logo comprometida.
O figurino táctico implementado pelo técnico espanhol, e inspirado justamente na selecção do país vizinho, recente campeã europeia, exige ao meio-campo uma capacidade defensiva que este Benfica ainda não consegue apresentar. A equipa aparece muitas vezes partida em dois (os que atacam e os que defendem), e as falhas de compensação são inúmeras, ficando então a linha defensiva muito mais exposta ao adversário e ao erro. Mesmo na hora de construir, o número inusitado de passes errados, a precipitação nas opções de jogo, as dificuldades de harmonização entre quem tem a bola e quem se desmarca para a receber, são nota dominante, e revelam o muito trabalho que esta equipa ainda tem pela frente.
Já disse o por diversas vezes, mas não será demais repeti-lo: é muito importante que os sócios e adeptos do clube encarnado redimensionem as suas expectativas para a presente temporada, pois o tempo que ainda vai demorar até que a equipa esteja em condições de interpretar as ideias do seu técnico será, muito provavelmente, fatal em termos de aspirações ao título nacional, bem como – esperemos que não, esperemos uma noite de sorte no próximo dia 2… - de uma carreira europeia de sucesso. Este Benfica está claramente apontado para o futuro, e é nessa perspectiva que deve ser entendido. Se assim o for, haverá tempo para Quique Flores desenvolver o seu trabalho, e provavelmente na próxima época, esta mesma equipa – com um ou outro retoque - poderá aparecer com uma face dominadora, confiante e capaz de vencer. Até lá, resta aos benfiquistas sofrer, ter paciência. Muita paciência. Ignorar as provocações adversárias e interiorizar que sem este processo não há alternativa – sob pena de ter de se voltar uma vez mais atrás para recomeçar tudo de novo, afinal de contas aquilo que se tem feito ao longo de quinze anos, com os resultados conhecidos.
Há sobretudo que apoiar. Apoiar muito. Apoiar incondicionalmente, concorde-se ou não com algumas das opções tomadas no passado. Os próximos dois jogos, de extrema importância para o futuro próximo da equipa, serão também um teste aos verdadeiros adeptos do clube da Luz, e à sua vontade de ajudar a crescer a equipa, e de lhe abrir as portas do futuro. É também por eles (nós) e sua atitude que passa o sucesso deste novo Benfica.
Em termos individuais há que destacar na noite de ontem a eficácia de um renascido Nuno Gomes – com umas semanas de banco fica como novo, já havia sido assim com Koeman -, o perfume ofensivo de Reyes, a classe de Carlos Martins, a segurança de Ruben Amorim e a entrega de Jorge Ribeiro (que golaço !). Com sinal menos há que salientar o desgraçado momento de forma de Quim - que continuando a ser o melhor guarda-redes português, talvez precisasse de descansar um pouco -, a exibição menos conseguida de um Yebda muito trapalhão e pouco criterioso na sua movimentação, e um Balboa desconcentrado, que entrou para ajudar a segurar o jogo e com dois erros sucessivos quase o ia entregando ao adversário.
Sobre o árbitro falarei na rubrica respectiva, mas devo dizer desde já que, num jogo bastante difícil de dirigir, acabou por realizar, globalmente, um bom trabalho. Principalmente sob o ponto de vista técnico, em que esteve irrepreensível.
7 comentários:
se o maxi pereira tivesse sido expulso, já não marcava o golo...
agora os benfiquistas vão começar a falar das entradas do bruno alves no jogo do leixões do ano passado...
enfim levados ao colo...
Nem precisava de dizer nada em relação ao árbitro. Já todos sabiamos o que pensava.
mas acham que o maxi pereira não devia ter sido expulso?
acham que aquela entrada era só para amarelo???
la andam estes a falar da arbitragem! mas digam la, seus especialistas em arbitragem, porque e' que o Maxi e o Nuno Gomes deveriam ter sido expulsos? Ou a unica razao porque era o Benfica e voces nao queriam que ganhassemos o jogo?
Caro anónimo não é preciso falar do ano passado,porque houve 1 jogador do beleneneses nitidamente mal expulso no Dragão já esta época, e apesar da altura da sua expulsão o fcp estar a vencer 1-0 o facto é que o porto estava intranquilo e o que o tranquilizou não foi o golo do Hulk (já a jogar c 10)mas sim a expulsão do jogador do belenenses.aliás o casimiro mior falou nisto no final do jogo, e a comunicação social não ligou nenhuma, se fosse o Benfica lá está, caia o carmo e a trindade.Quanto ao Benfica tem muito que trabalhar, temos que ter paciência e apoiar a equipa, o Quim se calhar devia passar uns jogos no banco, já me faz lembra o Neno nas bolas paradas.O Balboa foi 1 barrete 4 milhões de euros é muito.A equipa ainda não sabe segurar o jogo e circular a bola quando se encontra em vantagem,precipita-se muito e joga de primeira sem necessidade nenhuma e perde muitas bolas por causa disso.Enfim paciência, agora que há aí alguns que não estão a gostar que o Benfica apesar de tudo está onde está, há.
Nem mais carv6441
LF, concordo com grande parte da forma como pensas o Benfica, mas se este início de época não está a ser melhor (e atencão que não estando a ser fantástico também não está a ser mau) isso o devemos ao frangueiro do Quim. Comprometeu no Rio Ave, Napoles e Pacos de Ferreira, já nem falando de mais um frango contra a Dinamarca. É claramente o elo mais fraco da equipa neste momento, e com um GR decente neste momento muito provavelmente tínhamos ganho contra o Rio Ave, empatado em Napoles e feito um jogo muito mais descansado contra o Pacos.
Nem vale a pena iniciar a discussão Quim/Moreira/Moretto, nenhum deles serve para titular do Benfica e quanto mais rápido nos decidirmos a investir uns bons milhões de euros num GR que garanta pontos vamos continuar a sofrer desnecessariamente devido aos erros ridículos e vergonhosos do Quim.
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