FRAGILIDADES TORNEADAS; APURAMENTO MERECIDO
A enorme satisfação causada pela vitória sobre a República Checa e pelo apuramento para os quartos-de-final não deve iludir aquilo que se viu ontem no relvado de Genebra. Portugal esteve longe de realizar uma exibição deslumbrante, demonstrou ter ainda muitas arestas para limar – mormente nos aspectos defensivos -, e viveu sobretudo do brilho das suas estrelas, com Deco desta vez a fazer de mestre de cerimónias, e Ronaldo a dar-se a cheirar neste Euro 2008, numa tarde em que Pepe voltou a mostrar-se um verdadeiro imperador na defesa da equipa.
É verdade que a condição física da nossa selecção parece bastante recomendável, e que a atitude competitiva dos jogadores tem sido - e foi mais uma vez - absolutamente irrepreensível. Nestes dois aspectos alicerçou-se também parte da vitória de ontem. Mas erros defensivos, perdas de bola com a equipa balanceada para a frente, má cobertura de alguns espaços (inclusivamente dentro da área), permeabilidade nas bolas paradas, entre outras fragilidades exibidas pelo onze nacional – Ricardo e Paulo Ferreira ainda não “entraram” no Euro -, sobretudo ao longo da primeira parte, não podem deixar de constituir um forte sinal de alerta, pois a partir dos quartos-de-final é nesse tipo de situações que normalmente se decide o destino das equipas, separando-se então as que não cometem erros – candidatas aos títulos – e as restantes.
O resultado de 3-1 reflecte a superioridade portuguesa, mascarando todavia o sofrimento sentido até ao minuto noventa, quando Quaresma empurrou para a baliza mais um “golo” de Ronaldo. Ao intervalo a igualdade justificava-se, e temia-se até o segundo golo checo, dada a desinspiração da equipa de Scolari. Depois do 2-1, vários foram os calafrios causados junto da baliza de Ricardo, pelo menos na óptica de quem a cada bola bombeada para a cabeça do entrado Koller sentia um arrepio no estômago. Mas na verdade esta equipa checa tem já pouco a ver com a de Nedved, Poborsky, Rosicky e...Koller um pouco mais jovem.
A vitória da Turquia acabou por servir na perfeição os propósitos nacionais, fazendo do último jogo do grupo uma mera formalidade.
A sensação de poder apoiar Portugal ao vivo num momento como este e no estrangeiro – ainda que Genebra deixe a sensação de se estar em casa, tal o número, por exemplo, de bandeiras portuguesas nas janelas – é indiscritível. Num dia verdadeiramente primaveril, o sentimento de comunhão nacional, de orgulho na nossa equipa e no nosso país, paralelamente com o convívio festivo estabelecido com os checos (também em grande número, e com muito mais cerveja) faz com que os momentos vividos se tornem seguramente inesquecíveis.
Motivo de orgulho é também a comparação que poderei estabelecer entre o Euro 2004, com uma organização primorosa, e este, com alguns aspectos menos conseguidos, ainda que a análise se tenha que cingir a esta cidade e a este estádio.Foi também um dia de encontros. Uns agradáveis – com Toni, com quem troquei umas palavras sobre o Benfica, com José Peseiro, com quem falei sobre a sua carreira – outros com pessoas que preferia fossem checas como Laurentino Dias ou Fernando Madureira dos Super Dragões, este último a quem desconhecia tamanha veia patriótica. Hermínio Loureiro, Joaquim Oliveira, Jorge Coroado, Eusébio, Quim, foram também algumas figuras do futebol português com que me foi cruzando ao longo desta bela jornada.
É verdade que a condição física da nossa selecção parece bastante recomendável, e que a atitude competitiva dos jogadores tem sido - e foi mais uma vez - absolutamente irrepreensível. Nestes dois aspectos alicerçou-se também parte da vitória de ontem. Mas erros defensivos, perdas de bola com a equipa balanceada para a frente, má cobertura de alguns espaços (inclusivamente dentro da área), permeabilidade nas bolas paradas, entre outras fragilidades exibidas pelo onze nacional – Ricardo e Paulo Ferreira ainda não “entraram” no Euro -, sobretudo ao longo da primeira parte, não podem deixar de constituir um forte sinal de alerta, pois a partir dos quartos-de-final é nesse tipo de situações que normalmente se decide o destino das equipas, separando-se então as que não cometem erros – candidatas aos títulos – e as restantes.
O resultado de 3-1 reflecte a superioridade portuguesa, mascarando todavia o sofrimento sentido até ao minuto noventa, quando Quaresma empurrou para a baliza mais um “golo” de Ronaldo. Ao intervalo a igualdade justificava-se, e temia-se até o segundo golo checo, dada a desinspiração da equipa de Scolari. Depois do 2-1, vários foram os calafrios causados junto da baliza de Ricardo, pelo menos na óptica de quem a cada bola bombeada para a cabeça do entrado Koller sentia um arrepio no estômago. Mas na verdade esta equipa checa tem já pouco a ver com a de Nedved, Poborsky, Rosicky e...Koller um pouco mais jovem.
A vitória da Turquia acabou por servir na perfeição os propósitos nacionais, fazendo do último jogo do grupo uma mera formalidade.
A sensação de poder apoiar Portugal ao vivo num momento como este e no estrangeiro – ainda que Genebra deixe a sensação de se estar em casa, tal o número, por exemplo, de bandeiras portuguesas nas janelas – é indiscritível. Num dia verdadeiramente primaveril, o sentimento de comunhão nacional, de orgulho na nossa equipa e no nosso país, paralelamente com o convívio festivo estabelecido com os checos (também em grande número, e com muito mais cerveja) faz com que os momentos vividos se tornem seguramente inesquecíveis.
Motivo de orgulho é também a comparação que poderei estabelecer entre o Euro 2004, com uma organização primorosa, e este, com alguns aspectos menos conseguidos, ainda que a análise se tenha que cingir a esta cidade e a este estádio.Foi também um dia de encontros. Uns agradáveis – com Toni, com quem troquei umas palavras sobre o Benfica, com José Peseiro, com quem falei sobre a sua carreira – outros com pessoas que preferia fossem checas como Laurentino Dias ou Fernando Madureira dos Super Dragões, este último a quem desconhecia tamanha veia patriótica. Hermínio Loureiro, Joaquim Oliveira, Jorge Coroado, Eusébio, Quim, foram também algumas figuras do futebol português com que me foi cruzando ao longo desta bela jornada.
PS: A notícia da ida de Scolari para Londres deixa-me preocupado. Quer quanto ao presente - não poderia o timing ter sido outro ? - quer sobretudo quanto ao futuro.
Ou a FPF tem condições para contratar um Marcelo Lippi, ou provavelmente teremos que nos voltar a habituar a outro tipo de resultados.
11 comentários:
Como critiquei Deco no último jogo devo agora elogiá-lo:
- Melhorou globalmente
- Esteve nos 3 golos, embora no 1º tenha sido feliz na tabela com o último defesa
- Ofereceu menos bolas ao adversário
- Foi o único jogador da Selecção que melhorou relativamente ao jogo c/ a Turquia (não era difícil melhorar...)
No entanto Deco continua a não defender (como fazia no fcp) e algumas das perdas de bola originaram contrataques mt perigosos.
Portugal não controlou o jogo.
Paulo Ferreira - mais uma exibição para esqueçer...
Os Centrais nem sempre estiveram nos seus lugares. Qq livre ou canto era um perigo. Os nossos cantos e cruzamentos por alto completamente inofensivos.
Nas perdas de bola no meio campo tb Moutinho esteve mt mal, juntamente com Bosingwa (este na
1ª parte).
É importante para os quartos de final substituir Paulo Ferreira por Miguel Veloso para melhorar o lado dto da defesa (não é difícil...) mas tb para dar mais altura na área para cruzamentos e bolas paradas.
Poderá até ser importante trocar Moutinho por Meira contra equipas como a Alemanha... Já sei, Moutinho é uma vaca sagrada, não pode sair...
E já agora repararam no nº de perdas de bola da Croácia contra a Alemanha até ao 2-0 - Quase zero. Só assim é possível ganhar a este nível...
Na minha opinião, Pepe esteve longe de ser um imperador na defesa. Em vários cruzamentos, ficou a ver a bola passar. Não esteve tão bem no capítulo defensivo.
Ricardo, apesar de ter feito uma boa defesa, voltou a mostrar que não merecia ser titular na selecção. Quim teve foi um grande azar. Mas também o Ricardo é um dos protegidos deste seleccionador.
Quanto ao Scolari, até parece que alguém vai morrer com a sua saída. Ainda não ganhou nenhum título por Portugal, tal como os anteriores seleccionadores. Não percebo tanto alarido. Na única oportunidade que teve para ganhar algo conseguiu perder duas vezes com a Grécia no mesmo Europeu, para não falar do particular entretanto já realizado depois do Euro 2004.
Ouvi por alto o registo do seleccionador à frente da equipa e não é nada de outro mundo, mais de 10 derrotas, quase 20 empates, salvo erro. Para um campeão do mundo, é pouco.
E depois mostra uma grande coerência. Quando surgiu um comunicado do Benfica, ficou irritado, a dizer que já não ia para o clube. Agora o Chelsea parece que antecipou o anúncio e nem pia. Pq será? Dinheiro. Its all about the money.
Que venha um seleccionador português! Alguém se lembra do resultado de Humberto Coelho. Claro que não. O Scolari é que é o maior.
agora que a Selecção já não causa ansiedade:
"Quando o Marselha foi castigado e retirado da Liga dos Campeões, o PSG – segundo classificado – não aceitou o lugar a que tinha direito. Para evitar a guerra. O castigo do Marselha não poderia ser o benefício de um clube com honra. O SLB ficou a mais de 20 pontos do FCP, mas acha que foi o FCP que perdeu o direito de estar na CL. É um direito que lhes assiste. É a glória dos fracos."
agora que a Selecção já não causa ansiedade:
"Quando o Marselha foi castigado e retirado da Liga dos Campeões, o PSG – segundo classificado – não aceitou o lugar a que tinha direito. Para evitar a guerra. O castigo do Marselha não poderia ser o benefício de um clube com honra. O SLB ficou a mais de 20 pontos do FCP, mas acha que foi o FCP que perdeu o direito de estar na CL. É um direito que lhes assiste. É a glória dos fracos."
Francisco:
Trocar Miguel Veloso por Paulo Ferreira para melhorar o lado direito da defesa??? Antes de mais o Paulo está a jogar no lado esquerdo, e depois o lado direito foi nos dois jogos o lado mais forte da nossa defesa. Bosingwa está a fazer um europeu de luxo.
Quanto ao Deco, ele no FCP não defendia assim tao frequentemente, a diferença é que estava lá o Costinha e nem se notava... Com o Petit fica mais difícil, apesar de também estar a fazer um bom europeu, não tem as características de Costinha, que permitia a Deco e Maniche ficarem mais soltos para o ataque, como já referiu o lf num post anterior.
RF,
Quanto a Pepe, não estou deveras de acordo que esteja assim tão mal, acho até que tem estado bastante bem, e eu até era dos que defendia que a dupla de centrais devia ser Carvalho-Meira.
Concordo que o Quim deveria ter sido o titular, mas não creio que Scolari tivesse abdicado de Ricardo se não tivesse havido a lesão. Teria sido tudo igual.
Relativamente a Scolari também nunca apoiei muito algumas das suas decisões, nomeadamente quando não convocou aquele que era considerado na altura pela UEFA o melhor guarda-redes da Europa e campeão europeu. No entanto acho um bocado ingrato estar a dizer que não fez nada de mais... Nunca tínhamos estado numa final do Euro, e só uma vez tínhamos chegado às meias de um Mundial. Não podemos esquecer Humberto Coelho, é verdade, mas quantos por lá passaram e, esses sim, nada fizeram?
Caro Bruno Oliveira:
Naturalmente que a troca de Paulo Ferreira por Miguel Veloso é para melhorar o lado esq. da defesa. Do lado dto Bosingwa tem estado bem apesar da fraca 1ª parte contra a R. Checa.
Não concordo que o Costinha tenha sido melhor do que Petit. Quem fazia a diferença era de fato Maniche.
E o Deco defendia de facto melhor... Mas a idade vai pesando... Qd jogava no fcp, assim que perdia a bola, fazia rapidamente todos os possíveis para a recuperar.
Qt a Scolari é apenas o melhor treinador do mundo... É claro que não poderia ficar eternamente e foi muito maltratado por:
- Adeptos e opinion-makers do fócuporco que nunca lhe perdoaram a saída de Seleção de Vitor Baía.
- Pelos jornalistas em geral, sempre prontos a criticar tudo e todos, até um treinador com o curriculo e resultados de Scolari. Até Camacho se referiu uma vez a esse facto... "Se até criticam Scolari que é o melhor do mundo..."
- Finalmente pelo Sr. Silva, actual Presidente da República, que pediu publicamente a sua demissão após o caso Quaresma e depois teve a lata de receber a Selecção antes da ida para o Euro... Esta deve ter sido a que doeu mais... Todos se lembram do desabafo "E o burro sou eu?..."
Substituir Scolari é difícil mas Deus nos livre de:
- Carlos Queirós
- Manuel José
- Peseiro
- Jesualdo Ferreira
Humberto, mais uma vez, será uma boa opção...
Cumprimentos.
francisco,
Mais uma vez concordo com algumas das suas opiniões, mas também discordo de outras... Quanto ao facto de Scolari ter motivos para ir embora, concordo plenamente. Eu fui um dos que critiquei quando não chamou o Vítor à selecção, não por ser do meu clube (FUTEBOL CLUBE DO PORTO), mas por ser o melhor da Europa na altura... tal como não concordei que Ricardo fosse agora também titular(creio que é obvio que mesmo sem a lesão Quim não teria sido titular, pois a equipa que iniciou o euro foi o mesmo que defrontou a Geórgia e não me parece que fosse trocar só o guarda-redes). No entanto, também agora Quim é claramente o melhor guarda-redes português ou pelo menos o que está em melhor forma.
Relativamente a Scolari ser o melhor do mundo, não concordo... Scolari é sem dúvida um grande condutor de homens, e foi por isso que conseguiu pôr o país à volta da selecção como nunca nenhum outro o fez. Em termos tácticos deixa muito a desejar, sendo um exemplo as substituições que normalmente faz...
Sinceramente julgo até que Scolari pouco vai fazer no Chelsea... Mas isso cá estaremos para ver...
Bruno Oliveira,
Concordo plenamente relativamente ao Vítor Baía, assim como ao Quim. O Scolari gosta de deixar uma marca por onde passa. Vamos ver o que fará no Chelsea.
Sobre o Scolari, é óbvio que fez alguma coisa. Mas é preciso não esquecer o leque de jogadores que tem à sua disposição.
Em 1996, por exemplo, a defesa de Portugal tinha nomes como Secretário e Dimas, batidos a milhas por jogadores como Bosingwa, Miguel, Caneira (que não foi chamado) e até o próprio Paulo Ferreira. No jogo de 96 contra a Croácia até um jogador chamado Tavares jogou! Só a partir de 1996 é que começou dar frutos a denominada geração de ouro. E o Scolari apanhou muito desse trabalho ainda. Fernando Couto, Luís Figo, Rui Costa são exemplos disso.
Eu sou contra este fenómeno de brasileiros na selecção. Se querem ganhar títulos a qualquer custo, passem a convocar o Liedson, por exemplo. Naturalizem avançados pois é uma posição frágil na selecção. Pepe é grande jogador, mas tivemos sempre bons defesas. Riacrdo Carvalho e Bruno ALves dariam conta do recado, mas pronto. São opções.
para mim esta exibição do Deco foi apenas um prolongamento da anterior...
melhor, mas no primeiro esteve quase tão bem... foi tudo quase perfeito, excepto as fragilidades mostradas nas bolas pelo ar dentro da área...
abraços e continua o bom trabalho LF
já agora, só uma palavra para esse cromo que anda aqui a comentar "castigos".
Eduardo, sou benfiquista e sócio, frequento este blog pelo meu benfiquismo, e devo dizer-te que a maior parte dos benfiquistas que conheço, neste momento, nem querem saber se vamos ou não à liga dos campeões, só queremos que seja feita justiça. porque falas de honra á boca cheia e onde é que está a vossa? ganhar nos bastidores é honroso?
neste momento, o porto para mim não significa nada, porque eu sou adepto de futebol, e só depois sou benfiquista ferrenho! ao contrario de todos os portistas, que primeiro são do segundo maior clube do país, o anti-benfiquismo, e só depois são portistas, e por fim até gostam de futebol...
eu sempre admirei o porto, pela sua grandeza, quase tao grande como a do benfica, mas depois de virem à baila todas as coisas que o vosso corrupto presidente fez, não só do apito dourado, porque já vem de muito atrás, para mim, passou a ser mais um clube frustrado que combate a falta de vitorias da maneira mais fácil, corrompendo... neste momento metem-me nojo...
isto para não falar na guerra NORTE/SUL criada pelo vosso "presidente", que por sinal nunca mais morre, é a minha opinião...
portanto, peço a todos os portistas que vêm para aqui falar de honra, para olharem bem para o que têm e só depois falarem do benfica...
Relativamente a um comentario que li em que falavam do golo de Quaresma e afirmavam que meio golo tinha sido de Ronaldo, discordo totalmente... meio golo é do Deco, com aquele monumental passe na cobrança da falta... Só depois vem C. Ronaldo e por fim Quaresma...
Fica a nota...
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