...E NO FIM GANHARAM OS ALEMÃES

3-2 no marcador, Schweinsteiger (após cruzamento do lado esquerdo de Podolski ao primeiro poste) e Klose (de cabeça) a facturarem, emoção até ao último minuto, algumas baldas da defesa alemã, erros infantis do guarda-redes contrário, e no final, a equipa de Joachim Low a fazer a festa. Onde é que já ouvimos tudo isto ?
Num jogo deveras emocionante o destino sorriu uma vez mais aos alemães, que disputarão no domingo a sua sexta final em treze edições da prova, confirmando assim a sua hegemonia nesta competição. Nada que não se esperasse antes do início do desafio, mas depois dos noventa minutos de Basileia, olhando ao desempenho de ambos os conjuntos, há que dizer que ficou no ar um cheirinho a injustiça.
Entrando muito bem no jogo a remendada selecção turca mostrou classe, ambição e, sobretudo, muita vontade de vencer. Em toda a primeira parte poderia ter inclusivamente sentenciado a eliminatória. Marcou um golo, atirou uma bola à barra, dominou totalmente os acontecimentos. Só a frieza cínica e terrivelmente objectiva da equipa germânica permitiu, num lance de contra-ataque, igualar a partida e levar esse empate até ao intervalo.
Na segunda parte o jogo baixou de ritmo, mas os últimos dez minutos valeriam bem os outros trinta e cinco. Klose, num lance em que Rustu ficou muito mal na fotografia, fez o segundo golo para a Alemanha aos oitenta minutos, mas quando se pensava que tudo estaria resolvido eis que surgiu o homem dos milagres – Semih Semturk – que após lance de Sabri desviou a bola do alcance de Lehmann, repondo a justiça no placar.
Mas estava escrito, como em muitas outras ocasiões, que seria a Alemanha a vencer. No último minuto, após lesão de Kazim Kazim, Lahm aproveita o espaço e desfaz a igualdade, deitando por terra o sonho turco.
É inacreditável como esta equipa, sem grande brilho, sem mostrar argumentos de monta, evidenciando fragilidades óbvias, consegue estar na final do Campeonato da Europa, enquanto selecções como a nossa, a Holanda ou a Croácia já estão em casa diante da televisão. Esta Alemanha – ao contrário de outras suas antecessoras – não demonstra grande solidez defensiva, nem sequer ostenta qualquer tipo de superioridade física. É uma equipa com sorte e, sejamos justos, com uma força mental digna dos seus pergaminhos, e própria de um povo que deu ao mundo homens como Wagner, Goethe, Munch, Kant e muitos outros. Pode ser campeã da Europa (afinal de contas são alemães…), mas penso que o futebol teria a ganhar caso o vencedor deste Euro saísse do confronto de hoje. Em nome do espectáculo. Em nome dos adeptos.

3 comentários:

jsbmj@clix.pt disse...

Portugal a jogar o seu melhor, teria ido longe neste Euro... Ao ver estas equipas das meias-finais a jogar futebol e recordando-me do esplendoroso futebol de Portugal contra a Turquia, e do bom contra a R.Checa, não se entende como Portugal não foi muito longe... Nem a lesão de Ronaldo serve de desculpa...

Anónimo disse...

...E no fim ganham os alemães, mesmo com todo o desprezo e humilhação que os jornaleiros cá do burgo manifestam nas opiniões acerca da selecção alemã, como se portugal fosse um habitué nestas andanças e a alemanha fosse a Estónia, ou a Islândia

LF disse...

A questão central é que neste tipo de competições (a eliminar, decididas no detalhe) adianta pouco jogar bem ou mal. Quem comete menos erros vence.
E normalmente a Alemanha comete poucos erros, em grande parte devido à tremenda força mental dos seus jogadores.
Portugal, que no Euro 2004, e Mundial 2006 tinha demonstrado um pouco dessa capacidade, desta vez cometeu erros em demasia, deixando expôr as suas fragilidades (guarda-redes, lateral-esquerdo...)

Ainda assim, acho que com um pouco de sorte poderiamos estar agora na final contra a Espanha, justamente a final que eu mais desejava ( à boa maneira do hóquei em patins...)