UMA BOA ESCOLHA, MAS...

Cheguem ou não a bom termo as negociações com Sven Goran Eriksson, ficou para já a saber-se ser ele a primeira escolha da SAD encarnada para orientar a equipa na próxima temporada. Julgo tratar-se de uma boa notícia para os benfiquistas.
Eriksson é um dos técnicos de top do futebol europeu e se o não incluí na sondagem aqui do lado foi apenas por não acreditar que o Benfica tivesse condições financeiras para o contratar – e veremos se as tem -, tal como não incluí Mourinho, Lippi e muitos outros.
As suas duas passagens pelo Benfica foram coroadas de sucesso, com três títulos nacionais, uma taça, uma supertaça e duas finais europeias. Muito embora os tempos fossem outros – Humberto, Chalana, Diamantino e Nené na primeira vez, Valdo, Thern, Ricardo e Magnusson da segunda -, aquilo que Eriksson fez depois em Itália, nomeadamente na Lazio, não deixa dúvidas sobre a sua competência e a qualidade do seu trabalho, tendo sido o treinador mais ganhador da história do clube romano. Na selecção inglesa faltou-lhe sobretudo um pouco de sorte ao ser eliminado em duas competições sucessivas por Portugal no desempate por grandes penalidades (Euro 2004 e Mundial 2006), depois de ter sido afastado pelo Brasil (de Rivaldo, Ronaldinho e Ronaldo) nos quartos-de-final do Mundial 2002. Em todos os momentos que acompanhei da sua carreira, prevaleceu um aspecto dominante: a excelente qualidade do futebol praticado pelas suas equipas, quase sempre num 4-4-2 muito ofensivo e espectacular.
Quando chegou a Portugal pela primeira vez, trazido pelo empresário Borje Lantz (o mesmo de Thern, Magnusson, Stromberg, Manniche, Schwartz etc), e como aposta pessoal do então presidente Fernando Martins, o sueco, então um quase anónimo jovem com pouco mais de 30 anos (já vencedor no entanto da Taça Uefa com o Goteborg), revolucionou o futebol benfiquista e mesmo o futebol nacional. Trouxe-lhe uma mentalidade audaz e ganhadora, responsabilizando os jogadores, exigindo-lhes uma atitude profissional imaculada, e dando-lhes, por outro lado, a liberdade para expressarem todo o seu talento dentro do campo. A equipa de 1982-83 foi eventualmente a melhor equipa do Benfica do pós-Eusébio, e é comum ouvirmos ou lermos muitos dos jogadores de então considerarem Eriksson como o técnico mais marcante das suas carreiras, um pouco à semelhança do que Mourinho, anos mais tarde, representou para o F.C.Porto. As qualificações da selecção nacional para o Europeu 84 e para o Mundial 86 muito lhe deveram, graças justamente à mentalidade ganhadora com que formatou muitos dos melhores futebolistas portugueses daquela década.
Para além da sua competência e capacidade de liderança, Eriksson marcou também pelo discurso. Era a personificação do gentleman, e terá sido das pessoas mais educadas que me lembro de ouvir falar desde sempre no mundo da bola.
Recordo com carinho uma conversa que com ele tive em 1983, na sequência de um pedido de autógrafo à saída da antiga Luz, durante a qual, na inocência dos meus 13 anos, pretendi saber e discutir a equipa que ia alinhar no jogo seguinte. Eriksson falou comigo amigavelmente, explicando de forma extremamente simpática que não podia satisfazer a minha curiosidade pois os adversários poderiam ouvir e ficar a saber, saindo o Benfica prejudicado. Tudo à porta do seu magnífico “Saab”, no qual apenas se sentou depois de se despedir de mim.

Como se percebe, não faltam motivos para, enquanto benfiquista, ficar agradado com esta escolha. Mas não se pense porém que a sua eventual contratação irá milagrosamente resolver todos os problemas em que o clube está mergulhado.
Como já aqui tive oportunidade de referir por diversas vezes, o problema do Benfica não é um problema técnico, mas sim político (e até cultural...). Desde há mais de uma década passaram grandes treinadores pelo clube e os resultados têm sido invariavelmente medíocres. Haveria um lote de três treinadores que talvez, por si só, pudessem resolver grande parte das debilidades do clube da Luz, se para tal tivessem um enquadramento apropriado e lhes fosse dada a autonomia devida. Esses homens seriam aqueles que considero os três melhores treinadores do mundo, Marcelo Lippi, Fábio Capello e José Mourinho, mas nenhum deles está, sobretudo por razões de ordem financeira, ao alcance do Benfica.
Qualquer outro técnico irá precisar de muito mais apoio, leia-se, condições de estabilidade e de plantel, apoio esse que terá necessariamente de partir da equipa directiva, o que, pelo passado recente da gestão desportiva no clube, não pode deixar de levantar as maiores reservas.
Eriksson, que eu englobaria numa segunda linha imediatamente após os três nomes referidos (juntamente com Ferguson, Wenger, Ancelloti etc), é um técnico capaz de fazer um excelente trabalho dispondo de condições para isso, não se sabendo contudo se será homem para criar ou impor, ele mesmo, essas condições. É assim uma boa escolha mas, per si, insuficiente para devolver o Benfica às vitórias, o que só será possível com uma gestão desportiva competente e capaz de permitir ao treinador centrar-se apenas naquilo de que de facto percebe.
Não existem santos milagrosos no futebol, e a contratação de Eriksson não poderá ser vista como um fim, mas sim como o princípio de uma nova era em que muita coisa terá de mudar. Caso contrário, Eriksson sairá do Benfica como sai agora do Manchester City, sem honra nem glória, acrescentando-se ao extenso conjunto de bons treinadores queimados na fogueira da Luz desde há quinze anos para cá.
Eis o palmarés do técnico sueco:

14 comentários:

Peter disse...

Acho que o Eriksson é uma boa escolha.Não acredito que um treinador da sua craveira deixe que a direcção lhe dê tudo senão apoio.Se isso não acontecer certamente que baterá com a porta.O que é absolutamente necessário é que ele e o Rui Costa traçem a política desportiva em uníssono, sempre com o apoio do Presidente e que este se limite a ajudar monetáriamente, logísticamente e humanamente. No entanto devemos ser humildes e não pensar que vamos ser já campeões na 1ªépoca, se assim acontecer melhor, mas se não acontecer teremos que ter paciência. Mas acredito plenamente que com o Eriksson em 3 épocas seremos campeões numa delas ou mais que uma vez.Quanto ás suas virtudes o seu currículo fala por si e as anteriores passagens pelo Benfica também.Mas tudo isto só faz sentido se Eriksson for efectivamente o treinador do Glorioso.

LF disse...

O que eu temo nele é apenas a sua tendência para fazer excelentes resultados quando tem muitos meios à disposição (Lazio, Benfica dos anos oitenta), e eclipsar-se quando assim não acontece (por exemplo na Fiorentina, na Sampdória e no Manchester City).

Esta fase da vida do Benfica precisa de alguém que seja capaz de trabalhar com poucos meios, no meio de grande agitação, e tenha capacidade de organização para pensar a longo prazo.

Mas continuo a dizer que era muito difícil arranjar melhor. Só mesmo um daqueles três...

Anónimo disse...

Concordo mais com o seu último comentário do que com o Post.

Não me parece que Eriksson seja o Treinador ideal para o Benfica neste momento.

Volto a insistir que a melhor solução é a dupla Humberto Coelho/Diamantino Miranda. São treinadores que conhecem o Benfica e são imunes às opiniões da comunicação social. Penso que também conseguiriam a blindagem necessária relativamente ao exterior. Seria necessário termos paciência durante 2 ou 3 anos, mas estou convencido que conseguiriam bons resultados.

Tb não concordo que a melhor equipa pós Eusébio tenha sido a de 1982-83. Penso que a Equipa que empatou em Leverkusen 4-4 e a que ganhou 3-1 em casa do Arsenal era melhor... A de 1982-83 tinha mais Portugueses e era igualmente uma Grande Equipa mas...

Anónimo disse...

LF

Eriksson é um bom treinador para o Benfica, tem um futebol vistoso e vitorioso, pelo menos nas passagens pelo Benfica

Se é o treinador para o Benfica nesta altura, tudo depende da estrutura do futebol do Benfica e daquilo que quer Rui Costa e que pode comprar

A materia prima com que vai contar vai ser muito importante e decisiva nesta sua passagem pelo Benfica

Agora... é um treinador que conhece bem o futebol português, percebe a mentalidade do jogador nacional e dos dirigêntes portugueses

Eriksson sabe o que é ser treinador do Benfica, a exigência que lhe é pedida diáriamente a pressão de ter de ganhar sempre e conhece muito bem a maioria dos adeptos do Benfica(dão tudo pelo clube, mas cobram muito alto)


FRANCISCO

Eu não apostava nessa dupla, Humberto Coelho / Diamantino Miranda são demasiado Benfiquistas e reagem com o coração, não com a razão, penso que não seria bom para o Benfica

Para mim o Benfica necessitava de um treinador muito agressivo, muito participativo, quer nos treinos e especialmente nos jogos, eu gostava de Jorge Jesus (treinador) e Alvaro Magalhães (adjunto), mas parece que vai ser Eriksson, menos mal

Anónimo disse...

Caro Catn:

Discordo completamente da sugestão Jorge Jesus. Não vejo tb motivo para o Álvaro ser seu "subordinado"...

Cumprimentos.

Anónimo disse...

FRANCISCO

Coloco o Alvaro Magalhães a adjunto, porque Jorge Jesus é dos melhores treinadores portugueses, com provas dadas, grande estratega tactico, as suas equipas jogam sempre um futebol atractivo e de ataque, depois tem aquela agressividade no banco que transporta para os jogadores em campo

Aceito que podia sofrer da pressão de ser treinador do Benfica e não estar preparado (julgamos nós) para a confusão que é ser treinador do Benfica

Gosto muito do Alvaro e admiro o seu benfiquismo e o seu caracter, agora ainda não deu provas para treinar um clube de 1ª liga, muito menos o Benfica

Jorge Jesus seria a minha aposta, mas como não passo de um Director Desportivo de Blog, tenho de aceitar, ou não, as escolhas do Rui Costa

Espero, que Rui Costa tenha saber e muita sorte nas suas escolhas, para bem de todos os benfiquistas

Anónimo disse...

Caro Catn:

O Benfica não deve ir atrás de modas... O Jorge Jesus teve bons resultados este ano mas ninguém lhe perdoaria duas derrotas consecutivas no Benfica. O próprio Álvaro aguentaria mt mais fácilmente a pressão...

Dentro dos Treinadores Portugueses penso que só o Mourinho ou o Humberto Coelho têm capacidade e credibilidade para conduzir a Equipa.

Saudações Benfiquistas.

Anónimo disse...

A escuta mais recente da PJ!

- Tou
- Sou Eu, Hum… Hum…
- Atão, posso avançar?
- Podes!
- Mas posso mesmo?
- Já te disse que sim! C*ralho! Já depositamos os ordenados! Foi ontem, antes daquilo de Inglaterra!
- E eles?
- Hum… Hum… Não sei, mas dizes que não… Hum… Hum… Botas lá na folha que estão a dever|
- OK! C*ralho… mas tenho a impressão que me vou f*der!
- Hum?
- Ás tantas já pagaram e vou fazer figura de palhaço!
- Hum… Hum… não interessa, temos que fazer isto POR OUTRO LADO!
- Atão tá bem… olha e aquilo em Inglaterra?
- Para já não posso falar… o gajo só aceita se houver Champions!
- Ah… Olha não me queres convidar para jantar?
- Hum? Jantar? Não posso, vou ter que jantar hoje na Amadora!
- Ah! E já tens os envelopes?
- Já! Já!
- Olha… e porque não um almocinho amanhã?
- Amanhã? Hum… não posso… tenho que arrancar pró Norte, temos lá um almoço.
- Ai sim? Onde?
- Na Av. da Boavista.
- Atão tá bem c*ralho, mas depois temos que fazer um jantarinho, para eu também ver o meu!
- Não te preocupes! Hum… vais ter!

Anónimo disse...

FRANCISCO

Pois é, isso não tem haver com as capacidades do treinador tem haver com a estrutura que o apoia e a força do Director desportivo e do Presidente

Vamos ver se os adeptos e a comunicação social deixam o proximo treinador em paz, aos adeptos pede-se calma para deixar trabalhar o homem e formar uma equipa

Eu sou daqueles que esperam para ver, mas quando não me agrada, também sou dos que digo o que penso

Vamos esperar e ver se Eriksson tem vontade de trabalhar para formar uma boa equipa, ou se o deixam trabalhar como ele quer

Esta situação está nas mãos dos benfiquistas, terem pacência para esperar ou não

Anónimo disse...

E eu apostaria num Eriksson/ Álvaro , concordo com tudo o que disse, mas jorge jesus? Acho que seria muito arriscado e penso que seria mais um Manuel José, no que tocasse a grandes .. tal como Manuel Cajuda

Vasco

Anónimo disse...

Concordo com a ideia de colocar o Álvaro com o Eriksson, ele fez um trabalho fenomenal enquanto adjunto do Trapa; mesmo com os abusos de alguns meninos o ambiente era reconhecidamente mt mt bom!

Só não sei como estará o relacionamento entre os dois, alguém se lebra se foi o Eriksson que pôs o Álvaro "a andar" na última passagem?

Mais um ponto, com o Eriksson temos uma coisa certa: acabaram-se as contratações de bostas para jogar no Glorioso, não me lembro de o ver errar em nenhum jogador...

FG

LF disse...

Creio que Jesus é um bom treinador, mas não tem experiência no futebol de alto nível.
É diferente lidar com jogadores quase anónimos e à procura de construir uma carreira, do que ter de gerir as vaidades e os ciumes de estrelas de primeira grandeza, já ricos e habituados a ser apaparicados.
Um treinador é hoje, mais que um especialista em tácticas e métodos de treino, sobretudo um gestor de emoções humanas.
Os métodos de Jesus funcionam em clubes mais pequenos, mas está por provar que sejam adequados a jogadores internacionais como Luisão, Petit, Nuno Gomes, Cardozo ou Rodriguez.

Até poderia resultar. Mas com um Eriksson, um Scolari, um Queiroz o risco é muito menor. E o Benfica não pode correr muitos riscos...


Para mim o adjunto ideal seria Rui Águas, embora o Álvaro também fosse uma boa opção.
Diamantino não me parece ter o perfil ideal, e Mozer, conhecendo-o menos, também me gera alguma desconfiança.

Anónimo disse...

Se o ERIKSSON não vier vai ser uma decepção...espero bem que chegue a próxima semana para que as coisas se resolvam de forma favorável ao Benfica, ou seja, que venha treinar o clube...já não suporto treinadores incompetentes...só a ameaça que paira no ar de podermos estar mais 11 anos sem ganhar um titulo, até me dá arrepios e o coração não sei se aguenta...

Anónimo disse...

Se o ERIKSSON não vier vai ser uma decepção...espero bem que chegue a próxima semana para que as coisas se resolvam de forma favorável ao Benfica, ou seja, que venha treinar o clube...já não suporto treinadores incompetentes...só a ameaça que paira no ar de podermos estar mais 11 anos sem ganhar um titulo, até me dá arrepios e o coração não sei se aguenta...