O CIRCO CONTINUA
Humberto Coelho, Luiz Felipe Scolari, Alberto Zaccheroni, Carlos Bianchi, Marcello Lippi, Alberto Malesani, Manuel José, Manuel Cajuda, Jorge Jesus, Otmar Hitzfeld, Fatih Therim, Ernesto Valverde, Carlos Carvalhal, Paul Le Guen, Carlos Queirós, Sven Goran Eriksson, Quique Flores, Michael Laudrup e José Peseiro. Todos estes nomes foram nos últimos tempos falados, aqui e ali, como possíveis treinadores do Benfica para a próxima época, sem que a vinda de qualquer deles – alguns dos quais meras fantasias – se tenha concretizado. Para além deles, para adjuntos foram apontados, que me lembre, Diamantino Miranda, Álvaro Magalhães, Toni, Paulo Sousa, Carlos Mozer, Carlos Azenha, Rui Águas, Fernando Chalana, João Alves, Minervino Pietra e Luís Martins.
À semelhança do que tem sido norma na Luz, as decisões não se tomam, vão-se adiando e arrastando até timings tardios e comprometedores. Tem sido assim com a venda e a compra de jogadores, invariavelmente feita sobre o fecho dos mercados – prática que, diga-se, foi José Veiga a incrementar -, com as renovações de contrato, mantendo jogadores ansiosos e desmotivados, e agora também com a definição do novo treinador, algo que desde a saída de Camacho deveria ter sido imediatamente ponderado e acautelado.
É verdade que a especulação da comunicação social tem sido responsável pelo lançamento de muitos dos nomes referidos. É verdade também que o clube não pode evitar que se especule, que se fale deste ou daquele nome, que se invente esta ou aquela história. Mas uma coisa é factual: uma semana após ter terminado o campeonato, quando ambos os rivais têm as suas situações mais do que definidas, o Benfica não tem treinador, nem (consequentemente) plantel para 2008-09.
Talvez lá para finais de Agosto as coisas estejam por fim resolvidas, para então sobre o joelho arrancar com a nova época, e dentro de um ano (ou talvez antes) o clube estar, obviamente, de novo em busca de um salvador, um homem providencial que milagrosamente salve o Benfica das suas incompetências, das suas indecisões, dos seus erros quase a raiar o suicídio desportivo.
Não foram os jornais que disseram que o Benfica iria “prescindir” de Eriksson por não poder esperar mais tempo – isto há uma semana atrás – supondo-se então que a alternativa esperaria já atrás da porta. Não foram os jornais que há meses disseram que a próxima temporada estaria a ser preparada com todo o cuidado, e que não seriam cometidos erros do passado recente. Não foram os jornais que anunciaram já ter sido escolhidos os nomes para o novo ciclo, aquilo que de mais importante havia a fazer segundo o próprio Luís Filipe Vieira.
Convenci-me de que no dia seguinte ao final da Liga seria anunciado o nome do novo treinador, e que o mesmo eventualmente até já pudesse estar, na rectaguarda, a trabalhar a preparação do plantel com Rui Costa. Terá sido ingenuidade minha. Wishful thinking talvez. A verdade é que não havia, nem há, qualquer decisão, e quando ela, já em desespero, finalmente surgir, não se livrará do ferrete estigmatizador de uma quinta, sexta ou sétima escolha. Não se percebe como passam os dias os dirigentes do Benfica, o que esperam, o que fazem. O que pensam ser as consequências de tanta indefinição, de tanta hesitação, de tanta espuma para tão pouca substância. O clube mostra-se paralisado. Continua a navegar à vista, sem rumo e sem sentido. À espera que um milagre como o de 2004-05 o continue a enganar a si próprio. Pior que isso, parecendo desconhecer ou negligenciar totalmente as suas limitações. Parecendo não saber onde está, o que é, e para onde quer ir. Ignorar por exemplo que técnicos como Lippi ou Eriksson não têm qualquer interesse em treinar um clube de segunda como aquilo que é hoje o Benfica no futebol europeu, parece-me primário. Menosprezar as opções a que, realisticamente, o Benfica poderia chegar em tempo útil (Humberto, Cajuda, Peseiro) torna-se arrogância. E a arrogância dos fracos chama-se fanfarronice.
É uma pena ver Rui Costa metido nisto. Ele que foi um enorme jogador, que terminou a carreira com o Estádio da Luz aos seus pés, corre o risco de em breve ser mais um alvo de contestação, como têm sido todos os treinadores ou responsáveis intermédios que passaram ultimamente pelo clube. O seu benfiquismo levou-o uma vez mais a aceitar uma situação que, racional e profissionalmente, teria poucos motivos para prosseguir. No fundo, corre o risco de servir de carne para continuar a alimentar um insaciável canhão que a todos tem triturado implacavelmente, de José Mourinho a Jesualdo Ferreira, de Giovanni Trappatoni a José António Camacho, de Ronald Koeman a Fernando Santos, de José Veiga a Fernando Chalana.
Luís Filipe Vieira tem neste defeso a sua derradeira oportunidade. Eu próprio aqui defendi que apenas em 2009 a mudança devesse ser operada, até para se tirarem de vez as dúvidas se o problema é mesmo só de director desportivo (e nesse caso, estou em crer, ficaria resolvido com o “maestro”) ou se será bem mais amplo do que isso. A cada dia que passa ganho a convicção de que, ou Rui Costa ganha autonomia total - entenda-se capacidade de utilizar exclusivamente a seu critério um orçamento atribuído –, ou acabará por ser mais um inocente imolado na fogueira da Luz. Ganho consequentemente a certeza de que, seja em 2009, seja antes, Luís Filipe Vieira é hoje mais parte do problema do que parte de uma solução global para o Benfica, e as suas hipóteses de redenção estão em vias de se esgotar.
Se no final desta semana não houver treinador, o caso entrará já no campo da patologia institucional. Céus! José António Camacho saiu há mais de dois meses! Queirós disse não, Eriksson não vem, Quique também não, agora Laudrup também não parece interessado. Será que ninguém quer treinar o Benfica ? Ou será que o Benfica está a apontar para os alvos errados, para alvos inacessíveis àquilo que tem para gastar e oferecer ? Não era preferível estar já Humberto Coelho, Jorge Jesus, Manuel Cajuda ou José Peseiro a preparar a época ? Não era preferível um desses dois, ou outro qualquer, ter pegado na equipa logo que Camacho a abandonou, evitando assim possivelmente a perda de alguns dos doze pontos perdidos nos últimos oito jogos do campeonato ? As respostas parecem-me óbvias.
Só a possibilidade de ter de esperar pelo final de algum dos campeonatos para anunciar um técnico já assegurado justificaria o Benfica não ter resolvido desde logo o problema. Agora está demonstrado que não havia ninguém e, pior que isso, só há poucos dias se começaram a procurar soluções. A incompetência e a irresponsabilidade em todo o seu esplendor. Assim se vai minando e destruindo a esperança. Assim se vai matando um outrora grande clube chamado Benfica.
À semelhança do que tem sido norma na Luz, as decisões não se tomam, vão-se adiando e arrastando até timings tardios e comprometedores. Tem sido assim com a venda e a compra de jogadores, invariavelmente feita sobre o fecho dos mercados – prática que, diga-se, foi José Veiga a incrementar -, com as renovações de contrato, mantendo jogadores ansiosos e desmotivados, e agora também com a definição do novo treinador, algo que desde a saída de Camacho deveria ter sido imediatamente ponderado e acautelado.
É verdade que a especulação da comunicação social tem sido responsável pelo lançamento de muitos dos nomes referidos. É verdade também que o clube não pode evitar que se especule, que se fale deste ou daquele nome, que se invente esta ou aquela história. Mas uma coisa é factual: uma semana após ter terminado o campeonato, quando ambos os rivais têm as suas situações mais do que definidas, o Benfica não tem treinador, nem (consequentemente) plantel para 2008-09.
Talvez lá para finais de Agosto as coisas estejam por fim resolvidas, para então sobre o joelho arrancar com a nova época, e dentro de um ano (ou talvez antes) o clube estar, obviamente, de novo em busca de um salvador, um homem providencial que milagrosamente salve o Benfica das suas incompetências, das suas indecisões, dos seus erros quase a raiar o suicídio desportivo.
Não foram os jornais que disseram que o Benfica iria “prescindir” de Eriksson por não poder esperar mais tempo – isto há uma semana atrás – supondo-se então que a alternativa esperaria já atrás da porta. Não foram os jornais que há meses disseram que a próxima temporada estaria a ser preparada com todo o cuidado, e que não seriam cometidos erros do passado recente. Não foram os jornais que anunciaram já ter sido escolhidos os nomes para o novo ciclo, aquilo que de mais importante havia a fazer segundo o próprio Luís Filipe Vieira.
Convenci-me de que no dia seguinte ao final da Liga seria anunciado o nome do novo treinador, e que o mesmo eventualmente até já pudesse estar, na rectaguarda, a trabalhar a preparação do plantel com Rui Costa. Terá sido ingenuidade minha. Wishful thinking talvez. A verdade é que não havia, nem há, qualquer decisão, e quando ela, já em desespero, finalmente surgir, não se livrará do ferrete estigmatizador de uma quinta, sexta ou sétima escolha. Não se percebe como passam os dias os dirigentes do Benfica, o que esperam, o que fazem. O que pensam ser as consequências de tanta indefinição, de tanta hesitação, de tanta espuma para tão pouca substância. O clube mostra-se paralisado. Continua a navegar à vista, sem rumo e sem sentido. À espera que um milagre como o de 2004-05 o continue a enganar a si próprio. Pior que isso, parecendo desconhecer ou negligenciar totalmente as suas limitações. Parecendo não saber onde está, o que é, e para onde quer ir. Ignorar por exemplo que técnicos como Lippi ou Eriksson não têm qualquer interesse em treinar um clube de segunda como aquilo que é hoje o Benfica no futebol europeu, parece-me primário. Menosprezar as opções a que, realisticamente, o Benfica poderia chegar em tempo útil (Humberto, Cajuda, Peseiro) torna-se arrogância. E a arrogância dos fracos chama-se fanfarronice.
É uma pena ver Rui Costa metido nisto. Ele que foi um enorme jogador, que terminou a carreira com o Estádio da Luz aos seus pés, corre o risco de em breve ser mais um alvo de contestação, como têm sido todos os treinadores ou responsáveis intermédios que passaram ultimamente pelo clube. O seu benfiquismo levou-o uma vez mais a aceitar uma situação que, racional e profissionalmente, teria poucos motivos para prosseguir. No fundo, corre o risco de servir de carne para continuar a alimentar um insaciável canhão que a todos tem triturado implacavelmente, de José Mourinho a Jesualdo Ferreira, de Giovanni Trappatoni a José António Camacho, de Ronald Koeman a Fernando Santos, de José Veiga a Fernando Chalana.
Luís Filipe Vieira tem neste defeso a sua derradeira oportunidade. Eu próprio aqui defendi que apenas em 2009 a mudança devesse ser operada, até para se tirarem de vez as dúvidas se o problema é mesmo só de director desportivo (e nesse caso, estou em crer, ficaria resolvido com o “maestro”) ou se será bem mais amplo do que isso. A cada dia que passa ganho a convicção de que, ou Rui Costa ganha autonomia total - entenda-se capacidade de utilizar exclusivamente a seu critério um orçamento atribuído –, ou acabará por ser mais um inocente imolado na fogueira da Luz. Ganho consequentemente a certeza de que, seja em 2009, seja antes, Luís Filipe Vieira é hoje mais parte do problema do que parte de uma solução global para o Benfica, e as suas hipóteses de redenção estão em vias de se esgotar.
Se no final desta semana não houver treinador, o caso entrará já no campo da patologia institucional. Céus! José António Camacho saiu há mais de dois meses! Queirós disse não, Eriksson não vem, Quique também não, agora Laudrup também não parece interessado. Será que ninguém quer treinar o Benfica ? Ou será que o Benfica está a apontar para os alvos errados, para alvos inacessíveis àquilo que tem para gastar e oferecer ? Não era preferível estar já Humberto Coelho, Jorge Jesus, Manuel Cajuda ou José Peseiro a preparar a época ? Não era preferível um desses dois, ou outro qualquer, ter pegado na equipa logo que Camacho a abandonou, evitando assim possivelmente a perda de alguns dos doze pontos perdidos nos últimos oito jogos do campeonato ? As respostas parecem-me óbvias.
Só a possibilidade de ter de esperar pelo final de algum dos campeonatos para anunciar um técnico já assegurado justificaria o Benfica não ter resolvido desde logo o problema. Agora está demonstrado que não havia ninguém e, pior que isso, só há poucos dias se começaram a procurar soluções. A incompetência e a irresponsabilidade em todo o seu esplendor. Assim se vai minando e destruindo a esperança. Assim se vai matando um outrora grande clube chamado Benfica.
5 comentários:
COMEÇO A VER QUE O RUI COSTA METEU-SE NUMA ALHADA.
SEMPRE DISSE QUE O VIEIRA CONDICIONOU O RUI A DEIXAR DE JOGAR PARA SE ESCONDER ATRÁS DELE.
PARA MIM O VIEIRA JÁ ESTA A MAIS,VEJA-SE QUE O pORTO FOI CONDENADO E O NOSSO PRESIDENTE QUE DEVE FAZER AGORA BARULHO,ESTA CALADO QUE NEM UM RATO E DEVIA PEDIR A DEMISSÃO DO HERMINIO LOUREIRO,POR DEFENDER QUE OS CORRUPTOS DEVIAM IR A LIGA EUROPEIA.
Olá, e relembro que a leitura dos seus posts é sempre um prazer para mim!
Apesar de concordar consigo (como quase sempre!) tenho pena que não seja tão claro para si como tem sido para mim desde o lance do golo anulado ao amaral na longínqua final da supertaça contra o clube regional ( e até bem antes disso...), que os 12 pontos perdidos nas últimas oito jornadas a que se refere não se devem tanto à escolha (ou ausência dela) de treinador.
Concordará com certeza que os não sei quantos pontos ganhos pelos adversários directos no mesmo intervalo de tempo é que não tiveram mesmo nada a ver com isso (creio que não terá havido confronto directo, se não fôr o caso poderiam 3 pontos estar relacionados!).
Não digo que não terá a sua importância, e muita, mas creio que há outra coisa, infinitamente maior, que "vai matando um outrora grande clube chamado Benfica".
E estará nas nossas mãos identificá-la, perdurá-la nas memórias e de, enfim, aniquilá-la. Como parece quase estar a acontecer. Pena faltar o quase...
Na minha humilde opinião creio que a escolha do seu "modus operandi", embora não só legítimo como válido e até indispensável (e dum benfiquismo inquestionável), peca pelo timing e exposição e, muito provavelmente, no resultado.
Atente por favor que não estou a dizer com isto que seja premeditado da sua parte. Premeditado foi o tal jantar na Assembleia...(se descubro que o jantar foi pago com dinheiro dos contribuintes é desta que eu me repatrio!).
Peço desculpa se lhe dou a sensação que estou sempre a bater na mesma tecla mas se o faço é por acreditar verdadeiramente (e creio que você percebe o que é ter convicção numa causa) que podemos ainda fazer qualquer coisa se remarmos todos no mesmo sentido.
De qualquer das formas, espero ansiosamente ouvi-lo novamente,
Um abraço convictamente benfiquista (!)
Sei que é off-topic mas aproveito para, se está a ponderar responder ao meu último comentário, pedir-lhe que acrescente resposta para isto.
Queria apenas perguntar-lhe se tem a certeza daquilo que afirma num post mais abaixo, pois eu tinha ideia exactamente oposta e não gosto mesmo nada de não saber bem as regras pois ainda acredito ser possível um futebol em que se cumpram as ditas!!(talvez daqui a uns anos, e para isso luto como posso).
Falo de marcar a falta no local onde acaba e não onde começa como diz.
Obrigado desde já e mais um abraço
LF
Acho que está na altura de apresentar uma candidatura á presidencia do SL Benfica
Fico muito satisfeito por saber que tem a "cura", para o mal do nosso clube, ao ler o seu post, fico com a sensação, que para si deverá ser muito facil dar a reviravolta a esta situação
Penso que o LF, seria capaz de devolver ao Benfica, o estatuto de grande do futebol português e um clube respeitado a nivel internacional
Só espero que consiga estar mais de 8 dias no cargo, sem que venham logo dizer mal da sua presidencia e da sua actuação
Em relação ao Rui Costa, não acreditou no que ele dizia, que só começava a trabalhar como director desportivo depois de terminar a sua carreira como jogador, no nosso futebol as pessoas honestas não têm credibilidade
Sinceramente LF, esperava muito mais de sí, quase que não deixa o homem comecar a trabalhar e já está a criticar, por estas e por outras, é que o nosso Benfica está como diz o LF, somos o 3º clube de Portugal e qualquer dia vai aparecer outro para nos tirar esse lugar
Estamos acabados...
As faltas devem ser marcadas onde terminam.
Não tenho dúvidas quanto a isso.
Catn,
O meu texto não era uma crítica ao Rui Costa.
Espero, pelo contrário, que ele não seja mais uma vítima.
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