BALDE DE GELO CALA RUGIDO DE LEÃO EMPOLGANTE

Realizando talvez a melhor exibição da época, o Sporting terá, com tremenda infelicidade, hipotecado ontem as suas hipóteses de qualificação para a segunda fase da Liga dos Campeões, ao ceder um empate caseiro frente ao seu mais directo adversário na prova.
Os leões dominaram quase toda a partida, reagiram muitíssimo bem a um (grande) golo madrugador dos italianos, fizeram o mais difícil, virando o resultado, mas viram no último minuto, em lance fortuito, esfumar-se ingloriamente todos os seus esforços. A Roma, que pouco ou nada mostrou neste jogo, limitando-se a um ou outro contra-ataque, acaba por sair de Alvalade a um passo dos oitavos-de-final. É assim o futebol.
Há dois momentos bem definidores da manifesta infelicidade com que o Sporting se deparou nesta partida. Logo nos primeiros minutos, a perder por 0-1, o guarda-redes Doni atrapalhou-se com a presença de Liedson e empurrou a bola para dentro da sua baliza, com o seu próprio joelho e sem que ninguém lhe tocasse. O árbitro belga assinalou uma falta que só ele viu, e o golo não subiu ao marcador. Depois, quando Alvalade já começava a fazer a festa, Anderson Polga desviou de cabeça um aparentemente inofensivo remate de longa distância, traindo o guarda-redes Tiago e virando do avesso a classificação do grupo e as possibilidades dos leões. Muito azar num jogo só, sobretudo sabendo-se como a Champions League é impiedosa para com estas situações de infortúnio.
A primeira parte do Sporting foi notável. Com um meio-campo muito inspirado e generoso, onde Veloso, Moutinho e Romagnoli atingiam planos exibicionais elevadíssimos, o Sporting foi capaz de manietar por completo a equipa romana, impondo o seu ritmo, chegando com rápidas trocas de bola até perto da área contrária, criando oportunidades, e marcando golo(s). Sabe-se que o Roma é uma equipa atípica do futebol italiano, que normalmente privilegia o espectáculo e o futebol ofensivo, com jogadores rápidos e tecnicistas a jogar pelas alas. Pois o Sporting obrigou-a em largos períodos a remeter-se a uma toada quase exclusivamente defensiva, da qual apenas esporadicamente ousou sair.
No segundo tempo o jogo mudou ligeiramente de figurino. A Roma veio mais segura nas suas trocas de bola, e o Sporting mais pausado e menos exuberantemente ofensivo, ainda que mantendo em absoluto o controlo do jogo – nunca o perdeu ao longo dos noventa minutos. Até que, já com Vukcevic em campo, surgiu o tão ansiado segundo golo, num voo espectacular de Liedson, que parecia então ditar em definitivo a sorte do jogo. A Roma pouco havia mostrado até então, e o Sporting podia agora jogar como mais gosta, fechando linhas, cobrindo espaços, e esperando até que num qualquer contra-ataque, a inspiração do levezinho pudesse dar a machadada final nas contas do jogo, sabendo-se também quão importante seria alcançar uma vantagem directa em termos de eventual desempate.
O tempo foi passando, e com ele cada vez mais a sensação de que, por 2-1 ou por 3-1, a vitória não iria fugir aos leões. Até que o tal lance gelou Alvalade e determinou um empate que, se em termos de Uefa até nem é mau, nas contas para a Liga dos Campeões deixa o Sporting apenas agarrado à matemática e, porque não, a alguma fé.
Pode-se agora dizer que a equipa não teve maturidade para segurar a vantagem, mas há que lembrar que, para além do carácter totalmente aleatório da forma como a Roma chegou ao empate, era legítimo à equipa de Paulo Bento procurar um terceiro golo que, na prática, valeria mais um ponto. Dado até o cariz de um jogo que apresentava um adversário praticamente rendido à derrota, não me parece que toda aquela pressa nas reposições de bola e nas transições ofensivas, seja, em rigor, de algum modo condenável. Basicamente, foi apenas sorte que faltou ao Sporting, um pouco à semelhança do que acontecera com o Benfica na véspera, curiosamente sofrendo um golo de algum modo parecido.
Individualmente há que destacar as prestações de Liedson, claro, e de praticamente todo o meio-campo. Pela negativa, Yannick Djaló foi um jogador a menos em todo o tempo que esteve em campo. Que jeito faria Derlei num jogo como este…A arbitragem fica necessariamente ligada ao resultado do jogo, ao não considerar válido o auto-golo de Doni. À excepção desse lance, pouco ou nada mais há que referir.
Agora há que fazer contas. E até são simples: o Sporting tem de vencer os dois jogos (fazendo 10 pontos) e esperar que a Roma não vença nenhum (não fazendo assim mais que 9 pontos) ; ou em alternativa, vencer um e empatar outro (o que daria aos leões 8 pontos), tendo nesse caso a Roma que perder os dois (permanecendo com 7 pontos). Recorde-se que os leões terão de viajar até Old Trafford, e receber o Dinamo de Kiev, enquanto a Roma vai à Ucrânia e recebe depois os Red Devils no Olímpico.

13 comentários:

Anónimo disse...

O mesmo fado de sempre!...
Mas não se pode apontar nada, a não ser falta de sorte, o futebol também é um jogo, muitas vezes esquece-se este facto!
Qt ao glorioso, apesar do golo ter semelhanças com o sofrido pelos lagartos (lá está a falta de sorte, o que nem sequer tem faltado ultimamente!... adiando a crise "directiva", a meu ver, inevitável a breve trecho)penso que o resultado não deixou ninguém admirado, foi o que eu já esperava, nada mais. Cardoso começa a ser um caso de má digestão, bem sei que a adaptação pode levar tempo, mas o que é certo, por enquanto, é que 2 milhões de contos por um pé esquerdo parece-me demasiado...não achas?

LF disse...

Quanto à "anunciada" crise directiva do Benfica, e deixando de lado declarações avulsas resultantes de vaidades e tricas pessoais, penso que teremos de analisar a situação do clube segundo duas faces de uma moeda:

-De um lado uma direcção que estabilizou financeiramente o clube, dotou-o das infraestruturas necessárias, só não reduziu o passivo porque aumentou o património (centro de estágio), e em termos de angariação de sócios, e outras iniciativas comerciais teve um papel muito interessante.

-Do outro lado da moeda, temos um presidente que fala demais, comete erros primários, quer a nível político-institucional, quer sobretudo no plano desportivo, o que tem afastado o clube dos títulos, mau grado os investimentos milionários que têm sido feitos.

Esta é pois a base de análise:

O que é mais importante neste momento ?
Não terá o papel (importante) de LFV chegado já ao fim ?
Será ele o homem certo para o passo seguinte (recuperação desportiva) ?
Se não for ele, quem então ?
Rui Costa ? Não será demasiado inexperiente ?

Tudo o resto não me parece importante, nomeadamente saber se os profissionais que fazem parte da estrutura são do Benfica desde pequeninos ou não.

LF disse...

Quanto ao Cardozo, penso que, apesar dos escassos golos que marcou, já demonstrou ser um bom jogador.
Um ponta de lança que falha muitos golos não é necessariamente um mau ponta-de-lança. Tem de ter o mérito de aparecer em situações de finalização. A concretização ou não por vezes depende da sorte, dos niveis de confiança etc.

Cardozo fez em Glasgow dois remates espantosos, direccionados à baliza, a que o guarda-redes correspondeu com grandes defesas.
Além disso, já leva na Champions três bolas nos postes e um golo (o que é notável numa equipa que está em último lugar do seu grupo, e sabendo-se que os melhores marcadores do torneio levam 4 golos).
Julgo ser dos avançados que mais remata em toda a Liga milionária.

Depois temos também de levar em conta que um avançado de 9 milhões de euros não é, à escala europeia (e é aí que estamos a jogar), um avançado muito caro.
Se formos ver o preço dos passes dos avançados das equipas da Liga dos Campeões, veremos que em quase todas elas (pelo menos as que competem para o apuramento) haverá pontas-de-lança de 15, 20 ou até 30 milhões de euros, e nas melhores equipas até haverá mais do que um.

A questão dos 20 golos por época é que foi (mais uma vez)precipitada, e causou uma pressão enorme sobre um jogador vindo de um futebol muito diferente, sem férias, e habituado a um esquema táctico diferente daquele em que está a jogar.

Anónimo disse...

LF

Eu penso, que relativo á "crise" directiva do Benfica, temos de dividir duas realidades :

1ª Direcção do Sport Lisboa e Benfica ( Clube ), ai sim, só podem ser dirigentes quem for sócio e de perferencia, benfiquista desde sempre

2ª Direcção da SLB Futebol SAD, devem ser bons profissionais independentemente de serem do Benfica, portugueses ou estrangeiros, devem é serem muito competentes no seu trabalho

Nestre grupo de gestores, deve haver um Director desportivo, competente e muito experiente, não interessa se é portugues ou estrangueiro, tem de ser bom

LFV, deve manter a presidencia do Benfica e da SLB Futebol SAD, nesta ultima, como representante do sócio maioritario da SAD

Eu acho que LFV, tem feito um bom trabalho a nivel Financeiro, de cridibilidade, Social e estrutural do Benfica, agora, como já foi referido várias vezes, necessita de um bom director desportivo, RUI COSTA, parece-me bem, a idade não conta, conta é a experiencia vivida no mundo do futebol, o que aprendeu nos clubes por onde passou, é necessario caracter, personalidade, saber o que quer e o caminho que deve percorrer até chegar ao exito, acho que Rui Costa poderia ser um bom director desportivo, com outro treinador, não com Camacho, pois este quer ter todo o poder sobre a equipa e não dá ouvidos a niguem

Anónimo disse...

Quando referi crise directiva, como é evidente, não expressei um desejo, só fiz uma simples constatação: se a equipa começar a ter maus resultados a quem é que os sócios irão assacar responsabilidades? Está bom de ver que será ao presidente, que ao não ter uma politica desportiva com um rosto (o famigerado director desportivo), irá certamente "levar" com os adeptos. Eu sempre defendi o LFV, cujo trabalho económico/financeiro me parecem digno de mérito, mas, tal como acontece com o nosso governo da nação, o seu estado de graça já expirou, e daqui para a frente o futuro pode trazer surpresas desagradáveis (o que não desejo). Mas atenção, não se pode criar também a ideia de que o presidente é insubstituível... espero que o tempo dos homens providenciais já tenha terminado também no Benfica!...
Se analisarmos com frieza e rigor a preparação desta época, manancial de asneiras que deveriam constar num manual para ilustrar exactamente aquilo que não se deve fazer, não é preciso ser um expert para prever que esta época, oxalá me engane, muito dificilmente se fará algo de positivo ( no Benfica, deve-se entender como ganhar algum titulo).
O tema da cor clubistica dos directores para mim é uma questão de “lã caprina”, ou seja, não interessa nada (ou não deveria), para mim o que é importante é o profissionalismo e seus resultados (custo/proveito): prefiro um sportinguista competente do que um benfiquista incompetente ou mediano. Julgo que essa mini-guerra não irá causar a presumida (por mim) crise directiva, apesar de também me incomodar a forma com o LFV reage a quem pensa o contrário, confundindo, como alguém disse, unanimismo com solidariedade. A crise se vier, já pareço o Marcelo, será sempre devido a resultados desportivos…´
A questão Cardoso, ainda nem sequer existe, mas se o jogador não for defendido, coisa difícil, já que também não existe uma politica de comunicação profissionalizada ( o que é inexplicável), a pressão dos media e consequentemente dos adeptos pode “esmagar” o jogador. Coloquei a questão só para saber a tua opinião, porque a minha opinião apesar de não ser tão benevolente como a tua, é ainda … optimista.

Anónimo disse...

Grande golo do Polga. Gostei mais deste que do de Kiev. Foi mais bonito.

LF disse...

Tocaste num ponto crucial: a política de comunicação.
Acho que já falei nisso, mas no Benfica, praticamente ela não existe. Nem para defender jogadores, nem para desmistificar as teorias que os adversários elaboram sobre os erros de arbitragem.
Muitas vezes o Benfica tem deixado passar a mensagem de que é beneficiado, quando, à excepção da Taça da Liga - onde havia fortes interesses comerciais na sua presença na fase de grupos - ainda não o foi.
Um livre mal marcado a favor do Benfica merece mais páginas de jornal que um golo claramente em fora-de-jogo marcado pelo F.C.Porto. E no Benfica ninguém fala...

LF disse...

Tutano,

Sou benfiquista, mas nas provas europeias gosto que o Sporting ganhe. E só não fui a Alvalade porque não pude, por motivos profissionais e familiares.

Já relativamente ao seu clube, confesso que me é bem mais difícil manter o mesmo posicionamento.

Lembro-me de em 1987 ter saltado do sofá com o golo do Madjer, mas daí em diante, a arrogância e cinismo do vosso presidente, as teias de corrupção, o tráfico de influências, os tentáculos do poder do norte no futebol, o provincianismo bacoco contra Lisboa e o Sul, o Guarda Abel e os Super Dragões, as viagens ao Brasil, os irmãos Calheiros, o Guímaro, o Silvano, o Lourenço Pinto, o Paulinho Santos, a A.F.Porto, o Apito Dourado, a fruta, o caso Ricardo Bexiga, o episódio dos Aliados em 2005, os petardos no hóquei em patins, os petardos nas bancadas da Luz, os golos irregulares, entre muitas outras coisas, foram minando e destruindo o respeito que uma grande equipa de futebol (que o Porto é), em condições normais, me mereceria.

Quando um dia (espero que seja breve) Pinto da Costa desaparecer do futebol, talvez seja possível eu torcer pelo F.C.Porto nas provas internacionais da mesma forma e com a mesma convicção com que o faço com o Sporting, Boavista, Braga ou qualquer outro clube português normal.

Alexandre Vilarinho disse...

Temos que ter em atenção, apesar do excelente jogo praticado pelos leões e o domínio absoluto, a Roma também não teve sorte no primeiro golo sofrido... O futebol não é justo.


Saudações benfiquistas

Alexandre Vilarinho disse...

Temos que ter em atenção, apesar do excelente jogo praticado pelos leões e o domínio absoluto, a Roma também não teve sorte no primeiro golo sofrido... O futebol não é justo.


Saudações benfiquistas

Anónimo disse...

Pelo contrário, no primeiro golo a Roma até teve muita sorte, tanta que o árbitro nem o sancionou. E não houve muita choradeira.

LF disse...

Não houve choradeira porque nas provas europeias todos se amagam.
Se acontecesse um lance daquele contra o Benfica...

Anónimo disse...

O Sporting teve uma enorme felicidade no 1º golo. A Roma teve a mesma felicidade no 2º golo. Ou seja, igual felicidade para os 2 lados, em 1 dos 2 golos. No que diz respeito ao outro golo, de cada uma das equipas, a Roma marcou um grande golo, quase sem culpa para a defesa do Sporting e o Sporting marcou um golo muito consentido pelo defesa, que marcou muito mal Liedson, deixando-o completamente isolado. Quem é que teve afinal mais mérito e mais sorte? Não foi a Roma que marcou 1 golo com mais mérito próprio que demérito do adversário? E não foi o Sporting quem marcou 2 golos, com mais sorte que mérito um, e mais demérito do adversário que mérito próprio, outro? Sempre o mesmo choradinho falso como judas, sempre o azar, ou os árbitros, ou as 2 coisas. Pobres Calimeros.