AMERICAN EXPRESS
Pelo terceiro jogo consecutivo, em oito dias apenas, o Estádio da Luz pôde vibrar com uma vitória arrancada nos últimos minutos, quando a angústia já tomava conta das almas benfiquistas. O herói foi Adu, ele que também já se vai tornando talismã para os momentos de aflição – foi assim com o Estrela, com o V.Setúbal e agora diante do Marítimo.
À semelhança do que acontecera nas partidas anteriores, o espectáculo na Luz voltou a ser empolgante, com a equipa de Camacho a fazer valer o seu enorme coração para, a partir dele, conseguir vencer as dificuldades, postas tanto pelos adversários como pelas suas próprias limitações (que ainda são algumas). E falando de adversários deve dizer-se que este Marítimo – orientado por um experiente e categorizado técnico, que já foi inclusivamente seleccionador do Brasil - mostrou ser uma equipa extremamente bem organizada, rápida, muito bem dotada tecnicamente e capaz de pôr em respeito a defensiva benfiquista durante uma boa parte do desafio. Foram os madeirenses os grandes responsáveis pelo belo espectáculo a que se assistiu. Trata-se provavelmente da quarta melhor equipa portuguesa do momento.
A primeira parte jogou-se predominantemente no meio-campo encarnado, com as linhas do Marítimo muito juntas a montarem uma teia da qual o Benfica só a espaços, e com grande dificuldade logrou sair. Com Di Maria muito apagado (e bastas vezes individualista e desastrado), e Rui Costa em ligeira, mas notória, quebra de forma, o espaço ofensivo dos encarnados foi em largos períodos um longo deserto, no qual Cardozo, muito marcado, completamente sozinho e distante dos colegas, mais não podia fazer senão lutar e segurar os centrais adversários – que diga-se, quando caiam sobre ele pareciam uma multidão.
O golo madeirense – de belo efeito, mas muito facilitado por Quim - não surpreendeu, mas pouco depois a felicidade sorriu pela primeira vez aos encarnados, e pela mão de Ricardo Esteves. A irrepreensível cobrança da grande penalidade por Cardozo fazia o jogo regressar à estaca zero, mas nem assim o Marítimo perdeu o controlo das operações.
Eis que surge então um dos momentos da noite. A expulsão de Quim, e o penálti correspondente, pareciam rude golpe numa equipa do Benfica que até aí ainda não tinha verdadeiramente conseguido tomar as rédeas do seu destino. A ser transformada, no momento anímico em que ocorreu, esta penalidade máxima podia muito bem ter feito abalar todos os ainda frágeis alicerces do futebol benfiquista, e constituir-se na chave da decisão desta partida. Hans-Jorg Butt, até aqui um discreto e cinzento cativo do banco benfiquista, teve então ocasião para brilhar. Com uma defesa fantástica retirou o golo ao internacional Makukula, mantendo o empate no marcador. Penálti sim, penálti não, o Benfica, ainda que numericamente inferiorizado, continuava na discussão do resultado.
Este lance pareceu despertar aquilo que a equipa de Camacho tem de melhor e insiste em revelar jogo após jogo: uma enorme vontade de vencer, e uma capacidade de superação notável, fazendo das fraquezas forças e atingindo níveis de intensidade futebolística que as capacidades e fragilidades do seu plantel talvez não fizessem supor ser possíveis.
Na segunda parte, sem um abúlico Di Maria e com um esforçado Luís Filipe a permitir o avanço de Maxi Pereira para a ala direita, e com Cristian Rodriguez muito mais activo, o Benfica mostrou essa sua melhor face, traduzida também, é de salientar, numa condição física invejável.
Fruto de alguma (excessiva ?) cautela dos insulares, a equipa da Luz passou a dominar por completo todos os capítulos de jogo, criando ocasiões para chegar a uma vantagem que passou a merecer amplamente. Já depois de um lance para grande penalidade em que Léo foi agarrado e que Pedro Proença não terá visto, e quando o desânimo começava a tomar conta das bancadas (e da equipa), seria Freddy Adu a resolver a contenda, com um lance em que uma vez mais demonstrou o seu sentido de oportunidade e a sua capacidade de finalização. Na senda de Vata e Pedro Mantorras, Adu ameaça tornar-se num novo deus negro para o futebol benfiquista, capaz de, no meio do desespero, com uma qualquer feitiçaria solucionar os problemas mais delicados, se bem que na verdade, neste caso, se tenha de atribuir grande parte do mérito do golo ao lance de insistência de Léo.
Uma vez mais, aos 87 minutos, foi a festa na Luz. O Benfica alcançou o segundo lugar da classificação, o que depois de tudo pelo que passou na pré-época e no início da competição, não deixa de ser motivador, sendo aquele também, face à forma como todas as equipas se têm comportado, o lugar natural para esta equipa neste momento, pois para além do F.C.Porto não se vê ninguém melhor no campeonato.
Em termos individuais o destaque terá de ir naturalmente para o autor do golo da vitória, o norte-americano que a pouco e pouco vai afirmando no Benfica toda a classe que demonstrara, por exemplo, no Mundial sub-20; mas também para o guarda-redes Butt que, como disse acima, foi de quem partiu a construção desta vitória. Estiveram muito bem igualmente Léo, Binya, Maxi Pereira e Cristian Rodriguez.
No Marítimo, Marcinho, enquanto durou, foi o elemento de maior rendimento.
Pela negativa , para além da decepcionante exibição do mediático Makukula nos insulares, tenho que mencionar uma vez mais Di Maria. É pena que um jogador de tão grande talento se perca com constantes e teimosas habilidades para o seu próprio umbigo, sem nenhumas consequências que não sejam, frequentemente, perdas de bola em zonas perigosas descompensando a equipa. Tem muito que aprender (como outros), mas é preciso que dê mostras de querer mesmo fazê-lo, o que nem sempre tem ficado claro nestes últimos jogos. É que a continuar assim não irá de certo cumprir o seu sonho de jogar no Chelsea (ou era no Manchester ? ou nos dois ?)…
O árbitro apenas teve uma falha, ao não assinalar a tal grande penalidade cometida sobre Léo (e correspondente segundo amarelo a Ricardo Esteves). Mas para ser franco, na Luz – e até estava relativamente perto do lance – não me pareceu falta. É claro que a televisão é sempre cruel para o árbitro neste tipo de lances, e quem não frequente os estádios terá certamente dificuldade em entender que o erro faz parte do futebol e é perfeitamente natural em todos os seus intervenientes. Nos restantes lances polémicos, ajuizou muitíssimo bem.
Nota final para os adeptos do Benfica, que tanto critiquei há poucos dias atrás, e que ontem deram uma resposta capaz de me fazer calar. 45 mil pessoas na Luz, para um jogo com o Marítimo, tem de se considerar um bom número. Mas além da quantidade, a qualidade do apoio foi desta vez exemplar. Ficou-me particularmente na memória (e nos ouvidos…) a forma como todo o estádio vaiou freneticamente a marcação do penálti por Makukula, quase se podendo dizer que, a meias com Butt, também os adeptos o defenderam. O que fazem as vitórias...
À semelhança do que acontecera nas partidas anteriores, o espectáculo na Luz voltou a ser empolgante, com a equipa de Camacho a fazer valer o seu enorme coração para, a partir dele, conseguir vencer as dificuldades, postas tanto pelos adversários como pelas suas próprias limitações (que ainda são algumas). E falando de adversários deve dizer-se que este Marítimo – orientado por um experiente e categorizado técnico, que já foi inclusivamente seleccionador do Brasil - mostrou ser uma equipa extremamente bem organizada, rápida, muito bem dotada tecnicamente e capaz de pôr em respeito a defensiva benfiquista durante uma boa parte do desafio. Foram os madeirenses os grandes responsáveis pelo belo espectáculo a que se assistiu. Trata-se provavelmente da quarta melhor equipa portuguesa do momento.
A primeira parte jogou-se predominantemente no meio-campo encarnado, com as linhas do Marítimo muito juntas a montarem uma teia da qual o Benfica só a espaços, e com grande dificuldade logrou sair. Com Di Maria muito apagado (e bastas vezes individualista e desastrado), e Rui Costa em ligeira, mas notória, quebra de forma, o espaço ofensivo dos encarnados foi em largos períodos um longo deserto, no qual Cardozo, muito marcado, completamente sozinho e distante dos colegas, mais não podia fazer senão lutar e segurar os centrais adversários – que diga-se, quando caiam sobre ele pareciam uma multidão.
O golo madeirense – de belo efeito, mas muito facilitado por Quim - não surpreendeu, mas pouco depois a felicidade sorriu pela primeira vez aos encarnados, e pela mão de Ricardo Esteves. A irrepreensível cobrança da grande penalidade por Cardozo fazia o jogo regressar à estaca zero, mas nem assim o Marítimo perdeu o controlo das operações.
Eis que surge então um dos momentos da noite. A expulsão de Quim, e o penálti correspondente, pareciam rude golpe numa equipa do Benfica que até aí ainda não tinha verdadeiramente conseguido tomar as rédeas do seu destino. A ser transformada, no momento anímico em que ocorreu, esta penalidade máxima podia muito bem ter feito abalar todos os ainda frágeis alicerces do futebol benfiquista, e constituir-se na chave da decisão desta partida. Hans-Jorg Butt, até aqui um discreto e cinzento cativo do banco benfiquista, teve então ocasião para brilhar. Com uma defesa fantástica retirou o golo ao internacional Makukula, mantendo o empate no marcador. Penálti sim, penálti não, o Benfica, ainda que numericamente inferiorizado, continuava na discussão do resultado.
Este lance pareceu despertar aquilo que a equipa de Camacho tem de melhor e insiste em revelar jogo após jogo: uma enorme vontade de vencer, e uma capacidade de superação notável, fazendo das fraquezas forças e atingindo níveis de intensidade futebolística que as capacidades e fragilidades do seu plantel talvez não fizessem supor ser possíveis.
Na segunda parte, sem um abúlico Di Maria e com um esforçado Luís Filipe a permitir o avanço de Maxi Pereira para a ala direita, e com Cristian Rodriguez muito mais activo, o Benfica mostrou essa sua melhor face, traduzida também, é de salientar, numa condição física invejável.
Fruto de alguma (excessiva ?) cautela dos insulares, a equipa da Luz passou a dominar por completo todos os capítulos de jogo, criando ocasiões para chegar a uma vantagem que passou a merecer amplamente. Já depois de um lance para grande penalidade em que Léo foi agarrado e que Pedro Proença não terá visto, e quando o desânimo começava a tomar conta das bancadas (e da equipa), seria Freddy Adu a resolver a contenda, com um lance em que uma vez mais demonstrou o seu sentido de oportunidade e a sua capacidade de finalização. Na senda de Vata e Pedro Mantorras, Adu ameaça tornar-se num novo deus negro para o futebol benfiquista, capaz de, no meio do desespero, com uma qualquer feitiçaria solucionar os problemas mais delicados, se bem que na verdade, neste caso, se tenha de atribuir grande parte do mérito do golo ao lance de insistência de Léo.
Uma vez mais, aos 87 minutos, foi a festa na Luz. O Benfica alcançou o segundo lugar da classificação, o que depois de tudo pelo que passou na pré-época e no início da competição, não deixa de ser motivador, sendo aquele também, face à forma como todas as equipas se têm comportado, o lugar natural para esta equipa neste momento, pois para além do F.C.Porto não se vê ninguém melhor no campeonato.
Em termos individuais o destaque terá de ir naturalmente para o autor do golo da vitória, o norte-americano que a pouco e pouco vai afirmando no Benfica toda a classe que demonstrara, por exemplo, no Mundial sub-20; mas também para o guarda-redes Butt que, como disse acima, foi de quem partiu a construção desta vitória. Estiveram muito bem igualmente Léo, Binya, Maxi Pereira e Cristian Rodriguez.
No Marítimo, Marcinho, enquanto durou, foi o elemento de maior rendimento.
Pela negativa , para além da decepcionante exibição do mediático Makukula nos insulares, tenho que mencionar uma vez mais Di Maria. É pena que um jogador de tão grande talento se perca com constantes e teimosas habilidades para o seu próprio umbigo, sem nenhumas consequências que não sejam, frequentemente, perdas de bola em zonas perigosas descompensando a equipa. Tem muito que aprender (como outros), mas é preciso que dê mostras de querer mesmo fazê-lo, o que nem sempre tem ficado claro nestes últimos jogos. É que a continuar assim não irá de certo cumprir o seu sonho de jogar no Chelsea (ou era no Manchester ? ou nos dois ?)…
O árbitro apenas teve uma falha, ao não assinalar a tal grande penalidade cometida sobre Léo (e correspondente segundo amarelo a Ricardo Esteves). Mas para ser franco, na Luz – e até estava relativamente perto do lance – não me pareceu falta. É claro que a televisão é sempre cruel para o árbitro neste tipo de lances, e quem não frequente os estádios terá certamente dificuldade em entender que o erro faz parte do futebol e é perfeitamente natural em todos os seus intervenientes. Nos restantes lances polémicos, ajuizou muitíssimo bem.
Nota final para os adeptos do Benfica, que tanto critiquei há poucos dias atrás, e que ontem deram uma resposta capaz de me fazer calar. 45 mil pessoas na Luz, para um jogo com o Marítimo, tem de se considerar um bom número. Mas além da quantidade, a qualidade do apoio foi desta vez exemplar. Ficou-me particularmente na memória (e nos ouvidos…) a forma como todo o estádio vaiou freneticamente a marcação do penálti por Makukula, quase se podendo dizer que, a meias com Butt, também os adeptos o defenderam. O que fazem as vitórias...
3 comentários:
O jovem norte-americano tem ganho minutos na equipa de Camacho e experiência no futebol europeu. Mais: no pouco tempo que está em campo já é visto pelos companheiros como um autêntico talismã e pelos adversários como um concreto pesadelo. Usando o nome próprio da principal figura do filme 'Pesadelo em Elm Street', este Freddy não é certamente o Krueger, mas lá que assusta, assusta...
altobola.blogspot.com
LF
Jogo no seguimento da exibição contra o Celtic, muita garra, luta e vontade de vencer, ou seja, atitude competitiva muito alta, á imagem de Camacho
Uma 1ª parte em ritmo mais lento e com grande oposição do Maritimo, o Benfica parece que vai aumentado o ritmo, pouco a pouco, enquanto a equipa adversária vai quebrando fisicamente, esta pode ser uma hipotese para os finais terriveis do Benfica, em alto ritmo
Um jogo quando tem golos, é rapido e tem incerteza no resultado, é sempre agradavel aos adeptos, faz subir a adrenalina, em suma é um grande jogo, mesmo que não seja jogado muito bem técnicamente
Em relação ao golo do Maritimo, culpas para Quim, quanto á expulsão do guarda redes do Benfica, foi azar aquele toque com o joelho no avançado do Maritimo, parece-me que foi uma noite terrivel para o guarda redes do Benfica, muito bem substituido por Jörg Butt
Ultima nota, voltamos aos 40 mil e com os Sócios/Adeptos a apoiar a equipa, aquele jogo com o Celtic foi o interruptor, a equipa estava sem chama e os benfiquistas estavam aborrecidos com a equipa e desmoralizados, aquele jogo demonstrou que a equipa estava a lutar e a querer vencer, esta atitude devolveu a esperança ao povo
Depois deste chamamento, os Sócios/Adeptos demoraram só 4 dias a voltar a acreditar na equipa
Outra das hipotesses, talvez a mais credivel, é que todos leram o VEDETA DA BOLA :)
Quem sabe ? Quem sabe ? :)
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