OLHAR EM FRENTE

Não há que dramatizar. O empate cedido diante da Polónia deixa em aberto todas as possibilidades da selecção nacional poder estar presente na fase final do Euro 2008.
De uma equipa que se sagrou vice-campeã europeia, e depois foi semifinalista do Mundial, seria de esperar, é certo, uma qualificação mais tranquila, tendo em conta o relativamente acessível grupo que lhe calhou em sorte. Mas o futebol é mesmo assim, e por vezes o que parece mais fácil acaba por se complicar, fruto de condicionantes várias, mas também, e sobretudo, dos caprichos da deusa fortuna, que nem sempre mostra o seu lado mais sorridente, como foi o caso do jogo de sábado.
Há porém outros aspectos a lembrar. Os melhores momentos de forma de alguns jogadores não têm infelizmente coincidido com o calendário da selecção (Ronaldo e Deco aparecem nesta altura bastante abaixo do seu potencial), as lesões têm complicado (além de Ricardo Carvalho, foram agora Postiga a Caneira a ver-se impedidos de dar o seu contributo), e não esqueçamos a falta que fazem Costinha, Pauleta (que sobretudo nas fases de apuramento valia sempre muitos e importantes golos) e Luís Figo, três dos mais influentes jogadores das últimas campanhas. Enfim, razões que de uma forma ou de outra explicam uma prestação abaixo daquilo a que o grupo de Scolari nos havia habituado.
No sábado foi principalmente a sorte que faltou à equipa das quinas. Apesar de uma primeira parte muito pouco conseguida - ainda assim com as melhores oportunidades, como o livre de Cristiano Ronaldo à barra, e o lance em que Nuno Gomes isolado permitiu a defesa a Boruc -, que culminou com um golo sofrido à beira do intervalo, pelo que fez no segundo período, pela forma como reagiu à adversidade e à pressão de um jogo que desde cedo lhe mostrou algumas caretas, o seleccionado luso fez por merecer uma vitória que agora o colocaria definitivamente na rota do apuramento.
Os primeiros minutos da segunda parte foram admiráveis. Muita criatividade, muito ritmo, muita confiança. Assim que surgiu o golo de Maniche, sentiu-se que o jogo se encaminhava no bom sentido. Daí em diante (quase) tudo decorreu como se previa, com uma pressão continuada da equipa nacional, e naturalmente, já com Quaresma em campo, com o segundo golo que parecia garantir os três pontos.
Scolari reforçou então o meio-campo, fazendo entrar Moutinho, e passando a jogar em 4-4-2, com Ronaldo e Quaresma abertos na frente de ataque, na expectativa de explorar o contra-golpe.
Apenas era necessário deixar o tempo passar. , Todavia, a três minutos do final, num lance de grande infelicidade, e onde a cobertura à meia distância polaca não foi a mais eficaz, a bola acaba no fundo da baliza de Ricardo, impedindo um triunfo que já se festejava nas bancadas. Já não houve tempo para mais. Portugal via assim voar dois importantes pontos.
É importante realçar também o mérito da selecção polaca, muito bem orientada pelo antigo treinador do Real Madrid Leo Beenhakker. Trata-se de uma equipa muito diferente, para melhor, da que apareceu nas últimas grandes competições em que participou. É um onze tremendamente organizado, forte fisicamente, e com algumas unidades – como Kryznowek – bastante acima da média. Parece bem lançada para ganhar o grupo.
Portugal tem agora que vencer imperiosamente a Sérvia, jogo que além dos três pontos vale ainda o quase afastamento dos sérvios enquanto candidatos. Se assim acontecer, e considerando que a Polónia tem o caminho aberto, Portugal discutirá com a Finlândia a segunda posição, sendo que o último jogo da fase de qualificação será justamente um Portugal-Finlândia (eventualmente no Dragão), que poderá transformar-se numa autêntica e dramática final.
Há pois que olhar em frente, e encarar estes últimos cinco jogos com todo o empenho e determinação, mas também com a confiança de sabermos ser a nossa, claramente, a melhor equipa deste grupo. Contas por alto, vencida a Sérvia, Portugal terá então margem de manobra para empatar mais um (ou mesmo dois) dos restantes jogos - visitas a Azerbaijão e Cazaquistão, e recepção à Arménia e à Finlândia. Por isso mesmo, sem triunfalismos, tenhamos fé num grupo que já nos deu grandes alegrias.
Viva Portugal !

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