A NOITE QUASE PERFEITA

Ao vencer em casa a Naval por 3-0, o Benfica prosseguiu na senda dos triunfos, aproximou-se dos lugares cimeiros da classificação da Liga, e continuou também a impressionante série de jogos sem derrota (agora 25 !), que iniciou em Novembro do ano passado ainda com Fernando Santos.
Em vésperas de importante jornada europeia, os comandados de Camacho tiveram pela frente uma equipa perfeitamente adequada à ocasião. Independentemente da justiça que se possa aferir da robusta e clara vitória encarnada, há que dizer que a mesma se começou a desenhar na suavidade com que o Naval abordou esta partida - os figueirenses procuraram, numa atitude algo romântica, enfrentar o jogo da Luz de forma aberta, e acabaram por pagar caro essa ousadia. Valorizaram o espectáculo, é certo, mas nunca foram capazes de discutir o jogo, permitindo uma vitória tranquila ao adversário, que nem sequer teve de se esforçar muito.
Apesar de a base do triunfo encarnado ter assentado pois nalgum demérito dos visitantes, não se pense que o Benfica jogou mal. Com Rodriguez e Pereira nas alas a equipa ganha profundidade, com Di Maria (tem de se agarrar menos à bola…) e Rui Costa no meio, ganha arte, e sábado até Nuno Gomes se reconciliou com os golos.
Depois de se encontrar em vantagem, rapidamente aumentada para dois golos, os encarnados praticaram um futebol alegre, descontraído e vistoso, soltando a magia que claramente existe nos pés de muitos dos seus intérpretes, diante de uma equipa que, como já ficou dito, lhe estendeu uma passadeira por onde, triunfantemente aproveitaram para passar.
Não fosse o infeliz lance de Petit e tinha sido uma noite perfeita. Sem grande desgaste, com ganhos de confiança e de rotinas de jogo. Um verdadeiro treino para San Siro.
Os golos foram todos eles de excelente recorte, mas o segundo, de Rui Costa, é uma verdadeira obra prima. Toda a jogada é sensacional, e a sua conclusão é definidora da classe inesgotável daquele que é, ainda hoje, um dos mais requintados futebolistas do mundo. No sábado foi, obviamente, o melhor em campo.
A ponta final do jogo - fase em que o Benfica já tirara o pé do acelerador, permitindo então algumas veleidades ofensivas aos forasteiros - ficou naturalmente marcada pela grave lesão de Petit, um golpe tremendo no processo de crescimento que esta equipa tem vindo a trilhar. Se há jogador insubstituível no plantel benfiquista, esse é o médio internacional português, sobretudo se nos lembrarmos que Katsouranis tem estado adjudicado a tarefas defensivas onde, como se sabe, os problemas físicos também são muitos. Se para o jogo de Milão – no qual uma derrota está longe de constituir um drama - se pode encarar esta ausência com alguma resignação, já para os desafios seguintes em Braga, em casa com Sporting e com o Shakhtar, a falta de Petit se poderá revelar bastante comprometedora. Não esquecendo os ultra-decisivos compromissos da selecção nacional no início do próximo mês.

Veremos como Camacho conseguirá ultrapassar esta complicada questão. Veremos também, até que ponto a lesão é tão grave como se supõe, e qual o período de inactividade a que obrigará o jogador, sabendo-se como as recuperações têm sido penosas no Benfica.
Não tive oportunidade de ver os jogos de F.C.Porto e Sporting, pelo que me abstenho de qualquer comentário relativamente aos mesmos.