EMOÇÕES À SOLTA, NUMA LIGA QUASE DECIDIDA

Foi uma jornada de emoções fortes no que diz respeito à luta pelo título, emoções essas recrudescidas, diga-se, pelo facto de os regulamentos obrigarem a fazer coincidir os horários dos jogos nestas últimas duas rondas, mais do que propriamente pelo desenvolvimento dos mesmos – podendo-se aquilatar daqui também, o que seria um campeonato disputado à moda antiga com os jogos todos ao domingo pelas 15.00 h.
Na verdade, esta era a jornada em que algo de significativo podia ter acontecido. Assim não foi, e com franqueza não vejo outra possibilidade que não o F.C.Porto sagrar-se campeão no próximo domingo. Mas não deixa de ser curioso que nesta mesma ronda, a única equipa que garantiu os seus objectivos, alcançou-os perdendo em casa, a Académica. Dos três grandes nenhum conseguiu aquilo que queria: o Porto pretendia festejar o título, o Sporting assumir a liderança, e o Benfica alcançar o 2º lugar. Sorrisos amarelos para todos eles.
Durante quase uma hora o Sporting foi o virtual líder da prova, chegando a ameaçar partir para a última jornada com o título no bolso, algo que não estaria nas previsões de ninguém quando há meia dúzia de semanas atrás chegou a levar nove pontos de atraso do líder dragão.
Marcando novamente e de forma inacreditável nos primeiros três minutos – estranho caso este, o de uma equipa que marca golos supersónicos em cinco jogos consecutivos, sendo que aos três minutos, em teoria, nunca alguém merece estar em vantagem -, os leões podiam ter resolvido a questão pouco depois, quando beneficiaram de uma grande penalidade que Liedson desperdiçou. Isso podia-lhes ter custado caro, pois durante um largo período da segunda parte foram os da casa que mais ameaçaram um golo que, título à parte, teria consequências directas também na questão do 2º lugar.
O F.C.Porto por seu lado penava em Paços de Ferreira, onde durante muito tempo denotou uma incapacidade total de dar a volta a um texto que teimava em não lhe sorrir. Foi uma vez mais o salvador Adriano, com um golo providencial, a permitir aos dragões segurarem a liderança e reafirmarem-se como os grandes favoritos ao ceptro nacional, que pode vir a ser merecido se tomarmos em linha de conta o que se passou na primeira volta, mas pela segunda ficaria bem melhor noutras mãos – sendo que neste particular o Sporting se mostrou bem mais à altura das circunstâncias.
À mesma hora, o Benfica arrastava-se de forma pachorrenta em Setúbal numa partida na qual, quer benfiquistas, quer setubalenses, poucas esperanças pareciam depositar, bastando para isso deitar um olho às desertas bancadas do Bonfim (que raio de nome…). Miccoli acabou por dar sequência ao seu bom momento de forma, arrancando o golo de uma vitória que, tendo o condão de poder fazer os mais líricos sonhar com um milagre na próxima semana – mau grado o 13 de Maio ter sido ontem -, pode, de forma mais realista, permitir encarar com ténue mas legítima esperança a possibilidade de acesso directo à Liga dos Campeões, caso o Belenenses mostre em Alvalade os argumentos que fizeram dele uma das mais fortes equipas da liga, e não se limite a rodar jogadores e esconder estratégias com vista à final da Taça de Poertugal.
Não há muito para contar sobre um jogo onde pouco ou nada se passou, a não ser o golo, um ou outro pormenor do “Pequeno Bombardeiro”, e as já quase tradicionais falhas de Derlei. O Benfica espera ansiosamente por férias, onde jogadores e técnicos poderão meditar sobre o que aconteceu, mas é bom que a Direcção permaneça bem activa, pois o trabalho a fazer é muito na mesma medida em que pouca é a sua margem de erro – e para já, declarações avulsas feitas na sobremesa de jantares em Casas do Benfica responsabilizando indirectamente quem menos culpas tem, não são um bom ponto de partida.
Para efeitos meramente estatísticos ficam as pontuações aos homens da Luz: Quim 3, Nelson 3, David Luíz 3, Anderson 3, Léo 3, Petit 3, Katsouranis 2, Karagounis 4, Rui Costa 3, Miccoli 4, Derlei 2, Paulo Jorge 1, Mantorras 1 e, João Coimbra -. Melhor em campo: Fabrizio Miccoli.
Agora vem aí a última jornada, que a comunicação social está a promover como se de uma dramática incerteza se tratasse, mas que na verdade poucas dúvidas deixa relativamente aos primeiros lugares – esta penúltima jornada sim, tinha alguns pontos de possível aquecimento, como já referi e como se demonstrou.
Se nada de anormal suceder na próxima semana, Porto será campeão, Sporting será segundo e Benfica terceiro. O que quer que aconteça de diferente disto será sempre um enorme golpe de teatro, daqueles que, diga-se, a história do futebol português não é muito pródiga. Na verdade, alguém acredita que o F.C.Porto, na eminência de festejar um título, com o seu estádio completamente cheio, vá ceder em casa perante o modesto Desportivo das Aves, que ainda este domingo perdeu em casa com o Estrela da Amadora um jogo que o podia deixar a salvo da descida ? Certamente que não. Assim como ninguém vê o Sporting - clube que parece festejar como nenhum outro os seus segundos lugares, ao ponto de alguns adeptos assumirem a preferência por dois 2ºs lugares em vez de um 1º e um 3º - a vacilar perante um Belenenses certamente mais preocupado com a Taça de Portugal. O Benfica vai ter uma triste e enfadonha despedida, perante uma Académica já de férias.

5 comentários:

Anónimo disse...

Pois eu penso o contrário, o Neca tem de jogar para o empate (que no caso de vitória do Setubal ou Beira-Mar ganharem não é suficiente) e nisso é muito forte.

LF disse...

Isso é optimismo de lagarto...
Está tudo decidido quanto aos primeiros lugares, por muito que a matemática e os jornais explorem o lirismo sonhador dos adeptos.

Anónimo disse...

LF

Continua a crer passar as culpas deste horrivel campeonato, para todos os lados, menos para o treinador

Que raio, mas não foi o FS que :

1º-Aceitou estes jogadores no inicio da época, recebendo depois reforços como o Simão Sabrosa e Karagounis, que não se sabia se ficavam, quando ele aceitou treinar o Benfica

2º-Preparou a equipa técnicamente (esquema de jogo e dinamicas) e fisicamente (trazendo um preparador fisico da sua confiânça)

3º-Preparou os jogos contra os nossos adversários

4º-Fez a gestão do plantel, agora os 2º planos já servem para a equipa, o Benfica continua a ganhar e empatar, como fazia com os 1º planos

5º- A leitura durante os jogos não era feita pelo FS, as substituições não foram feitas pelo treinador

Que raio, as culpas são da direcção, do director desportivo, dos adeptos que não gostam de ver a equipa a jogar e assobiam os jogadores, do Dep. Médico, da sorte e do azar, mas nunca do treinador

LF, tenha pacência, mas a maior cota parte é do treinador, se o nosso treinador fosse mais agressivo durante os jogos, podiamos ter mais 3 ou 4 pontos, o que faria toda a diferença, neste final de campeonato

Ao contrário do que alguns pensam, as contas fazem-se jogo a jogo e não no fim da competição, aí pouco ou nada há a fazer, o mal ou o bem já está feito e não me venha falar, das épocas passadas, dos jogos sem perder e dos golos marcados e sofridos

Um pouco mais de agressividade no inicio dos jogos e na leitura dos acontecimentos durante os referidos jogos e podiamos estar a festejar mais um titulo para o nosso clube

LF disse...

Eu não direi que o treinador não tem culpas. Ele é, em última análise, o responsável pela equipa.

O que digo é que tem muitíssimas atenuantes. Por vezes até parece que é o seu benfiquismo que o faz aguentar certas coisas (problemas médicos, inacreditável abordagem ao mercado de inverno etc).

Gostava de ver Fernando Santos a treinar um plantel definido desde a pré-época (como ele pediu no ano passado, e foi o que se viu...) e com opções para todos os lugares (não podemos ter Kakás ou Cristianos Ronaldos, mas caramba, só um lateral direito ???? porquê ???, Só 3 centrais, um deles um tiro no escuro ????, terá sido Fernando Santos a decidir assim ??? Duvido !)

LF disse...

Depois há também outro aspecto a considerar.
O Benfica fez mais pontos que em qualquer das últimas 14 épocas. E provavelmente vai acabar a 2 pontos do 1º lugar, algo que, tirando o ano do título de Trappatoni (de quem os adeptos, curiosamente, também não gostavam), nunca sucedeu nesse período.
Além disso leva 20 jogos sem perder. Alguns deles - não tenhamos a memória curta - de grande qualidade exibicional.

Vendo bem, não foi assim tão horrível.
Decepcionante sim, face às expectativas que se criaram em Fevereiro/Março, com derrotas inesperadas do Porto.