...E A MONTANHA PARIU UM RATO

Com um empate a zero, Juventude e Lusitano deixaram o seu futuro adiado para a próxima e última jornada no nacional da III divisão, e, pior que isso, deixaram-no nas mãos de terceiros.
Se o Lusitano vai jogar e terá de ganhar - esperando que alguns dos seus adversários directos percam pontos - o Juventude nem isso, pois será já de férias (folgam na última jornada) que jogadores e técnicos irão seguir com atenção o jogo Almansilense-Amora, em que qualquer resultado que não seja uma vitória dos forasteiros lhes garantirá a almejada subida de divisão.
Tudo poderia ter sido diferente se uma das três bolas que bateram nos ferros da baliza verde e branca, todas elas na primeira meia-hora, tivesse entrado. Ou mesmo se o influente Monzelo não tivesse visto o cartão vermelho quando faltava ainda bastante tempo para jogar, obrigando o Juventude a jogar todos esses minutos (cerca de vinte) com menos uma unidade, aspecto que se revelou devastador para uma equipa que até então dominava por completo as operações.
Seria de temer alguma ansiedade, tal a importância do jogo. Isso não sucedeu, pois o Juventude apresentou-se francamente confiante, disputando cada bola como se da própria vida se tratasse, atacando com alma e critério, e causando pânico junto da baliza de Panaça. O Lusitano procurava em contra-ataques venenosos criar perigo, e com isso ganhava o espectáculo que, durante muitos minutos da primeira parte, chegou a ser empolgante.
Na segunda parte o Juventude voltou a entrar bem, empurrando o Lusitano para o seu reduto defensivo. Os azuis e brancos foram conquistando pontapés de canto em série, embora sem causar o perigo que haviam criado na primeira parte. .
Depois aconteceu a expulsão de Monzelo, e a partir daí o Juventude positivamente “morreu”. O técnico Miguel Ângelo arriscou tudo, como lhe competia e se justificava, jogando os últimos minutos com apenas três defesas para três avançados do Lusitano. Mas a aposta não surtiu grandes efeitos, pois a equipa também já não mostrava forças para dar a volta ao seu destino, não mais incomodando o reduto do Lusitano, salvo num lance em que Valente se isolou e rematou forte mas Panaça conseguiu defender com brilhantismo. Os verde e brancos, então sim, procuraram também vencer o jogo, quase o conseguindo numa bola devolvida, também ela, pela trave.
O público, que encheu o estádio juventudista como há muito se não via, bem merecia a festa que se aguardava. Apoio não faltou e vontade também não. Mas as bolas só contam dentro das balizas, e de facto, desde cedo se percebeu que a Senhora de Fátima não estava muito virada para as cores juventudistas neste 13 de Maio de má memória.
No final o sentimento de frustração era generalizado, pois quem lutara assim merecia maior dose de felicidade.
Há que esperar pela última jornada, torcer pelo Almansilense (que precisa de pontos para a manutenção), e desejar que se escreva por linhas tortas aquilo que se não lavrou nas direitas.
Resta saber também se o Amora, mergulhado no caos financeiro e administrativo, com várias rescisões de contrato ao longo da temporada e até uma falta de comparência, estará muito interessado em aproveitar a oportunidade que se lhe depara para ascender a um escalão onde necessariamente as despesas serão maiores.
No domingo se saberá.

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